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Universidade Estadual da Paraíba Centro de Ciências Biológicas e da Saúde Bacharelado em Farmácia Componente Curricular: Controle Biológico da Qualidade de Medicamentos Discente: Nathalia Martins da Silva ➢ Resumo sobre o material de controle ambiental da Anvisa a partir do tópico 8.2.1 áreas limpas. Entende-se por áreas limpas, ambientes que contam com termos específicos de controle, os quais, impedem a entrada de contaminantes em seu interior. Para que isso aconteça de maneira eficaz, essas áreas seguem rígidos critérios de BPF, entre eles: fluxo de pessoal e material, sistema de tratamento de ar e qualificações de operadores. Em território nacional, as áreas limpas têm suas classificações estabelecidas por diferentes normas técnicas, incluindo a já citada BPF e a ISSO 146466, a qual, define os diferentes níveis de limpeza baseada na relação da quantidade de partículas suspensas em um metro cúbico de ar de uma dada área limpa. Para a fabricação de medicamentos, a classificação de uma área limpa deve seguir os requisitos de Boas Práticas, ou seja, deve ser determinada a partir da quantidade de partículas viáveis e não viáveis em duas distintas condições dos testes “em operação” e “em repouso”. Devido a isso, os critérios de classificações de áreas estabelecidos pela Anvisa, as dividem em graus, A, B, C e D, estes, além de considerarem as condições dos testes em operação e em repouso, fazem inferência também dos limites de partículas não viáveis de duas dimensões definidas, e dos limites de contaminação por micro-organismos. Foi estabelecida pela U.S. Federal Standard 209 a classificação de áreas limpas em 100, 10.000 e 100.000, que tinha relação com o limite no número de partículas de 0,5 μm em suspensão em pé cúbico de ar. Mais adiante, esta classificação foi substituída pela norma ISO 14644. Todavia, em 2004 a agência norte-americana responsável pela regulação do mercado farmacêutico (FDA) publicou o documento FDA Guidance for Industry – Sterile Drug Products Produced by Aseptic Processing – Current Good Manufacturing Practice, o qual, continuava utilizando a terminologia antiga, da FS 209 mas que continha uma tabela correlacionando-a com a classificação ISO. Apesar da tendência de adotar as normas ISO na atual classificação dos EUA, continua sendo usual a categorização da limpeza de áreas em graus 100, 10.000 e 100.000. O monitoramento dos micro-organismos deve ser realizado com a contagem de partículas não viáveis em intervalos menores ou iguais a 12 meses. Além disso, intervalos de 6 meses podem acontecer para requalificação das áreas de grau A e B devido à frequente detecção microbiana. Esse monitoramento deve ser feito em repouso e em operação, e qualquer micro-organismo detectado deve ser considerado como parte da classificação de uma sala limpa. Os testes necessários para requalificação periódica devem ser estabelecidos por meio de uma avaliação de risco. Além de estar prevista requalificação para quando qualquer procedimento que ameaçar o desempenho do sistema for realizado. Medidas de precaução devem ser tomadas caso algum procedimento de economia de energia seja adotado, de forma a garantir que os sistemas voltem a funcionar de forma adequada, evitando o risco de impactos negativos sobre os produtos fabricados. Algumas periodicidades na ISO 14644-2 podem ser consideradas referenciais na requalificação de áreas limpas. Enquanto alguns testes que para a ISO são tidos como opcionais, as Boas Práticas de Fabricação pode tê-los como obrigatórios, a depender do risco aparente. O monitoramento ambiental de áreas usadas para a fabricação de medicamentos não estéreis é de extrema importância e tem como objetivo principal a avaliação do perfil microbiológico, considerando o risco de contaminação destes medicamentos. O MA (monitoramento ambiental) executado de maneira planejada, é capaz de garantir uma maior qualidade dos produtos, entretanto, não é uma medida direta de estabilidade devido à variabilidade dos métodos, à falta de correlação dos níveis de monitoramento e a esterilidade de um lote. Os resultados obtidos através do MA fornecem informações sobre a construção física da sala, desempenho do sistema AVAC, procedimentos de paramentação e limpeza dos operadores, equipamentos e as operações de limpeza. O que faz com que esses resultados sejam invariavelmente considerados para decidir se um lote será ou não liberado. O monitoramento da contagem de partículas totais não viáveis em ambientes limpos, mesmo com a utilização de não fornece informações sobre o conteúdo microbiológico do ambiente, mesmo que de forma on-line, porém mesmo assim, trata-se de uma função importante para atingir os requisitos de materiais particulados, além da esterilidade em produtos injetáveis. Os procedimentos de amostragem de partículas não viáveis podem ser feitos pelos departamentos de Controle de Qualidade, Garantia de Qualidade, Produção, entre outros. Em sistemas que adotam o padrão de fluxo unidirecional, os equipamentos medidores, devem possuir sondas isocinéticas, o que garante precisão na contagem e as amostras devem ser coletadas em posições próximas à altura das posições de trabalho, podendo 30 cm ser tomado como valor referencial. Uma análise de layout deve ser estabelecida para cada sala limpa e a partir daí, deve ser feito um plano de amostragem baseado em riscos, e estas avaliações deverão ser mantidas atualizadas. Os pontos de amostragem devem representar toda a área limpa, tendo os locais de alto risco incluídos no monitoramento de rotina e, os de baixo risco ocasionalmente amostrados. As amostras de áreas estáticas são consideradas com base numa análise de risco, neste caso, é feita a amostragem de um ponto onde o produto é colocado em risco e de outro ponto da área ao redor. É importante que os pontos de amostragem sejam próximos o suficiente dos locais de manipulação do produto, para que assim, os resultados obtidos sejam representativos, mas não de modo a obstruir indevidamente as operações. A frequência de amostragem realizadas varia de acordo com o tipo de operação em questão. Como exemplo, as frequências de monitoramento recomendadas para partículas não viáveis em diferentes áreas em operação são: Grau A: por toda a duração da operação; Grau B: dias em que são executadas operações; Grau C: semanalmente e Grau D: não requerido. Um conjunto de técnicas é abordado nos guias publicados pela Anvisa para o monitoramento de micro-organismos, são elas: amostragem volumétrica de ar, placas de sedimentação, placas de contato, e amostras para avaliação de contaminantes presentes na superfície dos dedos de luvas de operadores. Dentre elas, a amostragem volumétrica, exposição de placas de sedimentação e a coleta de impressões digitais de luvas de operadores devem ser feitas em cada turno de operações nas áreas de Grau A. Tendo em mente que as bactérias e fungos se fazem presentes nos mais variados ambientes, é extremamente válido um programa para monitoramento microbiano. Tal programa, deve contar com testes de controle de qualidade para liberação do produto e monitoramento ambiental. As amostras volumétricas de ar possuem a capacidade de quantificar as bactérias e fungos em suspensão no ar que circunda o produto exposto. A Anvisa especifica em suas normas que o instrumento escolhido atenda aos padrões atuais de detecção e sensibilidade. Devem ser avaliados cuidadosamente os riscos envolvidos no transporte de micro-organismos ambientais ou de produção potencialmente patogênicos e preferencialmente fazer uso de instrumentos esterilizados ou desinfectados. Com relação ao monitoramento com placas de sedimentação, essas devem ser destinadas à áreas de alto risco de contaminação do produto e medições com as mesmas deverão ser realizadas nos períodos de elevada atividade, ou ainda, quandohouver a possibilidade de ser gerado aerossol de materiais. As placas de contato para superfícies de áreas produtivas são utilizadas para detectar micro- organismos em superfícies que levem à contaminação do produto. Nesse caso, realiza-se um sistema de amostragem baseado no tipo de atividade realizada para monitorar superfícies onde supostamente podem ser encontrados micro-organismos contaminantes. É necessário que as amostras de superfícies sejam coletadas após a conclusão das atividades de produção, àquelas que forem coletadas em superfícies ainda molhadas com soluções de higienização, serão desconsideradas. O próprio operador pode ser passível de contaminação microbiana na prática do seu trabalho, a contaminação das pontas dos dedos pode transferir os micro-organismos aos produtos e, por isso, uma amostragem dessa área deve ser realizada. Para que sejam detectados fungos e bactérias nas amostras de controle ambiental, elas devem ser incubadas em no mínimo duas temperaturas. Considera-se o tempo de 3 a 5 dias de incubação a 20 a 25 °C seguido de incubação de 30 a 35 °C por um período adicional de 2 a 3 dias. Quando determinados micro-organismos que requeiram condições especificas para desenvolvimento e que sejam de interesse, apresentarem uma real possibilidade de presença na área, métodos que levem em consideração nutrientes, temperatura, umidade, condições anaeróbicas e entre outros fatores, devem ser utilizados para sua detecção. Em um outro caso, pode ocorrer a frequente detecção de um mesmo micro-organismo, o que deixa claro que uma fonte constante de contaminação está presente no ambiente. Investigações de desvios devem ser realizadas sempre que houver a suspeita de uma excursão acima dos limites de controle ambiental. Havendo a confirmação de algum evento, as conclusões devem ser registradas e, até que as investigações sejam concluídas, e que se prove que houve um equívoco na suspeita, a liberação dos lotes ficará suspensa. Em casos de excursões e importantes desvios nos parâmetros de funcionamento das áreas limpas, o que pode ocorrer é a reprovação do(s) lote(s) afetado(s). CAPA é a abreviação para um conjunto de ações corretivas e ações preventivas que devem ser estabelecidas após a ocorrência de excursões acima dos limites. Essas ações devem ser utilizadas a fim de reduzir e prevenir a recorrência de casos semelhantes. É de responsabilidade dos departamentos que possuem interfaces em áreas limpas a concepção e execução de CAPA. Após a sua aprovação, devem ser definidos prazos para a conclusão das melhorias necessárias, e identificação dos responsáveis. Ademais, qualquer atraso para realização do processo de melhorias ou questões semelhantes, deverá ser documentado.
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