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APS- RELEVANCIA DO BRUTALISMO PAULISTA NO CENÁRIO NACIONAL

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI- FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO 
TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO: SÉC. 19 E 20 
 
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RELEVÂNCIA DO BRUTALISMO PAULISTA NO CENÁRIO NACIONAL1 
 
Brenda Moreira BATISTA2 
Kaline Brito de OLIVEIRA3 
Matheus Sorna ANKERKRONE4 
Nathalia Bertucci FARIA5 
Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, SP 
 
 
RESUMO 
 
O Brutalismo, movimento que se expressou em diversos lugares do mundo também se 
configurou a realidade brasileira, recebendo influências modernas de outros países do mundo, 
assim a escola paulista teve grande relevância para o movimento no Brasil. As características 
de como este Brutalismo paulista se deu são importantes, principalmente quanto as fases que o 
definiram e seu principais artistas. A compreensão deste movimento se dá de forma importante 
a fim de entender o motivo da expressividade desta vertente do Modernismo no Brasil e, 
principalmente no estado de São Paulo. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Brutalismo; Escola Paulista; Estrutura aparente; Concreto aparente; 
Modernismo; Concreto Bruto. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O Brutalismo se fez um momento importante da Arquitetura Modernista, 
compreendendo variações de acordo com a região que este esteve atuante. Por consequência, 
não foi diferente no Brasil. Portanto, com base nas considerações de Yves Bruand relacionando 
 
1
 Trabalho submetido ao curso de Arquitetura e Urbanismo, disciplina de Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo: 
Séculos 19 e 20, 2018.2. 
2
 Aluno do 4º semestre do Curso de Arquitetura e Urbanismo. 
3
 Aluna do 8º semestre do Curso de Arquitetura e Urbanismo 
4
 Aluno do 4º semestre do Curso de Arquitetura e Urbanismo. 
5
 Aluno do 4º semestre do Curso de Arquitetura e Urbanismo. 
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o brutalismo de Le Corbusier e o brutalismo inglês com o que se originou no estado de São 
Paulo, ele afirmou: 
“Sem querer fazer tabula rasa do pensamento arquitetônico moderno a que eles 
continuam vinculados, ambos recolocam em questão, embora de maneira oposta, e da paixão 
que os anima, surgiu uma linguagem áspera, decidida, que pode ser reencontrada na versão 
brasileira, cujo chef de file sem dúvida alguma é Villanova Artigas.” (BRUAND, 2005) 
No brutalismo, todos os materiais utilizados, são colocados a mostra assim associando 
a beleza construtiva com a demonstração das técnicas construtivas. A reflexão do brutalismo 
ligado à ética ou à estética, instigou autores como Banham. Para Bruno Zevi os que defendiam 
que era ética, seu discurso era que com este método de construção voltaria à tona o movimento 
moderno e estética para quem defendia o enriquecimento dos volumes. No Brasil o que mais 
marcou foi o senso ético do que estético influenciado por correntes estrangeiras. 
 
2 OBJETIVO 
 
Por meio deste trabalho foi investigado a respeito da importância da vertente modernista 
praticada pela escola paulista, o Brutalismo Paulista. Este que contou com importantes nomes 
da Arquitetura Modernista brasileira, como Villanova Artigas, Joaquim Guedes e Paulo Mendes 
da Rocha. Dentre estes, o primeiro é o mais conhecido e foi grande influência para os outros 
dois seguintes, sendo considerado pioneiro do Brutalismo Paulista, o que por meio de uma 
análise atenta destes profissionais nos fornece informações importantes sobre a origem e 
desenvolvimento do movimento. 
 
 
3 JUSTIFICATIVA 
 
Visto que durante um período que compôs o Modernismo na Arquitetura, muitas 
edificações se caracterizaram dentro dos parâmetros brutalistas e, portanto, deve ser avaliado a 
importância e, até mesmo, a influência deste movimento na Arquitetura da atualidade. 
 
4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS/ DESCRIÇÃO DO PRODUTO OU 
PROCESSO 
 
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Este trabalho foi desenvolvido com base na leitura de determinados capítulos dos livros Yves 
Bruand e Maria Alice Junqueira Bastos, “Arquitetura Contemporânea no 
Brasil" e “Pós Brasília: Rumos da Arquitetura Brasileira”, respectivamente. Além disso, foram 
utilizados textos acadêmicos escritos por Texto Ruth Verde Zein e Maria Luiza Adams 
Sanvitto, “Brutalismo, Escola Paulista: Entre o ser e o não ser” e “Brutalismo Paulista: Uma 
Estética Justificada Por Uma Ética”, respectivamente. 
Foram também analisados os textos mencionados a partir de discussões sobre o 
Movimento Brutalista paulista com o grupo do trabalho. 
 
 
5 DESENVOLVIMENTO 
O Brutalismo pode ser dividido em duas principais vertentes no mundo, a influência da 
arquitetura de Le Corbusier e o Brutalismo inglês, dessa maneira, o Brutalismo Paulista seguiu 
os mesmos princípios europeus de uso dos materiais em seu estado bruto. Dentre os principais 
materiais mais utilizados pela Escola Paulista está o concreto armado aparente, contudo o 
movimento não se baseou apenas nesta característica. 
Com base no que Yves Bruand afirma em “Arquitetura Contemporânea no Brasil”, esta 
linha da Arquitetura moderna buscou tornar visível os sistemas estruturais das construções, 
contando com vigas e pilares expostos, estes que na maioria das vezes apareciam na 
materialidade do concreto armado aparente. A ênfase dada a estrutura das edificações era tão 
grande que em alguns casos era o único elemento definidor dos espaços, eliminando todo e 
qualquer tipo de fechamento que não exercia papel estrutural. 
O arquiteto que é reconhecido como aquele que deu início ao Movimento Brutalista no 
estado de São Paulo foi Villanova Artigas, este que transitou entre diversos tipos de 
construções, desde os usos residenciais aos institucionais, dentre os quais o último ficou 
conhecido como a expressão máxima deste movimento. 
Conforme Bruand expõe a carreira de Artigas, é possível entender o que o inspirava em 
cada um dos períodos de sua carreira. Primeiramente, no início de sua carreira, ele buscou o 
estilo wrightiniano, devido a uma “concepção liberal” na arquitetura norte-americana que seria 
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considerada por ele como “expressão da democracia”. Contudo, no período de guerra de 1939 
a 1945, encontrou inspiração na doutrina de Le Corbusier, uma vez que o que antes seguira foi 
por ele considerado insuficiente para o desenvolvimento de países não industrializados, buscou 
técnicas revolucionárias e disciplina rígida com a finalidade de modernizar o Brasil. Por fim, 
no seu estágio final, Artigas teve seu pensamento baseado na fusão dos pensamentos das fases 
anteriores “conservando, da primeira, a simplicidade de emprego dos materiais e, da segunda, 
uma estética baseada no uso da técnica contemporânea”, o que resultou em uma arquitetura 
pensada nos quesitos de economia, sobriedade, funcionalidade e originalidade plástica. 
Relevância está no pensamento arquitetônico que o levou a ser escolhido para projetar a 
edificação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo. 
 
.Artigas tinha dentre seus princípios aplicados a arquitetura, o expor dos contrastes, não 
necessariamente a solução de problemáticas, mas o trazer à luz destas. Assim, Artigas utilizava 
do contraste em suas obras, além de propor uma arquitetura que facilitaria as interações sociais. 
Outra constante em suas obras era a expressão de peso nas edificações, este que era almejado 
como oposição a leveza já tradicionalmente inserida na arquitetura nacional, característica 
aplicada por meio da eliminação dos revestimentos e uso de formas geométricas e proporções 
construtivas que demonstravam tal sensação de peso. 
Imagem da FAU USP- 100 anos 
de Artigas. Casa Claudia: Abril, 
19 jan. 2017. 1 fotografia. 
Disponívelem: 
https://casaclaudia.abril.com.br/
ambientes/100-anos-de-artigas/. 
Acesso em: 27 out. 2020. 
 
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Após Artigas, outros arquitetos se levantaram para dar continuidade ao movimento que 
havia sido iniciado, alguns destes eram discípulos dele, devido principalmente ao fato o terem 
tido como professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, dentre estes pode 
ser citado o caso de Joaquim Guedes. Este arquiteto tinha por características a intenção 
funcional e plástica juntas, contudo não almejou seguir os traços pesados da arquitetura de 
Artigas, buscou pela tradicional leveza em suas obras, como resultado utilizou do concreto 
apenas para elementos estruturais e de canalização de escoamento de água da chuva. 
 
 
 Foto de João Batista Villanova 
Artigas dando aula na 
Faculdade de Arquitetura e 
Urbanismo de São Paulo 
- Disponível em: 
https://www.archdaily.com.br/b
r/623424/projeto-artigas-100-
anos-em-comemoracao-ao-
centenario-do-
arquiteto/53b58107c07a80a343
000145?next_project=no 
Foto do arquiteto Joaquim Guedes – 
Disponivel em: 
https://www.arquivo.arq.br/joaquim-
guedes?lightbox=imagedxu 
 
Imagem do ginásio do Clube Atlético 
Paulistano- GINASIO do paulistano me 
fez conhecido como arquiteto diz paulo 
medes da rocha. Folha 18 mar. 2018. 1 
fotografia. Disponível em: 
https://www1.folha.uol.com.br/paywall/l
ogin.shtml?https://www1.folha.uol.com.b
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Conforme pode ser visto, a atuação de Paulo Mendes da Rocha e João Eduardo de 
Gennaro foi muito importante para este período também, tendo por obra que o inseriu no 
movimento o ginásio do Clube Atlético Paulistano, que contava com pureza de formas e 
preocupação com a integração entre os ambientes internos e externos 
De acordo com Bruand, em projetos como nas escolas primárias de São José dos 
Campos e de São Bernardo, no Tribunal de Avaré e na Faculdade de Goiânia, Paulo Mendes da 
Rocha adota a linguagem e as formas de Artigas. Outro ponto em que Paulo Mendes 
compartilha dos mesmos ideais que Artigas é sobre o acentuamento de elementos destinados a 
simples passagem, demonstrando uma preocupação com tais ambientes. Ainda de acordo com 
Bruand, “os edifícios destinados a moradia, embora derivando da mesma veia, são muito mais 
interessantes e pessoais”. Dessa maneira, o uso do concreto bruto, em alguns momentos, como 
na casa de Gaetano Miani, revela uma dureza que não propicia descanso e encanto que são 
buscados em edificações residenciais. 
A própria casa de Paulo Mendes da Rocha é a expressão de seus ideais, nesta foi criada 
um ambiente no qual o protagonismo foi dado ao cimento, mesmo diante de ainda mais 
visibilidade ao concreto. Além disso, as paredes, vigas e lajes exibiam no ambiente interno o 
concreto como havia sido deixado com a retirada das formas. Existia também um apelo por uma 
vida comunitária imposta por ele naquele projeto. 
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Outra personalidade importante neste movimento foi Sérgio Ferro, buscando não 
esconder canalizações externas e bocas de ventilação. Em suas obras é perceptível a influência 
do Brutalismo inglês, não escondendo e nem integrando elementos como estes citados 
anteriormente. Outra característica sua é o uso do concreto bruto, porém sem nenhum tipo de 
tratamento. Este também trabalhou com um brutalismo não apenas composto por concreto 
aparente, mas adicionou em algumas de suas obras o uso de tijolos nus. 
A arquitetura brasileira devido à ausência de revistas especializadas em congressos e 
debates a arquitetura tornou-se desconhecida no final da década de 1970. No entanto tentaram 
entender o período como uma perspectiva histórica. Logo, a visão de Brasília teve um marco 
na arquitetura contemporânea brasileira, porém tornando-se incapaz para a arquitetura 
nacional. 
 
Bastos apresenta as três principais ideias de Brasília que são importantes considerar: 
1. Sua coincidência, em tempos cronológicos, com uma reversão no rumo político do país, com 
grandes consequências sobre a arquitetura. 
Imagem da residência de Paulo 
Mendes da Rocha no Butanatâ -
RESIDÊNCIA Paulo Mendes da 
Rocha e Luiz Gonzaga Cruz Secco. 
Arquivo Arq. 1 fotografia. 
Disponível em: 
https://www.arquivo.arq.br/residenc
ia-paulo-mendes-da-rocha. Acesso 
em: 27 out. 2020. 
 
PORTAL São Francisco: 
História de Brasília. [S. l.: 
s. n.], 2020. 1. 
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2. Uma alteração na expressão formal da arquitetura, que coincide com o brutalismo em São 
Paulo em sucessão à escola carioca. 
3. Sob o ponto de vista urbano, a instituição da ideia de planejamento e reforma urbana. 
De acordo com o texto a construção de Brasília obteve uma mudança na expressão 
arquitetônica nacional, predominante da escola carioca, caracterizando leveza e sinuosidade. O 
pós-Brasília está ligado ao concreto aparente e toda parte estrutural dos grandes vãos e balanços. 
A maior influência na arquitetura foi pelo Brutalismo, junto ao Oscar Niemeyer, Afonso 
Eduardo Reidy, M. M. Roberto, Jorge Moreira, entre outros. 
 
Para Bastos a arquitetura tornou-se contemporânea, desde a exposição no Moma em 
janeiro de 1943, porém com um toque brasileiro, valorizando a cultura nacional, como Villa-
Lobos, Graciliano Ramos, José Lins do Rego. Uma arquitetura para simbolizar o novo e o 
moderno. A arquitetura no Brasil apresentou uma grande mudança com os novos parâmetros 
urbanísticos da arquitetura moderna. 
Para Ruth Verde Zein “O concreto aparente foi um material importante, na qual 
caracterizou a arquitetura, principalmente na expansão arquitetônica paulista.” 
 Nas palavras de Aracy Amaral: “O concreto é a própria expressão da modernidade, 
sobretudo no Brasil.” 
Para Ruy Ohtake: “Artigas sempre usou o concreto como uma expressão contemporânea 
da técnica construtiva brasileira.” 
PERENHA, Bruno Perenha. 
Escola Carioca: História da 
arquitetura. [S. l.: s. n.], 2019. 1. 
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 Dito isso, é importante ressaltar o rompimento da caracterização e tradição dada a 
arquitetura brasileira, onde se via a leveza e transparência. Ela buscava ser inserida para uma 
parcela da sociedade, onde se tinha o poder aquisitivo elevado e não houvesse quaisquer tipo 
de empecilho, estabelecendo assim novas regras para a sociedade, com tudo, não se possuía um 
conceito fixo exato do que é, somente a certeza de que o concreto aparente era sua característica 
mais marcante. 
 Foi proposto também o modelo de projetos voltados para a resolução dos problemas 
sociais e econômicos do país solucionando o problema habitacional de muitas pessoas. O que 
restringiu o modelo a apenas alguns profissionais servindo de aspirações sociais e políticas. O 
objetivo era construir uma “máquina de habitar” com materiais genéricos e se possíveis 
industrializados, criticando valores tidos como “burgueses”, as casas eram implantadas 
introspectivamente como que negando o entorno imediato e voltando-se para dentro. Já o 
interior era aberto, com ambientes interligados que acabavam com hierarquizações de uso e 
convivência tradicionais, com compartimentação mínima e baixo custo, o que abrigaria várias 
pessoas. 
 Podemos destacar que as características construtivas dessa arquitetura procuram de 
certa forma a horizontalidade, os elementos de circulação comfunção destacada, a utilização 
de um bloco único destacado no chão, e o concreto armado aparente. Utilizando-se do concreto 
armado ou protendido, com lajes nervuradas, pórticos, pilares com desenhos diferentes, com 
vãos livres e balanços amplos e jogos de iluminação zenital. Os arquitetos tinham a preocupação 
de fazer com que os ambientes internos pudessem através da modulação ter várias destinações 
diferentes ao decorrer da vida, influência forte e semelhanças essa de técnicas e materiais 
utilizados por arquitetos conceituados como Le Corbusier, Mies Van de Rohe. 
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Segundo Maria Luiza Adams “Não existe um critério seletivo do que deva ou não estar 
à vista e onde o rigor pode chegar à exposição das canalizações. O Brutalismo se caracteriza 
pela expressão dos materiais em detrimento de superfícies bem acabadas, onde a idéia de beleza 
é associada à verdade construtiva. A edificação deve ser honesta, demonstrando seus materiais 
assim como a técnica construtiva adotada. “ 
 
Reyner Banham o qual já foi mencionado, teve um importante marco no brutalismo 
devido ao livro escrito The New Brutalism: Ethic or Aesthetic. No início do livro já diz que tem 
duas explicações para a origem da palavra brutalismo, a primeira, mitológica onde teve origem 
do filho de Gunnar Asplund registrando uma carta para Eric de Maré e por fim reproduzida pela 
revista Architectual Review Hans Asplund teria usado o termo neobrutalista de modo jocoso 
entre arquitetos ingleses, os quais levaram ao seu país de origem, e assim teve origem para o 
segundo nome, o novo brutalismo, o primeiro se referia ao estilo neoclássico, neogótico já o 
segundo traz a ética. 
Ao Longo do livro ele discorre o que para ele é correto, que é o brutalismo no sentido 
da ética, no qual dizia que brutalismo além de defender o uso dos materiais puros mostrando 
sua essência, ele também vai contra a produção em massa e com os objetivos culturais da 
sociedade. 
Imagem do edifício Unité 
d’Habitation - UNITÉ d’Habitation 
de Berlín Le Corbusier. [S. l.: s. n.], 
2019. 1 fotografia. Disponível em: 
https://en.wikiarquitectura.com/buil
ding/unite-dhabitation-of-
berlin/unite-dhabitation-de-berlin-
le-corbusier/. Acesso em: 24 out. 
2020. 
 
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Na metade do livro adiante ele fala que a estética está fortemente no brutalismo e que 
não tem como mudar esta imagem pois está ligado com a realidade os objetivos culturais da 
sociedade, suas exigências, suas técnicas. 
Politicamente o Brutalismo Paulista tinha vínculos com princípios socialistas, os quais 
serviram de apoio ideológico para as construções, como por exemplo, eliminar o déficit 
habitacional “A busca das origens da tendência brutalista em São Paulo nos leva à sua afinidade 
com o Novo Brutalismo inglês, no que diz respeito à preponderância das questões éticas no 
projeto de arquitetura, e à obra tardia de Le Corbusier em relação à utilização do concreto 
bruto”. 
O Brutalismo Paulista defendia a ética, um mundo igualitário para todos os homens, na 
verdade, na correção e na virtude. Todas estas características foram muito bem impostas por 
Vilanova Artigas na FAU, onde queriam passar a impressão que nenhuma atividade que o 
universitário fizesse ali seria ilícita, e que todos seriam bem vindos por isso não teria a porta de 
entrada. 
 
Esta tendência esteve nos anos 60 nas residências, onde o espaço único com diferentes 
atividades era vislumbrado, o luxo e o requinte não faziam parte dos princípios brutalistas. 
A barbárie paulista prevaleceu no final dos anos 1960, se por um lado, a Escola Carioca, 
por meio de Lúcio Costa, admitiu usar conceitos acadêmicos na versão nacional, Então Escola 
Paulista não aconteceu, pelo menos nessa faixa. Segundo Marlene Acayaba, a arquitetura 
paulistana dos anos 1960 enfatizava projetos sociais e não era propícia a figuras simbólicas. 
Ambiente interno da FAU USP - 
FACULDADE de Arquitetura e 
Urbanismo da Universidade de São 
Paulo. [S. l.: s. n.], 2019. 1 
fotografia. Disponível em: 
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Fac
uldade_de_Arquitetura_e_Urbanis
mo_da_Universidade_de_São_Paul
o. Acesso em: 24 out. 2020. 
 
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Descobriu-se que a expressão (recurso procedimental) utilizada na forma arquitetônica é um 
aspecto que nada tem a ver com o Brutalismo Paulista. 
A atenção à inovação na forma e nos detalhes é outro aspecto que pode ser visto como 
representativo de tempo ou lugar. Embora muitos elementos arquitetônicos que apresentam 
detalhes inovadores sejam executados manualmente, eles sempre são projetados com plena 
consideração de seu potencial na industrialização e na produção em massa. Os arquitetos do 
Brutalismo Paulista vão ter em mente uma sociedade melhor ao projetar e detalhar as casas, 
uma sociedade que depende da indústria para atingir seus objetivos. Por meio da representação 
arquitetônica, as obras paulistas mostram o espírito da época, mas ignoram seu uso, fazendo 
com que a mesma festa seja utilizada nos mais diversos espetáculos. 
Marlene Acayaba destacou que a arquitetura paulistana dos anos 1960 priorizava o 
espaço e não a forma. Para os arquitetos paulistas da década de 1960, o mais importante era a 
criação do espaço, e a Escola Carioca dedicou grande parte de sua energia à decoração formal. 
No entanto, a precificação do espaço do brutalista paulista não foi acompanhada por uma 
representação programática. O Brutalismo Paulista usa uma série de regras de composição para 
ordenar as várias partes do edifício. 
Os princípios da medição de volume único, o uso de núcleos ordenados, a unidade do 
espaço interno, a continuidade interno-externo e a configuração espacial dos espaços fechados 
provam este ponto. Por outro lado, a questão do caráter está ligada à expressão da própria 
arquitetura paulistana, e o arquiteto tenta criar um estilo de vida paulistano na residência. A 
obra do Brutalismo Paulista foi criada por arquitetos políticos, carregados de ideais para 
melhorar a sociedade. O fauvismo paulista é doutrinário, representado pela Escola Carioca. 
O primeira, mostra austeridade e o segundo mostra requinte. Com sua abordagem 
formalista, até o final da década de 1950, a arquitetura carioca inspirava alegria e conforto. Na 
década de 1960, a arquitetura paulista adotou métodos de produção de austeridade e discurso 
ético para refutar essa chamada frivolidade. 
Ele trabalha como freelancer no Brasil há quase dez anos, e deixou sua marca na 
atividade docente da FAUUSP e na cultura arquitetônica do Brasil. Durante os anos de 
confirmação da arquitetura paulistana, sua participação ativa deu-lhe uma compreensão clara 
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do surgimento e transformação do brutalismo em São Paulo. Paulo e o sistema ideológico do 
projeto paulista na década de 1960. 
Para ele, a prática do design estava diretamente relacionada aos seus ideais políticos e 
sociais, nos quais o ativismo político se transformou em ativismo arquitetônico. A dissociação 
de Niemeyer entre a política e a obra de um arquiteto era incompreensível para Vilanova Artigas 
e seus seguidores, entre os quais Sérgio Ferro. Sua prática profissional estava relacionada à 
preocupação com a moradia popular e a questão social da arquitetura, e arquitetos cariocas se 
envolveram nas discussões estéticas. A transferência desses ideais para a prática profissional 
foi fundamental para a Escola Paulista, que alcançou maturidadee afirmação na década de 
1960, relacionada ao estilo de brutalismo. 
Os princípios morais foram transferidos para o campo da arquitetura, acrescentando os 
colegas que se formaram na FAUUSP são considerados o craque mais surpreendente da escola. 
Eles se formaram no início da década de 1960, mantiveram suas atividades profissionais em 
um escritório particular e trabalharam juntos nos 10 anos seguintes. O ativismo ideológico foi 
aplicado à prática projetual de seu escritório e estava relacionado às atividades de ensino, o que 
influenciou a obra e o ideário arquitetônico de São Paulo na década de 1960. Influência de 
Artigas na formação profissional de sua geração de arquitetos paulistas. 
A década de 1960 foi o período mais grave da produção fauvismo em São Paulo, que se 
caracterizou pela ética aplicável às formas arquitetônicas. Os arquitetos associados à tendência 
bárbara preocupam-se com as questões políticas e sociais e com os ideais de estabelecer um 
novo Brasil. Nesse estado ideal, a arquitetura desempenha um papel importante. Nesse caso, a 
casa popular torna-se um tema eterno. Se, por um lado, esse assunto ocupa a mente do arquiteto, 
por outro, seu funcionamento real não é tão fácil de ser concluído. 
Segundo pesquisa realizada por Ferro em Grenoble, essa é a diferença entre Vilanova 
Artigas e Le Corbusier em desenho estrutural e expressão. O pensamento arquitetônico 
brutalista paulista está cheio de ética - "honestidade estrutural" e "verdade material" - que Le 
Corbusier não pode usar de engano em La Tourette. Sob a influência de tendências estrangeiras, 
o brutalismo ganhou características próprias no Brasil. Essa característica de brutalismo 
nacional pode ser atribuída à obra de Vilanova Artigas. Apesar de não reconhecer as 
qualificações dos bárbaros, Artigas começou a difundir essa tendência no Brasil em meados da 
década de 1950. 
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As influências citadas são perceptíveis na produção do Brutalismo Paulista e 
cronologicamente possíveis. Os pontos de contato com o Brutalismo Inglês chegam à mesma 
dialética entre ética e estética. O Brutalismo Paulista considerou as características nacionais, 
assim como as específicas de São Paulo. O brutalismo no Brasil, praticado pelos arquitetos 
paulistas nos anos 60, assumiu características formais e compositivas próprias, a ponto de 
conseguir afirmação como uma corrente arquitetônica autônoma e reconhecida. 
 
6 CONSIDERAÇÕES 
 
Em suma, os arquitetos brasileiros conseguiram transformar o Brutalismo internacional 
ao chegar no Brasil, principalmente se tratando de São Paulo, de maneira com que tomou um 
novo rumo, um Brutalismo que ganhou características próprias, éticas e com uma linguagem 
mais áspera em suas obras. 
A ideia principal dessa arquitetura no Brasil, permeia até os dias atuais, um desses 
exemplos é a obra da Lina Bo Bardi, localizada na Paulista (MASP), onde o grande vão serve 
de cenário para diversas manifestações de cunho político e social. 
Independente de gosto pessoal, essa arquitetura foi de suma importância, trazendo à tona 
questões sociais, econômicas, políticas e de viés arquitetônico, onde o principal objetivo era o 
de construir espaços, usando formas simples e genuínas, enriquecendo as estruturas, de maneira 
a não as esconder e sim a mostrar sua imponência diante da cidade. Uma arquitetura que vai 
muito além do construir algo, do estético, algo que não pode ser deixado de lado, como já dizia 
o grande percursor desse estilo no Brasil: “Arquitetura é uma arte com finalidade”. (João Batista 
Villanova Artigas). 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BRUAND, Yves. Segunda Parte. In: BRUAND, Yves. Arquitetura Contemporânea no 
Brasil. 2ª. ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2005. cap. O aparecimento do 
brutalismo e seu sucesso em São Paulo, p. 295-319. 
BASTOS, Maria Alice. Pós Brasília: rumos da arquitetura brasileira: Discurso prática 
e pensamento. Perspectiva: FAPESP, São Paulo, p. 3 - 265, 2003. 
ZEIN, Ruth Verde. BRUTALISMO, ESCOLA PAULISTA: ENTRE O SER E O NÃO 
SER. 2002. 26 p. ARQ TEXTO 2 - (Tese de doutorado) - PROPAR - (UFRS), Porto 
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Alegre, 2002. Disponível em: 
https://www.ufrgs.br/propar/publicacoes/ARQtextos/PDFs_revista_2/2_Ruth.pdf 
LUIZA ADAMS SANVITTO, Maria. BRUTALISMO PAULISTA: UMA ESTÉTICA JUSTIFICADA POR 
UMA ÉTICA?. 2013. 24 p. X SEMINÁRIO DOCOMOMO BRASIL (Bacharelado) - PUCPR, Curitiba, 
2013. Disponível em: https://docomomo.org.br/wp-content/uploads/2016/08/CON_03.pdf. Acesso em: 
24 out. 2020.

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