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INTRODUÇÃO Também conhecida como paludismo, febre palustre, impaludismo, maleita ou sezão, foi primeiramente citada na era pré-cristã, sendo uma doença muito antiga. É uma enfermidade transmitida pelo mosquito do gênero Anopheles (inseto vetor), em regiões tropicais e de alta umidade. Quando ocorre a inoculação do parasito (Plasmodium) no homem, os esporozoítos infectantes podem adentrar células hospedeiras sem se desenvolver ou completar seu desenvolvimento parasitando um hepatócito e posteriormente infectar hemácias. Principais agentes etiológicos: Plasmodium falciparum, P. vivax, P. malariae, P. ovale (ocorre apenas em áreas restritas do continente africano) Vetor: mosquitos do gênero Anopheles (mosquito-prego) Via de transmissão: picada do mosquito fêmea parasitado com esporozoítos e acidentalmente, por transfusão sanguínea, compartilhamento de seringas contaminadas e acidentes laboratoriais. FIGURA 1- Vetor da malária FIGURA 2- Plasmodium falciparum FISIOPATOLOGIA A infecção malárica inicia-se quando esporozoítos infectantes são inoculados pelo inseto vetor em seus hospedeiros vertebrados. Cerca de uma hora após a infecção, já são observados esporozoítos no sangue ou vasos linfáticos. Os esporozoítos de Plasmodium podem entrar em células hospedeiras sem nelas se desenvolverem. Nesse sentido, somente nos hepatócitos se processa o desenvolvimento parasitário. A especificidade da célula-alvo sugere a participação de moléculas do parasito e de receptores específicos na superfície do hepatócito. Várias evidências experimentais demonstram que a proteína CS participa ativamente deste processo. Após invadir o hepatócito, os esporozoítos se diferenciam até alcançarem a forma de merozoítos, que invadirão os eritrócitos. O desenvolvimento nas células do fígado Medicina Veterinária – Raphaela Domitillo requer aproximadamente uma semana para o P. falciparum e P. vivax e cerca de duas semanas para o P. malariae. Nas infecções por P. vivax e P. ovale, alguns esporozoítos dão origem, após invadir os hepatócitos, a formas dormentes denominadas hipnozoítos (do grego hypos, sono). Estes hipnozoítos são responsáveis pelas recaídas tardias da doença, que ocorrem após períodos variáveis de incubação, em geral dentro de 45 a 90 dias, podendo prolongar-se por seis ou mais meses. Na invasão aos eritrócitos, há consequente formação de merozoítos que invadirão novos eritrócitos. Depois de algumas gerações de merozoítos sanguíneos, ocorre a diferenciação em estágios sexuados, os gametócitos, que não mais se dividem e que seguirão o seu desenvolvimento no mosquito vetor, dando origem aos esporozoítos. O ciclo sanguíneo se repete sucessivas vezes. PERÍODO DE INCUBAÇÃO P. falciparum de 9-14 dias; P. vivax, 12-17 dias; P. malariae, 18-40 dias; P. ovale de 16-18 dias. SINAIS E SINTOMAS Fase sintomática inicial: mal-estar, cefaleia, cansaço e mialgia, geralmente precede a clássica febre da malária. Ataque paroxístico agudo (acesso malárico): período de calafrio e sudorese, que dura de 15 minutos à uma hora, seguido por uma fase febril, com temperatura corpórea podendo atingir 41°C ou mais. Após um período de duas a seis horas, ocorre defervescência da febre e o paciente apresenta sudorese profusa e fraqueza intensa. Após a fase inicial, a febre assume um caráter intermitente relacionado com o tempo de ruptura de uma quantidade suficiente de hemácias. Remissão: caracteriza-se pelo declínio da temperatura (fase de apirexia). Contudo, novos episódios de febre podem acontecer em um mesmo dia ou com intervalos variáveis. Malária grave: adultos não imunes, bem como crianças e gestantes, podem apresentar manifestações mais graves da infecção, podendo ser fatal. A hipoglicemia, o aparecimento de convulsões, vômitos repetidos, hiperpirexia, icterícia e distúrbios da consciência são indicadores de pior prognóstico e podem preceder as seguintes formas clínicas da malária grave e complicada: malária cerebral, insuficiência renal aguda, edema pulmonar agudo, hipoglicemia, icterícia, hemoglobinúria. Esses quadros estão relacionados com parasitemia elevada. Característica do padrão de intervalo febril por espécie de plasmodium Plasmodium falciparum, vivax e ovale– 48 h; Plasmodium malariae – 72 h; Recaídas: das espécies de Plasmodium que afetam o ser humano, apenas o P. vivax e o P. ovale têm hipnozoítos, a forma do parasito que se mantém dormente no fígado e é responsável pelas recaídas. Dessa maneira, uma única picada de mosquito infectado pode Medicina Veterinária – Raphaela Domitillo causar vários episódios de malária subseqüentes. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de certeza da infecção malárica só e possível pela demonstração do parasito, ou de antígenos relacionados, no sangue periférico do paciente. Método do esfregaço: a detecção do P. falciparum é suspeitada quando apenas trofozoítos e gametócitos são visualizados. Em contrapartida, a visualização de todos os estágios de desenvolvimento de ciclo sanguíneo na gota espessa sugere P. vivax, P. malariae ou P. ovale. PCR TRATAMENTO MEDICAMENTOSO P. vivax e P. Ovale: O objetivo desse tratamento é curar tanto a forma sanguínea quanto a forma hepática (cura radical), e assim prevenir recrudescência e recaída, respectivamente. Para isso usa�se a combinação de dois medicamentos: cloroquina e primaquina. Apenas a primaquina tem atividade contra os hipnozoítos no Brasil. o Cloroquina (10mg/kg no dia 1 e 7,5mg/kg nos dias 2 e 3) por 3 dias o Primaquina 0,5 mg/kg/dia, por 7 dias. P. malariae: O tratamento de P. malariae assemelha-se ao tratamento para P. vivax (apenas cloroquina por 3 dias), contudo sem a necessidade de uso da primaquina. P. falciparum e infecções mistas: É recomendação da OMS o tratamento de P. falciparum com uma terapia combinada com algum derivado de artemisinina (ACT). A eficácia e segurança de artesunato/mefloquina e artemeter/lumefantrina são bastante semelhantes. PROFILAXIA Medidas de proteção individual: evitar áreas de risco ao entardecer e logo ao amanhecer, utilizar repelentes, telar portas e janelas e dormir com mosquiteiros. Medidas de proteção coletiva: uso de inseticidas e larvicidas, evitar a formação de criadouros de mosquitos e formular ações de educação em saúde para a população. Medicina Veterinária – Raphaela Domitillo
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