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LEI DE EXECUÇÃO PENAL LEI Nº 7,210/84 Protegido por Eduzz.com 1 SUMÁRIO LEI DE EXECUÇÃO PENAL .................................................................................................................................. 6 LEI 7.210/84 ..................................................................................................................................................... 6 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................... 6 DO OBJETIVO E DA APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL .............................................................................. 9 NATUREZA JURÍDICA DA EXECUÇÃO PENAL ....................................................................................................... 10 FINALIDADES DA PENA EM ABSTRATO ............................................................................................................... 12 PREVENÇÃO GERAL ........................................................................................................................................ 12 FINALIDADES DA PENA NA EXECUÇÃO ............................................................................................................... 13 PREVENÇÃO ESPECIAL .................................................................................................................................... 13 DA CLASSIFICAÇÃO DO CONDENADO ................................................................................................................. 21 COMISSÃO TÉCNICA DE CLASSIFICAÇÃO (CTC) ................................................................................................... 22 EXAME CRIMINOLÓGICO .................................................................................................................................... 24 IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL GENÉTICO ................................................................................................................ 30 PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO PENAL ................................................................................................................ 155 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE............................................................................................................................... 155 PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA........................................................................................................ 155 PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA EXECUÇÃO DA PENA ............................................................................ 155 PRINCÍPIO DA JURISDICIONALIDADE ................................................................................................................ 156 PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL ......................................................................................................... 156 PRINCÍPIO REEDUCATIVO / PRINCÍPIO DA RESSOCIALIZAÇÃO .......................................................................... 157 PRINCÍPIO DA HUMANIDADE DAS PENAS......................................................................................................... 157 DA ASSISTÊNCIA ............................................................................................................................................. 34 DA ASSISTÊNCIA MATERIAL ................................................................................................................................ 37 DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE .................................................................................................................................. 38 DA ASSISTÊNCIA JURÍDICA .................................................................................................................................. 40 DA ASSISTÊNCIA EDUCACIONAL ......................................................................................................................... 41 DA ASSISTÊNCIA SOCIAL ..................................................................................................................................... 44 DA ASSISTÊNCIA RELIGIOSA ................................................................................................................................ 46 DA ASSISTÊNCIA AO EGRESSO ............................................................................................................................ 47 DO TRABALHO ................................................................................................................................................ 49 REMUNERAÇÃO DO PRESO ................................................................................................................................ 50 DO TRABALHO INTERNO..................................................................................................................................... 51 JORNADA DE TRABALHO .................................................................................................................................... 55 DO TRABALHO EXTERNO .................................................................................................................................... 57 Protegido por Eduzz.com 2 REGRAS PARA O TRABALHO EXTERNO ........................................................................................................... 57 DOS DEVERES ................................................................................................................................................. 60 DOS DIREITOS ................................................................................................................................................. 61 DA DISCIPLINA ................................................................................................................................................ 63 PODER DISCIPLINAR ....................................................................................................................................... 64 DAS FALTAS DISCIPLINARES ............................................................................................................................ 65 PRESCRIÇÃO ................................................................................................................................................... 67 REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO (RDD)................................................................................................... 69 REGRA ................................................................................................................................................................ 69 HIPÓTESES DE CABIMENTO ................................................................................................................................ 69 CARACTERÍSTICAS ............................................................................................................................................... 71 RDD CUMPRIDO NO SISTEMA PENITENCIÁRIO FEDERAL ................................................................................... 70 PRAZO DO RDD ............................................................................................................................................... 72 DAS SANÇÕES E DAS RECOMPENSAS ............................................................................................................. 69 SANÇÕES DISCIPLINARES ................................................................................................................................ 77 RECOMPENSAS ................................................................................................................................................... 80 DA APLICAÇÃO DAS SANÇÕES ........................................................................................................................ 81 DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR ..................................................................................................................81 MEDIDAS PREVENTIVAS ................................................................................................................................. 82 DOS ÓRGÃOS DA EXECUÇÃO PENAL .............................................................................................................. 83 DO CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA (CNPCP) .................................................. 83 DO JUÍZO DA EXECUÇÃO .................................................................................................................................... 86 DO MINISTÉRIO PÚBLICO ................................................................................................................................... 87 DO CONSELHO PENITENCIÁRIO .......................................................................................................................... 88 DOS DEPARTAMENTOS PENITENCIÁRIOS ........................................................................................................... 89 DO DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL (DEPEN)............................................................................. 89 DO DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO LOCAL ................................................................................................. 90 DA DIREÇÃO E DO PESSOAL DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS .......................................................................... 90 DO PATRONATO ................................................................................................................................................. 91 DO CONSELHO DA COMUNIDADE ...................................................................................................................... 91 DA DEFENSORIA PÚBLICA ................................................................................................................................... 93 DOS ESTABELECIMENTOS PENAIS .................................................................................................................. 93 DISPOSIÇÕES GERAIS .......................................................................................................................................... 94 ESTABELECIMENTO DESTINADO ÀS MULHERES ................................................................................................. 95 FUNÇÕES INDELEGÁVEIS .................................................................................................................................... 95 SEPARAÇÃO ENTRE PRESO PROVISÓRIO E O CONDENADO ................................................................................ 96 Protegido por Eduzz.com 3 SEPARAÇÃO DO FUNCIONÁRIO DA ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA CRIMINAL .................................................... 96 DA PENITENCIÁRIA ............................................................................................................................................. 97 DA COLÔNIA AGRÍCOLA, INDUSTRIAL OU SIMILAR ............................................................................................ 98 DA CASA DO ALBERGADO ................................................................................................................................... 98 DA CADEIA PÚBLICA ........................................................................................................................................... 99 DO HOSPITAL DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO ............................................................................. 99 IMPOSIÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA PARA INIMPUTÁVEL ........................................................................ 100 SUBSTITUIÇÃO DA PENA POR MEDIDA DE SEGURANÇA PARA O SEMI-IMPUTÁVEL ........................................ 101 DIREITOS DO INTERNADO................................................................................................................................. 101 DO CENTRO DE OBSERVAÇÃO .......................................................................................................................... 101 DA EXECUÇÃO DAS PENAS EM ESPÉCIE ........................................................................................................ 101 DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE ............................................................................................................ 102 GUIA DE RECOLHIMENTO ................................................................................................................................. 102 SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL ........................................................................................................... 103 DOS REGIMES ............................................................................................................................................... 103 SOMA E UNIFICAÇÃO DAS PENAS ................................................................................................................. 104 CÓDIGO PENAL - DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE ............................................................................ 104 LEGISLAÇÃO LOCAL....................................................................................................................................... 106 SÚMULAS ..................................................................................................................................................... 107 SÚMULA 716 – STF ....................................................................................................................................... 107 SÚMULA 718 - STF ........................................................................................................................................ 107 SÚMULA 719 - STF ........................................................................................................................................ 107 SÚMULA 269 - STJ......................................................................................................................................... 107 SÚMULA 440 - STJ......................................................................................................................................... 107 SÚMULA 441 - STJ......................................................................................................................................... 107 SÚMULA 526 – STJ ........................................................................................................................................ 107 SÚMULA 534 - STJ......................................................................................................................................... 107 SÚMULA 535 - STJ......................................................................................................................................... 108 SÚMULA 533 – STJ ........................................................................................................................................ 108 SÚMULA 562 – STJ ........................................................................................................................................ 108 PROGRESSÃO DE REGIME ............................................................................................................................. 109 REGIME FECHADO PARA O REGIME SEMIABERTO ........................................................................................... 111 PROGRESSÃO DE REGIME NO RDD ................................................................................................................... 112 REGIME SEMIABERTO PARA O REGIME ABERTO .............................................................................................. 112 PROGRESSÃO DE REGIME PARA MULHER GESTANTE OU RESPONSÁVEL POR PESSOA COM DEFICIÊNCIA ...... 113 COMETIMENTO DE FALTA GRAVE NA EXECUÇÃO DA PENA PRIVATIVA ........................................................... 113Protegido por Eduzz.com 4 DATA BASE PARA PROGRESSÃO DE REGIME .................................................................................................... 114 PRISÃO DOMICILIAR DA LEP – REGIME ABERTO ............................................................................................... 115 TEMPO MÁXIMO DE CUMPRIMENTO DE PENA ................................................................................................ 118 REGRESSÃO DE REGIME ............................................................................................................................... 118 REGRESSÃO CAUTELAR OU PREVENTIVA DE REGIME ....................................................................................... 119 PROGRESSÃO EM SALTOS ............................................................................................................................. 121 DAS AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA ..................................................................................................................... 122 DA PERMISSÃO DE SAÍDA ................................................................................................................................. 122 DA SAÍDA TEMPORÁRIA.................................................................................................................................... 123 DA REMIÇÃO ................................................................................................................................................ 125 REMIÇÃO PELO ESTUDO ................................................................................................................................... 126 REMIÇÃO POR TRABALHO ................................................................................................................................ 126 REVOGAÇÃO DO TEMPO REMIDO .................................................................................................................... 127 DO LIVRAMENTO CONDICIONAL .................................................................................................................. 128 REQUISITOS DO LIVRAMENTO CONDICIONAL .................................................................................................. 128 A CADERNETA DO LIVRAMENTO CONDICIONAL ........................................................................................... 132 DA MONITORAÇÃO ELETRÔNICA ................................................................................................................. 134 CABIMENTO...................................................................................................................................................... 134 DEVERES ........................................................................................................................................................... 134 CONSEQUÊNCIAS DA VIOLAÇÃO ...................................................................................................................... 134 HIPÓTESES DE REVOGAÇÃO ............................................................................................................................. 134 DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS.......................................................................................................... 135 CONVERSÃO DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS......................................................................................... 137 DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS .............................................................................................................. 137 DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE ................................................................................................ 137 DA LIMITAÇÃO DE FIM DE SEMANA ................................................................................................................. 139 DA INTERDIÇÃO TEMPORÁRIA DE DIREITOS..................................................................................................... 139 DA SUSPENSÃO CONDICIONAL ..................................................................................................................... 140 MULTA .......................................................................................................................................................... 143 DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA ............................................................................................. 144 MEDIDAS DE SEGURANÇA NO CÓDIGO PENAL ................................................................................................. 145 IMPOSIÇÃO DA MEDIDA DE SEGURANÇA PARA INIMPUTÁVEL ........................................................................ 145 SUBSTITUIÇÃO DA PENA POR MEDIDA DE SEGURANÇA PARA O SEMI-IMPUTÁVEL ........................................ 146 DIREITOS DO INTERNADO................................................................................................................................. 146 DISPOSIÇÕES GERAIS ........................................................................................................................................ 146 DA CESSAÇÃO DA PERICULOSIDADE ................................................................................................................. 147 Protegido por Eduzz.com 5 DOS INCIDENTES DE EXECUÇÃO ................................................................................................................... 148 DAS CONVERSÕES ............................................................................................................................................ 148 DO EXCESSO OU DESVIO .................................................................................................................................. 149 DA ANISTIA E DO INDULTO ............................................................................................................................... 149 DO PROCEDIMENTO JUDICIAL ...................................................................................................................... 150 DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS................................................................................................... 150 Olá, meus amigos! Começaremos agora um curso completo acerca da LEI DE EXECUÇÃO PENAL! Não se trata de um curso modelo “resumo” ou “reta final”. O objetivo é trazer o máximo de conteúdo para que você não tenha qualquer dúvida quando for para marcar uma assertiva. Para potencializar o entendimento da LEP, quando se fizer necessário, farei o resumo de outras disciplinas (como por exemplo Direito Penal) para que o aluno não deixe conhecimento perdido durante o estudo. Vamos juntos? Preparem-se para resolver muitas questões! Protegido por Eduzz.com 6 LEI DE EXECUÇÃO PENAL LEI 7.210/84 INTRODUÇÃO Quando um indivíduo comete uma infração penal (crime ou contravenção) surge para o Estado o direito de punir (ius puniendi). O direito de punir é exclusivo do Estado e, como veremos em breve, a punição tem diversos objetivos, dentre os quais, retribuir o mal causado, evitar o surgimento de outros crimes e, como cita o professor Andreucci [1], oferecer certeza à coletividade da busca por justiça. O legitimado para a execução penal é o Estado. O Estado até pode autorizar eu o cidadão promova a denúncia, porém, o direito de punir é exclusivo. Exequente: É o Estado Executado: O que sofrerá a punição estatal. E, no exercício do IUS PUNIENDI, a resposta estatal a quem comente uma infração penal é a chamada SANÇÃO PENAL. A sanção penal divide-se em duas espécies: • Pena • Medida de Segurança Os indivíduos imputáveis recebem a sanção penal correspondente a sua conduta criminosa, ou seja, recebem a pena correspondente ao preceito secundário do tipo incriminador. Os indivíduos inimputáveiscumprem medida de segurança, pois sofrem a chamada sentença absolutória imprópria. O que é Sentença Absolutória Imprópria? Na Sentença absolutória PRÓPRIA o indivíduo é absolvido fundamentado, por exemplo, na ausência de provas ou inexistência do fato. Não há sanção ou penalização ao indivíduo, réu no processo. Já na Sentença Absolutória IMPRÓPRIA, há o reconhecimento do crime ou da tipicidade e ilicitude, porém o indivíduo é absolvido por ser inimputável. Nesse caso, ele é submetido a uma medida de segurança, que pode ser cumprida em um hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, por exemplo. A sentença que impõe medida de segurança não é condenatória, sendo chamada de sentença absolutória imprópria, já que é reconhecida a materialidade e a autoria do crime, mas o agente é absolvido em razão de sua falta de discernimento durante a execução da conduta delituosa. Na execução das Medidas de Segurança, o Estado busca a prevenção de outros crimes, bem como a cura do internado inimputável ou semi-imputável. [1] Protegido por Eduzz.com 7 O semi-imputável possui perda parcial da compreensão da conduta ilícita e da capacidade de auto- determinação ou discernimento sobre os atos ilícitos praticados, acarretando na redução da imputabilidade. Tem como consequência a atenuação da pena conforme o art. 26, parágrafo único, do Códipo Penal (CP). A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Ocorrendo necessidade pode existir a substituição da pena para tratamento curativo, internação ou tratamento ambulatorial, conforme dispõe o art. 96 do CP. Na hipótese do parágrafo único do art. 26 deste Código e necessitando o condenado de especial tratamento curativo, a pena privativa de liberdade pode ser substituída pela internação, ou tratamento ambulatorial, pelo prazo mínimo de 1 a 3 anos, nos termos do artigo anterior e respectivos §§ 1.º a 4º. Desse modo, existe a substituição da pena restritiva de liberdade para a medida de segurança. Em resumo, os indivíduos semi-imputáveis (chamados de fronteiriços por Bitencourt [2]), com culpabilidade diminuída, no caso de condenação, é obrigatória a imposição de pena reduzida, que pode ser substituída por medida de segurança. Ou seja, os semi-imputáveis podem cumprir pena ou medida de segurança, nunca as duas. As medidas de segurança são: I) internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; II) sujeição a tratamento ambulatorial. Meus amigos, vamos aproveitar esse momento para organizarmos em nossa mente os tipos de sanção penal existentes no Brasil, os tipos de penas e as hipóteses de substituição da Pena Privativa de Liberdade por Pena Restritivas de Direitos? • Quando um indivíduo é condenado por uma infração penal (crime ou contravenção penal) ele irá receber uma sanção penal. • No Brasil as espécies de sanção penal são as penas e as medidas de segurança. • As penas podem ser penas privativas de liberdade, penas restritivas de direitos e multa • As penas privativas de liberdade são reclusão, detenção e prisão simples. Protegido por Eduzz.com 8 Feito os devidos resumos e revisões, vamos iniciar agora propriamente o estudo da Lei de Execução Penal! Mas, professor, por que você fez essa explicação toda? Calma! Mais para frente vocês vão entender o porquê! Eu não quero que você decore. Quero que você entenda! Sanção Penal Penas PRIVATIVA DE LIBERDADE Reclusão Detenção Prisão Simples RESTRITIVA DE DIREITOS Prestação de Serviços a Comunidade Interdição Temporária de Direitos I proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; II proibição do exercício de profissão, ati vidade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público; III suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo IV proibição de frequentar determinados lugares. Perda de Bens e Valores Prestação Pecuniária Limitação de Fim de Semana MULTA Medidas de Segurança Protegido por Eduzz.com 9 DO OBJETIVO E DA APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL (Art. 1° ao art. 4º) Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado. A lei de execução penal (LEP) tem por objetivo disciplinar a vida do sujeito que está com a liberdade cerceada, seja por sentença condenatória transitada em julgado, seja em decisão cautelar de privação de liberdade de locomoção. Como assim “decisão cautelar de privação de liberdade”? Veja bem. É de grande importância que o aluno entenda que não é objetivo da LEP efetivar apenas as disposições da “SENTENÇA”, como por exemplo, após um indivíduo ser condenado por um crime e posteriormente encaminhado a uma penitenciária para cumprir efetivamente a sentença. A Lei de Execuções Penais também tem como objetivo efetivar as disposições das DECISÕES CRIMINAIS, como, por exemplo, decisão que determine a Prisão Temporária ou Preventiva de um indivíduo, ou seja, uma prisão cautelar. Desse modo, a LEP é aplicada ao preso condenado e ao preso provisório. A LEP também será aplicada no que couber às hipóteses de sentença absolutória imprópria (execução das medidas de segurança). Não se aplica nos casos de medidas socioeducativas, regradas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Em resumo, a LEP é aplicada ao preso: • Preso Condenado (cumpre sanção penal) • Preso Provisório (submetido a uma decisão criminal) • Preso submetido a uma sentença condenatória imprópria (cumpre medida de segurança) INFORMAÇÃO IMPORTANTE A LEP tem incidência aos condenados pelas Justiças Especializadas, a saber Militar e Eleitoral, quando forem recolhidos em estabelecimentos estaduais ou federais. Observe, aluno, que o que importa não é qual justiça condenou o indivíduo, e sim o local onde ele estará custodiado. Protegido por Eduzz.com 10 NATUREZA JURÍDICA DA EXECUÇÃO PENAL Apesar de ser uma questão polêmica na Doutrina, prevalece majoritariamente que o processo de execução penal possui caráter prioritariamente JURISDICIONAL com combinação de fases administrativas, sendo, portanto, de caráter misto. Segundo Ricardo Andreucci [1], para a corrente que defende ser jurisdicional, “a fase executória tem o acompanhamento do Poder Judiciário em toda sua extensão, sendo garantida, desta forma, a observância dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa”. O Juiz da Execução Penal representa o caráter jurisdicional da Lei de Execução Penal enquanto o Diretor do presídio representa as atividades no campo administrativo. (função administrativa) No Brasil, em sua maior parte, a execução é JURISDICIONAL, uma vez que, mesmo em momentos administrativos, em tempo integral é garantido o acesso ao Poder Judiciário e todas as garantias que lhe são inerentes. [1] Ano: 2019 Banca: FUNDEP Órgão: DPE-MG Prova: Defensor Público (modificada) É mista ou complexa a natureza jurídica da execução penal, por envolver atividade jurisdicional e administrativa, prevalecendo a primeira, conforme sustenta parte da doutrina. Gabarito: 1 1 Certo. A execução penal é atividade complexa, que se desenvolve, entrosadamente, nos planos jurisdicional e administrativo. Segundo Ricardo Andreucci, para a corrente que defende ser jurisdicional, “a fase executória tem o acompanhamento do Poder Judiciário em toda sua extensão, sendogarantida, desta forma, a observância dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa”. Protegido por Eduzz.com 11 TEORIAS DA PENA ➢ Teoria da Retribuição l Teoria Absoluta • Busca tão somente castigar o condenado através da retribuição do mal praticado. • Teóricos: Kant e Hegel ➢ Teoria da Prevenção l Teoria Relativa • Busca punir o condenado para servir como exemplo para a sociedade (prevenção geral) e para que o condenado não deseje ser reincidente (prevenção especial). • Teórico: Jakobs • Cezar Roberto Bitencourt [2] afirma que para a teoria relativa da pena, o objetivo primordial é a prevenção: “A formulação mais antiga das teorias relativas costuma ser atribuída a Sêneca, que, se utilizando de Protágoras de Platão, afirmou: "nenhuma pessoa responsável castiga pelo pecado cometido, mas sim para que não volte a pecar. Para as duas teorias a pena é considerada um mal necessário. No entanto, para as teorias preventivas, essa necessidade da pena não se baseia na ideia de realizar justiça, mas na função, já referida, de inibir, tanto quanto possível, a pratica de novos fatos delitivos” ➢ Teoria Mista l Teoria Unificadora l Teoria Eclética • Para a teoria mista ou eclética a pena é tanto uma retribuição ao condenado pela realização de um delito, como uma forma de prevenir a realização de novos delitos. É uma mescla entre as duas teorias anteriores, sendo a pena uma forma de punição ao criminoso, ante o fato do mesmo desrespeitar as determinações legais.2 (Retributiva e Preventiva) • As teorias ecléticas buscam um equilíbrio para justificar a pena, apoiando um direito penal invasivo que respeite a dignidade da pessoa humana e atenda aos anseios da sociedade no que diz respeito segurança e a paz social.2 • É o modelo adotado no Brasil, conforme estabelecido no art. 59 do Código Penal. Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (...) 2 https://jus.com.br/artigos/43453/das-penas-e-das-teorias-da-pena Protegido por Eduzz.com 12 FINALIDADES DA PENA EM ABSTRATO A pena no Brasil tem tríplice finalidade (polifuncional [3]), sendo: ➢ PREVENTIVA • Prevenção Geral - Positiva - Negativa • Prevenção Especial - Positiva - Negativa ➢ RETRIBUTIVA ➢ REEDUCATIVA PREVENÇÃO GERAL Tem como destinatário TODA SOCIEDADE e atua mesmo antes da prática do crime. A tipificação de uma conduta como criminosa e a cominação de pena para quem realizá-la traz uma consciência à coletividade do valor dado ao bem jurídico. Ou seja, o condenado é usado como exemplo à coletividade. Objetivo: ➢ Inibir a prática do crime, evitar a violência. ➢ Mostrar a autoridade da norma “Art. 121 (6 a 20 anos)” – a pena em abstrato já tem a finalidade de prevenção geral (coibir a prática do crime, evitando que membros da sociedade venham a delinquir, e reafirmar a norma penal) • Prevenção Geral Negativa: Impõe um caráter intimidatório. (Prevenção por intimidação ou intimidação coletiva). A pena aplicada ao autor da infração tende a refletir junto à sociedade, evitando-se, assim, que as demais pessoas reflitam antes de praticar qualquer infração penal. Ou seja, intimidar futuros criminosos. O Estado espera que a ameaça da pena desestimule os indivíduos a praticarem crimes. • Prevenção Geral Positiva: (prevenção integradora). Busca afirmar a eficiência do Direito Penal. “Infundir na consciência geral a necessidade de respeito a determinados valores, exercitando a fidelidade ao direito, promovendo em última análise, a integração social.” 3 Segundo Jorge Dias De Figueiredo (2007), a necessária confiança que a comunidade deve manter na força do Estado, no sentido de revelar perante a comunidade a força e a segurança da ordem jurídica, apesar de todas as violações que tenham lugar e a reforçar, por esta via, os padrões de comportamento adequado às normas.4 3 QUEIROZ, Paulo de Souza. Funções do Direito Penal, 2008. 4 DIAS, Jorge de Figueiredo. Direito Penal, parte geral. Coimbra/São Paulo: Coimbra Editora/RT, 2007. Protegido por Eduzz.com 13 FINALIDADES DA PENA NA EXECUÇÃO A prevenção especial e o caráter retributivo atuam durante a imposição e a execução da pena. PREVENÇÃO ESPECIAL Se destina não à coletividade toda e sim ao indivíduo em particular, após o cometimento do crime. O destinatário da função preventiva especial é o condenado. • Prevenção Especial Negativa - Retributiva O caráter retributivo nada mais é que retribuir com o mal um mal causado. Está com a segregação ao cárcere através da pena privativa de liberdade àquele que praticou a infração penal. Espera-se que, com o indivíduo absorvendo esse caráter retributivo, evite-se, também, a reincidência. Busca-se evitar a reincidência. A pena serve para prevenir que o infrator volte a delinquir, pois com sua imposição ele sabe os efeitos negativos para aqueles que praticam crimes. • Prevenção Especial Positiva – Ressocializadora/educativa “Proporcionar condições para a harmônica integração social” Buscar a ressocialização do condenado. A pena tem que ter a missão, também, de fazer com que o infrator desista de cometer futuros delitos. Cria- se aqui, o caráter ressocializador da pena, fazendo com que o agente se conscientize sobre o crime, analisando consequências, evitando as recidivas. O Caráter Educativo atua somente na fase da execução. Não visa somente efetivar os efeitos da sentença (punição e prevenção), mas proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado, isto é reeducá-lo para que no futuro, possa reingressar ao convívio social. Observe o art. 1º da Lei de Execução Penal: Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado A Execução Penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal (Prevenção Especial e Caráter Retributivo) e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado (Caráter Educativo). Protegido por Eduzz.com 14 Vamos responder questões! Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: DEPEN Prova: Agente Federal de Execução Penal Julgue o item a seguir, referentes às teorias da finalidade da pena. A função preventiva especial, em razão do caráter abstrato da previsão legal dos delitos e das penas, enfoca o delito e não o infrator individualmente. Gabarito:5 Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: SEDS-TO Prova: Técnico em Defesa Social Além da função de punir pelo crime praticado, o ordenamento jurídico brasileiro prevê que sejam promovidas ao apenado condições para que ele se reestruture e, ao voltar ao convívio social, não torne a delinquir. Tal prática é definida como: A ressocialização. B humanização. C responsabilização. D mediação. Gabarito:6 APLICA-SE A LEP AO MENOR INFRATOR? Pena Medida de Segurança Medida Socioeducativa Finalidades: a) Prevenção Especial b) Redistribuição c) Ressocialização Finalidade essencialmente preventiva Finalidades: a) Integração Social do adolescente b) Garantia de seus direitos individuais e sociais APLICA-SE A LEP APLICA-SE A LEP APLICA-SE O ECA e leis correlatas. Jamais a LEP 5 Gabarito: Errado. O destinatário da função preventiva especial é o condenado. 6 A Protegido por Eduzz.com 15 Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade destaLei e do Código de Processo Penal. Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à jurisdição ordinária. A execução penal será exercida de acordo com a LEP e com o Código de Processo Penal. A Lei nº 7.210/84 é especial e, por causa disso, atua como norma primária, ficando a aplicação das regras do CPP na dependência da lacuna na Lei de Execução Penal. Em regra, a Justiça Comum Estadual é a responsável pela execução penal. Situações excepcionais (que estudaremos mais tarde), em que presos são custodiados em presídios federais, levam a competência para o juiz federal. Independentemente de o crime ser de competência federal ou estadual, o juízo das execuções será do local do presídio em que ele estiver preso. Exemplo: Militar que comete crime militar cumpre pena em estabelecimento prisional militar. Na falta de estabelecimento prisional militar, o preso militar deve ir para estabelecimento prisional COMUM. E, assim acontecendo, o preso terá direito a todos os benefícios da Lei de Execução Penal. O que importa é onde o condenado pela Justiça Militar ou Eleitoral esteja cumprindo pena e a competência da Execução Penal será do Juiz responsável pelo presídio. Súmula 192 do STJ: Compete ao juízo das execuções penais do Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a administração estadual. Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. Qual direito é atingido diretamente pela sentença ou lei? Logicamente o direito à liberdade é o atingido. Assim, os outros direitos devem ser assegurados. Ex: integridade moral, corporal, garantia da dignidade da pessoa humana etc. Em relação aos direitos políticos: • Preso Condenado: Direitos Políticos suspensos (CF/88 - art. 15, Inciso III)7 • Preso Provisório: Não perdem direitos políticos e não são suspensos. Penitenciárias e presídios onde há presos provisórios devem ter seções eleitorais para que os presos e adolescentes internados tenham o direito de votar. 7 Art. 15, da CF: É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão se dará nos casos de: III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos. Protegido por Eduzz.com 16 MUITA ATENÇÃO Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política Cuidado! Observe a LEP traz a vedação da distinção de natureza racial, social, religiosa ou polícia. Porém, é possível algumas distinções. Assim, é possível distinção por SEXO, ORIENTAÇÃO SEXUAL e IDADE! Pode haver distinção em razão de SEXO, ORIENTAÇÃO SEXUAL e IDADE. Exemplo: Há presídios para homens e para mulheres. A transferência de transexuais femininas para presídios femininos é, ainda, compatível em razão de recentes julgados do STF em que se reconheceu o direito deste grupo a viver de acordo com a sua identidade de gênero e a obter tratamento social compatível com ela. Observem a reportagem8 em que o STF autoriza detentas trans e travestis a escolherem o presídio a serem custodiadas. Transcrevo abaixo trechos da reportagem, mas desde já oriento que leiam por completo. O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, determinou nesta sexta-feira, 19, que presas transexuais e travestis com identidade de gênero feminino possam optar por cumprir penas em estabelecimento prisional feminino ou masculino. Nesse último caso, elas devem ser mantidas em área reservada, como garantia de segurança. Na cautelar deferida anteriormente, o ministro havia determinado que presas transexuais femininas fossem transferidas para presídios femininos. Quanto às presas travestis, ele registrou, à época, que a falta de informações, naquele momento, não permitia definir com segurança, à luz da Constituição Federal, qual seria o tratamento adequado a ser conferido ao grupo. No Brasil, disse Barroso, o direito das transexuais femininas e travestis ao cumprimento de pena em condições compatíveis com a sua identidade de gênero decorre, em especial, dos princípios constitucionais do direito à dignidade humana, à autonomia, à liberdade, à igualdade, à saúde, e da vedação à tortura e ao tratamento degradante e desumano. Decorre também da jurisprudência consolidada no STF no sentido de reconhecer o direito desses grupos a viver de acordo com a sua identidade de gênero e a obter tratamento social compatível com ela. “(...) Assim, com base em diálogo institucional estabelecido com o Poder Executivo, como explicitado acima, ajusto os termos da cautelar já deferida para outorgar às transexuais e travestis com identidade de gênero feminina o direito de opção por cumprir pena: (i) em estabelecimento prisional feminino; ou (ii) em estabelecimento prisional masculino, porém em área reservada, que garanta a sua segurança. “ Publique-se. Intimem-se. Brasília, 18 de março de 2021. Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO Relator 8 https://www.migalhas.com.br/quentes/342155/barroso-autoriza-detentas-trans-e-travestis-a-escolherem-presidio Protegido por Eduzz.com 17 Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de execução da pena e da medida de segurança. Para alcançar os objetivos da Execução Penal o Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade (art. 4º), assegurando ao condenado e ao internado todos os direitos não atingidos pela sentença (art. 3º), sendo vedado distinção de natureza racial, social, religiosa ou política. Importante para a ressocialização. Observe o que diz a minha querida amiga e professora Vanessa Gioh acerca da participação da comunidade na execução penal: “Vários dispositivos a Lei de Execução Penal cuidam da participação social no processo executivo. Podemos citar como exemplos a assistência à saúde, quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prestá-la (CPP, art. 14, §2º); convênios para as atividades educacionais (CPP, art. 20); e a assistência religiosa (CPP, art. 24). Porém, a maior participação da comunidade se dá por meio dos Patronatos (LEP, art. 78 e 79) e dos Conselhos da Comunidade (LEP, art. 80 e 81). A participação da comunidade é importante mecanismo para se atingir todas as modalidades de assistência previstas na LEP, porquanto são as pessoas da própria comunidade local que vão viabilizar a prestação de auxílio material, assistência médica e odontológica, assistência jurídica e religiosa.”9 9 Vanessa Gioh, Curso Aep, 2020. Protegido por Eduzz.com 18 O INÍCIO DA EXECUÇÃO PENAL Falamos já sobre o Estado ser o legitimado para a execução penal. Mas quando podemos dizer que ela começa? A regra é que a execução penal da pena privativa de liberdade comece após o trânsito em julgado, em especial com o registro da guia de recolhimento. A execução da pena privativa de liberdade, esta tem seu início com a expedição da guia de recolhimento (guia de execução penal ou carta guia), na qual constam todos os dados do condenado, conforme o artigo 106 da LEP.10 Art. 105. Transitando em julgado a sentença que aplicar pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou vier a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de recolhimento para a execução. Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo escrivão, que a rubricará em todas as folhas e a assinará com o Juiz, será remetida à autoridade administrativa incumbida da execução e conterá: I - o nome do condenado; II - a sua qualificação civil e o número do registro geral no órgão oficial de identificação; III - o inteiro teor da denúncia e da sentença condenatória, bem como certidão do trânsito em julgado; IV - a informaçãosobre os antecedentes e o grau de instrução; V - a data da terminação da pena; VI - outras peças do processo reputadas indispensáveis ao adequado tratamento penitenciário. § 1º Ao Ministério Público se dará ciência da guia de recolhimento. § 2º A guia de recolhimento será retificada sempre que sobrevier modificação quanto ao início da execução ou ao tempo de duração da pena. A necessidade dessa guia de recolhimento é a individualização do condenado, comprovando que o preso é de fato a pessoa que foi condenada pela decisão judicial, bem como para apresentar ao estabelecimento penitenciário as características do acusado. 7 Somente após a realização do cadastro dessa guia, será possível pleitear pelo cumprimento de todos os direitos do preso, como o de visitação e de aplicação dos benefícios concedidos na execução.7 10 https://www.seufuturo.com/quando-se-inicia-a-execucao-penal/ Protegido por Eduzz.com 19 EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA Vejamos o histórico de decisões dos Tribunais Superiores acerca da possibilidade ou não da execução provisória da Pena Privativa de Liberdade. É sabido que a regra é a execução após o Trânsito em Julgado. 1. O Supremo Tribunal Federal entendia que a execução da pena privativa de liberdade antes do trânsito em julgado era possível apenas quando presentes os pressupostos da prisão preventiva, (STF, HC 84078, Rel. Eros Grau, Pleno, DJe 25/02/2010). Assim, com o objetivo de beneficiar o preso (para que ele pudesse usufruir os benefícios da execução penal como progressão de regime, por exemplo). Com isso, o preso, em razão da presença dos requisitos da prisão preventiva, poderia ser submetido ser submetida a execução provisória, antes do trânsito em julgado. 2. Esse entendimento foi alterado em fevereiro de 2016, nos autos do HC 126292, eu tinha como relator o Ministro Teori Zavascki. A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII da Constituição Federal. Habeas corpus denegado. (HC 126292, Relator: Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 17/02/2016). 3. Em 11/11/2016, o STF manteve consolidada a jurisprudência em que é possível a execução provisória, mesmo que estejam pendentes recursos em tribunais superiores. 4. No dia 07/11/2019, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que o art. 283 do CPP, que exige o trânsito em julgado da condenação para que se inicie o cumprimento da pena, é constitucional, sendo compatível com o princípio da presunção de inocência, previsto no art. 5º, LVII, da CF/88. Assim, é proibida a chamada “execução provisória da pena”. Vale ressaltar que é possível que o réu seja preso antes do trânsito em julgado (antes do esgotamento de todos os recursos), no entanto, para isso, é necessário que seja proferida uma decisão judicial individualmente fundamentada, na qual o magistrado demonstre que estão presentes os requisitos para a prisão preventiva previstos no art. 312 do CPP. Dessa forma, o réu até pode ficar preso antes do trânsito em julgado, mas cautelarmente (preventivamente), e não como execução provisória da pena. STF. Plenário. ADC 43/DF, ADC 44/DF e ADC 54/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgados em 7/11/2019 (Informativo 958 do STF)11 11 Professore Vitor de Luca, Juiz Federal da Justiça Militar. Legislação Especial. Estratégia, Carreira Jurídica. 2021 Protegido por Eduzz.com 20 ATENÇÃO Vocês acham que seria possível a execução provisória para um indivíduo que está preso preventivamente? Não! Como um preso que não tem qualquer pena fixada em seu desfavor pode obter benefício executório? Não há parâmetro, então como podemos dizer que “já cumpriu tal porcentagem da pena”, se não há pena? É possível a execução provisória apenas quando a situação do condenado não mais poder piorar. Quando a acusação não mais ter como pleitear aumento de pena, por exemplo. 9 Súmula 716 do STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento de pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. Súmula 717 do STF: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial. Protegido por Eduzz.com 21 DA CLASSIFICAÇÃO DO CONDENADO (Art. 5º ao 9º) A pena do indivíduo deve ser individualizada e, segundo o art. 5º, de acordo com seus antecedentes e personalidade. A classificação do condenado tem o objetivo de consagrar o Princípio Constitucional da Individualização da Pena no plano administrativo. Este Princípio é consagrado na esfera legislativa (quando há a fixação do limite máximo e mínimo), judicial (sentença do juiz) e administrativa. A classificação é pensada no plano individualizador do cumprimento da pena e é baseada de acordo com a igualdade material, ou seja, tratar os desiguais de forma desigual. A importância da classificação decorre da necessidade de se identificar as características do preso, individualizando-o, de modo a orientar o caráter educativo da pena. Tem deficiência? Tem limitação? Tem habilidade? Pode trabalhar? Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. Critérios de Classificação: ➢ Antecedentes: É o histórico de “vida criminal do reeducando.” ➢ Personalidade Estrutura completa de valores que descrevem o comportamento. ATENÇÃO! TOFOS OS CONDENADOS SERÃO CLASSIFICADOS! Jamais confunda com EXAME CRIMINOLÓGICO! Estes critérios vão orientar a individualização da execução penal. Atende ao princípio da Individualização da pena (Dignidade da pessoa humana) Protegido por Eduzz.com 22 COMISSÃO TÉCNICA DE CLASSIFICAÇÃO (CTC) Art. 6º A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório. Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 chefes de serviço, 1 psiquiatra, 1 psicólogo e 1 assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade. ➢ Comissão Técnica de Classificação (CTC) irá elaborar o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao preso (condenado ou provisório). ➢ Presidida pelo Diretor do Presídio. ➢ Comissão multidisciplinar ➢ Condenado a pena privativa de liberdade - Composição MÍNIMA: • Diretor (presidente) • 2 Chefes de serviço • 1 Psiquiatra • 1 Psicólogo • 1 Assistente Social Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do serviço social. Nas outras penas (multa, restritivas de direito, prestação de serviços à comunidade), a CTC atuará junto ao Juízo de Execução. Se pode extrair do parágrafo único que a CTC para presos privados de liberdade atua no próprio local onde o preso estiver preso. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE DEMAIS CASOS (restritiva de direitos, multa) Diretor (presidente) 2 Chefes de serviço 1 Psiquiatra 1 Psicólogo 1 Assistente Social Será integrada por fiscais do serviço social e atuará junto ao Juízo da Execução Caro aluno, JAMAIS confunda EXAME CRIMINOLÓGICO com CLASSIFICAÇÃO. TODO CONDENADO SERÁ CLASSIFICADO O condenado a pena privativa de liberdade será classificado no próprio estabelecimento prisional pela CTC. Nos demais casos, a CTC atuará no juizo de execução e será compostapelos fiscais de serviço social. Em cada estabelecimento existirá uma Comissão Técnica de Classificação (CTC) Protegido por Eduzz.com 23 PROCEDIMENTOS DA COMISSÃO TÉCNICA DE CLASSIFICAÇÃO • Poderá realizar ou requisitar diversas diligências a fim de obter as informações e dados necessários para revelar personalidade do sentenciado. • A Comissão não fica vinculada aos dados do processo. • A pesquisa da Comissão deve ir além do processo, investigando a vida pregressa social, profissional e familiar do sentenciado, o que somente pode ser obtido extramuros. • Rol Exemplificativo Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da personalidade, observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do processo, poderá: I - entrevistar pessoas; II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a respeito do condenado; III - realizar outras diligências e exames necessários. Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: SEGEP-MA Prova: Agente Penitenciário A Comissão Técnica de Classificação é composta, no mínimo: a) Pelo juiz da Execução Penal, bem como por fiscais do serviço social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade. b) Por fiscais do serviço social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade. c) Pelo diretor do estabelecimento, que a presidirá, bem como por um chefe de serviço e um psiquiatra, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade. d) Por dois chefes de serviço, um psicólogo, um psiquiatra e um assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. e) Pelo diretor do estabelecimento, que a presidirá, bem como por dois chefes de serviço, um psicólogo, um psiquiatra e um assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade. Gabarito:12 Ano: 2012 Banca: CEPERJ Órgão: SEAP-RJ Prova: Inspetor de Segurança Consoante a Lei de Execução Penal, os condenados serão classificados, segundo seus antecedentes e sua personalidade, para orientar a individualização da execução penal. Essa classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação presidida pelo: a) Diretor do estabelecimento b) Juiz da Execução c) Promotor de Justiça d) Secretário de Justiça e) Presidente do Conselho Criminal Gabarito: 13 12 “E” 13 Gabarito: A Protegido por Eduzz.com 24 Ano: 2010 Banca: VUNESP Órgão: MPE-SP Prova: Analista de Promotoria I Determina a Lei de Execução Penal (Lei n.º 7.210/84) que, a fim de orientar a individualização do cumprimento da pena do sentenciado condenado à privação de liberdade, os estabelecimentos prisionais devem contar com Comissão Técnica de Classificação, a qual obrigatoriamente deve ser composta, entre outros, por I. psiquiatra; II. psicólogo; III. assistente social. É correto o que se afirma em a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. Gabarito: 14 Ano: 2019 Banca: IADES Órgão: SEAP-GO Prova: Agente de Segurança Prisional (modificada) Considerando que o cumprimento de pena deve ser pautado pela individualização da respectiva execução, bem como objetivar a integração social do condenado, a Lei no 7.210/1984 dispõe acerca das medidas a serem tomadas. Nesse sentido, no que diz respeito às regras de classificação dos condenados dispostas na Lei de Execução Penal, assinale a alternativa correta. Os condenados serão classificados segundo a respectiva periculosidade, que será medida, entre outros critérios, pelo fato de integrarem ou não facção criminosa. Gabarito;15 14 E 15 Errada. Protegido por Eduzz.com 25 Ano: 2018 Banca: AOCP Órgão: SUSIPE-PA Provas: AOCP - 2018 - SUSIPE-PA A Lei de Execução Penal dispõe sobre o condenado e o internado. Acerca desse assunto tratado na Lei n° 7.210/84, assinale a alternativa correta. A Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes, independentemente dos aspectos de sua personalidade, para orientar a individualização da execução penal. B A classificação dos condenados será feita por Comissão Técnica de Classificação existente em cada estabelecimento, que será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 2 (dois) psiquiatras, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade C A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da personalidade, observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do processo, poderá, dentre outras ações, entrevistar pessoas. D A Comissão Técnica de Classificação não poderá requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a respeito do condenado. E O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime aberto, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução. Gabarito:16 16 “C” Protegido por Eduzz.com 26 EXAME CRIMINOLÓGICO Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução. Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semi-aberto. Há algumas páginas, quando estudávamos o art. 5º da LEP, eu disse a vocês: Não confundam a CLASSIFICAÇÃO com o EXAME CRIMINOLÓGICO! Lembram? O exame de personalidade ou exame de classificação é realizado no intuito de garantir a individualização da pena, princípio preconizado na Carta Magna, sendo este obrigatório aos condenados que forem iniciar a execução em regime fechado, podendo ser realizado, ainda, aos agentes que iniciem o cumprimento da pena em regime semiaberto.17 A Lei de Execução Penal, antes de sua reforma, previa, ainda, além do exame de classificação, o exame criminológico, que nada mais era do que um parecer da comissão técnica, constante no art. 112 da Lei 7.210/1984, como um requisito subjetivo aos condenados para progressão de regime. No caso, o agente, para progredir, era necessário ter como requisito objetivo o lapso temporal e como requisito subjetivo o parecer ou exame criminológico, que era uma investigação médica, psicológica e social para averiguar se o condenado tinha condições de voltar ao convívio da sociedade. Com a reforma e a modificação do art. 112 da Lei de execução penal, o exame criminológico foi retirado do ordenamento jurídico, restando, tão somente a análise de classificação.13 Assim, de acordo com as alterações trazidas pela Lei 10.792/2003 que modificou o art. 122 da LEP, o exame criminológico deixa de ser requisito obrigatório para a progressão de regime, podendo, todavia, ser determinado de maneira fundamentada pelo juiz da execução de acordo com as peculiaridades do caso. Com isso, o exame criminológico pode ser realizado, desde que a fundamentação do magistrado seja em elementos concretos, relativos a fatos ocorridos na execução penal.6 Embora a nova redação do artigo 112 da Lei n. 7.210/84 não mais exija, de plano, a realização de exame criminológico, cabe ao magistrado verificar o atendimento dos requisitos à luz do caso concreto. Assim, ele pode determinar a realização de perícia, se entender necessário, ou mesmo negar o benefício, desde que o faça fundamentadamente, quando as peculiaridades da causa assim o recomendarem, em observância ao princípio da individualização da pena. 17 https://www.jus21.com.br/artigo/exame-criminologico-possibilidade-ou-obrigatoriedade Protegido porEduzz.com 27 Observe o que diz o professor Rogério Sanches [3]: “Antes da Lei nº10.792/03, o exame criminol´gico era considerado obrigatório na execução da pena em regime fechado, e facultativo no regime semiaberto. (...) Hoje, porém, o entendimento que prevalece nos tribunais superiores é de que se trata de estudo FACULTATIVO (não importando o regime de cumprimento da pena, devendo o Magistrado fundamentar sua necessidade...” Assim, o EXAME CRIMINOLÓGICO É FACULTATIVO, cabendo ao juizo determinar sua necessidade. SUMULA VINCULANTE 26 Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico. Rogério Sanches traz em sua obra [3] a seguinte tabela: EXAME DE CLASSIFICAÇÃO EXAME CRIMINOLÓGICO Amplo e Genérico Específico Orienta o modo de cumprimento da pena visando a ressocialização. Busca construir um prognóstico de periculosidade do reeducando, partindo do binomio delito- delinquente. Envolve aspectos relacionados à personalidade do condenado, seus antecedentes, sua vida familiar e social, sua capacidade laborativa. Envolve a parte psicológica e psiquiátrica, atestando a maturidade do condenado, sua disciplina e capacidade de suportar frustrações (prognóstico criminológico) Em resumo, para PROGRESSÃO DE REGIME, o mérito do sentenciado deve ser demonstrado sempre por atestado de conduta carcerária e, EVENTUALMENTE, pelo exame criminológico, caso assim determinado e fundamentado pelo juiz, de acordo com as peculiaridades do caso concreto. • O parecer do exame criminológico não é vinculativo. • A CTC pode entrevistar a familia do preso, ir a empregos anteriores e demais diligências que sejam importantes. Protegido por Eduzz.com 28 Ano: 2008 Banca: CESPE Órgão: MPE-RR Prova: Promotor de Justiça Considere a seguinte situação hipotética. Iran foi condenado à pena privativa de liberdade de seis anos, em regime fechado, pela prática do crime de estupro, com violência real. Tendo cumprido dois anos da pena aplicada, requereu a progressão de regime, tendo sido expedido, pelo diretor do presídio, atestado comprovando seu bom comportamento carcerário. O pedido foi deferido pelo juiz. Nessa situação, o juiz agiu incorretamente, tendo em vista que, tratando-se de delito praticado com violência contra a pessoa, torna-se imprescindível a realização de exame criminológico. Gabarito:18 Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: DPE-SP Prova: FCC - 2010 - DPE-SP - Defensor Público Na execução da pena privativa de liberdade, o exame criminológico é A requisito facultativo, mediante decisão fundamentada do magistrado, quando a gravidade do crime praticado o exigir. B requisito facultativo para a concessão de benefícios, quando necessário, mediante decisão fundamentada do magistrado, consideradas as peculiaridades do caso. C requisito obrigatório para a concessão de benefícios em relação aos condenados pela prática de crime hediondo. D vedado na lei de execução penal, a partir da edição da Lei nº 10.792/2003. E requisito obrigatório para a concessão da progressão de regime ou do livramento condicional. Gabarito:19 Ano: 2013 Banca: FCC Órgão: TJ-PE Prova: Titular de Serviços de Notas e de Registros Segundo entendimento sumular vigente no Superior Tribunal de Justiça, para a progressão de regime prisional, em princípio, a avaliação técnica do condenado, também conhecida por exame criminológico, é A imprescindível. B admissível somente em condenações por crimes hediondos ou assemelhados. C admissível somente por decisão fundamentada nas peculiaridades do caso. D admissível somente em crimes cometidos com violência ou grave ameaça. E admissível somente na reincidência. Gabarito:20 18 Errado. Súmula 439 - STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. Assim, a submissão ao exame criminológico não é obrigatória, podendo ser determinada pelo juiz, de acordo com as circunstâncias. 19 “B” 20 “C” Protegido por Eduzz.com 29 Ano: 2009 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: SEJUS-ES Provas: Agente Penitenciário O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade e restritiva de direitos deve ser submetido a exame criminológico a fim de que sejam obtidos os elementos necessários à adequada classificação e individualização da execução. Gabarito:21 Ano: 2016 Banca: FGV Órgão: MPE-RJ Prova: Analista do Ministério Público Mévio, primário, foi condenado por crime hediondo praticado em 2010. Após cumprir 2/5 da pena em regime fechado, o advogado do apenado pleiteou progressão de regime. O juiz em atuação junto à Vara de Execuções Penais, entendendo que o fato praticado foi muito grave e violento em concreto, determina realização de exame criminológico antes de conceder a progressão. A defesa apresenta agravo de execução. Ao se manifestar sobre o recurso, deverá o Ministério Público considerar que: A hoje não mais se admite que o juiz determine a realização de exame criminológico antes de avaliar a progressão; B a realização de exame criminológico é obrigatória para crimes hediondos; C o juiz pode exigir realização de exame criminológico com base nas circunstâncias do caso concreto; D o exame criminológico só poderia ser exigido pelo diretor do estabelecimento prisional, que tem contato direto com o apenado; E com o preenchimento do requisito objetivo, a obtenção da progressão do regime se torna direito subjetivo do apenado. Gabarito:22 Ano: 2012 Banca: TJ-DFT Órgão: TJ-DFT Prova: TJ-DFT – Juiz (modificada) O silêncio da lei a respeito da obrigatoriedade do exame criminológico, na nova redação do artigo 112 da LEP, não inibe o Juízo da execução do poder de determiná-lo, desde que o faça fundamentadamente, isto porque a análise do requisito subjetivo pressupõe a verificação do mérito do condenado, que não está adstrito ao bom comportamento carcerário. Gabarito:23 21 Errado. 22 Certo. 23 Certo. Protegido por Eduzz.com 30 IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL GENÉTICO A Lei nº 12654/2012, também conhecida como Lei do Perfil Genético, acrescentou um dispositivo na LEP. Art. 9º-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1º da lei de crimes hediondos, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de dna - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. Considerações acerca do artigo: ➢ CONDENADOS ➢ CRIMES DOLOSOS COM VIOLÊNCIA GRAVE CONTRA PESSOA ➢ CRIMES HEDIONDOS (NÃO FALA DOS EQUIPARADOS) ➢ Serão OBRIGATORIAMENTE submetidos a identificação do perfil genético. O aluno deve perceber que o artigo dos “crimes previstos no art. 1º da lei de crimes hediondos” mas não fala dos equiparados a hediondos (tráfico, tortura e terrorismo). Porém, os condenados por terem cometido dolosamete tráfico, tortura e terrorismo podem identificação do perfil genético obrigatório por terem o outro requisito: CRIMES COM VIOLÊNCIA GRAVE CONTRA A PESSOA. Assim, um condenado por crime de tortura poderá ser submetido a identificação obrigatória do perfil genético? Depende! A tortura própria, por exemplo, pode ser realizada mediante a prática de VIOLÊNCA ou GRAVE AMEAÇA. Caso a tortura tenha sido praticada pelo agente mediante VIOLÊNCIA, este poderá ter ser perfil genético identificado de forma obrigatória. Esse novo dispositivo da LEP trouxe uma discussão doutrinária acerca da possibilidade de ser umaofensa ao princípio da não autoincriminação, um direito constitucional. Observem o que diz o professor Rogério Sanches: ““Criticamos, apenas, o caráter compulsório o fornecimento do material pelo condenado, cuja recusa agora passa a ser punível como falta grave (§8º). Isso nos parece inconstitucional e inconvencional, ferindo o direito da pessoa presa de não produzir contra si mesma (nemo tenetur se detegere), a sua integridade física e a sua privacidade. Logo, deve o Estado, através de métodos não invasivos (salvo se o preso concordar com tais procedimentos) colher material despreendido do corpo do reeducando para servir à identificação genética. O Estado não está impedido de usar vestígios para colher material útil na identificação do indivíduo. Não há nenhum obstáculo para a sua apreensão e verificação (ou análise ou exame). São partes do corpo humano (vivo) que já não pertencem a ele. Logo, materiais análogos podem ser apreendidos e submetidos a exame normalmente, sem nenhum tipo de consentimento da pessoa (ex: exame do DNA da saliva que se achava nos cigarros fumados e jogados fora pelo condenado). Nesse sentido, aliás, decidiu o STJ. Ao julgar HC impetrado pela Defensoria Pública de Minas Gerais, em 2018, deliberou que a produção de prova por meio de exame de DNA sem o consentimento do investigado é permitida se o material biológico já está fora de seu corpo e foi abandonado, ocasião em que se tornou objeto público. No caso, o investigado se encontrava preso e havia Protegido por Eduzz.com 31 se recusado a ceder material genético. Diante disso, a coleta foi realizada a partir de utensílios usados e descartados, possibilitando o esclarecimento de um crime ocorrido 10 anos antes. Para o Ministro relator Reynaldo Soares da Fonseca. ‘o que não se permite é o recolhimento do material genético à força (violência moral ou física), o que não ocorreu na espécie, em que o copo e a colher de plásticos utilizados pelo paciente já haviam sido descartados’ (o número deste processo não é divulgado em razão de segredo judicial)24. Esclarece o Professor Dr. Vítor de Luca: “Não há que se falar em ofensa ao princípio da autoincriminação quando o Poder Público apreende e realiza exame em partes separadas do corpo humano, pois esses objetos não pertencem mais ao agente investigado. Exemplo: fio de cabelo caído no chão, saliva em bituca de cigarro.” § 1º A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo poder executivo. A lei informa que será criada um Decreto que regulamentará o banco de dados onde será armazenado essas informações. § 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar GARANTIAS MÍNIMAS DE PROTEÇÃO DE DADOS GENÉTICOS, observando as melhores práticas da genética forense. (PACOTE ANTICRIME) § 2º A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético. O delegado estadual ou federal poderá requerer ao juiz – no caso de inquérito instaurado – o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético a fim de verificar a presença do sujeito que cometeu um crime que ensejou a abertura do inquérito no banco de dados. Instrumento importante principalmente para busca de autoria de estupro (crime de natureza grave contra a pessoa) e que deixa vestígios materiais do seu DNA. § 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéticos o acesso aos seus dados constantes nos bancos de perfis genéticos, bem como a todos os documentos da cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira que possa ser contraditado pela defesa. (PACOTE ANTICRIME) 24 Sanches Cunha, Rogério. Pacote Anticrime. Salvador: Editora Juspodivm. 2020, páginas 344/345. 11 Professor Vitor de Luca, Juiz Federal da Justiça Militar. Legislação Especial. Estratégia, Carreira Jurídica. 2021 Protegido por Eduzz.com 32 É viabilizado ao titular dos dados genéticos o acesso aos dados que estão nos perfis geneticos bem como todos os outros documentos da cadeia de custodia para garantir a ampla defesa e o contraditório. § 4º O condenado pelos crimes previstos no caput deste artigo que não tiver sido submetido à identificação do perfil genético por ocasião do ingresso no estabelecimento prisional deverá ser submetido ao procedimento durante o cumprimento da pena. (PACOTE ANTICRIME) Por diversos motivos (como por exemplo no caso da necessidade de inclusões emergenciais em estabelecimentos penais de segurança máxima), a coleta do material genético não ocorre no INGRESSO do condenado no estabelecimento penal. Para desburocratizar a tentativa da colheira do material após o ingresso, agora, a colheira poderá ser realizada durante o cumprimento da pena. Agora, a idenificação do perfil genético poderá ser realizado em dois momentos: No ingresso e durante o cumprimento de pena. § 8º Constitui FALTA GRAVE a recusa do condenado em submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético. (PACOTE ANTICRIME) A falta grave gera restrição a regalias durante o crumprimento da pena. Isso será visto no momento oportuno. Mas é importante que o aluno esteja ciente que a negativa gera uma falta grave! Resumo: • Banco de dados de perfil genético é SIGILOSO • Delegado (Estadual ou Federal) pode requerer ao juiz em caso de IP instaurado • Há contraditório e ampla defesa • Realização: Inclusão ou durante cumprimento de pena • Recusa: Falta grave • Garantias mínimas de proteção de dados genéticos Protegido por Eduzz.com 33 Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PC-DF Prova: Agente de Polícia Os condenados pela prática de qualquer crime hediondo serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA, por técnica adequada e indolor. Gabarito: 25 Ano: 2016 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: Promotor de Justiça A Lei n.7.210/84 (Execução Penal) tratou em capítulo próprio acerca da classificação dos condenados, com o objetivo de orientar a individualização da execução penal. Quanto à identificação dos condenados, todavia, a referida lei padece pela desatualização, inexistindo previsão de coleta de perfil genético como forma de identificação criminal, a exemplo do que já ocorre em outros países. Gabarito: 26 Ano: 2019 Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: Promotor de Justiça De acordo com a Lei de Execução Penal, os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos na Lei dos Crimes Hediondos, incluída a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo, serão submetidos, prioritariamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA – ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. Gabarito: 27 25 Certo. 26 Errado 27 Errado. A submissão é obrigatória; são incluídos os crimes hediondos, mas não os equiparados a hediondo. Protegido por Eduzz.com 34 DA ASSISTÊNCIA (Art. 10 e Art.11) Com diversos objetivos, mas, principalmente de evitar a reincidência e garantir a Dignidade da Pessoa Humana, o Estado (que detém a custódia do preso) prestará diversas assistências à pessoa privada de liberdade – assistência material (art. 11), à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa ao preso e ao internado – propiciando condições suficientes para seu retorno ao convívio social. Art. 10. A assistência ao PRESO e ao INTERNADO é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade. Parágrafo único. A assistência estende-se ao EGRESSO. O art. 10 traz expressamente os onbjetivos das assistências: “prevenir
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