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NEOPLASIAS II



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JULIA ULRICK – 2025.1 
PATOLOGIA 
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NEOPLASIAS II 
 Princípios da base genética do câncer: é uma mutação não letal para a célula. A 
tendência normal de quando temos uma lesão genética na célula é que a lesão 
ao ser identificada seja encaminhada para apoptose, mas no caso do câncer 
isso não ocorre. 
Para uma célula normal se tornar uma célula mutada precisamos de 2 fatores: 
fatores ambientais (químicos, físicos e biológicos) e fatores hereditários. 
Precisa-se desses 2 fatores, pois para o câncer se desenvolver precisa da mutação dos 
2 alelos, no caso de quem já possui o fator hereditário, já nasce com um dos alelos 
mutados, só faltando ocorrer a mutação por fator ambiental. 
 Formação do câncer (processo simplificado): células normais em processo de 
proliferação teoricamente gerariam células filhas normais, mas caso durante o 
processo tenha ação de um agente carcinogênico pode gerar células mutadas 
(célula filha aberrante), resultando em erro no DNA. Nesse momento as fontes 
de checagem do nosso organismo já deveriam reconhecer essa célula e manda-
la para apoptose. Porém, se houver falha na checagem e a célula sobreviver 
forma-se a massa tumoral. 
 Existem 4 grupos de genes que normalmente são os principais alvos: 
1) Pronto-oncogenes: promotores do crescimento e diferenciação normal. 
2) Genes supressores do crescimento celular (anti-oncogenes): freiam o 
crescimento celular 
3) Genes que regulam a apoptose 
4) Genes que regulam o reparo de DNA danificado: predispõe a mutações. 
 
 A carcinogênese (formação de um tumor) é um processo de múltiplas etapas. O 
fenótipo tumoral traz características de crescimento excessivo, invasão, 
capacidade de formar metástase... O genótipo tumoral é o acumulo de lesões 
genéticas, com surgimento de células filhas mais bizarras, sobrevivendo as 
tentativas do corpo de impedir o crescimento. 
 
JULIA ULRICK – 2025.1 
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Obs: nenhum oncogene isolado é capaz de transformar uma célula, para o câncer 
ocorrer precisa-se de múltiplas alterações genéticas ativando vários oncogenes. 
 A proliferação natural das células ocorre da seguinte maneira: ligação de um 
fator de crescimento ao seu receptor especifico na membrana avisando que a 
célula deve se proliferar, ativação transitória e limitada do receptor, 
transmissão do sinal para o núcleo, indução e ativação de fatores reguladores 
nucleares que iniciam a transcrição do DNA, entrada e progressão da célula no 
ciclo celular. De maneira fisiológica isso é extremamente controlado, o 
organismo possui pontos de checagem em todas essas 5 etapas. Porém, no 
caso do câncer, ele possui autossuficiência nos fatores de crescimento (alça 
autocrina -> ele mesmo produz seus fatores de crescimento e seus sinais). 
Ocorre insensibilização aos sinais de anticrescimento (não reconhece sinais de 
parada de crescimento), ele faz evasão a apoptose, o tumor gera angiogenese 
(suporte) e potencial replicativo ilimitado, além de invasão tecidual e 
metástase. 
 
 Os proto-oncogenes podem ser transformados em oncogenes (genes que 
geram o câncer). A ativação desses oncogenes ocorrem quando há uma 
alteração na estrutura do gene “normal” (os proto-oncogenes), gerando 
beneficio tumoral. 
 
 Os genes supressores tumorais são o oposto dos oncogenes, eles regulam o 
crescimento da célula (não impedem a formação dos tumores, apenas 
reconhece uma célula não eficiente no ciclo e a retira do ciclo), pode 
interromper permanentemente o ciclo celular, induzir apoptose... Muitas vezes 
pelo menos um desses genes é inativado pelo tumor (o que é mais um fator 
para o crescimento do tumor). 
 Gene Rb: tem função de frear a progressão do ciclo celular da fase G1 pra S. 
Um erro nesse gene muitas vezes gera retinoblastoma (costuma ser 
hereditário, a criança já nasce com um alelo mutado). 
 Gene TP53: impede a propagação de células geneticamente modificadas 
(conhecido como guardião de genoma). É o principal gene mutado no caso de 
neoplasias. Quando ocorre alguma ação de genes mutagênicos, luz UV, lesão 
do DNA, anoxia, etc, o gene é ativado e pode controlar os genes, reparar o DNA 
ou levar a apoptose. Quase 50% dos canceres humanos inativam o gene. 
 Genes que regulam a apoptose: família BCL-2 (possui genes pró-apoptóticos – 
BAX e BAK – e antiapoptoticos – BCL 2 e BCL-XL – ). 
A BCL-2 e a BCL-XL normalmente estão mais expressos nos tumores. A maior 
expressão desses genes é muito característico dos linfomas de células B. 
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 Genes que regulam o reparo de DNA: síndrome de instabilidade genômica -> 
pacientes que nascem com defeitos nesses genes, estando sempre mais 
propensos a desenvolver câncer. 
 
 Telômeros e câncer: a telomerase tem um papel muito importante na 
carcinogenese, pois quando uma célula já se dividiu em média 70 vezes ela é 
encaminhada para senescência (estado de não divisão), devido ao 
encurtamento dos telômeros (isso no caso fisiológico), no caso do câncer, no 
momento que esse encurtamento ocorre devido a muitas divisões a telomerase 
é ativada passando uma informação de que o telômero não está encurtado, 
mesmo ele estando, fazendo com que a célula continue se dividindo e gerando 
células mais bizarras. 
 
 Fatores que influenciam o crescimento tumoral: 
 Cinética do crescimento das células tumorais. Exemplo: uma única célula 
alterada depois de se duplicar 30 vezes gera uma massa que continua se 
dividindo gerando um grande tumor. Para que isso aconteça todos aqueles 
genes devem estar mutados. A cinética do crescimento é relacionada a 
quantidade de células novas (que deve ser maior do que a quantidade de 
células que morre). Fração de crescimento: é a quantidade de células que está 
no ciclo celular, a maioria dos quimioterápicos age nessas células. 
 Angiogenese tumoral: tumores só ultrapassam 1 a 2mm de 
diâmetros/espessura se forem vascularizados. O tumor libera mediadores 
químicos da inflamação e fatores de crescimento recrutando células endoteliais 
criando novos vasos na região. Um meio de bloquear o crescimento do tumor é 
bloquear o suprimento sanguíneo. O estroma também pode liberar mediadores 
que estimulam a formação de novos vasos. 
 
 Progressão e heterogeneidade dos tumores: são consequências do 
crescimento. A progressão é a capacidade que o tumor tem de progredir 
localmente, a heterogeneidade é a característica mais importante em relação 
ao potencial de malignização do tumor, significa que cada célula filha daquele 
tumor vai ter uma característica mais agressiva (é como uma seleção natural 
dentro do tumor, selecionando cada vez mais as células mais bizarras). 
 
JULIA ULRICK – 2025.1 
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Obs: tumores com o mecanismo de progressão tao bem estabelecidos (como é o caso 
do câncer colo retal) desenvolve-se politicas de rastreio para estabelecermos 
diagnósticos precoces. As politicas de rastreio não se aplicam tao bem em casos 
genéticos de câncer, pois as mutações evoluem muito rápido. 
 Mecanismos de invasão e metástases: se dividem em 2 grandes características: 
a capacidade de invadir a MEC e a capacidade de se disseminar vascularmente 
e implantar células tumorais em outro tecido. 
Uma célula se desprende das células vizinhas e começa a se aderir a membrana 
basal liberando substancias que degradem a membrana pra ela conseguir 
passar, quando ela passa entra no estroma e acessa os vasos, se tornando um 
embolo tumoral, que pode ser reconhecido e eliminado pelo sistema imune ou 
pode sair do vaso e colonizar uma nova região. 
Obs: as células tumorais se ligam uma a outra pela E-caderina. Áreas sem E-caderina 
tem mais capacidade de invadir e aderir. 
 Agregados heterotipicos: quando plaquetas se aderem ao agregado tumoral no 
vaso, o que o torna mais protegido contra o SI, levando-o a conseguir se 
disseminar. 
Obs: a quimiotaxia (liberação dequimiocinas e quimioatraentes) podem ser um fator 
atrativo para o tumor colonizar aquela área. 
 Disseminação linfática: linfonodo com característica pétrea, fixa, frio e indolor. 
Totalmente diferente das ínguas, por exemplo. 
 Hallmarks do câncer: cada um possui sua marca e mecanismo, graças a ciência 
muitos tem sido descobertos/identificados, permitindo tratamentos diferentes.