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Estomatologia - Defeitos do desenvolvimento da região oral e maxilofacial

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Defeitos do Desenvolvimento da Região Oral e Maxilofacial
1. Fendas orofaciais 
São distúrbios no crescimento dos processos teciduais ou nas fusões. 
O desenvolvimento da porção central da face inicia mais ou menos no final da 4 semana. 
o Com aparecimento dos placoides nasais (olfatórios); 
o A proliferação de ectomesênquima de cada placóide forma os processo nasal mediana e nasal 
lateral; 
 
6ª e 7ª semana se forma o lábio superior. 
o Parte média do lábio superior é derivada dos processos nasais medianos; 
o Partes laterais são derivados dos processos maxilares (1 arco braquial); 
o Processos nasais laterais dão origem à asa do nariz. 
 
Palato primário: é formado pela união dos processos nasais medianos para compor o segmento 
intermaxilar. 
Segmento intermaxilar: origina a pré-maxila que abrigará os 4 incisivos superiores. 
Palato secundário: é formado pelos processos maxilares do 1 arco. 90% do palato duro e mole. 
6ª semana: projeções bilaterais emergem para formar as cristas palatinas. 
o Inicialmente estas cristas estão verticais de cada lado da língua; 
o Conforme a mandíbula cresce a língua fica mais inferior (desce) e as cristas crescem em direção à 
outra e ficam horizontais. 
 
8ª semana: as cristas se fusionam com o palato primário e com o septo nasal. 
o Inicia-se na porção anterior do palato e progride posteriormente; 
o Estará completa na 10 semana. 
 
A fusão defeituosa do processo nasal mediano com o processo maxilar resulta na fenda labial (FL). 
Fenda palatina (FP) é a falha na fusão das cristas palatinas. 
45% (FL + FP), 30% (FP) e 25% (FL). 
o Mais de 30% de paciente FL + FP e mais de 50% de FP apresentam anomalias associadas. 
 
O consumo materno de álcool aumenta o risco. O tabagismo materno dobra a chance de 
desenvolvimento de fendas. Anticonvulsivante (principal fenitoína) aumenta 10x a chance. Há 
contradições, porém, muitos estudos sugerem que suplementação com ácido fólico previne a formação 
de fendas. 
 
Outras fendas raras podem ocorrer: 
o Fenda labial lateral: falta de fusão dos processos maxilar e mandibular. Pode ocorrer em defeito 
isolado, mas geralmente está associado a outras desordens, como dispostos mandibulofacial. 
o Fenda labial oblíqua: vai do lábio superior ao olho. Pode envolver a narina. É rara. Falha na fusão 
do processo nasal lateral com o processo maxilar. 
o Fenda mediana do lábio superior: extremamente rara. Falha na fusão dos processos nasais 
medianos. Associada a várias síndromes (orodigitofacial e a de Ellis-Van Creveld). Agenesias palato 
1 associação à holoprosencefalia. 
 
Mais comum em asiáticos, depois brancos e, em número inferior, negros. 
FL + FP é mais comum em homens. FP isolada é mais comum em mulheres. 
 
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Mais comum ser FL unilateral esquerda.
As fendas completas que envolvem o alvéolo geralmente ocorrem entre o IL e o canino.
Não é incomum ausência dentárias, principalmente o IL. Porém, supranumerários podem ser 
observados. 
Fenda palatina submucosa: superfície da mucosa intacta, porém há um defeito na musculatura 
subjacente do palato mole. Essa fenda incompleta pode aparecer azulado. Pode estar associados a 
úvula bífida. 
Sequência de Pierre Robin: FP, micrognatia mandibular e glossoptose (obstrução das vias aéreas 
causada pelo deslocamento posterior e inferior da língua). 
o A síndrome de Sticker e a síndrome velocardiofacial são as 2 doenças genéticas mais associadas; 
o A mandíbula retraída resulta em deslocamento posterior da língua, falta de suporte para a 
musculatura da língua e obstrução das vias aéreas; 
o A dificuldade respiratória, principalmente em posição supina, pode causar asfixia; 
o A FP tem forma de U; 
o Há problemas devido à aparência física, dificuldades na fala e na alimentação, maloclusão. 
 
O tratamento ideal é multidisciplinar. A cirurgia reparadora geralmente envolve múltiplos procedimentos 
1 e 2 durante a infância. 
o Na fase mais tardia da infância, enxertos ósseos autógenos podem ser colocados na região 
defeituosa do osso alveolar; 
o Posteriormente, na infância, procedimento ortognáticos e enxertos de tecido mole podem ser usado 
para melhorar a função e a estética; 
o Dificuldades de respiração são mais bem tratadas com medidas conservadoras; 
o Obstrução aérea significativa, melhor manutenção de via aérea. 
 
2. Grânulos de Fordyce 
São glândulas sebáceas na mucosa oral. 
Mais de 80% da população possui, portanto é considerado uma variação anatômica. 
Múltiplas pápulas amareladas ou branco-amareladas. 
Mais comum na mucosa jugal e na porção lateral do vermelhão do lábio superior. Aparecem também na 
região reformou-se e no pilar amigdaliano anterior. 
Mais comum em adultos por causa dos hormônios, a puberdade parece estimular o aparecimento. 
Assintomática, apenas uma rugosidade leve. 
Podem tornar-se hiperplasiados ou formar pseudocistos preenchidos por queratina. 
 
3. Leucoedema 
Comum na mucosa oral, de etiologia desconhecida. 
Mais comum em negros. 
Apresenta de forma muito mais sútil em branco. 
É mais comum e mais acentuado em tabagistas e que se torna menos pronunciado quando abandona o 
hábito. 
Aparecia difusa, opaca, branco-acizentada leitosa da mucosa. 
Superfície pregueada (estrias esbranquiçadas ou rugosidades). 
Lesões não destacáveis. 
Acomete bilateralmente. 
O aspecto esbranquiçado diminui muito ou desaparece quando a mucosa é distendido. 
A superfície epitelial é paraqueratinizado. 
É benigno, portanto nenhum tratamento é necessário. 
4. Exostoses 
 
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Protuberâncias ósseas localizadas que surgem da cortical óssea.
Afetam frequentemente a maxila e a mandíbula.
As orais mais conhecidas são o tórus palatino e mandibular. 
Mais comum em adultos. 
Exostoses vestibulares: bilaterais, assintomática (a não ser que a mucosa ulcerar por trauma). 
Exostoses palatinas: bilaterais geralmente, mais comum em homens. 
Exostoses solitárias: em resposta à irritação local. Por baixo de enxertos gengivais livres ou enxertos 
cutâneos. 
o A colocação do enxerto age como um estímulo para o periósteo formar novo osso. 
Exostoses subpontica reacional: pode se desenvolver a partir da COA, por baixo do pôntico de uma 
PF posterior. 
Podem ser expostas a traumatismo (ulceram) e há indicação de remoção. Podem ser removidas também 
para adaptação de prótese, permitir um retalho. Remover a subpôntica quando interfere na higienização 
ou associada a DP. 
 
1. Tórus palatino: comum, ocorre na linha média. 
 São classificados de acordo com sua aparência: 
o Plano: base ampla, superfície lisa simétrica. 
o Alongado: crista ao longo da rafe. 
o Nodular: protuberâncias múltiplas. 
o Lobular: origina-se de uma base única. Séssil ou pediculado. 
 A maioria é pequena (< 2 cm), mas pode aumentar o tamanho lentamente ao longo da vida. 
Assintomática (menos quando ulcera). 
 Não aparece em radiografia de rotina. 
 Maior prevalência entre os asiáticos e esquimós. 2:1 relação mulher e homem. 
 São dinâmicos, podem sofrer reabsorção remodeladora. 
 Tem tendência a osteonecrose induzida por medicamentos. 
 
2. Tórus mandibular: multifatorial (influências ambientais e genéticas). 
 A maioria são nódulos únicos, que podem ser lobulados. 
 Podem tomar grandes proporções. 
 Em radiografias podem aparecer como radiopacidade superposta às raizes dentárias. 
 É bem menos comum que o palatino. 
 Início da vida adulta, diminuindo ligeiramente nos últimos anos. 
 Tem sido correlacionada com o bruxismo e com o número de dentes presente. 
 Não há necessidade de tratamento, a não ser se for necessário acomodar uma prótese. 
 
5. Anquiloglossia 
Alteração no desenvolvimento da língua (freio lingual curto). 
Há limitação dos movimentos da língua. 
Mais comum em homens. 
Há desde casos leves (sem significado) até casos raros de anquiloglossia completa. 
Há muitos questionamentos ainda que não estão totalmente evidenciados, como: contribuem para 
mordida aberta, problemas gengivais. 
Causa pouco problema clínico, não há necessidadede tratamento. 
Para RN com problemas na amamentação pode ser realizado uma frenectomia. 
o Quando não há tanto problema no início, esperar a criança crescer (5-6 anos), pois a língua cresce 
e fica melhor para avaliar o grau, ou se até mesmo será necessário (pode corrigir espontaneamente). 
 
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6. Língua pilosa
Acúmulo acentuado de queratina nas papilas filiformes do dorso. 
o Pode ser por aumento na produção ou diminuição da descamação da queratina normal. 
Há alta incidência em fumantes. 
o Outros fatores associados também são: debilitação geral, higiene deficiente, drogas (| salivação), 
radioterapia na C e P. 
Mais comum na linha média anterior às papilas valadas. 
As papilas alongadas em geral são acastanhadas, amarelas ou enegrecidas como resultado da 
colonização e crescimento de bactérias cromogênicas, pigmentos de tabaco e alimentos. 
Tipicamente assintomática, porém pode causar náusea ou gosto desagradável. 
Língua saburrosa: células epiteliais descamadas e numerosas bactérias acumulam-se no dorso. 
Halitose. Cuidado para não confundir com candidíase. 
O medicamento salicilato de bismuto (má digestão) pode interagir com o enxofre se acumula na 
superfície lingual. Essa pigmentação se resolve após. 
É benigna, porém, pode comprometer a estética e trazer halitose. 
Eliminar fatores predisponentes: tabaco, antibióticos ou antissépticos bucais. 
A descamação das papilas pode ser através da raspagem periódica, escovação. 
 
7. Defeito de Stafne 
Possui outros 6 nomes: 
o Cisto ósseo de Stafne 
o Depressão mandibular lingual da glândula lingual 
o Cisto ósseo latente 
o Cisto ósseo estático 
o Defeito ósseo estático 
o Defeito da cortical lingual mandibular 
Lesões radiolúcidas assintomáticas, no ângulo da mandíbula. 
Concavidade focal do osso cortical na superfície lingual da mandíbula. 
A biópsia revela tecido de glândula salivar. 
Defeitos semelhantes já foram observados na região de incisivos, caninos e PM. 
Abaixo do canal mandibular na região posterior da mandibular, entre os molares e o ângulo da 
mandíbula. 
Em geral a lesão é bem circunscrita e apresenta uma borda esclerótica. 
A maioria é unilateral e é mais comum em homens. 
Embora seja uma alteração de desenvolvimento, não parece estar presente desde o nascimento. 
A maioria dos casos têm sido relatados em pacientes de meia-idade e idosos, indicando que se 
desenvolve em idade mais avançada. 
Na maior parte permanecem estáveis no tamanho. 
Devido ao aspecto radiográfico característico, em geral a biópsia não é necessário. 
Não há necessidade de tratamento e o prognóstico é excelente.

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