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CLÍNICA MÉDICA IV - NEUROLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A DOENÇAS CEREBROVASCULARES • A doença cerebrovascular (DCV) é a segunda causa de morte no mundo, e representou, de 2006-2010, a primeira causa de mortalidade no Brasil. • É a principal causa de morbimortalidade na neurologia. • A DCV inclui: o Acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI). o Acidente vascular hemorrágico (AVCH). o Ataque isquêmico transitório. o Trombose venosa cerebral (TVC). EPIDEMIOLOGIA • 2ª causa de morte no mundo e no Brasil. • Indivíduos com mais de 45 anos: 17,8% já experenciaram sintomas de AVC. • Infartos silenciosos ocorrem em 6-28%. • O risco de recorrência é 5 anos é de 20%. • O principal fator de risco para AVC é já ter tido um AVC. • De todos os pacientes com AVC: o 8-20% morrem em 30 dias. o 60% morrem em 5 anos. o 70% não retornam ao trabalho o 50% ficam com algum grau de dependência o 30% apresentam demência em 1 ano. FATORES DE RISCO PREVENÇÃO DO AVC 1. Prevenir ou controlar a hipertensão. 2. Cessar tabagismo e evitar exposição passiva ao tabaco. 3. Prevenir ou controlar a diabetes mellitus. 4. Prevenir ou controlar a dislipidemia. 5. Identificar e tratar a fibrilação atrial. 6. Evitar ingesta excessiva de álcool. 7. Manter dieta balanceada. • Dietas que reduzem o risco de AVC - Dieta mediterrânea. 8. Manter um peso saudável (IMC/circunferência abdominal). 9. Fazer exercícios físicos. • Exercício aeróbico regular. 10. Orientar familiares e amigos. ACIDENTES VASCULARES CEREBRAIS MAIS COMUNS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO (AVCI) • Episódio de disfunção neurológica causada por infarto seguindo a distribuição de um território vascular definido, com sintomas que persistem por pelo menor 24 horas, ou até o óbito. • Responsável por 80-85% dos casos de DCV. • A artéria cerebral média é a mais acometida. NÃO MODIFICAVEIS MODIFICÁVEIS Idade Hipertensão arterial sistêmica (54%) Sexo Dislipidemia (13%) Raça / Etnia (raça negra tem risco aumentado) Diabetes mellitus / Síndrome metabólica (13%) História familiar Tabagismo (8%) Doenças genéticas Sedentarismo Obesidade Dieta inadequada Outros: Apneia do sono; Etilismo; Lipoproteínas elevadas. CLÍNICA MÉDICA IV - NEUROLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A o Ela irriga a área responsável pela linguagem, motor voluntário (cápsula interna), núcleo da base, controle da fala (principalmente hemisfério dominante). • Etiologia e patogenia: o A isquemia encefálica ocorre quando o fluxo sanguíneo cerebral (FSC) é reduzido em um nível insuficiente para suprir a demanda metabólica tecidual. o O grau de isquemia causada pela interrupção ou redução da FSC em uma determinada artéria varia em diferentes regiões irrigadas por essa artéria. § A isquemia é mais intensa no centro dessa região (core), e menos intensa na área de penumbra, que pode ser reperfundida evitando evolução para uma lesão irreversível (infarto). § Quando ocorre somente isquemia reversível, os sintomas neurológicos regridem, configurando o ataque isquêmico transitório (AIT). o A patogenia das lesões envolve a trombose (de grandes, médias ou pequenas artérias), a embolia (de origem cardíaca ou arterial) ou o comprometimento hemodinâmico (hipotensão arterial grave, diminuição crítica do fluxo sanguíneo distalmente a uma área de estenose ou oclusão arterial). Em muitos casos há mais de um mecanismo patogênico no mesmo paciente. o Classificação TOAST (Trial of Org 10172 in Acute Stroke Treatment) - Baseia-se em critérios clínicos e em resultados de exames complementares para agrupar as causas de AVCI em 5 categorias, de acordo com o mecanismo fisiopatológico mais provável. Cardioembolismo: • Oclusão de vasos encefálicos por êmbolos cardíacos. • Pode ocorrer lesão de múltiplos territórios vasculares. • Principal patologia associada é a fibrilação atrial. • Quadro clínico e diagnóstico: o Os sintomas de AVCI se apresentam de modo súbito. o A anamnese, o exame físico geral e o exame neurológico possibilitam a formulação de hipóteses diagnósticas sindrômicas e topográficas. o Investigação complementar é essencial para a definição etiológica do AVCI. o Nas primeiras horas após início dos sintomas, em geral a TC é normal, ou mostra alterações sutis, como apagamento dos sulcos corticais ou perda da diferenciação entre substância branca e cinzenta. Posteriormente é possível identificar a área de hipoatenuação correspondente ao infarto encefálico. o A RM com sequências pesadas em difusão é mais sensível que a TC para o diagnóstico de AVCI nas primeiras horas após início dos sintomas. Múltiplos - Geralmente cardioembólica. Nas zonas de transição - Nas zonas de encontro das artérias, AVC por hipofluxo faz lesão em froteiras. CLÍNICA MÉDICA IV - NEUROLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A • Prognóstico: O prognóstico do AVCI depende de fatores como idade e extensão da lesão e, em grande parte, do tratamento recebido na fase aguda. Um objetivo primordial é a preservação do tecido encefálico para minimizar o comprometimento neurológico, a incapacidade e a perda em qualidade de vida. o O AVCI é uma emergência médica e o conceito de que “tempo é cérebro” é importante. Agilidade no atendimento é fundamental. • Tratamento: (será retomado mais adiante) o Tratamento tromboembolítico com Alteplase - 0,9 mg/kg por via endovenosa, dose máxima de 90mg, 10% em bolus e restante da dose em 1 hora. § Indicado em pacientes com mais de 18 anos, com AVCI confirmado por TC ou RM, até 4 horas e meia após o início dos sintomas, na ausência de contraindicações. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL HEMORRÁGICO (AVCH) Hemorragia intraparenquimatosa (HIP) • Coleção hemática dentro do parênquima enfecálico. • 10% de todos os AVCS. • O principal fator etiológico é a HAS (pacientes de 50-70 anos de idade). • Ocorrem casos de HIP em pacientes submetidos a anticoagulação devido a HAS mal controlada, anticoagulação acima dos níveis terapêuticos e idade avançada. • Surgem a partir de ruptura de pequenas artérias perfurantes. • Mais frequentemente localizada na profundidade dos hemisférios cerebrais, sendo mais comuns no putâmen e no tálamo. • O período de sangramento na HIP hipertensiva pode ser breve e autolimitado, durando alguns minutos. No entanto, em mais de 1/3 dos pacientes, o volume do hematoma aumenta dramaticamente nas primeiras 3 horas iniciais, com consequente deterioração clínica e aumento da morbidade de mortalidade. • Manifestações clínicas: efeitos da hipertensão intracraniana e específicas do sítio de sangramento. • Prognóstico: Geralmente exibe mau prognóstico, quase metade dos pacientes morrem em 30 dias e apenas 1/5 recupera independência funcional após 6 meses. Hemorragia subarcnoide (HSA) • Coleção hemática se localiza no espaço subaracnoide. • Pode ser: traumática ou espontânea (5-10%) de todos os AVCS). • O principal fator etiológico é ruptura de aneurisma intracraniano (AIC). • Quadro clínico e diagnóstico: o Paciente com HSA aneurismática costuma apresentar sintomas bastante característicos, como intensa cefaleia de instalação abrupta, muitas vezes descrita como pior dor de cabeça da vida, dor cervical e nucal, náuseas, vômito, fotofobia e perda da consciência. o Exame físico pode revelar sinais de irritação meníngea, hemorragias retinianas, comprometimento do nível de consciência e, eventualmente, sinais neurológicos focais. • Prognóstico: mau prognóstico está relacionado ao comprometimento do nível de consciência na admissão hospitalar. CAUSAS CLÍNICAMÉDICA IV - NEUROLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A DIAGNÓSTICO Escala de Cincinati • Escala de avaliação utilizada para diagnosticar a presença de um acidente vascular encefálico (AVE). • Composta por três comandos. é sinal indicativo de acidente vascular encefálico se uma das assertivas for positiva: o Primeiro comando: falar para o paciente sorrir, mostrando os dentes. Resposta inadequada: assimetria facial. o Segundo comando: falar para o paciente levantar os braços para frente por 10 segundos. Resposta inadequada: queda de um dos braços evidenciando fraqueza muscular. o Terceiro comando: falar para o paciente falar uma frase simples. Resposta inadequada: dificuldade ou incapacidade de falar. Se pontuar somente um dos quesitos, a chance de AVC já é de 70%. SINAIS CLÍNICOS PARA SUSPEITA DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: EVENTO AGUDO, INSTALAÇÃO SÚBITA, ÁPICE SINTOMÁTICO NOS PRIMEIROS MINUTOS (HIPERAGUDO DE INSTALAÇÃO SÚBITA) • Perda de força o Plegia ou paresia, unilateral (rompimento ou trombose de um vaso que é lateralizado na irrigação), súbito. • Desorientação o Quando a desorientação é em tempo e espaço, é um fenômeno cortical muito difuso, pode ser causado por várias coisas, vascular é sempre em um território mais específico. • Perda de visão o Perda de campo visual → Qual região é responsável? → Região occipital, vascularização posterior. o Amaurose (perda total da visão sem lesão no olho em si) → Perda da visão completa por oclusão de artéria retiniana, é uma manifestação de vascularização anterior. • Salivação • Alteração da mímica facial o Desvio de comissura - Acontece, pois, um lado está paralisado, o desvio é para o lado saudável. • Alteração da fala - Disartria (perda da capacidade de articular as palavras de forma normal, dificuldade na articulação da fala) • Cefaleia súbita (em trovoada) • Midríase (dilatação da pupila) o Anisocoria (diâmetro desigual das pupilas) é um sinal localizatório importante. • Disfagia → Tronco • Alteração da marcha • Diplopia → Circulação posterior, irrigação de tronco encefálico. CLÍNICA MÉDICA IV - NEUROLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A VASCULARIZAÇÃO CEREBRAL • Duas redes distintas, com implicações distintas, merecem destaque: o Vascularização carotídea: artérias cerebrais anteriores e médias. o Vascularização vertebrobasilar: artérias cerebrais posteriores, AICA, PICA e artérias cerebelares superiores. • Anastomoses no polígono de Willis. • Emissão dos ramos perfurantes. Polígono De Willis CLÍNICA MÉDICA IV - NEUROLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A SÍNDROMES CLÍNICAS VASCULARES CLÍNICA MÉDICA IV - NEUROLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A ME DEPAREI COM UMA SUSPEITA DE AVC, E AGORA? Fora do ambiente de atendimento especializado: • Suspeita de AVC → Chamar o SAMU o Como comunicar o SAMU: Tenho um paciente com suspeita de AVC, inicou com déficit X de forma súbita em X horário, HGT X, sinais vitais X. Preciso de transporte para local especializado. o O paciente só pode sair da nossa frente se acompanhado por outro médico. • HGT, PA, sinais vitais e SAT o Hipoglicemia severa simula AVC hiperagudo (Stroke like). o PA - Se a for < 220/120, deixar sem medicar → Hipertensão permissiva, aumento da pressão leva sangue para a zona de penumbra. (EM EVENTO HIPERAGUDO) • Caso o SAMU não esteja disponível → Garantir vias aéreas e sinais vitais (ABC). • Transportar o paciente para centros especializados mais capacitados para atendimento do paciente hiperagudo. o Se o AVC for isquêmico temos até 4 horas desde o início. AVALIAÇÃO DA SUSPEITA DE AVC NA EMERGÊNCIA 1. GARANTIR ESTABILIDADE HEMODINÂMICA o Aferir sinais vitais. o Vias aéreas o Respiração / Ventilação o Circulação o Simultaneamente: § Orientar monitorização do paciente § Obter dois acessos venosos periféricos § Solicitar hemoglicoteste § Peso estimado do paciente § Checar simetria de pulsos § Laboratoriais: hemograma, plaquetas, TP/RNI, KTTP, eletrólitos, glicemia, ureia, creatinina, TGO, TGP - Não são prioridade, não atrasar trombólise! O único exame que precisa estar registrado para trombólise é o HGT. 2. DEFINIR SE OS SINAIS E/OU SINTOMAS DO PACIENTE SÃO COMPATÍVEIS COM AVC o Alguns sinais e sintomas típicos: § Perda súbita de força ou sensibilidade em um lado do corpo (face, membro superior ou membro inferior). § Dificuldade súbita em um ou ambos os olhos. § Súbita tontura, perda de equilíbrio ou coordenação. § Dor de cabeça intensa súbita, atingindo ápice em 1 minuto. o Data e hora de início dos sintomas: última vez em que o paciente foi visto assintomático. o História curta e dirigida: § Sinais e sintomas sugestivos de AVC, início súbito, déficit máximo. § História média pregressa, incluindo fatores de risco e medicamentos utilizados. o A escala National Institutes of Health Stroke Scale (NIHSS), fornece uma medida quantitativa sobre o déficit neurológico, é um indicador de severidade do AVC, preditor do tamanho da lesão e do prognóstico a curto e médio prazo. A pontuação varia de 0-42, é utilizada rotineiramente por profissionais da saúde. § Devemos realizar os itens do NIHSS em ordem, registrar a performance em cada categoria após a avaliação. § Não retomar atrás e mudar escores! DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS o Distúrbios tóxicos/metabólicos (hipoglicemia) o Crises convulsivas o Meningite/encefalite o Encefalopatia hipertensiva o Estados confusionais agudos o Migrânea com aura o Neoplasias intracranianas o Hematoma subdural CLÍNICA MÉDICA IV - NEUROLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A 3. DEFINIR SE O AVC É ISQUÊMICO OU HEMORRÁGICO o Somente com neuroimagem! o TC de crânio preferencialmente. o RM de crânio é útil em casos de dúvida. § Muito útil no Wake up stroke (já acorda com sintomas). o A neuroimagem no AVC agudo serve para avaliação se o paciente é elegível para trombólise endovenosa (primeira opção de tratamento atualmente). o Não tomar nenhuma ação em relação a coagulação antes de uma TC de crânio. o Avaliar se o paciente e elegível para trombectomia mecânica (CAT): estudo de vasos (angio TC ou angio RM). § CAT foi incorporado ao SUS, só precisa de um centro que faça. Grande área isquêmica. Hemorrágica CLÍNICA MÉDICA IV - NEUROLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A 4. DEFINIR SE O PACIENTE É ELEGÍVEL PARA TROMBÓLISE ENDOVENOSA COM ALTEPLASE (SUSPEITA DE AVC ISQUÊMICO) o Se paciente está usando anticoagulante, tenho que fazer avaliação antes do Alteplase: o Se varfarina (Marevan), Marcoumar (femprocumona) - O RNI tem de ser < 1,7 para trombolisar. o Se novo anticoagulante oral (NOACS) vai depender do nível do hospital. § Dabigatrana, por exemplo, tem fármaco para reversão. § Pixabana ou rivaroxabana (Charelto, Eliquiz) - Se tiver utilizado nas últimas 24h., não adianta fazer. Se paciente elegível para trombólise venosa: o Manter a PA < 185/110 mmHg. § O principal é manter a pressão, na prática deicamos entre 150-60 para ter uma margem de segurança até o limite. o Infusão de Alteplase: 0,9mg/kg (máximo de 90 mg) - 10 % em bolus em 1 minuto e o restante em infusão em 60 minutos. § Considerar dose menor (0,6 mg/kg) se: • Idoso • Hipertensão arterial de difícil manejo • Exames laboratoriais limítrofes • Condições clínicas limítrofes nos critérios de exclusão • Neuroimagem com extensa microangiopatia • Infarto de moderada extensão. CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS PARA TROMBÓLISE VENOSA o Evidência de hemorragia intracraniana na TC de crânio. o Sintomas de AVC iniciados há mais de 4.5 horas do início previsto da infusão (tempo da porta até agulha 30 minutos). o Pacientes recebendo tratamento anticoagulante oral efetivo (varfarina com RNI > 1,7) ou em uso dos novos anticoagulantes orais (NOACS). o Paciente em uso de heparina nas últimas 48 horas com KTTP acima do limite da normalidade. o História de AVC recente ou TCE grave nos últimos 3 meses. o História de hemorragia intracraniana, neoplasia intracraniana, aneurisma cerebral ou malformações arteriovenosas. o Infarto extenso com hipodensidade > 1/3 do território da artéria cerebral média na TC de crânio na admissão. o Hipertensão arterial grave refratária ao tratamento (PAS > 185 e/ou PAD > 110 mmHg). o Cirurgia extensa ou procedimento invasivo nas últimas 2 semanas. o Punção recente (7 dias) de um vaso sanguíneo em sítio não compressível (por exemplo, punção de veia jugular ou subclávia). (Se conseguir comprimir o vaso com a mão, eu vou usar Alteplase e comprimir). o Diátese hemorrágica conhecida, TP prolongado (RNI > 1,7), KTTP prolongado ou plaquetas < 100.000. o Sangramento grande ativo, recente ou com risco iminente. o Cirurgia intracraniana ou da coluna vertebral recente. o Massagem cardíaca externa traumática (menos de 10 dias). o Endocardite bacteriana, pericardite, pancreatite aguda. • O uso de Alteplase endovenosa em até 3 horas do início dos sintomas aumenta em 30% a chance de recuperação completa ou quase completa. (Pode ser em até 4 horas). • Taxa de sangramento sintomático: 6,4%. CLÍNICA MÉDICA IV - NEUROLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A Cuidados durante a trombólise endovenosa: o Monitorar NIHSS e PA. o Interromper trombólise e solicitar TC de crânio de urgência se: cefaleia, dispneia, rebaixamento de nível de consciência, aumento de PA, exteriorização de sangramento (gastrointestinal ou genitourinário). o Sangramento gengival não indica, colocar compressa e continuar. Sangramento nasal tentar tamponar antes de parar a trombólise. o Se sangramento durante ou após a trombólise: Solicitar hemoglobina e hematócrito, TP/KTTP, plaquetas, fibrinogênio e exames pré-transfusionais. § Pedir avaliação neurológica. Cuidados após trombólise endovenosa: o Monitorar PA (< 185 ou / 110 mmHg) e NIHSS: § 15/15 minutos nas primeiras 2 horas. § 30/30 minutos até as 6 primeiras horas. § 2/2 horas até completar 24 horas. o Cuidados gerais: § Manter repouso. § Evitar sondagem vesical de alívio (se precisar, aguardar no mínimo 1h.). § Manter jejum até triagem para disfagia. § Evitar punção cutânea ou venosa. § Manter sem antiagregante plaquetário e sem profilaxia para TVP até TC de controle. § Não passar sonda nasogástrica. o Outras orientações para o clínico: § Não começar NADA até TC de controle em 24 h. pós Alteplase. § Nas primeiras 24h. devemos monitorar a pressão e status neurológico. § Manter jejum pois pode ter complicações e porque o paciente pode necessitar de cirurgia. Durante um AVC o corpo fica em ultracatabolia, consome muito pouco, não é necessário alimentação nesse momento, além de que pode estar associado a disfagia. § Se paciente com DM, seguir controlando a glicemia. Se subir ministrar insulina rápida, se baixar ministrar glicose. As hipoglicemias, principalmente, podem fazer alteração neurológica. Paciente elegível para tratamento endovascular o Objetivo: tempo da porta até a reperfusão < 90 minutos. o Critérios de inclusão: § Idade > 18 anos. § Oclusão de artéria carótida interna ou artéria cerebral média proximal (M!). § NIHSS > 6 § ASPECTS > 6 § mRankin 0-1 prévio ao AVC isquêmico atual § Início do tratamento (punção arterial) em até 6 horas do início dos sintomas. § Ter recebido Alteplase em até 4,5 horas (se dentro da janela terapêutica). Paciente chegou tarde demais para tratamento embolítico ou endovascular o Monitorar. o Controle de PA se PAS > 220 mmHg e/ou PAD > 120 mmHg. o Antiagregantes plaquetários (AAS e clopidogrel associados tem benefício em até 21 dias pós AVC, principalmente em AVCs menores). § AAS cobre toda a ação plaquetária na dose de 100mg em torno de 5 a 7 dias. Quando tem um evento agudo da pra usar uma dose de ataque nesse primeiro dia e depois mantem dose mais baixa (300mg primeiro dia e depois 100mg). Trombo fechando a circulação da porção M1 da artéria cerebral média direita. CLÍNICA MÉDICA IV - NEUROLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A o Profilaxia para trombose venosa profunda. § É uma complicação tanto de AVC isquêmico quanto hemorrágico. o Estatinas - Benéfica em qualquer tipo de AVC. Se trombólise, esperar 24 h. para começar. Paciente apresentou algum sangramento intracraniano o Controle de PA (PAS < 160 mmHg e/ou PAD < 90 mmHg). o Avaliação neurológica. AVC maligno → Tratamento com craniectomia descompressiva (Cx neuro). o E indicado quando tem a “morte” de um hemisfério, a Cx só mantém o paciente vivo. 5. APÓS TRATAMENTO AGUDO o Garantir que o paciente realize a investigação etiológica adequada → TOAST § Principais causas: Aterosclerose de grandes artérias, cardioembólico (fibrilação atrial) e oclusão de pequenas artérias (infarto lacunar). § Como fazer: • No mínimo, deve ser feito um estudo de vasos cervicais (Ecodoppler de carótidas e vertebrais, que é muito com para circulação anterior, mas não para posterior, nesses casos a Angio TC é mais indicada). • No cenário ideal é realizada Angio TC de vasos na chegada. • AVC por etiologia cardioembólica: ECG, Holter, Eco cardio, em mais jovens pensar em comunicação entre câmaras e fazer Eco cardio transesofágico. o Investigar fatores de risco. § Fase meningovascular da sífilis (mais aguda) pode cursas com AVC nos primeiros dias/semanas por resposta inflamatória exacerbada. § TSH pode estar falsamente alterado no AVC, mas deve ser solicitado e depois fazer controle. § DM - Pedir hemoglobina glicada pois no momento a glicemia altera. § B12 - A vit. B12 baixa aumenta a hemocisteína, que aumenta a chance de fazer evento tromboembólico. § Áreas endêmica para Chagas - Pesquisar pois o Chagas faz alterações cardíacas que favorecem o AVC. 6. PROFILAXIA SECUNDÁRIA o Modificação de hábitos alimentares o Exercícios físicos regulares o Antiagregante plaquetário para AVC aterotrombótico ou lacunar § Dupla antiagregação (AAS + inibidor P2Y12) para pacientes com AVC menor ou AIT nos primeiros 21 dias. o Tratamento anti-hipertensivo (TA < 130/80 mmHg) o Uso de estatinas o Cessação do tabagismo o Anticoagulante oral para pacientes com AVC cardioembólico § Pradax 150 2x/dia tem maiores evidências. AVALIAÇÃO FUNCIONAL PÓS-AVC CLÍNICA MÉDICA IV - NEUROLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A
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