Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Nicolas Martins 2025.1 - Parasitologia Geral TOXOPLASMOSE A toxoplasmose é uma infecção causada por Toxoplasma gondii, um protozoário unicelular. Geralmente, a infecção não provoca sintomas, mas algumas pessoas apresentam linfonodos inchados, febre, uma vaga sensação de mal-estar e às vezes dor de garganta ou visão embaçada e dor nos olhos. ■ Filo Apicomplexa – Complexo apical ■ Classe Coccidia ou Sporozoasida – Locomoção por flexão ■ Ordem Eucoccidiorida – Merogonia ■ Subordem Eimeriorina – Macrogameta e microgameta se desenvolvem de forma independente ■ Família Sarcocystidae – Ciclos heteroxenos obrigatórios ou facultativos ■ Gênero Toxoplasma ■ Espécie Toxoplasma gondii ➤ Taquizoítas – Livres; – Pseudocistos; – Formato de arco ou meia lua; ➤ (toxon = arco em grego). – Núcleo com localização central; – Multiplicam-se rapidamente. ➤ Infecção aguda. ➤ Cistos com bradizoítas – Parede definida; – Estrutura arredondada ou alongada; – Bradizoítas no interior (paleozóicos); – Multiplicam-se lentamente. ➤ Estruturas quiescentes; ➤ Infecção crônica. ➤ Oocistos esporulados – Subsférico; – Diaspóricos; - Definitivo → Felinos → Habitat: Células epiteliais do intestino delgado - Intermediário → Humano → Primatas não humanos → Mamíferos → Aves → Taquizoítas: diversos tipos celulares e líquidos orgânicos → Cistos principalmente no SNC, globo ocular, musculatura esquelética e cardíaca Heteroxeno Facultativo Eurixeno Intracelular obrigatório Invade e se multiplica em qualquer célula Hospedeiro definitivo – Células do intestino delgado. Hospedeiros intermediários – Taquizoítas – Infecta vários tipos celulares ■ Fibroblastos; ■ Hepatócitos; ■ Reticulócitos. – Cistos teciduais ■ Cérebro; ■ Musculatura esquelética; ■ Musculatura cardíaca As pessoas podem contrair toxoplasmose de várias maneiras: ● Ingestão de alimentos, água ou outros materiais (como terra) que estejam contaminados com fezes de gato contendo ovos de Toxoplasma ● Ingestão de carne que contenha cistos de Toxoplasma ● Transmissão de uma mãe recém-infectada para um feto ● Em casos raros, fazer uma transfusão de sangue ou transplante de órgão que contenha o parasita As pessoas podem engolir ovos de Toxoplasma após tocarem em areia para gatos, solo ou outros objetos contaminados e depois levarem as mãos à boca ou manusearem e ingerirem alimentos sem lavar as mãos. As pessoas podem engolir cistos ao comer carne crua ou mal cozida (geralmente porco ou cordeiro) de animais infectados. Raramente, o parasita é transmitido pelas transfusões de sangue ou por órgão transplantado de uma pessoa infectada. Hospedeiro Definitivo: Lise celular → enterite (assintomático). Hospedeiro Intermediário: - Assintomático em 90% dos casos. Fase aguda - Penetração/Multiplicação dos taquizoítas áreas de necrose em órgãos vitais. Fase sub-aguda e crônica: - Aparecimento de anticorpos e cura clínica. ■ Toxoplasmose congênita ou neonatal - Mulheres com infecção crônica - não transmitem para o filho Uma mulher que contrai a infecção durante a gravidez pode transmitir Toxoplasma gondii ao feto pela placenta. A infecção é mais grave se o feto for infectado no início da gravidez. O resultado pode ser crescimento lento do feto, nascimento prematuro, aborto, bebê natimorto ou nascido com defeitos congênitos. A toxoplasmose congênita pode causar problemas de visão, convulsões e incapacidade intelectual em uma fase posterior da vida. Uma mulher que tenha sido infectada antes da gravidez não transmite o parasita para o feto, a menos que seu sistema imunológico esteja debilitado (por exemplo, por infecção por HIV), reativando sua infecção ■ Até o 3º mês – Aborto (maioria dos casos) ■ Até o 6º mês de gestação – Quadro agudo ou subagudo: ↪ Hepatoesplenomegalia; ↪ Icterícia; ↪ Exantema; ↪ Limfadenopatia; ↪ Meningoencefalite.. ■ Último trimestre – Assintomática ou branda – Regressão das alterações viscerais – Permanência dos danos neuro oculares ■ Invade todos os órgãos do hospedeiro – Sistema Nervoso – Retina ■ Manifestação dos sintomas – Nascimento, dias, semanas ou meses depois Tétrade de Sabin ↪ Microcefalia com hidrocefalia ↪ Calcificações intracranianas ↪ Coriorretinite ↪ Retardo mental. ↪ Lesões oculares – Bilaterais – Edema de retina – Degeneração e inflamação – áreas necrosadas – Coróide ↪ Alterações vasculares ↪ Edema ↪ Infiltrados inflamatórios ↪ Hemorragias – Neurite óptica – Estrabismo – Irite ■ Alterações neurológicas – Perturbações psicomotoras – Convulsões – Rigidez de nuca – Microcefalia – Hidrocefalia ■ Toxoplasmose pós natal – Maioria assintomática – Casos sintomáticos: ↪ Formas subclínicas - sem queixas ↪ Formas com adenopatia – Sem febre – Com febre – Mal estar – Mialgia – Cefaleia – Anorexia – Retinochoroiditis – Casos graves ↪ Exantema maculopapular ↪ Miocardite ↪ Meningite ↪ Esplenite ↪ Hepatite ↪ Pneumonia ■ Toxoplasmose em imunocomprometidos – Parasito oportunista ■ Maioria: encefalite aguda ■ NEUROTOXOPLASMOSE – Letargia – Alucinações – Psicose – Perda de memória ou conhecimento – Convulsões – Paralisia dos nervos cranianos ■ 2%: Toxoplasmose extracerebral – Pulmonar – Cardíaca – Ocular Diagnóstico Clínico: - Praticamente impossível na Toxoplasmose do adulto; - Sugestiva em casos de retinocoroidite; - Toxoplasmose congênita mais característica. Diagnóstico Laboratorial: - Evidenciação Parasitológica - Pesquisa de anticorpos (IgG, IgM, IgA) - Pesquisa molecular (PCR) Pesquisa de anticorpos – Técnica do corante (Sabin Feldman) ■ Neutralização específica do parasita vivo na presença de anticorpos e complemento – Reação de imunofluorescência indireta – Hemaglutinação – ELISA – Avidez IgG ■ Discriminar infecções passadas e recentes A pesquisa de formas parasitárias, ao contrário das demais infecções, dificilmente é elemento diagnóstico, sendo somente realizada durante os exames anatomopatológicos dos casos fatais ou raramente por biópsias. ■ As reações mais utilizadas são as que pesquisam Ac parasitários onde se destacam a Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), a hemaglutinação e a imunoenzimática (ELISA). ■ Como grande parte da população humana é soropositiva para este parasita, o simples encontro de Ac anti Toxoplasma não é sinônimo de infecção aguda, podendo ser consequência de parasitismo crônico ou de passagem de IgG por placenta em crianças até o quarto mês de vida. ■ O encontro de IgM, ao contrário, é reflexo de infecção, por este parasita, de no máximo 1 ano de curso. ■Os anticorpos da classe IgG aparecem 1 a 2 semanas após a infecção e persistem por toda a vida. ■A detecção desses anticorpos IgG em mulheres, indicando infecção passada, afasta o risco delas produzirem infecção congênita. ■Mulheres com sorologia negativa devem ser consideradas grupo de risco e acompanhadas durante toda a gestação. ■Os anticorpos da classe IgM geralmente aparecem em torno de 5 dias após o contato com o parasito, desaparecendo depois de semanas ou meses. ■Em alguns casos, títulos residuais podem permanecer detectáveis por um tempo superior a 1 ano, o que invalida a presença da IgM como indicador de infecção recente. ■ Interpretação dos testes em adultos ■1 - IgM negativo (-) e IgG negativo (-): ausência de contato com o T.gondii ou infecção muito recente, dentro do prazo de poucos dias em que a resposta imunológica ainda não está detectável. ■2 - IgM negativo (-) e IgG positivo (+): infecção pregressa com o T.gondii há mais de 1 ano. ■3 - IgM positivo (+) e IgG negativo (-): este resultado deve ser interpretado com cuidado – pode ser uma infecção aguda na fase inicial em que ainda não positivou a IgG (o que é raro) ou um IgM falso positivo (o que é mais comum). Será necessário colher nova amostra depois de duas semanas: se tratava-se realmente de uma infecção na fase inicial, esta segunda amostra deverá continuar com IgM positivo e agora com o IgG também positivo; se o IgG se mantiver negativo, indicafalso positividade do IgM. ■4 - IgM positivo (+) e IgG positivo (+): este resultado é sugestivo de infecção recente. A confirmação deve ser feita com o teste da avidez. ■ Teste da avidez do IgG No começo de qualquer resposta imunológica primária, os anticorpos da classe IgG que se formam são de baixa avidez/afinidade e, à medida que a resposta imunológica vai se maturando, eles adquirem maior avidez/afinidade em sua ligação com o antígeno. – Como os agentes desnaturantes rompem as ligações fracas (baixa avidez), o emprego de um teste imunoenzimático para a dosagem de anticorpos IgG antitoxoplasma, na presença e na ausência do agente desnaturante, e a utilização de um índice – a relação da densidade ótica do soro tratado em relação à densidade do soro não tratado – possibilitam a obtenção de uma porcentagem de avidez de IgG. O resultado do teste com avidez baixa (menor do que 30%) sugere que a infecção seja recente, com menos de 3 meses, mas, em alguns casos, a avidez pode permanecer baixa por vários meses, o que impede uma interpretação segura. ■ Interpretação dos testes em recém-nascidos No recém-nascido, o encontro de anticorpos da classe IgG não tem valor diagnóstico porque há transferência transplacentária da IgG materna. ■ A presença de anticorpos IgM, que não tem passagem transplacentária, pode indicar infecção fetal, porém não é suficiente para o diagnóstico visto que o feto pode produzi-los só tardiamente. ■ A pesquisa dos anticorpos da classe IgA no recém-nascido é útil, porque este ensaio apresenta maior sensibilidade do que o para a pesquisa de IgM. ■ Atualmente, contudo, o método de escolha para o diagnóstico de toxoplasmose congênita é a pesquisa do Toxoplasma pelo PCR, feito no sangue periférico do recém-nascido ou no sangue do cordão umbilical. Sulfadiazina e pirimetamina - Reduzir a multiplicação dos taquizoítos Pouco efeito sobre as infecções subclínicas - Diaminodifenilsulfona, atovaquona, espiramicina e clindamicina. Gestantes suspeitas de infecção por T. gondii adquirida durante a gestação: - Tratamento imediato com espiramicina - Previne a transmissão do parasito da mãe para o feto. Investigação da infecção do feto. - Infecção toxoplásmica fetal for confirmada: - Tratamento específico da mãe com pirimetamina, sulfadiazina e ácido fólico. Embora o benefício do tratamento na gestação ainda seja controverso, tem sido observados efeitos na redução da transmissão transplacentária do parasito e também diminuição da gravidade das manifestações clínicas dos neonatos A maioria das pessoas infectadas sem sintomas e com um sistema imunológico saudável não requer tratamento. Pessoas com sintomas de toxoplasmose podem ser tratadas com pirimetamina, sulfadiazina e leucovorina. A leucovorina é administrada para proteger contra a diminuição da produção de células sanguíneas na medula óssea, que é um efeito colateral da pirimetamina. Se não houver pirimetamina disponível, pode-se usar trimetoprima-sulfametoxazol. Se as pessoas não puderem tomar sulfadiazina, em seu lugar pode ser usada clindamicina ou atovaquona.
Compartilhar