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15-Texto do artigo-39-4-10-20181101

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v. 1 n. 01 (2018): Revista GETS | ISSN: 2595-6663 153 
 
ATUALIZAÇÕES EM BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA: UMA REVISÃO DE 
LITERATURA 
 
Verônica Távora de Sousa 
 
RESUMO 
A bronquiolite viral aguda (BVA) é a infecção de vias aéreas inferiores mais comum em 
lactentes, de etiologia viral e responsável por grande parte dos atendimentos na 
Emergência Pediátrica e por internações em enfermaria geral e UTI-Pediátrica nos 
períodos de outono e inverno. O vírus sincicial respiratório (VSR) é o principal agente 
etiológico. A doença caracteriza-se por inflamação, edema e necrose da mucosa 
bronquiolar, levando à obstrução predominantemente expiratória dos bronquíolos. 
Clinicamente caracteriza-se pelo início agudo de infecção em vias aéreas superiores, com 
febre baixa, tosse e coriza que evolui em alguns dias para taquipneia e sibilância, podendo 
haver desconforto respiratório. Em geral é uma doença de evolução benigna, porém 
particularmente em lactentes pequenos, pode causar insuficiência respiratória. Embora 
muitas medicações, como broncodilatadores, corticosteroides e inalação com salina 
hipertônica sejam frequentemente utilizadas no tratamento de lactentes e crianças com 
BVA, o uso rotineiro destas terapêuticas não apresenta respaldo na literatura, podendo 
inclusive piorar a evolução dos pacientes. Assim, o tratamento da BVA permanece apenas 
de suporte, com suplementação de oxigênio nos casos mais graves e manutenção da 
hidratação. 
Palavras-chave: bronquiolite viral aguda, pediatria, vírus sincicial respiratório (VSR). 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Bronquiolite é uma doença infecciosa do trato respiratório inferior, de etiologia 
predominantemente viral, que resulta na obstrução inflamatória das pequenas vias 
aéreas inferiores1. Estimativas apontam que cerca de 34 milhões de novos casos de 
infecção respiratória por vírus sincicial respiratório – agente etiológico mais prevalente 
da bronquiolite – ocorram globalmente em crianças com menos de 5 anos. A 
preocupação com sua morbidade e custo associados, somado às divergências quanto 
ao manejo terapêutico, incentivaram a novas publicações na literatura. 
 
 
 
v. 1 n. 01 (2018): Revista GETS | ISSN: 2595-6663 154 
 
 
1.1 OBJETIVO GERAL 
 
O objetivo do trabalho é realizar uma revisão bibliográfica do que vem a ser a 
bronquiolite viral aguda, com uma abordagem que abrangerá a afecção de uma 
maneira geral, desde a definição até a conduta. 
 
 
 
1.2 OBJETIVO ESPECÍFICO 
 
Abordar com mais enfoque as recomendações mais atuais quanto ao manejo da 
bronquiolite. Hipótese: uma vez que o médico assitente esteja a par das melhores 
evidências no que se refere a cada opção terapêutica ao tratar um paciente 
diagnosticado com bronquiolite viral aguda, sua postura diante dessa situação poderá 
ser mais resolutiva, sem onerar o sistema com práticas que, até o momento, não 
apresentam qualquer alteração no curso da doença. 
 
Problema: Como o estabelecimento das evidências das opções terapêuticas podem 
promover melhores desfechos e reduzir o peso dos custos públicos? 
 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
 
A metodologia empregada neste trabalho foi uma revisão bibliográfica, revisão esta 
que se deu a partir do banco de dados PubMed e SciELO, de artigos publicados em 
revistas científicas nacionais e internacionais, bem como dos livros texto mais 
importantes e respeitados publicados nos últimos anos - estes últimos utilizados 
preferencialmente para elucidação da introdução do tema. 
 
 
 
v. 1 n. 01 (2018): Revista GETS | ISSN: 2595-6663 155 
 
A bronquiolite é a uma infecção do trato respiratório inferior, caracterizada por um 
aumento da secreção de muco, edema e necrose do epitélio da mucosa, com 
consequente obstrução inflamatória das pequenas vias aéreas. (AMERICAN 
ACADEMY OF PEDIATRICS, 2014; BEHRMAN, JENSON e KLIEGMAN, 2009) É um 
acometimento mais frequente em lactentes, predominantemente em menores de 6 
meses de idade. Por sua etiologia predominantemente viral, a bronquiolite é 
comumente apresentada na literatura como bronquiolite viral aguda (BVA). 
O principal agente viral responsável pela afecção é reconhecidamente o vírus sincicial 
respiratório (VSR), mas relato de outras causas virais incluem o rinovírus, o 
metapneumovírus, influenza, bocavírus, etc. (BEHRMAN, JENSON e KLIEGMAN, 
2009) Dos agentes bacterianos possíveis, o Mycoplasma pneumoniae e a 
Chlamydophila pneumoniae são microrganismos de prevalência crescente, mas, no 
entanto, mais associados a crianças maiores, e não a lactentes. (BEHRMAN, 
JENSON e KLIEGMAN, 2009) 
 
A incidência pode variar significativamente a cada ano. (ALBERT EISTEN HOSPITAL 
ISRAELITA, 2008) Nos Estados Unidos, entre 75.000 e 125.000 lactentes menores 
de 12 meses serão hospitalizados por consequência de infecção pelo VSR 
(HOSPITAL FEDERAL DE BONSUCESSO, 2010) e estimativas sugerem 3.000 a 
4.000 mortes anuais devido a BVA por este agente viral. Ainda naquele país, calcula-
se um gasto anual com visitas à emergência de 50,5 milhões de dólares e com 
internações de 650 milhões de dólares. (NAIS et al., 2010) Como o diagnóstico da 
BVA é clínico e é menos factível para a nossa realidade a identificação do agente 
causador da doença através de testes virais (úteis para elucidação de diagnósticos 
duvidosos e para a análise epidemiológica) a dificuldade para firmar a distribuição da 
doença na população é maior. Apesar dessa dificuldade, uma vez que é reconhecido 
na literatura que país em desenvolvimento tem uma frequência maior da afecção, 
pode-se ter uma estimativa clara de sua relevância em nosso meio e do alto custo 
púbico que o Brasil enfrenta com pacientes com esta condição. 
 
 
 
v. 1 n. 01 (2018): Revista GETS | ISSN: 2595-6663 156 
 
A bronquiolite é mais prevalente em crianças do sexo masculino – segundo a 
literatura, por apresentar maturação do trato respiratório mais lenta quando 
comparado ao sexo feminino, além de fatores genéticos e ambientais, como em 
crianças que não foram amamentadas no seio materno e nas que vivem em situação 
de aglomeração. 
 
Clinicamente o paciente com BVA pode se apresentar com manifestações sistêmicas 
como febre – mais frequente durante o período prodrômico. Manifestações de toxemia 
e decaimento significativo do estado geral devem levantar a dúvida quanto ao 
diagnóstico de BVA. A taquipneia, tosse seca, coriza, rinorreia fazem parte do quadro 
clínico encontrado nestes pacientes. 
 
Na maioria dos casos, a evolução da BVA é benigna, não havendo necessidade de 
qualquer intervenção. O paciente deverá ser tratado somente quanto a seu quadro 
sintomático – controle de temperatura, status hídrico e nutricional. Mas como proceder 
com um paciente com dificuldade respiratória ou indicação para internação hospitalar? 
 
As práticas atualmente recomendadas para o manejo da BVA são focadas em tratar 
a sintomatologia causada pela fisiopatologia da infecção viral. São divididas entre as 
condutas não medicamentosas e medicamentosas. 
 
Antes de mais nada, é recomentado que o paciente com BVA internado seja mantido 
em isolamento de contato. O isolamento respiratório não se faz necessário pois a 
transmissão por pequenas partículas de aerossol não é tão importante, mas sim a 
transmissão por grandes partículas e por auto-inoculação após contato com material 
contaminado. Não sendo possível alocar o paciente em um quarto privativo ou em um 
quarto comum aos portadores da doença, obedecer a uma distância de pelo menos 2 
metros quadrados entre os leitos². Neste caso, atenção especial deverá ser dada aos 
acompanhantes, que, ao não tomarem os cuidados de higienização adequados, se 
tornarão infectantes, submetendo pacientes de outros leitos ao risco adoecimento por 
 
 
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BVA. O tempo recomendado de isolamento é todo aquele enquanto durar a doença. 
(ALMEIDA, 2017) 
 
A fisioterapia respiratóriaé apenas a primeira das demais condutas que discutiremos 
aqui que tem sua evidência questionada nos estudos publicados dos últimos anos. O 
objetivo dela seria promover melhora da relação ventilação-perfusão e diminuir o 
trabalho ventilatório pela remoção do excesso de muco, desobstrução e prevenção de 
atelectasias. (ALVAREZ et al., 2013) Entretanto, devido a falta de evidências de 
melhora dos parâmetros respiratórios, não vem sendo uma conduta recomendada. Há 
inclusive relato na literatura de prejuízos ocasionados pela aplicação das técnicas 
fisioterapêuticas – autores consideram a possibilidade de o manuseio excessivo 
abalar o equilíbrio clínico na hipoxemia, especialmente na fase aguda da doença; 
relato de fratura de costela após fisioterapia respiratória; alterações de pressão 
intracranianas associadas ao manejo. (ALVAREZ et al., 2013) Por outro lado, um 
estudo de revisão que avalia o papel da fisioterapia no manejo do BVA critica o fato 
de que os estudos expostos relacionados ao assunto apresentam técnicas que 
atualmente estão em desuso, fazendo-se necessário novos estudos clínicos avaliando 
técnicas mais modernas. 
 
Em relação aos broncodilatadores, embora sejam as drogas mais frequentemente 
prescritas para pacientes com BVA, seu uso rotineiro não é recomendado, mesmo em 
diretrizes e protocolos mais antigos, já que seus benefícios não são fundamentados 
em evidências científicas. Mas e o tal teste terapêutico? O teste terapêutico consiste 
em prescrever o beta-adrenérgico inalatório em casos de desconforto respiratório 
moderado a grave e, em caso de melhora, o médico estaria autorizado a utilizar o 
broncodilatador, neste caso objetivando o alívio do desconforto respiratório a curto 
prazo. Uma diretriz de 2011 sobre tratamento e prevenção da bronquiolite aguda, 
elaborada pela SBP e pela sociedade brasileira de pneumologia e tisiologia descreve 
o teste terapêutico como uma possibilidade. Mas o fato é que ainda não se tem um 
posicionamento completamente consolidado quanto a ele. Isso porque não se pode 
desconsiderar que há pacientes que se beneficiam com a prática. Uma revisão 
 
 
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sistemática da Cochrane de 2014 expôs resultados de estudos com pacientes 
ambulatoriais que se beneficiaram do uso de broncodilatador – destacando, no 
entanto, falhas importantes na metodologia. Apesar de revelar um benefício de 
mínima importância clínica, e do fato de que as crianças que foram beneficiadas 
tendiam a ser mais velhas e com história prévia de sibilância, este fato pode ser um 
motivo pelo qual muitos médicos insistem em prescrever a medicação para os 
pacientes. O fato é que o teste terapêutico não é uma prática proscrita. Mas vem 
sendo deixado de ser recomendado em muitos serviços, a exemplo de um recente 
manual elaborado para emergências pediátricas do Instituto de Medicina Integral 
Professor Fernando Figueira – IMIP – importante referência do Norte/Nordeste na 
assistência à criança, no qual não há qualquer menção ao teste terapêutico. Somente 
a menção da falta de evidência para uso de broncodilatador. 
 
O mecanismo teórico dos corticosteroides seria o de oferecer uma ação anti-
inflamatória. No entanto, estudos que avaliaram o papel desta mediação no manejo 
de crianças com BVA não comprovaram nenhum benefício. Desta forma, também não 
é recomendado como conduta rotineira. 
 
A salina a 3% também tem sido usada em pacientes com BVA. A lógica para utilização 
de salina hipertônica nebulizada nestes pacientes baseia-se no potencial de induzir 
fluxo osmótico de líquido para a camada de muco espesso, reidratar a mucosa e assim 
facilitar o clearance mucociliar. No entanto, as evidências desse mecanismo são 
indiretas. 
 
Revisão da Cochrane (2008) que incluiu 1090 lactentes com BVA leve a moderada, 
atendidos no PS ou internados, concluiu que a inalação com salina hipertônica não 
diminuiu taxa de internação, mas diminuiu tempo de internação hospitalar em 1 dia 
em média. No entanto, a revisão incluiu 3 estudos com tempo de internação 
relativamente longo (5 a 6 dias). Estudos randomizados mais recentes falharam em 
demonstrar diminuição no tempo de internação hospitalar com uso de salina 
hipertônica. 
 
 
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Dessa forma, a atual evidência científica não permite recomendar o uso rotineiro de 
salina hipertônica em pacientes com BVA. Não deve ser administrada para lactentes 
com diagnóstico de BVA no pronto socorro (evidência nível B; moderada 
recomendação), mas pode ser considerada para lactentes internados por BVA, 
particularmente quando a média de permanência hospitalar for maior do que 3 dias 
(evidência nível B; fraca recomendação). 
 
 
3. CONCLUSÃO 
 
Recomendações para o manejo da bronquiolite viral aguda segue sem mudanças 
significativas. No entanto, algumas medidas terapêuticas permanecem sendo conduta 
rotineira, mesmo sem a literatura oferecer evidências, ou expondo resultados 
duvidosos por falhas de metodologia. É necessário, portanto, o desenvolvimento de 
novas pesquisas, com melhores graus de evidência que as anteriores, para melhor 
recomendação das condutas e para o respaldo do profissional que atende à criança 
com BVA. 
 
 
REFERÊNCIAL BIBLIOGRÁFICO 
 
ALBERT EINSTEIN HOSPITAL ISRAELITA. Bronquiolite: diretrizes para o 
diagnóstico, tratamento e prevenção. 2008. 
ALMEIDA, T. M. de S.. Manual de condutas do IMIP: emergências pediátricas. 
Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, 2017. 
ALVAREZ, A. E. et al.. Características epidemiológicas e genéticas associadas à 
gravidade da bronquiolite viral aguda pelo vírus sincicial respiratório. J. Pediatr. 
(Rio J.) [online]. 2013, vol.89, n.6, pp.531-543. ISSN 0021-7557. 
 
 
v. 1 n. 01 (2018): Revista GETS | ISSN: 2595-6663 160 
 
AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Clinical practice guideline: the diagnosis, 
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November 2014. 
BURNS, D. A. R. et al.. Tratado de pediatria. Sociedade Brasileira de Pediatria. 4ª 
ed. São Paulo: Manole, 2017. 
HOSPITAL FEDERAL DE BONSUSESSO. Manual de controle de infecções 
hospitalares do HFB. 2010. 
KLIEGMAN, R.; JENSON, H. B.; BEHRMAN, R. E.. Nelson: tratado de pediatria. 19ª 
ed. São Paulo: Elsevier, 2013. 
NAIS, H. et al.. Global burden of acute lower respiratory infections due to 
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PATEL, H. et al.. A randomized, controlled trial of the effectiveness of nebulized 
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