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Conceito: Rabdomiólise é uma síndrome caracterizada pela ruptura do músculo estriado (Rabdo = estriado; Mio=músculo; Lise = ruptura), levando à liberação de constituintes intracelulares, entre eles a mioglobina, que produzem alterações locais e sistêmicas. Quadro clínico: A apresentação é bem variada, podendo o paciente se apresentar assintomático, bem como ter dor e fraqueza muscular e edema local. Ademais, a urina pode se tornar escurecida e sintomas inespecíficos podem estar presentes: mal-estar, náuseas, vômitos, dor abdominal e alteração do estado mental (desde confusão mental, sonolência e torpor até o coma). Causas: Existem diversos desencadeantes que podem causar necrose ou apoptose das células do músculo estriado, entre eles estão: -Trauma • Drogas ilícitas (ecstasy, cocaína,heroína); • Drogas lícitas (álcool); • Acidentes com animais peçonhentos; • Imobilização prolongada; • Medicações (estatinas); • Hipotermia ou hipertermia; • Infecções; • Exercício físico extenuante. Diagnóstico: O diagnóstico da rabdomiólise é clínico e consiste na associação entre o quadro clínico e a identificação, através da história e do exame físico, do mecanismo de lesão muscular: trauma, exercício físico extenuante, medicação, drogas, peçonhas, extremos de temperatura ou outros. Também é importante solicitar alguns exames como; urina simples, gasometria arterial, dosagem das enzimas musculares, eletrólitos e ácido úrico. Havendo a presença de rabdomiólise, espera-se encontrar: • Urina de coloração escurecida (amarronzada); • Hiperpotassemia, hiperfosfatemia e hiperuricemia, já que o potássio,o fosfato e o ácido úrico são liberados pelas células lesadas na corrente sanguínea; • Hipocalcemia, porque o cálcio se deposita no tecido lesado e, por isso, tem seus níveis plasmáticos reduzidos; • Acidose metabólica; • Aumento de enzimas musculares: mioglobina, creatinofosfoquinase (CPK), aldolase, lactato desidrogenase (DHL) e aminotransferases (AST e ALT). Complicações: Podem surgir complicações locais ou sistêmicas, a primeira local a surgir é a síndrome compartimental, gerada pelo edema, que causa dor e sofrimento ao membro afetado. Dentre as sistêmicas pode-se encontrar: • Coagulação intravascular disseminada (CIVD), em que há sangramento difuso, devido ao consumo de fibrinogênio e, consequentemente, alargamento do tempo de protrombina (TP). • Injúria renal aguda (IRA). A associação entre rabdomiólise e IRA foi identificada em 1941 por Bywaters e colaboradores, quando encontraram pigmentos amarronzados nos túbulos renais nas autópsias de pacientes vítimas de rabdomiólise. Algumas condições são fatores predisponentes ao desenvolvimento de IRA após rabdomiólise: Doença renal crônica (DRC) prévia, Diabetes Mellitus, Desidratação, Sepse e acidose e CPK > 5 mil / UI. • Arritmia: devido a condição,pode ocorrer hipercalemia, hiperfosfatemia e hipocalcemia. Entre elas, a hipercalemia tem maior importância clínica, já que pode gerar arritmia e parada cardiorrespiratória (PCR). Algumas características eletrocardiográficas (figura 1) podem auxiliar neste diagnóstico: onda T apiculada, intervalo PR prolongado, segmento ST deprimido e alargamento do complexo QRS, que pode adquirir aspecto de onda sinusoidal (em sino) até fazer fibrilação ventricular, um ritmo chocável de PCR. Tratamento: A principal medida terapêutica para a rabdomiólise é a hidratação precoce a fim de combater a depleção de volume e a lesão tubular pela mioglobina, já que estimula a diurese e reduz o risco de obstrução intratubular.O termo “precoce” infere a administração de solução cristalóide (solução fisiológica ou de Ringer-lactato) dentro das primeiras 6 horas após o acidente ou início do quadro clínico. A hidratação deve ser realizada de modo que a diurese atinja a meta de 2 a 3 mL/Kg/hora. Pode ser feita também a alcalinização da urina com soluções que tenham bicarbonato, objetivando-se manter o pH urinário entre 6,0 e 7,0 (faixa de normalidade é entre 5 e 5,5) e assim, reduzir o risco de lesão tubular direta pela mioglobina, bem como o risco de formação de cristais de áci- do úrico. Em casos em que o paciente se encontra hipervolêmico, os diuréticos podem ser usados para estimular a diurese. Pode ser um diurético de alça, como a furosemida, ou um diurético osmótico, como o manitol a 20%, que deve ser administrado na dose de 0,5 g/Kg durante os primeiros 15 minutos, e em seguida 0,1 g/Kg/hora.Em caso de refratariedade a estes tratamentos, a indicação é a terapia de substituição renal através da hemodiálise. Ademais, havendo evolução para hipercalemia grave e arritmia esta é a melhor opção.
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