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Sistema endócrino e homeostasia

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Sistema endócrino e homeostasia
Os hormônios locais ou circulantes do sistema endócrino contribuem para a homeostasia regulando a atividade e o crescimento das células-alvo no corpo. O metabolismo também é controlado pelos hormônios.
Ao entrar na puberdade, meninos e meninas começam a desenvolver diferenças notáveis na aparência física e no comportamento. Talvez em nenhum outro período da vida seja tão evidente o impacto do sistema endócrino na condução do desenvolvimento e regulação das funções corporais. Nas meninas, os estrogênios promovem o acúmulo de tecido adiposo nas mamas e nos quadris, modelando a forma feminina. Ao mesmo tempo ou um pouco depois, níveis cada vez mais altos de testosterona nos meninos começam a produzir massa muscular e a aumentar as pregas vocais, resultando em uma voz mais grave. Essas alterações são apenas alguns exemplos da forte influência das secreções endócrinas. De maneira menos drástica, talvez, inúmeros hormônios ajudam a manter a homeostasia diariamente. Eles regulam a atividade dos músculos lisos, do músculo cardíaco e de algumas glândulas; alteram o metabolismo; estimulam o crescimento e o desenvolvimento; influenciam os processos reprodutivos e participam dos ritmos circadianos estabelecidos pelo núcleo supraquiasmático do hipotálamo.
18.1Comparação do controle exercido pelos sistemas nervoso e endócrino
 OBJETIVO
•Comparar o controle das funções corporais pelo sistema nervoso e pelo sistema endócrino.
Os sistemas nervoso e endócrino atuam juntos para coordenar funções de todos os sistemas do corpo. Lembre-se de que o sistema nervoso atua por meio de impulsos nervosos (potenciais de ação) conduzidos ao longo dos axônios dos neurônios. Nas sinapses, os impulsos nervosos desencadeiam a liberação de moléculas mediadoras (mensageiras) chamadas de neurotransmissores (mostradas na Figura 12.23). O sistema endócrino também controla atividades corporais por meio da liberação de mediadores, chamados hormônios, porém os meios de controle dos dois sistemas são bastante diferentes.
Um hormônio é uma molécula mediadora liberada em alguma parte do corpo que regula a atividade celular em outras partes do corpo. A maioria dos hormônios entra no líquido intersticial e, depois, na corrente sanguínea. O sangue circulante leva hormônios às células de todo o corpo. Tanto os neurotransmissores quanto os hormônios exercem seus efeitos ligando-se a receptores encontrados nas suas “células-alvo”. Inúmeros mediadores atuam tanto como neurotransmissor quanto como hormônio. Um exemplo comum é a norepinefrina, que é liberada como neurotransmissor pelos neurônios pós-ganglionares simpáticos e como hormônio pelas células cromafins da medula da glândula suprarrenal.
Muitas vezes, as respostas do sistema endócrino são mais lentas que as respostas do sistema nervoso; embora alguns hormônios ajam em segundos, a maioria demora alguns minutos ou mais para produzir uma resposta. Em geral, os efeitos da ativação pelo sistema nervoso são mais breves que os do sistema endócrino. O sistema nervoso atua em glândulas e músculos específicos. A influência do sistema endócrino é muito mais ampla; ajuda a regular praticamente todos os tipos de células do corpo.
Teremos várias oportunidades de ver como os sistemas endócrino e nervoso funcionam juntos, como um “supersistema” interconectado. Por exemplo, determinadas partes do sistema nervoso estimulam ou inibem a liberação de hormônios pelo sistema endócrino.
A Tabela 18.1 compara as características dos sistemas nervoso e endócrino. Neste capítulo, nos concentraremos nas principais glândulas endócrinas e tecidos produtores de hormônio e examinaremos como seus hormônios controlam as atividades corporais.
 TESTE RÁPIDO
1.Enumere as semelhanças e as diferenças entre os sistemas nervoso e endócrino com relação ao controle da homeostasia.
18.2Glândulas endócrinas
 OBJETIVO
•Distinguir as glândulas exócrinas das endócrinas.
Lembre-se do que foi dito no Capítulo 4, o corpo contém dois tipos de glândulas: exócrinas e endócrinas. As glândulas exócrinas secretam seus produtos para ductos que conduzem as secreções para cavidades corporais, para o lúmen de um órgão ou para a superfície externa do corpo. As glândulas sudoríferas (suor), sebáceas (óleo), mucosas e digestivas são exócrinas. As glândulas endócrinas secretam seus produtos (hormônios) no líquido intersticial que circunda as células secretoras e não para ductos. Do líquido intersticial, os hormônios se difundem para os capilares sanguíneos e o sangue os transporta para as células-alvo pelo corpo. Em virtude da dependência do sistema circulatório para distribuir seus produtos, as glândulas endócrinas são alguns dos tecidos mais vascularizados do corpo. Considerando que a maioria dos hormônios é necessária em quantidades bem pequenas, os níveis circulantes são tipicamente baixos.
A hipófise e as glândulas tireoide, paratireoides, suprarrenais e pineal (Figura 18.1) são glândulas endócrinas. Além disso, vários órgãos e tecidos não são exclusivamente classificados como glândulas endócrinas, mas contêm células que secretam hormônios, sendo eles hipotálamo, timo, pâncreas, ovários, testículos, rins, estômago, fígado, intestino delgado, pele, coração, tecido adiposo e placenta. Juntas, todas as glândulas endócrinas e células secretoras de hormônio constituem o sistema endócrino. A ciência da estrutura e da função das glândulas endócrinas e do diagnóstico e tratamento dos distúrbios desse sistema chama-se endocrinologia.
	TABELA 18.1 Comparação entre o controle exercido pelos sistemas nervoso e endócrino.
	CARACTERÍSTICA
	SISTEMA NERVOSO
	SISTEMA ENDÓCRINO
	Moléculas mediadoras
	Neurotransmissores liberados localmente em resposta a impulsos nervosos
	Hormônios levados para os tecidos de todo o corpo pelo sangue
	Local de ação do mediador
	Próximo ao local de liberação, na sinapse; liga-se aos receptores encontrados na membrana pós-sináptica
	Longe do local de liberação (habitualmente); liga-se aos receptores encontrados nas células-alvo
	Tipos de células-alvo
	Células musculares (lisas, cardíacas e esqueléticas), células glandulares, outros neurônios
	Células por todo o corpo
	Tempo para iniciar a ação
	Tipicamente, milissegundos (milionésimos de segundo)
	De segundos a horas ou dias
	Duração da ação
	Geralmente mais breve
	Geralmente mais longa (de segundos a dias)
FUNÇÕES DO SANGUE
1.Ajudam a regular:
•A composição química e o volume do meio interno (líquido intersticial)
•O metabolismo e o equilíbrio energético
•A contração das fibras musculares lisas e cardíacas
•As secreções glandulares
•Algumas atividades do sistema imunológico.
2.Controlam o crescimento e o desenvolvimento.
3.Regulam o funcionamento dos sistemas reprodutores.
4.Ajudam a estabelecer os ritmos circadianos.
Figura 18.1 Localização de muitas glândulas endócrinas. Outros órgãos que contêm células endócrinas e estruturas associadas também são mostrados.
As glândulas endócrinas secretam hormônios, que são levados pelo sangue até os órgãos-alvo.
Qual é a diferença básica entre glândulas endócrinas e exócrinas?
 TESTE RÁPIDO
2.Enumere três órgãos ou tecidos que não sejam exclusivamente classificados como glândulas endócrinas, mas que contenham células que secretem hormônios.
18.3Atividade hormonal
 OBJETIVOS
•Descrever como os hormônios interagem com os receptores nas células-alvo
•Comparar as duas classes químicas de hormônios de acordo com sua solubilidade.
Função dos receptores hormonais
Embora um determinado hormônio percorra o corpo pelo sangue, ele atua apenas em células-alvo específicas. Os hormônios, assim como os neurotransmissores, influenciam suas células-alvo por meio de ligações químicas a receptores proteicos específicos. Apenas as células-alvo de um dado hormônio possuem receptores que se ligam e reconhecem aquele hormônio. Por exemplo, o hormônio tireoestimulante (TSH) se liga a receptores nas células da glândula tireoide, porém não se liga a células dos ovários, pois as células ovarianas não possuem receptores de TSH.
Os receptores,assim como outras proteínas celulares, são constantemente sintetizados e degradados. Em geral, uma célula-alvo possui 2.000 a 100.000 receptores para um determinado hormônio. Se a concentração de um hormônio estiver muito elevada, o número de receptores na célula-alvo pode diminuir – efeito chamado de infrarregulação. Por exemplo, quando determinadas células dos testículos são expostas a uma elevada concentração de hormônio luteinizante (LH), o número de receptores de LH diminui. A infrarregulação torna uma célula-alvo menos sensível ao hormônio. Em contrapartida, quando a concentração de um hormônio é muito baixa, o número de receptores pode aumentar. Esse fenômeno, conhecido como suprarregulação, torna uma célula-alvo mais sensível a um hormônio.
	
	CORRELAÇÃO CLÍNICA |
	Bloqueio dos receptores hormonais
Existem hormônios sintéticos que bloqueiam os receptores de alguns hormônios que ocorrem naturalmente. Por exemplo, RU486 (mifepristona), que é usado para induzir aborto, se liga aos receptores de progesterona (um hormônio sexual feminino) e não deixa que a progesterona exerça seu efeito normal, nesse caso o de preparar o revestimento uterino para implantação. Quando uma gestante usa RU486, as condições uterinas necessárias para suprir o embrião não são mantidas, o desenvolvimento embrionário é interrompido e o embrião se desprende do revestimento uterino. Esse exemplo ilustra um importante princípio endócrino: se um hormônio é impedido de interagir com seus receptores, não consegue realizar suas funções normais.
Hormônios locais e circulantes
A maioria dos hormônios endócrinos consiste em hormônio circulante – eles passam das células secretoras que os produzem para o líquido intersticial e, depois disso, para o sangue (Figura 18.2A). Outros hormônios, chamados hormônios locais, atuam nas células vizinhas ou nas mesmas células que os secretaram sem, primeiro, entrar na corrente sanguínea (Figura 18.2B). Os hormônios locais que atuam nas células vizinhas são chamados de parácrinos e aqueles que atuam nas mesmas células que os secretaram são chamados de autócrinos. A interleucina-2 (IL-2), liberada pelos linfócitos T auxiliares (um tipo de leucócito) durante respostas imunológicas (ver Capítulo 22), é um exemplo de hormônio local. A IL-2 ajuda a ativar outras células imunológicas próximas, um efeito parácrino. No entanto, também atua como hormônio autócrino ao estimular a proliferação da mesma célula que a liberou. Essa ação gera mais linfócitos T auxiliares, que podem secretar ainda mais IL-2 e, desse modo, intensificar a resposta imune. Outro exemplo de um hormônio local é o gás óxido nítrico (NO), liberado pelas células endoteliais que revestem vasos sanguíneos. O NO promove o relaxamento das fibras musculares lisas próximas nos vasos sanguíneos, o que, por sua vez, causa vasodilatação (aumento do diâmetro do vaso sanguíneo). Os efeitos dessa vasodilatação variam desde diminuição da pressão sanguínea até a ereção do pênis nos homens. O medicamento Viagra® (sildenafila) intensifica os efeitos estimulados pelo óxido nítrico no pênis.
Figura 18.2 Comparação entre hormônios circulantes e locais (autócrinos e parácrinos).
Os hormônios circulantes são transportados na corrente sanguínea para atuar em células-alvo distantes. Os parácrinos agem nas células vizinhas e os autócrinos nas mesmas células que os produzem.
No estômago, a liberação de histamina pelos mastócitos circunvizinhos é um estímulo para a secreção de ácido clorídrico pelas células parietais. Nessa situação, a histamina é autócrina ou parácrina?
Em geral, os hormônios locais são inativados rapidamente; os hormônios circulantes podem permanecer no sangue e exercer seus efeitos por alguns minutos ou, às vezes, por algumas horas. Em tempo, os hormônios circulantes são inativados pelo fígado e excretados pelos rins. Em casos de insuficiência renal ou hepática, é possível observar níveis sanguíneos muito elevados de hormônios.
Classes químicas dos hormônios
Do ponto de vista químico, os hormônios podem ser divididos em duas grandes classes: lipossolúveis e hidrossolúveis. Essa classificação química também é funcionalmente útil porque as duas classes exercem seus efeitos de maneira diferente.
Hormônios lipossolúveis
Os hormônios lipossolúveis englobam os hormônios esteroides, os hormônios da tireoide e o óxido nítrico.
1.Os hormônios esteroides são derivados do colesterol. Cada hormônio esteroide é único em decorrência de diferentes grupos químicos fixados em vários locais nos quatro anéis no núcleo da sua estrutura. Essas pequenas diferenças possibilitam uma grande diversidade de funções.
2.Dois hormônios da tireoide (T3 e T4) são sintetizados pela conexão de iodo ao aminoácido tirosina. Os dois anéis de benzeno em T3 ou T4 tornam essas moléculas muito lipossolúveis.
3.O gás óxido nítrico (NO) é tanto um hormônio quanto um neurotransmissor. Sua síntese é catalisada pela enzima óxido nítrico sintase.
Hormônios hidrossolúveis
Os hormônios hidrossolúveis englobam os hormônios aminados, hormônios proteicos e peptídicos e hormônios eicosanoides.
1.Os hormônios aminados são sintetizados pela descarboxilação (remoção da molécula de CO2) ou modificação de determinados aminoácidos. São chamados de aminados porque retêm um grupo amina (–NH3+). As catecolaminas – epinefrina, norepinefrina e dopamina – são sintetizadas pela modificação do aminoácido tirosina. A histamina é sintetizada a partir do aminoácido histidina por mastócitos e plaquetas. A serotonina e melatonina derivam do triptofano.
2.Os hormônios peptídicos e os hormônios proteicos são polímeros de aminoácidos. Os menores hormônios peptídicos são compostos por cadeias de 3 a 49 aminoácidos; os maiores hormônios proteicos apresentam 50 a 200 aminoácidos. O hormônio antidiurético e a ocitocina são exemplos de hormônios peptídicos; o hormônio do crescimento humano e a insulina são hormônios proteicos. Vários hormônios proteicos, como o hormônio tireoestimulante, possuem grupos de carboidrato afixados e, dessa forma, são hormônios glicoproteicos.
3.Os hormônios eicosanoides são derivados do ácido araquidônico, um ácido graxo de 20 carbonos. Os dois principais tipos de eicosanoides são as prostaglandinas (PG) e os leucotrienos (LT). Os eicosanoides são importantes hormônios locais, podendo atuar também como hormônios circulantes.
A Tabela 18.2 resume as classes de hormônios hidrossolúveis e lipossolúveis e fornece uma visão geral dos principais hormônios e seus locais de secreção.
Transporte hormonal no sangue
A maior parte das moléculas de hormônio hidrossolúvel circula no plasma aquoso sanguíneo na forma “livre” (não ligado a outras moléculas), porém a maioria das moléculas de hormônio lipossolúvel encontra-se ligada a proteínas transportadoras. As proteínas de transporte, sintetizadas pelos hepatócitos, apresentam três funções:
1.Tornar os hormônios lipossolúveis temporariamente hidrossolúveis, aumentando, desse modo, sua solubilidade no sangue.
2.Postergar a passagem de moléculas hormonais pequenas pelo mecanismo de filtragem nos rins, reduzindo, assim, a perda hormonal na urina.
3.Oferecer uma pronta reserva de hormônio na corrente sanguínea.
Em geral, 0,1 a 10% das moléculas de um hormônio lipossolúvel não estão ligadas a uma proteína transportadora. Essa fração livre se difunde para fora dos capilares, se liga a receptores e desencadeia respostas. Conforme as moléculas livres de hormônio deixam o sangue e se ligam a seus receptores, as proteínas transportadoras liberam novas moléculas para repor a fração livre.
	
	CORRELAÇÃO CLÍNICA |
	Administração de hormônios
Tanto os hormônios esteroides quanto os da tireoide são efetivos por via oral. Esses hormônios não sofrem degradação durante a digestão e atravessam com facilidade o revestimento intestinal por serem lipossolúveis. Em contrapartida, hormônios proteicos e peptídicos, como a insulina, não são efetivos por via oral porque as enzimas digestivas os destroem, quebrando suas ligações peptídicas. Esse é o motivo pelo qual as pessoasdependentes de insulina precisam administrá-la por injeção.
 TESTE RÁPIDO
3.Qual é a diferença entre infrarregulação e suprarregulação?
4.Identifique as classes químicas dos hormônios e dê um exemplo de cada.
5.Como os hormônios são transportados no sangue?
18.4Mecanismos de ação hormonal
 OBJETIVO
•Descrever os dois mecanismos gerais da ação hormonal.
A resposta a um hormônio depende tanto do hormônio propriamente dito quanto da sua célula-alvo. Várias células-alvo respondem de maneira diferente ao mesmo hormônio. A insulina, por exemplo, estimula a síntese de glicogênio nos hepatócitos e a síntese de triglicerídios nos adipócitos.
A resposta a um hormônio nem sempre é a síntese de novas moléculas, como no caso da insulina. Outros efeitos hormonais incluem alteração da permeabilidade da membrana plasmática, estimulação do transporte de uma substância para dentro ou para fora de células-alvo, alteração da velocidade de reações metabólicas específicas e promoção de contrações da musculatura lisa ou cardíaca. Esses efeitos variados dos hormônios são possíveis em parte porque um único hormônio é capaz de desencadear várias respostas celulares diferentes. No entanto, em primeiro lugar, é preciso que o hormônio “anuncie a sua chegada” à célula-alvo por meio da ligação com seus receptores. Os receptores de hormônios lipossolúveis estão localizados dentro das células-alvo, enquanto os receptores de hormônios hidrossolúveis fazem parte da membrana plasmática das células-alvo.
	TABELA 18.2 Resumo dos hormônios por classe química.
	CLASSE QUÍMICA
	HORMÔNIOS
	LOCAL DE SECREÇÃO
	LIPOSSOLÚVEIS
Hormônios esteroides
	Aldosterona, cortisol e androgênios
Calcitriol
Testosterona
Estrogênios, progesterona
	Córtex da glândula suprarrenal
Rins
Testículos
Ovários
	Hormônios da tireoide
	T3 (tri-iodotironina), T4 (tiroxina)
	Glândula tireoide (células foliculares)
	Gás
	Óxido nítrico (NO)
	Células endoteliais do revestimento dos vasos sanguíneos
	HIDROSSOLÚVEIS
Aminas
	Epinefrina, norepinefrina (catecolaminas)
Melatonina
Histamina
Serotonina
	Medula da glândula suprarrenal
Glândula pineal
Mastócitos nos tecidos conjuntivos
Plaquetas no sangue
	Peptídios e proteínas
	Todos os hormônios hipotalâmicos de liberação e inibição
Ocitocina, hormônio antidiurético
Hormônio do crescimento humano, hormônio tireoestimulante, hormônio adrenocorticotrófico, hormônio foliculoestimulante, hormônio luteinizante, prolactina, hormônio melanócito-estimulante
Insulina, glucagon, somatostatina, polipeptídio pancreático
Paratormônio
Calcitonina
Gastrina, secretina, colecistocinina, GIP (peptídio insulinotrópico dependente de glicose)
Eritropoetina
Leptina
	Hipotálamo
Neuro-hipófise
Adeno-hipófise
Pâncreas
Glândulas paratireoides
Glândula tireoide (células parafoliculares)
Estômago e intestino delgado (células enteroendócrinas)
Rins
Tecido adiposo
	Eicosanoides
	Prostaglandinas, leucotrienos
	Todas as células exceto as hemácias
Ação dos hormônios lipossolúveis
Conforme dito anteriormente, os hormônios lipossolúveis, inclusive os hormônios esteroides e tireóideos, se ligam a receptores dentro das células-alvo. Seu mecanismo de ação ocorre da seguinte forma (Figura 18.3):
Um hormônio lipossolúvel livre se difunde do sangue, pelo líquido intersticial e através da bicamada lipídica da membrana plasmática, para dentro da célula.
Se a célula for uma célula-alvo, o hormônio se liga aos receptores localizados no citosol ou no núcleo, ativando-os. O complexo receptor-hormônio ativado modifica a expressão do gene: ativa e desativa genes específicos do DNA nuclear.
Com a transcrição do DNA, ocorre formação de novo RNA mensageiro (mRNA) que deixa o núcleo e entra no citosol, onde dirige a síntese de uma nova proteína, muitas vezes uma enzima, nos ribossomos.
As novas proteínas alteram a atividade das células e causam respostas típicas do hormônio em questão.
Figura 18.3 Mecanismo de ação dos hormônios lipossolúveis esteroides e tireóideos.
Hormônios lipossolúveis se ligam a receptores dentro das células-alvo.
Qual é a ação do complexo receptor-hormônio?
Ação de hormônios hidrossolúveis
Por não serem lipossolúveis, os hormônios aminados, peptídicos, proteicos e eicosanoides não conseguem se difundir pela bicamada lipídica da membrana plasmática e se ligar aos receptores dentro das células-alvo. Em lugar disso, os hormônios hidrossolúveis se ligam a receptores que se projetam da superfície da célula-alvo. Esses receptores são proteínas transmembrana integrantes da membrana plasmática. Quando um hormônio hidrossolúvel se liga a seu receptor na superfície externa da membrana plasmática, ele atua como primeiro mensageiro. O primeiro mensageiro (o hormônio) promove a produção de um segundo mensageiro dentro da célula, onde acontecem respostas específicas estimuladas pelo hormônio. O AMP cíclico (cAMP) é um segundo mensageiro comum. Neurotransmissores, neuropeptídios e vários mecanismos de transdução sensorial (p. ex., visão; ver Figura 17.16) também atuam por meio de sistemas de segundo mensageiro.
A ação de um típico hormônio hidrossolúvel ocorre da seguinte maneira (Figura 18.4):
O hormônio hidrossolúvel (primeiro mensageiro) se difunde do sangue pelo líquido intersticial e, depois disso, se liga a seu receptor na superfície externa da membrana plasmática de uma célula-alvo. O complexo receptor-hormônio ativa uma proteína da membrana chamada de proteína G. A proteína G ativada, por sua vez, ativa a adenilato ciclase.
A adenilato ciclase converte ATP em AMP cíclico (cAMP). Uma vez que o local ativo da enzima é na superfície interna da membrana plasmática, essa reação ocorre no citosol da célula.
O AMP cíclico (segundo mensageiro) ativa uma ou mais proteinoquinases, as quais podem estar livres no citosol ou ligadas à membrana plasmática. A proteinoquinase é uma enzima que fosforila (adiciona um grupo fosfato) outras proteínas celulares (como enzimas). O doador do grupo fosfato é o ATP, que é convertido em ADP.
As proteinoquinases fosforilam uma ou mais proteínas celulares. A fosforilação ativa algumas dessas proteínas e inativa outras, como um interruptor.
As proteínas fosforiladas, por sua vez, causam reações que produzem respostas fisiológicas. Existem proteinoquinases diferentes no interior das células-alvo distintas e dentro de diferentes organelas da mesma célula-alvo. Assim, uma proteinoquinase pode desencadear a síntese de glicogênio, outra pode causar a degradação de triglicerídio, uma terceira pode promover a síntese de proteína e assim por diante. Conforme observado na etapa , a fosforilação por uma proteinoquinase também pode inibir determinadas proteínas. Por exemplo, algumas das quinases liberadas quando a epinefrina se liga aos hepatócitos inativam uma enzima necessária para a síntese de glicogênio.
Após um breve período, uma enzima chamada fosfodiesterase inativa o cAMP. Dessa forma, a resposta da célula é desativada a não ser que a ligação de novas moléculas hormonais a seus receptores na membrana plasmática continue.
Figura 18.4 Mecanismo de ação dos hormônios hidrossolúveis (aminas, peptídicos, proteicos e eicosanoides).
Hormônios hidrossolúveis se ligam a receptores incrustados nas membranas plasmáticas das células-alvo.
Por que o cAMP é um “segundo mensageiro”?
A ligação de um hormônio a seu receptor ativa muitas moléculas de proteína G, que, por sua vez, estimulam moléculas de adenilato ciclase (como se vê na etapa ). A não ser que sejam ainda mais estimuladas pela ligação entre mais moléculas de hormônio e seus receptores, as proteínas G lentamente são desativadas, diminuindo, assim, a atividade da adenilato ciclase e ajudando a cessar a resposta hormonal. As proteínas G são uma característica comum da maioria dos sistemas de segundo mensageiro.
Muitos hormônios exercem, pelo menos, parte de seus efeitos fisiológicos por meio da síntese mais intensa de cAMP. Hormônio antidiurético (HAD), hormônio tireoestimulante (TSH), hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), glucagon, epinefrina e hormônios liberados pelo hipotálamo são algunsexemplos. Em outros casos, como no do hormônio inibidor do hormônio do crescimento (GHIH), o nível de AMP cíclico diminui em resposta à ligação do hormônio a seu receptor. Além do cAMP, íons cálcio (Ca2+), cGMP (monofosfato cíclico de guanosina, um nucleotídio cíclico semelhante ao cAMP), inositol trifosfato (IP3) e diacilglicerol (DAG) são outros segundos mensageiros. Um determinado hormônio pode usar segundos mensageiros distintos em diferentes células-alvo.
Os hormônios que se ligam aos receptores da membrana plasmática podem induzir seus efeitos em concentrações muito baixas, pois iniciam uma cascata ou reação em cadeia, e cada passo multiplica ou amplia o efeito inicial. Por exemplo, a ligação de uma única molécula de epinefrina a seu receptor em uma célula hepática pode ativar uma centena ou mais de proteínas G, cada uma ativando uma molécula de adenilato ciclase. Se cada adenilato ciclase produzir 1.000 cAMP, então 100.000 desses segundos mensageiros serão liberados dentro da célula. Cada cAMP ativa uma proteinoquinase, a qual, por sua vez, pode atuar em centenas ou milhares de moléculas de substrato. Algumas das quinases fosforilam e ativam uma enzima-chave necessária para a degradação de glicogênio. O resultado final da ligação de uma única molécula de epinefrina a seu receptor é a quebra de milhões de moléculas de glicogênio em monômeros de glicose.
Interações hormonais
A responsividade de uma célula-alvo a um hormônio depende (1) da concentração sanguínea do mesmo, (2) da abundância de receptores hormonais na célula-alvo e (3) de influências exercidas por outros hormônios. Uma célula-alvo responde com mais vigor quando o nível de um hormônio sobe ou quando apresenta mais receptores (suprarregulação). Além disso, as ações de alguns hormônios nas células-alvo demandam exposição simultânea ou recente a um segundo hormônio. Nesses casos, diz-se que o segundo hormônio tem efeito permissivo. Por exemplo, a epinefrina sozinha estimula fracamente a lipólise (degradação de triglicerídios), mas quando existem concentrações baixas de hormônios da tireoide (T3 e T4), a mesma quantidade de epinefrina estimula a lipólise de maneira muito mais intensa. Não raro, o hormônio permissivo aumenta o número de receptores para o outro hormônio e, às vezes, promove a síntese de uma enzima necessária para a expressão de outros efeitos do outro hormônio.
Quando o efeito de dois hormônios que agem juntos é maior ou mais amplo do que o efeito de cada hormônio agindo sozinho, diz-se que os dois hormônios apresentam um efeito sinérgico. Por exemplo, o desenvolvimento normal de ovócitos nos ovários precisa tanto do hormônio foliculoestimulante da adeno-hipófise quanto de estrogênios do ovário. Nenhum dos hormônios isoladamente é suficiente.
Quando um hormônio faz oposição às ações de outro hormônio, diz-se que os dois hormônios apresentam efeitos antagônicos. Um exemplo de um par de hormônios antagônicos é a insulina, que promove a síntese de glicogênio pelos hepatócitos, e o glucagon, que estimula a degradação do glicogênio no fígado.
 TESTE RÁPIDO
6.Que fatores determinam a responsividade de uma célula-alvo a um hormônio?
7.Quais são as diferenças entre efeitos permissivos, efeitos sinérgicos e efeitos antagônicos dos hormônios?
18.5Controle da secreção hormonal
 OBJETIVO
•Descrever os mecanismos de controle da secreção hormonal.
A liberação da maioria dos hormônios ocorre em salvas breves, com pouca ou nenhuma secreção entre as salvas. Quando estimulada, uma glândula endócrina libera seus hormônios em salvas mais frequentes, aumentando a concentração sanguínea do hormônio. Na ausência de estimulação, o nível sanguíneo do hormônio diminui. A regulação da secreção normalmente evita a produção excessiva ou insuficiente de qualquer hormônio, ajudando a manter a homeostasia.
A secreção hormonal é regulada por (1) sinais do sistema nervoso, (2) alterações químicas no sangue e (3) outros hormônios. Por exemplo, impulsos nervosos para a medula da glândula suprarrenal regulam a liberação de epinefrina; o nível sanguíneo de Ca2+ regula a secreção de paratormônio (PTH); um hormônio da adeno-hipófise (hormônio adrenocorticotrófico) estimula a liberação de cortisol pelo córtex da glândula suprarrenal. A maioria dos sistemas regulatórios hormonais atua via feedback negativo (ver Figura 1.3), porém alguns operam por feedback positivo (ver Figura 1.4). Por exemplo, durante trabalho de parto, o hormônio ocitocina estimula as contrações do útero que, por sua vez, estimulam ainda mais a liberação de ocitocina, um efeito de feedback positivo.
Agora, depois de termos uma ideia geral das funções dos hormônios no sistema endócrino, voltamo-nos às discussões das várias glândulas endócrinas e os hormônios que secretam.
 TESTE RÁPIDO
8.Quais os três tipos de sinais que controlam a secreção hormonal?
18.6Hipotálamo e hipófise
 OBJETIVOS
•Descrever as localizações e as relações entre o hipotálamo e a hipófise
•Descrever a localização, a histologia, os hormônios e as funções da adeno-hipófise e da neuro-hipófise.
Por muitos anos, a glândula hipófise foi chamada de glândula endócrina “mestra” porque secreta vários hormônios que controlam outras glândulas endócrinas. Hoje, sabemos que a hipófise propriamente dita tem um mestre – o hipotálamo. Essa pequena região do encéfalo abaixo do tálamo é a principal conexão entre os sistemas nervoso e endócrino. As células no hipotálamo sintetizam, pelo menos, nove hormônios diferentes e a hipófise secreta sete. Juntos, esses hormônios desempenham funções importantes na regulação de praticamente todos os aspectos do crescimento, desenvolvimento, metabolismo e homeostasia.
A glândula hipófise é uma estrutura em forma de ervilha. com 1 a 1,5 cm de diâmetro e que se localiza na fossa hipofisial da sela turca do esfenoide. Fixa-se ao hipotálamo por um pedículo, o infundíbulo, e apresenta duas partes anatômica e funcionalmente separadas: a adeno-hipófise (lobo anterior) e a neuro-hipófise (lobo posterior). A adeno-hipófise representa cerca de 75% do peso total da glândula e é composta por tecido epitelial. No adulto, a adeno-hipófise consiste em duas partes: a parte distal, que é a porção maior, e a parte tuberal que forma uma bainha ao redor do infundíbulo. A neuro-hipófise é composta por tecido neural. Também consiste em duas partes: a parte nervosa, a porção bulbosa maior, e o infundíbulo. Uma terceira região da glândula hipófise, chamada de parte intermédia, atrofia-se durante o desenvolvimento fetal humano e deixa de existir como um lobo separado nos adultos (ver Figura 18.21B). Entretanto, algumas de suas células migram para partes adjacentes da adeno-hipófise, onde persistem.
Adeno-hipófise
A adeno-hipófise secreta hormônios que regulam uma ampla variedade de atividades corporais, desde o crescimento até a reprodução. A liberação de hormônios da adeno-hipófise é estimulada por hormônios liberadores e suprimida por hormônios inibidores do hipotálamo. Sendo assim, os hormônios hipotalâmicos constituem uma ligação importante entre os sistemas nervoso e endócrino.
Sistema porta hipofisário
Hormônios hipotalâmicos que liberam ou inibem hormônios da adeno-hipófise chegam à adeno-hipófise por meio de um sistema porta. Em geral, o sangue passa do coração, por uma artéria, para um capilar, daí para uma veia e de volta ao coração. Em um sistema porta, o sangue flui de uma rede capilar para uma veia porta e, em seguida, para uma segunda rede capilar antes de retornar ao coração. O nome do sistema porta indica a localização da segunda rede capilar. No sistema porta hipofisário, o sangue flui de capilares no hipotálamo para veias porta que carreiam sangue para capilares da adeno-hipófise.
As artérias hipofisárias superiores, ramos das artérias carótidas internas, levam sangue para o hipotálamo (Figura 18.5A). Na junção da eminência mediana do hipotálamo e o infundíbulo, essas artérias se dividem em uma rede capilar chamada de plexo primário do sistema porta hipofisário. Do plexo primário, o sangue drena para as veiasporto-hipofisárias que passam por baixo da parte externa do infundíbulo. Na adeno-hipófise, as veias porto-hipofisárias se dividem mais uma vez e formam outra rede capilar chamada de plexo secundário do sistema porta hipofisário.
Acima do quiasma óptico há grupos de neurônios especializados chamados de células neurossecretoras (Figura 18.5B). Essas células sintetizam os hormônios hipotalâmicos liberadores e inibidores em seus corpos celulares e envolvem os hormônios em vesículas, que alcançam os terminais axônicos por transporte axônico. Impulsos nervosos promovem a exocitose das vesículas. Depois disso, os hormônios se difundem para o plexo primário do sistema porta hipofisário. Rapidamente, os hormônios hipotalâmicos fluem com o sangue pelas veias porto-hipofisárias para o plexo secundário. Essa via direta possibilita que os hormônios hipotalâmicos atuem imediatamente nas células da adeno-hipófise, antes que os hormônios sejam diluídos ou destruídos na circulação geral. Os hormônios secretados pelas células da adeno-hipófise passam para os capilares do plexo secundário, que drenam para as veias porto-hipofisárias anteriores e para fora na circulação geral. Os hormônios da adeno-hipófise viajam até os tecidosalvo ao longo do corpo. Os hormônios da adeno-hipófise que atuam em outras glândulas endócrinas são chamados de hormônios tróficos ou trofinas.
Tipos de células da adeno-hipófise e seus hormônios
Cinco tipos de células da adeno-hipófise – somatotrofos, tireotrofos, gonadotrofos, lactotrofos e corticotrofos – secretam sete hormônios (Tabela 18.3):
Figura 18.5 Hipotálamo e hipófise e sua irrigação sanguínea. Os hormônios liberadores e inibidores sintetizados pelas células hipotalâmicas neurossecretoras são transportados nos axônios e liberados nos terminais axônicos. Os hormônios se difundem nos capilares do plexo primário do sistema porta hipofisário e são levados pelas veias porto-hipofisárias para o plexo secundário do sistema porta hipofisário para que sejam distribuídos às células-alvo na adeno-hipófise.
Os hormônios hipotalâmicos são uma importante ligação entre os sistemas nervoso e endócrino.
Qual é a importância funcional das veias porto-hipofisárias?
1.Os somatotrofos secretam hormônio do crescimento (GH), também conhecido como somatotrofina. O hormônio do crescimento, por sua vez, estimula vários tecidos a secretarem fatores de crescimento insulino-símiles (IGF), hormônios que estimulam o crescimento corporal geral e regulam aspectos do metabolismo.
2.Os tireotrofos secretam hormônio tireoestimulante (TSH), também conhecido como tireotrofina. O TSH controla as secreções e outras atividades da glândula tireoide.
3.Os gonadotrofos secretam duas gonadotrofinas: hormônio foliculoestimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH). O FSH e o LH atuam nas gônadas; estimulam a secreção de estrogênios e progesterona e a maturação de ovócitos nos ovários, além de estimularem a produção de espermatozoides e a secreção de testosterona nos testículos.
4.Os lactotrofos secretam prolactina (PRL), que inicia a produção de leite nas glândulas mamárias.
5.Os corticotrofos secretam hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), também conhecido como corticotrofina, que estimula o córtex da glândula suprarrenal a secretar glicocorticoides como cortisol. Alguns corticotrofos, remanescentes da parte intermédia, também secretam hormônio melanócito-estimulante (MSH).
	TABELA 18.3 Hormônios da adeno-hipófise.
	HORMÔNIO
	SECRETADO POR
	HORMÔNIO HIPOTALÂMICO LIBERADOR (ESTIMULA A SECREÇÃO)
	HORMÔNIO HIPOTALÂMICO INIBIDOR (SUPRIME A SECREÇÃO)
	Hormônio do crescimento (GH), também conhecido como somatotrofina
	Somatotrofos
	Hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH), também conhecido como somatocrinina
	Hormônio inibidor do hormônio do crescimento (GHIH), também conhecido como somatostatina
	Hormônio tireoestimulante (TSH), também conhecido como tireotrofina
	Tireotrofos
	Hormônio liberador de tireotrofina (TRH)
	Hormônio inibidor do hormônio do crescimento (GHIH)
	Hormônio foliculoestimulante (FSH)
	Gonadotrofos
	Hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH)
	–
	Hormônio luteinizante (LH)
	Gonadotrofos
	Hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH)
	–
	Prolactina (PRL)
	Lactotrofos
	Hormônio liberador de prolactina (PRH)*
	Hormônio inibidor da prolactina (PIH), que é a dopamina
	Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), também conhecido como corticotrofina
	Corticotrofos
	Hormônio liberador de corticotrofina (CRH)
	–
	Hormônio melanócitoestimulante (MSH)
	Corticotrofos
	Hormônio liberador da corticotrofina (CRH)
	Dopamina
*Acredita-se que exista, porém a natureza exata é incerta.
Figura 18.6 Regulação das células hipotalâmicas neurossecretoras e corticotrofos da adeno-hipófise por feedback negativo. As setas verdes sólidas indicam estímulo das secreções; as setas vermelhas pontilhadas querem dizer inibição da secreção via feedback negativo.
O cortisol secretado pelo córtex da glândula suprarrenal suprime a secreção de CRH e ACTH.
Que outros hormônios de glândula-alvo suprimem a secreção dos hormônios hipotalâmicos e da adeno-hipófise por feedback negativo?
Controle da secreção pela adeno-hipófise
A secreção dos hormônios da adeno-hipófise é regulada de duas maneiras. Na primeira, células neurossecretoras no hipotálamo secretam cinco hormônios liberadores, que estimulam a secreção de hormônios da adeno-hipófise, e dois hormônios inibidores, que suprimem a secreção de hormônios da adeno-hipófise (Tabela 18.3). Na segunda, o feedback negativo na forma de hormônios liberados pelas glândulas-alvo diminui secreções de três tipos de células da adeno-hipófise (Figura 18.6). Nessas alças de retroalimentação negativa, a atividade secretora dos tireotrofos, gonadotrofos e corticotrofos diminui quando os níveis sanguíneos dos hormônios das suas glândulas-alvo se elevam. Por exemplo, o ACTH estimula o córtex das glândulas suprarrenais a secretar glicocorticoides, principalmente cortisol. Por sua vez, o nível elevado de cortisol diminui a secreção tanto de corticotrofina quanto de hormônio liberador de corticotrofina (CRH) pela supressão da atividade dos corticotrofos da adeno-hipófise e das células neurossecretoras do hipotálamo.
Hormônio do crescimento e fatores de crescimento insulino-símiles
Os somatotrofos são as células mais numerosas na adeno-hipófise e o hormônio do crescimento (GH) é o hormônio mais abundante da adeno-hipófise. A principal função do GH é promover a síntese e a secreção de pequenos hormônios proteicos chamados fatores de crescimento insulino-símiles ou somatomedinas. Em resposta ao hormônio do crescimento, as células no fígado, no músculo esquelético, na cartilagem, nos ossos e em outros tecidos secretam fatores de crescimento insulino-símiles (IGFs), que podem entrar na corrente sanguínea a partir do fígado ou atuar de maneira local em outros tecidos como autócrinos ou parácrinos.
As funções dos IGF são:
1.Os IGF fazem com que as células cresçam e se multipliquem pela intensificação da captação de aminoácidos nas células e aceleração da síntese proteica. Os IGF também reduzem a degradação de proteínas e o uso de aminoácidos para a produção de ATP. Devido a esses efeitos dos IGF, o hormônio do crescimento aumenta a taxa de crescimento do esqueleto e dos músculos esqueléticos durante a infância e a adolescência. Em adultos, o hormônio do crescimento e os IGF ajudam a manter a massa dos músculos e ossos e promovem a cicatrização de lesões e o reparo tecidual.
2.Os IGF também intensificam a lipólise no tecido adiposo, aumentando o uso dos ácidos graxos liberados para a produção de ATP pelas células corporais.
3.Além de afetar o metabolismo proteico e lipídico, o hormônio do crescimento e os IGF influenciam o metabolismo dos carboidratos pela redução da captação de glicose, diminuindo o uso de glicose para a produção de ATP pela maioria das células corporais. Essa ação economiza glicose de forma a deixá-la disponível aos neurônios para produzir ATP nos períodos de escassez de glicose. Os IGF e o hormôniodo crescimento também podem estimular os hepatócitos a liberar glicose no sangue.
Os somatotrofos na adeno-hipófise liberam pulsos de hormônio do crescimento em intervalos de poucas horas, especialmente durante o sono. Sua atividade secretora é controlada principalmente por dois hormônios hipotalâmicos: (1) o hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH), que promove a secreção do GH, e (2) o hormônio inibidor do hormônio do crescimento (GHIH), que o suprime. O principal regulador da secreção de GHRH e de GHIH é o nível de glicose sanguínea (Figura 18.7):
A hipoglicemia, uma concentração sanguínea de glicose anormalmente baixa, estimula o hipotálamo a secretar GHRH, que flui em sentido à adeno-hipófise nas veias porto-hipofisárias.
Ao chegar à adeno-hipófise, o GHRH estimula os somatotrofos a liberar hormônio do crescimento humano.
O hormônio do crescimento estimula a secreção de fatores do crescimento insulino-símiles, que aceleram a degradação de glicogênio hepático em glicose, fazendo com que a glicose entre no sangue com mais rapidez.
Consequentemente, a glicemia se eleva ao nível normal (cerca de 90 mg/100 mℓ de plasma sanguíneo).
A elevação da glicemia acima do nível normal inibe a liberação de GHRH.
A hiperglicemia, uma concentração sanguínea de glicose anormalmente elevada, estimula o hipotálamo a secretar GHIH (ao mesmo tempo que inibe a secreção de GHRH).
Ao chegar à adeno-hipófise no sangue portal, o GHIH inibe a secreção de hormônio do crescimento pelos somatotrofos.
Níveis baixos de GH e IGF retardam a degradação de glicogênio no fígado e a glicose é liberada no sangue mais lentamente.
A glicemia cai para o nível normal.
A queda da glicemia abaixo do nível normal (hipoglicemia) inibe a liberação de GHIH.
Outros estímulos que promovem a secreção do hormônio do crescimento são diminuição de ácidos graxos e aumento de aminoácidos no sangue; sono profundo (estágios 3 e 4 do sono não REM); intensificação da atividade da parte simpática da divisão autônoma do sistema nervoso, como pode ocorrer durante o estresse ou exercícios físicos vigorosos; e outros hormônios, inclusive glucagon, estrogênios, cortisol e insulina. Os fatores que inibem a secreção do hormônio do crescimento humano são nível sanguíneo mais elevado de ácidos graxos e mais baixo de aminoácidos; sono de movimento rápido dos olhos; privação emocional; obesidade; baixos níveis de hormônios da tireoide; e hormônio do crescimento propriamente dito (por meio de feedback negativo). O hormônio inibidor do hormônio do crescimento (GHIH), alternativamente conhecido como somatostatina, também inibe a secreção do hormônio do crescimento.
	
	CORRELAÇÃO CLÍNICA |
	Efeito diabetogênico do GH
A hiperglicemia é um sinal de excesso de hormônio do crescimento (GH). A hiperglicemia persistente, por sua vez, estimula o pâncreas a secretar insulina de maneira contínua. Essa estimulação excessiva, se durar semanas ou meses, pode causar esgotamento das células beta, uma capacidade das células beta pancreáticas de sintetizar e secretar insulina fortemente reduzida. Dessa maneira, a secreção excessiva de hormônio do crescimento pode ter efeito diabetogênico; isto é, causa diabetes melito.
Figura 18.7 Efeitos do hormônio do crescimento (GH) e dos fatores insulina-símiles (IGF). As setas sólidas verdes indicam estímulo da secreção; as setas pontilhadas vermelhas indicam inibição da secreção via feedback negativo.
A secreção do GH é estimulada pelo hormônio liberador de hormônio do crescimento (GHRH) e inibida pelo hormônio inibidor de hormônio do crescimento (GHIH).
Se uma pessoa apresentar tumor na hipófise que secrete grandes quantidades de GH e as células tumorais não forem responsivas à regulação pelo GHRH e GHIH, o que ocorrerá mais provavelmente, hiperglicemia ou hipoglicemia?
Hormônio tireoestimulante
O hormônio tireoestimulante (TSH) estimula a síntese e a secreção de tri-iodotironina (T3) e tiroxina (T4), que são produzidas pela glândula tireoide. O hormônio liberador de tireotrofina (TRH) do hipotálamo controla a secreção de TSH. A liberação de TRH, por sua vez, depende dos níveis sanguíneos de T3 e T4; níveis elevados de T3 e T4 inibem a secreção de TRH via feedback negativo. Não existe hormônio inibidor da tireotrofina. A liberação de TRH será explicada posteriormente neste capítulo (ver Figura 18.12).
Hormônio foliculoestimulante
Nas mulheres, os ovários são os alvos do hormônio foliculoestimulante (FSH). A cada mês, o FSH inicia o desenvolvimento de vários folículos ovarianos, coleções em forma de saco de células secretoras que rodeiam o ovócito em desenvolvimento. O FSH também estimula as células foliculares a secretar estrogênios (hormônios sexuais femininos). Nos homens, o FSH promove a produção de espermatozoides nos testículos. O hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) do hipotálamo estimula a liberação de FSH. A liberação de GnRH e FSH é suprimida por estrogênios nas mulheres e pela testosterona (principal hormônio sexual masculino) nos homens por sistemas de feedback negativo. Não existe hormônio inibidor da gonadotrofina.
Hormônio luteinizante
Nas mulheres, o hormônio luteinizante (LH) desencadeia a ovulação, que consiste na liberação de um ovócito secundário (futuro ovo) por um ovário. O LH estimula a formação do corpo lúteo (estrutura formada após a ovulação) no ovário e a secreção de progesterona (outro hormônio sexual feminino) pelo corpo lúteo. Juntos, o FSH e o LH também promovem a secreção de estrogênios pelas células ovarianas. Os estrogênios e a progesterona preparam o útero para a implantação de um ovo fertilizado e ajudam a preparar as glândulas mamárias para a secreção de leite. Nos homens, o LH estimula células nos testículos a secretarem testosterona. A secreção de LH, assim como a do FSH, é controlada pelo hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH).
Prolactina
A prolactina (PRL), junto com outros hormônios, inicia e mantém a produção de leite pelas glândulas mamárias. Sozinha, a prolactina exerce um efeito fraco. Somente depois da preparação das glândulas mamárias promovida pelos estrogênios, progesterona, glicocorticoides, GH, tiroxina e insulina, que exercem efeitos permissivos, que a PRL promove a produção de leite. A ejeção de leite das glândulas mamárias depende do hormônio ocitocina, liberado pela adeno-hipófise. Em conjunto, a produção e a ejeção de leite constituem a lactação.
O hipotálamo secreta hormônios tanto inibitórios quanto excitatórios que regulam a secreção de prolactina. Nas mulheres, o hormônio inibidor de prolactina (PIH), que vem a ser a dopamina, inibe a liberação de prolactina da adeno-hipófise na maior parte do tempo. Todo mês, pouco antes de começar a menstruação, a secreção de PIH diminui e o nível sanguíneo de prolactina se eleva, porém não o suficiente para estimular a produção de leite. A hipersensibilidade das mamas pouco antes da menstruação pode ser causada pela elevação do nível de prolactina. Quando o ciclo menstrual começa de novo, o PIH é mais uma vez secretado e o nível de prolactina cai. Durante a gravidez, o nível de prolactina sobe estimulado pelo hormônio liberador de prolactina (PRH) do hipotálamo. A sucção realizada pelo recém-nascido promove a redução da secreção hipotalâmica de PIH.
A função da prolactina não é conhecida nos homens, porém sua hipersecreção causa disfunção erétil (incapacidade de apresentar ou manter ereção do pênis). Nas mulheres, a hipersecreção de prolactina causa galactorreia (lactação inapropriada) e amenorreia (ausência de ciclos menstruais).
Hormônio adrenocorticotrófico
Os corticotrofos secretam principalmente hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). O ACTH controla a produção e a secreção de cortisol e outros glicocorticoides pelo córtex das glândulas suprarrenais. O hormônio liberador de corticotrofina (CRH) do hipotálamo promove a secreção de ACTH pelos corticotrofos. Estímulos relacionados com o estresse, como glicose sanguínea baixa ou traumatismo físico, e a interleucina-1, uma substância produzida pelos macrófagos, também estimulama liberação de ACTH. Os glicocorticoides inibem a liberação de CRH e ACTH via feedback negativo.
Hormônio melanócito-estimulante
O hormônio melanócito-estimulante (MSH) aumenta a pigmentação da pele em anfíbios pela estimulação da dispersão de grânulos de melanina nos melanócitos. Sua função exata em humanos é desconhecida, porém a presença de receptores de MSH no encéfalo sugere que pode influenciar a atividade encefálica. Há pouco MSH circulante em humanos. Entretanto, a administração contínua de MSH ao longo de vários dias produz escurecimento da pele. Níveis excessivos de hormônio liberador de corticotrofina (CRH) podem estimular a liberação de MSH; a dopamina inibe a liberação de MSH.
A Tabela 18.4 resume as principais ações dos hormônios da adeno-hipófise.
	TABELA 18.4 Resumo das principais ações dos hormônios da adeno-hipófise.
	HORMÔNIO
	TECIDOS-ALVO
	PRINCIPAIS AÇÕES
	Hormônio do crescimento (GH), também conhecido como somatotrofina
	
	Estimula fígado, músculos, cartilagem, osso e outros tecidos a sintetizarem e secretarem fatores de crescimento insulina-símiles (IFG); os IFG promovem o crescimento de células corporais, a síntese proteica, o reparo tecidual, a lipólise e a elevação da concentração de glicose sanguínea.
	Hormônio tireoestimulante (TSH), também conhecido como tireotrofina
	
	Estimula a síntese e a secreção de hormônios da tireoide pela glândula tireoide
	Hormônio foliculoestimulante (FSH)
	
	Nas mulheres, inicia o desenvolvimento de ovócitos e induz à secreção ovariana de estrogênios. Em homens, estimula os testículos a produzirem espermatozoides.
	Hormônio luteinizante (LH)
	
	Nas mulheres, estimula a secreção de estrogênios e progesterona, a ovulação e a formação do corpo lúteo. Nos homens, estimula os testículos a produzirem testosterona.
	Prolactina (PRL)
	
	Junto com outros hormônios, promove a produção de leite nas glândulas mamárias.
	Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), também conhecido como corticotrofina
	
	Estimula a secreção de glicocorticoides (principalmente cortisol) pelo córtex da glândula suprarrenal.
	Hormônio melanócito-estimulante (MSH)
	
	A função exata em humanos é desconhecida, porém pode influenciar a atividade encefálica; quando presente em excesso, pode causar escurecimento da pele.
Neuro-hipófise
Embora não sintetize hormônios, a neuro-hipófise armazena e libera dois hormônios. É composta por axônios e terminais axônicos de mais de 10.000 células hipotalâmicas neurossecretoras. Os corpos celulares das células neurossecretoras se encontram nos núcleos paraventricular e supraóptico do hipotálamo; seus axônios formam o trato hipotálamo-hipofisial. Esse trato começa no hipotálamo e termina perto de capilares sanguíneos na neuro-hipófise (Figura 18.8). Os corpos das células neuronais dos dois núcleos paraventricular e supraóptico sintetizam o hormônio ocitocina (OT) e o hormônio antidiurético (ADH), também chamado de vasopressina. Os terminais axônicos na neurohipófise são associados à neuróglia especializada chamada de pituitócitos. Essas células apresentam uma função de suporte similar a dos astrócitos (ver Capítulo 12).
Após sua produção nos corpos celulares das células neurossecretoras, a ocitocina e o hormônio antidiurético são envolvidos em vesículas secretoras, que se movimentam por transporte axônico rápido (descrito na Seção 12.2) até os terminais axônicos na neuro-hipófise, onde são armazenados até que impulsos nervosos desencadeiam a exocitose e a liberação hormonal.
Figura 18.8 Trato hipotálamo-hipofisial. Os axônios das células hipotalâmicas neurossecretoras formam o trato hipotálamo-hipofisial que se estende dos núcleos paraventricular e supraóptico até a neuro-hipófise. Moléculas hormonais sintetizadas no corpo celular de uma célula neurossecretora são encarceradas em vesículas secretoras que se movimentam para baixo até os terminais axônicos. Os impulsos nervosos desencadeiam a exocitose das vesículas, liberando, desse modo, o hormônio.
A ocitocina e o hormônio antidiurético são sintetizados no hipotálamo e liberados no plexo capilar do infundíbulo na neuro-hipófise.
Funcionalmente, como o trato hipotálamo-hipofisial e as veias porto-hipofisárias são similares? E, estruturalmente, como são diferentes?
O sangue chega à neuro-hipófise pelas artérias hipofisárias inferiores, ramos da artéria carótida interna. Na neuro-hipófise, as artérias hipofisárias inferiores drenam para o plexo capilar do infundíbulo, uma rede capilar que recebe a ocitocina e o hormônio antidiurético secretados (ver Figura 18.5). Desse plexo, os hormônios passam para as veias porto-hipofisárias posteriores para serem distribuídos às células-alvo em outros tecidos.
Controle da secreção pela neuro-hipófise
OCITOCINA. Durante e depois do parto, a ocitocina atua em dois tecidos-alvo: o útero e as mamas da mãe. Durante o parto, o alongamento do colo do útero estimula a liberação de ocitocina, que, por sua vez, intensifica a contração das células musculares lisas da parede uterina (ver Figura 1.4); depois do parto, a ocitocina estimula a ejeção de leite (“descida”) das glândulas mamárias em resposta ao estímulo mecânico produzido pela sucção do bebê. A função da ocitocina em homens e mulheres não grávidas não é clara. Experimentos realizados em animais sugerem que a ocitocina exerça ações no encéfalo que promovem o comportamento parental de cuidado em relação ao filho. Também pode ser responsável, em parte, pelas sensações de prazer sexual durante e depois do intercurso.
	
	CORRELAÇÃO CLÍNICA |
	Ocitocina e parto
Anos antes da descoberta da ocitocina, era prática comum em obstetrícia permitir que o primeiro gêmeo nascido sugasse a mama da parturiente para acelerar o nascimento do segundo feto. Hoje, sabemos por que essa prática é útil – estimula a liberação de ocitocina. Mesmo após o nascimento de um único feto, a amamentação promove a expulsão da placenta e ajuda o útero a readquirir seu tamanho menor. A ocitocina sintética muitas vezes é administrada para induzir o parto ou para aumentar o tônus uterino e controlar a hemorragia logo após o parto.
HORMÔNIO ANTIDIURÉTICO. Como o prÓprio nome sugere, um antidiurético é uma substância que diminui a produção de urina. O HAD faz com que os rins devolvam mais água ao sangue, diminuindo, desse modo, o volume urinário. Na ausência de HAD o débito urinário aumenta mais de 10 vezes, passando do normal 1 ou 2 dois litros para cerca de 20 ℓ por dia. Muitas vezes, a ingestão de álcool causa micção frequente e copiosa porque o álcool inibe a secreção de hormônio antidiurético. O HAD também diminui a perda de água pela sudorese e causa constrição das arteríolas, o que eleva a pressão do sangue. O outro nome desse hormônio, vasopressina, traduz esse efeito sobre a pressão arterial.
A quantidade de HAD secretado varia com a pressão osmótica do sangue e com o volume sanguíneo. A Figura 18.9 mostra a regulação da secreção do hormônio antidiurético e as ações do HAD:
A pressão osmótica sanguínea alta (ou diminuição do volume sanguíneo) – devido a desidratação ou um declínio no volume sanguíneo em decorrência de hemorragia, diarreia ou sudorese excessiva – estimula os osmorreceptores, neurônios no hipotálamo que monitoram a pressão osmótica do sangue. A pressão osmótica sanguínea elevada ativa os osmorreceptores diretamente; eles também recebem estímulo excitatório de outras áreas encefálicas quando o volume de sangue diminui.
Os osmorreceptores ativam as células hipotalâmicas neurossecretoras que sintetizam e liberam hormônio antidiurético.
Quando as células neurossecretoras recebem estímulo excitatório dos osmorreceptores, elas geram impulsos nervosos que promovem a exocitose das vesículas cheias de hormônio antidiurético nos seus terminais axônicos na neuro-hipófise. Isso libera hormônio antidiurético, que se difunde para os capilares sanguíneos da neuro-hipófise.
O sangue transporta hormônio antidiurético para três tecidos-alvo: rins, glândulas sudoríferas (suor) e musculatura lisa das paredes dos vasos sanguíneos. Os rinsrespondem retendo mais água, o que reduz o débito urinário. A atividade secretora das glândulas sudoríferas diminui, o que restringe a taxa de perda de água pela perspiração da pele. A musculatura lisa nas paredes das arteríolas contrai em resposta aos elevados níveis de hormônio antidiurético, causando constrição desses vasos sanguíneos e elevando a pressão sanguínea.
A baixa pressão osmótica do sangue (ou aumento do volume sanguíneo) inibe os osmorreceptores.
A inibição dos osmorreceptores reduz ou cessa a secreção de hormônio antidiurético. Os rins retêm menos água, formando um volume maior de urina, a atividade secretora das glândulas sudoríferas se intensifica e as arteríolas se dilatam. O volume de sangue e a pressão osmótica dos líquidos corporais voltam ao normal.
A secreção de HAD também pode ser alterada de outras maneiras. Dor, estresse, trauma, ansiedade, acetilcolina, nicotina e substâncias como morfina, tranquilizantes e alguns anestésicos estimulam a secreção de HAD. O efeito desidratante do álcool etílico, que já foi mencionado, pode causar tanto a sede quanto a cefaleia típicas da ressaca. A hipossecreção de HAD ou receptores não funcionais de HAD causam diabetes insípido (ver Distúrbios | Desequilíbrios homeostáticos ao final deste capítulo).
Figura 18.9 Regulação da secreção e ações do hormônio antidiurético (HAD).
O HAD retém água corporal e aumenta a pressão do sangue.
Se você beber um litro de água, que efeito isso terá na pressão osmótica do seu sangue e como irá alterar a sua concentração sanguínea de HAD?
A Tabela 18.5 lista os hormônios da neuro-hipófise, o controle da sua secreção e suas principais ações.
 TESTE RÁPIDO
9.Em que aspecto a glândula hipófise é, na verdade, duas glândulas?
10.Como hormônios hipotalâmicos de liberação e inibição influenciam as secreções da adeno-hipófise?
11.Descreva a estrutura e a importância do trato hipotálamo-hipofisial.
	TABELA 18.5 Resumo dos hormônios da neuro-hipófise.
	HORMÔNIO E TECIDOS-ALVO
	CONTROLE DA SECREÇÃO
	AÇÕES PRINCIPAIS
	Ocitocina (OT)
	Células neurossecretoras do hipotálamo secretam OT em resposta à distensão uterina e à estimulação dos mamilos
	Estimula a contração das células musculares lisas do útero durante o parto; estimula a contração de células mioepiteliais nas glândulas mamárias para promover a ejeção de leite
	Hormônio antidiurético (HAD) ou vasopressina
	As células neurossecretoras do hipotálamo secretam HAD em resposta a elevação da pressão osmótica do sangue, desidratação, perda de volume sanguíneo, dor ou estresse; baixa pressão osmótica do sangue, volume sanguíneo elevado e álcool etílico são inibidores da secreção de HAD
	Conserva a água corporal por meio da diminuição do volume de urina; reduz a perda de água pela perspiração; eleva a pressão arterial por meio da constrição das arteríolas
18.7Glândula tireoide
 OBJETIVO
•Descrever a localização, a histologia, os hormônios e as funções da glândula tireoide.
A glândula tireoide, em formato de borboleta, está localizada logo abaixo da laringe. É composta pelos lobos direito e esquerdo, um em cada lado da traqueia, conectados por um istmo, anteriormente à traqueia (Figura 18.10A). Cerca de 50% das glândulas tireoides apresentam um pequeno terceiro lobo, chamado de lobo piramidal, que se estende superiormente a partir do istmo. A massa normal da tireoide é de aproximadamente de 30 g.
Microscópicos sacos esféricos chamados de folículos da tireoide (Figura 18.10B) constituem grande parte da glândula tireoide. A parede de cada folículo é constituída principalmente por células foliculares, cuja maioria se estende até o lúmen do folículo. Uma membrana basal envolve cada folículo. Quando as células foliculares estão inativas, seu formato varia de cúbico a pavimentoso, porém, sob a influência do TSH, passam a secretar ativamente e sua forma varia de cúbica a colunar. As células foliculares produzem dois hormônios: tiroxina, também chamada de tetraiodotironina (T4), pois contém quatro átomos de iodo, e tri-iodotironina (T3), que contém três átomos de iodo. T3 e T4 juntas também são chamadas de hormônios da tireoide. Entre os folículos, podem ser encontradas algumas células chamadas de células parafoliculares ou células C. Elas produzem o hormônio calcitonina (CT), que ajuda a regular a homeostasia do cálcio.
Formação, armazenamento e liberação dos hormônios da tireoide
A glândula tireoide é a única glândula endócrina que armazena seu produto secretório em grandes quantidades – normalmente o suficiente para cerca de 100 dias.
A síntese e a secreção de T3 e T4 ocorrem da seguinte forma (Figura 18.11):
Retenção de iodeto. As células foliculares da tireoide retêm íons iodeto (I–), transportando-os ativamente do sangue para o citosol. Por conta disso, em geral, a glândula tireoide contém a maioria do iodeto corporal.
Síntese de tireoglobulina. Ao mesmo tempo que retêm I–, as células foliculares também sintetizam tireoglobulina (TGB), uma grande glicoproteína produzida no retículo endoplasmático rugoso, modificada no complexo de Golgi e armazenada em vesículas secretoras. As vesículas sofrem exocitose, o que libera TGB para o lúmen do folículo.
Oxidação de iodeto. Parte dos aminoácidos na TGB consiste em tirosinas que se tornarão iodadas. Entretanto, íons iodeto com carga elétrica negativa não conseguem se ligar à tirosina até que sofram oxidação (remoção de elétrons) para iodeto: 2 I- → I2. Na medida em que os íons iodeto são oxidados, eles atravessam a membrana para o lúmen do folículo.
Iodação da tirosina. Conforme moléculas de iodo (I2) se formam, elas reagem com as tirosinas integrantes das moléculas de tireoglobulina. A ligação de um átomo de iodo produz monoiodotirosina (T1) e a de dois produz di-iodotirosina (T2). A TGB com átomos de iodo fixados é um material viscoso que se acumula e é armazenado no lúmen do folículo da tireoide, chamado de coloide.
Figura 18.10 Localização, irrigação sanguínea e histologia da glândula tireoide.
Os hormônios da tireoide regulam (1) o uso de oxigênio e a taxa metabólica basal, (2) o metabolismo celular e (3) o crescimento e o desenvolvimento.
Que células secretam T3 e T4? Que células secretam calcitonina? Quais desses hormônios também são chamados hormônios da tireoide?
Acoplamento de T1 e T2. Durante a última etapa da síntese dos hormônios da tireoide, duas moléculas de T2 se juntam para formar T4 ou uma de T1 com uma de T2 se unem para formar T3.
Pinocitose e digestão de coloide. Gotículas de coloide penetram de novo nas células foliculares por pinocitose e se juntam aos lisossomos. Enzimas digestivas nos lisossomos degradam a TGB, separando moléculas de T3 e T4.
Secreção de hormônios da tireoide. Como são lipossolúveis, T3 e T4 se difundem através da membrana plasmática para o líquido intersticial e, em seguida, para o sangue. Em geral, T4 é secretada em maior quantidade que T3, mas T3 é muitas vezes mais potente. Além disso, depois que a T4 entra no corpo celular, a maioria dela é convertida a T3 por remoção de um iodo.
Transporte no sangue. Mais de 99% de T3 e T4 se combinam a proteínas transportadoras no sangue, principalmente à globulina transportadora de tiroxina (TBG).
Ações dos hormônios da tireoide
Uma vez que a maioria das células corporais apresenta receptores para hormônios da tireoide, T3 e T4 exercem seus efeitos por todo o corpo.
1.Os hormônios da tireoide aumentam a taxa metabólica basal (TMB), que consiste no consumo de oxigênio em condições basais ou padrão (acordado, em repouso e jejum) por meio da estimulação do uso de oxigênio celular na produção de ATP. Quando a taxa metabólica basal aumenta, o metabolismo celular dos carboidratos, lipídios e proteínas se torna mais intenso.
2.Outro efeito importante dos hormônios da tireoide é o de estimular a síntese de bombas adicionais de sódio e potássio (Na+-K+ ATPase), o que utiliza grandes quantidades de ATP para continuamente ejetar íons sódio (Na+) do citosol no líquido extracelular e íons potássio (K+) do líquido extracelular no citosol. Com a produçãoe a utilização de mais ATP pelas células, mais calor é liberado e a temperatura corporal sobe. Esse fenômeno é chamado de efeito calorigênico. Dessa maneira, os hormônios da tireoide têm participação importante na manutenção da temperatura corporal normal. Mamíferos normais são capazes de sobreviver a temperaturas muito baixas, mas aqueles cuja glândula tireoide foi removida não conseguem.
Figura 18.11 Etapas da síntese e secreção dos hormônios da tireoide.
Os hormônios da tireoide são sintetizados a partir da fixação de átomos de iodo ao aminoácido tirosina.
Qual é a forma de armazenamento dos hormônios da tireoide?
3.Na regulação do metabolismo, os hormônios da tireoide estimulam a síntese de proteína e aumentam o uso de glicose e ácidos graxos para a produção de ATP. Além disso, intensificam a lipólise e a excreção de colesterol, reduzindo, desse modo, o nível de colesterol sanguíneo.
4.Os hormônios da tireoide intensificam algumas ações das catecolaminas (norepinefrina e epinefrina), pois promovem a suprarregulação dos receptores beta (β). Por essa razão, os sinais/sintomas do hipertireoidismo incluem frequência cardíaca aumentada, batimentos cardíacos mais fortes e pressão arterial elevada.
5.Junto com o hormônio do crescimento e com a insulina, os hormônios da tireoide aceleram o crescimento corporal, sobretudo o crescimento dos sistemas nervoso e esquelético. A deficiência de hormônios da tireoide durante o desenvolvimento fetal ou infância causa grave retardo mental e restrição do crescimento ósseo.
Controle da secreção de hormônio da tireoide
O hormônio liberador de tireotrofina (TRH) do hipotálamo e o hormônio tireoestimulante (TSH) da adeno-hipófise estimulam a síntese e a liberação dos hormônios da tireoide, conforme mostra a Figura 18.12:
Níveis reduzidos de T3 e T4 ou taxa metabólica baixa estimulam o hipotálamo a secretar TRH.
O TRH entra nas veias porto-hipofisárias e flui para a adeno-hipófise, onde estimula os tireotrofos a secretar TSH.
O TSH estimula praticamente todos os aspectos da atividade celular dos folículos da tireoide, inclusive captação de iodeto ( Figura 18.11), síntese e secreção de hormônio ( e  Figura 18.11) e crescimento das células foliculares.
As células foliculares da tireoide liberam T3 e T4 no sangue até que a taxa metabólica volte ao normal.
O nível elevado de T3 inibe a liberação de TRH e TSH (inibição por feedback negativo).
Condições que aumentam a demanda de ATP – ambiente frio, hipoglicemia, altitude elevada e gravidez – também intensificam a secreção dos hormônios da tireoide.
Calcitonina
O hormônio produzido pelas células parafoliculares da glândula tireoide (ver Figura 18.10B) é a calcitonina (CT). A CT diminui o nível sanguíneo de cálcio por meio da inibição da ação dos osteoclastos, células que degradam a matriz celular óssea. A secreção de CT é controlada por um sistema de feedback negativo (ver Figura 18.14).
Quando o nível sanguíneo de calcitonina está elevado, ocorre queda da concentração sanguínea de cálcio e fosfatos, com inibição da reabsorção óssea (degradação da matriz óssea extracelular) pelos osteoclastos e aceleração da captação de cálcio e fosfatos na matriz óssea extracelular. A miacalcina, um extrato da calcitonina derivado do salmão que é 10 vezes mais potente que a calcitonina humana, é prescrita no tratamento da osteoporose.
Figura 18.12 Regulação da secreção e ações dos hormônios da tireoide. TRH = hormônio liberador da tireotrofina, TSH = hormônio tireoestimulante, T3 = tri-iodotironina e T4 = tiroxina (tetraiodotironina).
O TSH promove a liberação dos hormônios da tireoide (T3 e T4) pela glândula tireoide.
Como uma dieta deficiente em iodo pode levar ao bócio, que consiste no aumento da glândula tireoide?
A Tabela 18.6 resume os hormônios produzidos pela glândula tireoide, o controle das suas secreções e suas principais ações.
 TESTE RÁPIDO
12.Explique como os níveis sanguíneos de T3/T4, TSH e TRH se alterariam em um animal de laboratório submetido à tireoidectomia (remoção completa da glândula tireoide).
13.Como os hormônios da tireoide são sintetizados, armazenados e secretados?
14.Como a secreção de T3 e T4 é regulada?
15.Quais são os efeitos fisiológicos dos hormônios da tireoide?
	TABELA 18.6 Resumo dos hormônios da glândula tireoide.
	HORMÔNIO E FONTE
	CONTROLE DA SECREÇÃO
	PRINCIPAIS AÇÕES
	T3 (tri-iodotironina) e T4 (tiroxina) ou hormônios da tireoide das células foliculares.
	A secreção é intensificada pelo hormônio liberador de tireotrofina (TRH), que estimula a liberação de hormônio tireoestimulante (TSH) em resposta aos níveis reduzidos de hormônio da tireoide, taxa metabólica baixa, frio, gravidez e altitudes elevadas; as secreções de TRH e TSH são inibidas frente a níveis elevados de hormônios da tireoide; níveis altos de iodo suprimem a secreção de T3/T4
	Aumentam a taxa metabólica basal; estimulam a síntese de proteínas; acentuam o uso de glicose e ácidos graxos para a produção de ATP; intensificam a lipólise; aumentam a excreção de colesterol; aceleram o crescimento corporal; contribuem para o desenvolvimento do sistema nervoso
	Calcitonina (CT) das células parafoliculares
	Níveis sanguíneos elevados de Ca2+ estimulam a secreção; níveis sanguíneos baixos de Ca2+ inibem a secreção
	Reduz os níveis sanguíneos de Ca2+ e HPO42– inibindo a reabsorção óssea pelos osteoclastos e acelerando a captação de cálcio e fosfatos na matriz celular óssea
18.8Glândulas paratireoides
 OBJETIVO
•Descrever a localização, a histologia, o hormônio e as funções das glândulas paratireoides.
Parcialmente incrustadas na face posterior dos lobos direito e esquerdo da glândula tireoide, encontramos várias pequenas massas de tecido arredondadas chamadas de glândulas paratireoides. Cada uma pesa cerca de 40 mg (0,04 g). Em geral, uma glândula paratireoide inferior e uma superior estão fixadas em cada lobo da tireoide (Figura 18.13A), em um total de quatro.
Microscopicamente, as glândulas paratireoides contêm dois tipos de células epiteliais (Figura 18.13B, C). As células mais numerosas, chamadas de células principais, produzem o paratormônio (PTH). A função do outro tipo de célula, chamado de célula oxifílica, não é conhecida na glândula paratireoide normal. No entanto, sua presença ajuda a identificar com clareza a glândula paratireoide do ponto de vista histológico devido às suas características únicas de coloração. Além disso, no câncer de glândulas paratireoides, as células oxifílicas secretam PTH em excesso.
Paratormônio
O paratormônio é o principal regulador dos níveis de cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+) e fosfato (HPO42–) no sangue. A ação específica do PTH é aumentar a quantidade e a atividade dos osteoclastos. O resultado é reabsorção óssea acentuada, o que libera cálcio (Ca2+) e fosfatos (HPO42–) no sangue. O PTH também atua nos rins. Primeiro, retarda a perda de Ca2+ e Mg2+ do sangue para a urina. Em segundo lugar, acentua a perda de HPO42– do sangue para a urina. Uma vez que mais HPO42– é perdido na urina do que ganho dos ossos, o PTH diminui o nível sanguíneo de HPO42– e eleva os níveis sanguíneos de Ca2+ e Mg2+. Um terceiro efeito do PTH sobre os rins é a promoção da formação do hormônio calcitriol, que consiste na forma ativa da vitamina D. O calcitriol, também conhecido como 1,25-di-hidroxivitamina D3, aumenta a taxa de absorção sanguínea de Ca2+, HPO42– e Mg2+ no sistema digestório.
Controle da secreção da calcitonina e do paratormônio
O nível sanguíneo de cálcio controla diretamente a secreção de calcitonina e paratormônio por meio de alças de feedback negativo que não envolvem a glândula hipófise (Figura 18.14):
O nível sanguíneo de íons cálcio (Ca2+) acima do normal estimula as células parafoliculares da glândula tireoide a liberarem mais calcitonina.
A calcitonina inibe a atividade dos osteoclastos, diminuindo, dessa forma, o nível sanguíneo de Ca2+.
O nível sanguíneo de íons cálcio (Ca2+) abaixo do normal estimula as células principais da glândula paratireoide a liberarem mais PTH.
O PTH promove a reabsorçãode matriz óssea extracelular, o que libera Ca2+ no sangue e retarda a perda de Ca2+ na urina, elevando o nível de Ca2+ no sangue.
Figura 18.13 Localização, irrigação sanguínea e histologia das glândulas paratireoides.
As glândulas paratireoides, normalmente quatro, estão incrustadas na face posterior da glândula tireoide.
Quais são os produtos da secreção das (1) células foliculares da glândula tireoide e (2) das células principais das glândulas paratireoides?
Figura 18.14 Funções da calcitonina (setas verdes), paratormônio (setas azuis) e calcitriol (setas laranjas) na homeostasia do cálcio.
Com relação à regulação do nível sanguíneo de Ca2+, a calcitonina e o PTH são antagonistas.
Quais são os principais tecidos-alvo do PTH, CT e calcitriol?
O PTH também estimula os rins a sintetizarem o calcitriol, que consiste na forma ativa da vitamina D.
O calcitriol estimula a absorção mais acentuada de Ca2+ dos alimentos no sistema digestório, o que ajuda a aumentar o nível sanguíneo de Ca2+.
A Tabela 18.7 resume o controle da secreção e as principais ações do paratormônio.
 TESTE RÁPIDO
16.Como é regulada a secreção do paratormônio?
17.Em que aspectos as ações do PTH e do calcitriol são semelhantes? E como são diferentes?
	TABELA 18.7 Resumo do hormônio das glândulas paratireoides.
	HORMÔNIO E FONTE
	CONTROLE DA SECREÇÃO
	PRINCIPAIS AÇÕES
	
	Paratormônio (PTH) das células principais
	Níveis sanguíneos baixos de Ca2+ estimulam a secreção; níveis sanguíneos elevados de Ca2+ inibem a secreção
	Eleva os níveis sanguíneos de Ca2+ e Mg2+ e diminui o nível sanguíneo de HPO42–; exacerba a reabsorção óssea pelos osteoclastos; aumenta a reabsorção de Ca2+ e a excreção de HPO42– pelos rins; promove a formação de calcitriol (forma ativa da vitamina D), que aumenta a taxa de absorção de Ca2+ e Mg2+ da dieta.
18.9Glândulas suprarrenais
 OBJETIVO
•Descrever a localização, a histologia, os hormônios e as funções das glândulas suprarrenais.
As duas glândulas suprarrenais, cada uma localizada em cima de cada rim no espaço retroperitoneal (Figura 18.15A), apresentam formato de pirâmide achatada. No adulto, cada glândula suprarrenal tem de 3 a 5 cm de altura, 2 a 3 cm de largura, um pouco menos de 1 cm de espessura, massa variando de 3,5 a 5 g e apenas metade do seu tamanho ao nascimento. Durante o desenvolvimento embrionário, as glândulas suprarrenais se diferenciam em duas regiões distintas de ponto de vista estrutural e funcional: um córtex da glândula suprarrenal grande, perifericamente localizado, que compreende 80 a 90% da glândula, e uma pequena medula da glândula suprarrenal (Figura 18.15B), localizada centralmente. Uma cápsula de tecido conjuntivo reveste a glândula. As glândulas suprarrenais, assim como a glândula tireoide, são altamente vascularizadas.
O córtex da glândula suprarrenal produz hormônios esteroides essenciais à vida. A perda total dos hormônios adrenocorticais leva à morte por desidratação e desequilíbrios eletrolíticos no período de poucos dias a 1 semana, a não ser que se comece prontamente a terapia de reposição hormonal. A medula da glândula suprarrenal produz três hormônios catecolaminas – norepinefrina, epinefrina e uma pequena quantidade de dopamina.
Córtex da glândula suprarrenal
O córtex da glândula suprarrenal é subdividido em três zonas, e cada uma delas secreta hormônios diferentes (Figura 18.15D). A zona mais externa, imediatamente profunda à cápsula de tecido conjuntivo, é a zona glomerulosa. Suas células, densamente acondicionadas e distribuídas em grupos esféricos e colunas arqueadas, secretam hormônios chamados de mineralocorticoides, pois afetam a homeostasia mineral. A zona do meio ou zona fasciculada é a mais larga das três zonas e consiste em células distribuídas em colunas longas e retas. As células da zona fasciculada secretam principalmente glicocorticoides, em especial cortisol, assim chamados por afetarem a homeostasia da glicose. As células da zona mais interna, a zona reticular, são distribuídas em cordões ramificados. Elas sintetizam pequenas quantidades de androgênios fracos, que são hormônios esteroides que exercem efeitos masculinizantes.
Figura 18.15 Localização, irrigação sanguínea e histologia das glândulas suprarrenais.
O córtex da glândula suprarrenal secreta hormônios esteroides essenciais à vida; a medula da glândula suprarrenal secreta norepinefrina e epinefrina.
Qual é a posição das glândulas suprarrenais em relação aos rins?
Mineralocorticoides
A aldosterona é o principal mineralocorticoide; regula a homeostasia de dois íons minerais – íons sódio (Na+) e potássio (K+) – e ajuda a ajustar a pressão arterial e o volume de sangue. A aldosterona também promove a excreção de H+ na urina; essa remoção de ácidos do corpo pode ajudar a evitar a acidose (pH abaixo de 7,35), discutida no Capítulo 27.
Controle da secreção de aldosterona
A via renina-angiotensina-aldosterona (RAA) controla a secreção de aldosterona (Figura 18.16):
Desidratação, deficiência de Na+ e hemorragia são estímulos que iniciam a via da renina-angiotensina-aldosterona.
Essas condições promovem a diminuição do volume sanguíneo.
O volume sanguíneo reduzido promove a queda da pressão arterial.
A pressão arterial mais baixa estimula certas células renais, chamadas de células justaglomerulares, a secretar a enzima renina.
O nível de renina no sangue sobe.
A renina converte a angiotensina, uma proteína plasmática produzida pelo fígado, em angiotensina I.
Sangue contendo níveis mais altos de angiotensina I circula pelo corpo.
Conforme o sangue flui pelos capilares, sobretudo dos pulmões, a enzima conversora de angiotensina (ECA) converte angiotensina I no hormônio angiotensina II.
O nível sanguíneo de angiotensina II sobe.
A angiotensina II estimula o córtex da glândula suprarrenal a secretar aldosterona.
Sangue contendo níveis mais elevados de aldosterona circula para os rins.
Nos rins, a aldosterona aumenta a reabsorção de Na+, que, por sua vez, promove a reabsorção de água por osmose. Em consequência disso, perde-se menos água na urina. A aldosterona também estimula os rins a intensificarem a secreção de K+ e H+ na urina.
Com a reabsorção mais intensa de água pelos rins, o volume de sangue aumenta.
Na medida em que o volume de sangue aumenta, a pressão arterial se eleva ao normal.
A angiotensina II também estimula a contração da musculatura lisa das paredes das arteríolas. A constrição resultante das arteríolas aumenta a pressão sanguínea e, desse modo, ajuda a elevar a pressão de volta ao normal.
Além da angiotensina II, um segundo fator que estimula a secreção de aldosterona é uma concentração maior de K+ no sangue (ou líquido intersticial). A diminuição no nível sanguíneo de K+ produz o efeito oposto.
Figura 18.16 Regulação da secreção de aldosterona pela via renina-angiotensina-aldosterona (RAA).
A aldosterona ajuda a regular o volume sanguíneo, a pressão arterial e os níveis de Na+, K+ e H+ no sangue.
Quais são as duas maneiras pelas quais a angiotensina II pode elevar a pressão arterial e quais são os tecidos-alvo em cada caso?
Glicocorticoides
Os glicocorticoides, que regulam o metabolismo e a resistência ao estresse, são o cortisol, a corticosterona e a cortisona. Desses três hormônios secretados pela zona fasciculada, o cortisol é o mais abundante, responsável por cerca de 95% da atividade glicocorticoide.
Os glicocorticoides exercem os seguintes efeitos:
1.Degradação de proteína. Os glicocorticoides intensificam a taxa de degradação de proteína, principalmente nas fibras musculares e, dessa forma, aumentam a liberação de aminoácidos na corrente sanguínea. Os aminoácidos podem ser usados pelas células corporais na síntese de novas proteínas ou na produção de ATP.
2.Formação de glicose. Ao serem estimulados pelos glicocorticoides, os hepatócitos convertem determinados aminoácidos ou ácido láctico em glicose, que será usada por neurônios e outras células para produzir ATP. Tal conversão, de uma substância que não seja o glicogênio ou outro monossacarídio em glicose, é chamada de gliconeogênese.

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