Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). Com certificado online 60 horas Atualização em Primeiros Socorros Nice Dias Gonçalves Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). Atualização em Primeiros Socorros Nice Dias Gonçalves 60 horas Com certificado online SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 5 ETAPAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS ....................................................... 7 2.1 AVALIAÇÃO DO LOCAL DO ACIDENTE ............................................................ 7 2.2 PROTEÇÃO, AVALIAÇÃO E EXAME DO ESTADO GERAL DO ACIDENTADO ................................................................................................................. 8 2.2.1 Coluna Dorsal Perguntar ao acidentado se sente dor. .......................................... 9 2.3 TÓRAX E MEMBROS ............................................................................................... 9 2.4 EXAME DO ACIDENTADO INCONSCIENTE ....................................................... 9 2.4.1 Observações ........................................................................................................ 10 FUNÇÕES, SINAIS VITAIS E DE APOIO .................................................................... 11 3.1 FUNÇÕES VITAIS ................................................................................................... 11 3.2 SINAIS VITAIS ........................................................................................................ 12 3.3 SINAIS DE APOIO ................................................................................................... 12 3.3.1 Dilatação e reatividade das pupilas .................................................................... 13 3.3.2 Cor e Umidade da Pele ....................................................................................... 13 3.3.3 Estado de Consciência ........................................................................................ 13 3.3.4 Motilidade e Sensibilidade do Corpo ................................................................. 14 MANOBRAS EM PRIMEIROS SOCORROS ............................................................... 15 4.1 SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV) ..................................................................... 15 4.2 AVALIAÇÃO INICIAL DA VÍTIMA ..................................................................... 17 4.2.1 As novas diretrizes da American Heart Association AHS preconizam a sequência: .................................................................................................................... 17 4.3 INICIANDO AS COMPRESSÕES TORÁCICAS ................................................... 18 4.4 ABERTURA DE VIA AÉREA EM CASOS CLÍNICOS ........................................ 18 4.5 ABERTURA DE VIA AÉREA EM CASOS DE TRAUMA ................................... 18 4.6 RESPIRAÇÃO BOCA A BOCA .............................................................................. 19 TRANSPORTE DO PACIENTE ..................................................................................... 22 PRINCÍPIOS E TÉCNICAS ENVOLVIDOS NA EXTRICAÇÃO ............................. 25 6.1 TÉCNICAS DE ROLAMENTO (ROLAMENTO DE 90°) ..................................... 25 6.2 TÉCNICAS DE ROLAMENTO (ROLAMENTO DE 180°) ................................... 26 6.3 TÉCNICA DE ELEVAÇÃO A CAVALEIRA ......................................................... 26 6.4 OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS E PARADA RESPIRATÓRIA ....................... 26 FERIMENTO .................................................................................................................... 30 7.1 QUEIMADURA ........................................................................................................ 31 7.2 AVALIAÇÃO DAS QUEIMADURAS .................................................................... 33 7.2.1 Profundidade ....................................................................................................... 33 7.2.2 Extensão ............................................................................................................. 34 7.2.3 Localização das queimaduras ............................................................................. 34 7.2.4 Idade do paciente queimado ............................................................................... 35 7.2.5 Doenças e condições associadas ......................................................................... 35 7.3 INALAÇÃO DE PRODUTOS DE COMBUSTÃO ................................................. 35 7.3.1 Primeiros cuidados ............................................................................................. 35 LESÕES TRAUMÁTICAS E ORTOPÉDICAS ............................................................ 38 8.1 FRATURAS, LUXAÇÕES E ENTORSES .............................................................. 38 8.1.1 Fratura ................................................................................................................. 38 8.2 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE FRATURAS DE EXTREMIDADE ............ 39 8.2.1 Diagnóstico de fraturas de extremidade: ............................................................ 39 8.2.2 Localizações principais ...................................................................................... 40 8.3 ABORDAGEM ......................................................................................................... 40 8.3.1 Primeiros Socorros a fraturas ............................................................................. 40 8.4 CONDUTA ................................................................................................................ 41 8.4.1 Garantir a segurança do local ............................................................................. 41 8.4.2 ......................................................................... Avaliar permeabilidade de vias aéreas ..................................................................................................................................... 41 8.4.3 Avaliar ventilação ............................................................................................... 41 8.4.4 Avaliar estado circulatório ................................................................................. 42 8.4.5 Avaliar estado neurológico ................................................................................. 42 8.4.6 Expor com prevenção e controle da hipotermia ................................................. 42 8.4.7 Avaliar sensibilidade e mobilidade .................................................................... 42 REGRAS PARA IMOBILIZAÇÃO DE FRATURAS ................................................... 44 9.1 LUXAÇÕES .............................................................................................................. 45 9.2 ENTORSES ............................................................................................................... 45 9.3 TRATAMENTO ........................................................................................................ 46 9.4 CHOQUE ELÉTRICO .............................................................................................. 47 9.4.1 Como Proceder ...................................................................................................48 9.4.2 Crise Convulsiva ................................................................................................ 49 9.4.3 Procedimento ...................................................................................................... 50 9.4.4 Após a convulsão ................................................................................................ 50 9.5 CORPO ESTRANHO ............................................................................................... 51 9.5.1 Corpo Estranho nos Olhos .................................................................................. 51 9.5.2 Procedimento ...................................................................................................... 51 9.5.3 Corpo Estranho na Pele ...................................................................................... 51 9.5.4 Corpo Estranho no Ouvido ................................................................................. 52 9.5.5 Corpo Estranho no Nariz .................................................................................... 52 9.5.6 Corpo Estranho na Garganta .............................................................................. 52 9.5.7 Procedimento ...................................................................................................... 52 INTOXICAÇÃO ALIMENTAR ...................................................................................... 54 10.1 TRATAMENTO ...................................................................................................... 54 AVALIAÇÃO .................................................................................................................... 56 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 60 Unidade 01 - Introdução Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 5 01 INTRODUÇÃO Os objetivos dos primeiros socorros incluem tanto aspectos preventivos, onde a educação em saúde é a principal parte desse processo, tentando assim minimizar o número de incidentes. O momento que antecede o socorro, que são os cuidados tomados, momento de alerta com a cena e com tudo que a envolve, sendo esta segurança primordial para o atendimento. E o ato de socorrer, sendo caracterizado pelo atendimento embasado cientificamente, numa sequência lógica, priorizando os órgãos chaves para o funcionamento do corpo. Mas enfim, o que é um primeiro socorro? Primeiro socorro é o tratamento inicial e temporário ministrado a acidentados e/ou vítimas de doença súbita, num esforço de preservar a vida, diminuir a incapacidade e minimizar o sofrimento. O primeiro socorro consiste, conforme a situação, na proteção de feridas, imobilização de fraturas, controle de hemorragias externas, desobstrução das vias respiratórias e realização de manobras de suporte básico de vida. Qualquer pessoa pode e deve ter formação em primeiros socorros. A sua implementação não substitui nem deve atrasar a ativação dos serviços de emergência médica, mas sim impedir ações intempestivas, alertar e ajudar, evitando o agravamento do acidente. Qualidades do socorrista: Autocontrolo e sentido de responsabilidade. Capacidade de organização e liderança. Capacidade de comunicação. Capacidade para tomar decisões. Compreensão e respeito pelo outro. Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 6 Consciência das suas limitações. Contudo, perante uma doença súbita ou um acidente grave, deve-se ativar os serviços de emergência médica, através do número 192, e o socorrista tem a responsabilidade de: Informar claramente o local onde se encontra a vítima. Relatar de forma simples como se deu o acidente. Dar indicações precisas sobre o estado da vítima. Pedir a quem atendeu a chamada para repetir a mensagem, a fim de verificar se esta foi devidamente entendida. Promover um ambiente calmo, afastando eventuais curiosos e evitando comentários. Acalmar e, se possível, peça informações à vítima sobre o sucedido. Executar os primeiros socorros de acordo com o estado da vítima e as lesões sofridas. Unidade 02 – Etapas Básicas de Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 7 02 ETAPAS BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS O atendimento de primeiros socorros pode ser dividido em etapas básicas que permitem a maior organização no atendimento e, portanto, resultados mais eficazes. 2.1 AVALIAÇÃO DO LOCAL DO ACIDENTE Esta é a primeira etapa básica na prestação de primeiros socorros. Ao chegar no local de um acidente, ou onde se encontra um acidentado, deve-se assumir o controle da situação e proceder a uma rápida e segura avaliação da ocorrência. Deve-se tentar obter o máximo de informações possíveis sobre o ocorrido. Dependendo das circunstâncias de cada acidente, é importante também: a. Evitar o pânico e procurar a colaboração de outras pessoas, dando ordens breves, claras, objetivas e concisas; b. Manter afastados os curiosos, para evitar confusão e para ter espaço em que se possa trabalhar da melhor maneira possível. A proteção do acidentado deve ser feita com o mesmo rigor da avaliação da ocorrência e do afastamento de pessoas curiosas ou que visivelmente tenham perdido o autocontrole e possam prejudicar a prestação dos primeiros socorros. É importante observar rapidamente se existem perigos para o acidentado e para quem estiver prestando o socorro nas proximidades da ocorrência. Por exemplo: fios elétricos soltos e desencapados; tráfego de veículos; andaimes; vazamento de gás; máquinas funcionando. Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 8 Devem-se identificar pessoas que possam ajudar. Não esquecer de desligar a corrente elétrica; evitar chamas, faíscas e fagulhas; afastar pessoas desprotegidas da presença de gás; retirar vítima de afogamento da água, desde que o faça com segurança para quem está socorrendo; evacuar área em risco iminente de explosão ou desmoronamento. A avaliação da vítima é realizada na posição em que a mesma se encontra, só mobilizá-lo com segurança (sem aumentar o trauma e os riscos), sempre que possível deve- se manter o acidentado deitado de costas até que seja examinado, e até que se saiba quais os danos sofridos. Não se deve alterar a posição em que se acha o acidentado, sem antes refletir cuidadosamente sobre o que aconteceu e qual a conduta mais adequada a ser tomada. A calma do acidentado desempenha um papel muito importante na prestação dos primeiros socorros. O estado geral do acidentado pode se agravar se ela estiver com medo, ansioso e sem confiança em quem está cuidando. 2.2 PROTEÇÃO, AVALIAÇÃO E EXAME DO ESTADO GERAL DO ACIDENTADO A avaliação e exame do estado geral de um acidentado de emergência clínica ou traumática é a segunda etapa básica na prestação dos primeiros socorros. Ela deve ser realizada simultaneamenteou imediatamente à "avaliação do acidente e proteção do acidentado". O exame deve ser rápido e sistemático, observando as seguintes prioridades: Imobilização e avaliação da responsividade- Estado de consciência: investigação de respostas lógicas (nome, idade), seguida da abertura de vias aéreas para pacientes inconscientes. Respiração: movimentos torácicos e abdominais com entrada e saída de ar normalmente pelas narinas ou boca. Avaliação da circulação, checar pulso e visualizar hemorragias: avaliar a quantidade, o volume e a qualidade do sangue que se perde. Se é arterial ou venoso. A cor, umidade e temperatura da pele também são observadas nessa etapa. Investigar a função neurológica, testando pupilas: verificar o estado de dilatação e simetria (igualdade entre as pupilas). Por último deve-se expor as lesões para visualiza-las com maior clareza, para assim poder trata-las, contudo deve-se ter sempre uma ideia bem clara do que se vai fazer, para não exibir desnecessariamente o acidentado, verificando se há ferimento com o cuidado de não movimentá-lo excessivamente. Após essa ação deve-se sempre cobrir a vítima para preservar seu pudor, bem como evitar a perda de calor. Em seguida proceder a um exame rápido das diversas partes do corpo. Se o acidentado está consciente, perguntar por áreas dolorosas no corpo e incapacidade funcionais de mobilização. Pedir para apontar onde é a dor, pedir para movimentar as mãos, braços, etc. Cabeça e pescoço já devem estar imobilizados, sempre verificando o estado de consciência Unidade 02 – Etapas Básicas de Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 9 e a respiração do acidentado, apalpar, com cuidado, o crânio a procura de fratura, hemorragia ou depressão óssea. Proceder da mesma forma para o pescoço, procurando verificar o pulso na artéria carótida, observando frequência, ritmo e amplitude, correr os dedos pela coluna cervical, desde a base do crânio até os ombros, procurando alguma irregularidade. 2.2.1 Coluna Dorsal Perguntar ao acidentado se sente dor. Na coluna dorsal correr a mão pela espinha do acidentado desde a nuca até o sacro. A presença de dor pode indicar lesão da coluna dorsal. 2.3 TÓRAX E MEMBROS Verificar se há lesão no tórax, se há dor quando respira ou quando o tórax é levemente comprimido. Solicitar ao acidentado que movimente de leve os braços e verificar a existência de dor ou incapacidade funcional. Localizar o local da dor e procurar deformação e edemas. Verificar a existência de dor no abdome e procurar todo tipo de ferimento, mesmo pequeno. Muitas vezes um ferimento de bala é pequeno, não sangra e é profundo, com consequências graves. Apertar cuidadosamente ambos os lados da bacia para verificar se há lesões. Solicitar à vítima que tente mover as pernas e verificar se há dor ou incapacidade funcional. Não permitir que o acidentado de choque elétrico ou traumatismo violento tente levantar-se prontamente, achando que nada sofreu. Ele deve ser mantido imóvel. O acidentado deve ficar deitado de costas ou na posição que mais conforto lhe ofereça. 2.4 EXAME DO ACIDENTADO INCONSCIENTE O acidentado inconsciente é uma preocupação, pois além de se ter poucas informações sobre o seu estado podem surgir, complicações devido à inconsciência. O primeiro cuidado é manter as vias respiratórias superiores desimpedidas fazendo a extensão da cabeça, ou mantê-la em posição lateral para evitar aspiração de secreções (vômitos, sangue). Limpar a cavidade bucal. O exame do acidentado inconsciente deve ser igual ao do acidentado consciente, só que com cuidados redobrados, pois os parâmetros de força e capacidade funcional não poderão ser verificados. O mesmo ocorrendo com respostas a estímulos dolorosos. É importante ter ciência que nos primeiros cuidados ao acidentado inconsciente manipulação deverá ser mínima. A observação das seguintes alterações deve ter prioridade acima de qualquer outra iniciativa. Ela pode salvar uma vida: Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 10 Falta de respiração; Falta de circulação (pulso ausente); Hemorragia abundante; Perda dos sentidos (ausência de consciência); 2.4.1 Observações 1. Para que haja vida é necessário um fluxo contínuo de oxigênio para os pulmões. O oxigênio é distribuído para todas as células do corpo através do sangue impulsionado pelo coração. Alguns órgãos sobrevivem algum tempo sem oxigênio, outros são severamente afetados, como as células nervosas do cérebro que podem morrer após 3 minutos sem oxigênio. 2. Por isso mesmo é muito importante que algumas alterações ou alguns quadros clínicos, que podem levar a essas alterações, devem ter prioridade quando se aborda um acidentado de vítima de mal súbito. 3. São elas: obstrução das vias aéreas superiores; parada cardiorrespiratória; hemorragia de grandes volumes; estado de choque; comas (perda da consciência); convulsões (agitações psicomotoras); envenenamento (intoxicações exógenas); diabetes mellitus (comas hiper e hipoglicêmicos); infarto do miocárdio; e queimaduras em grandes áreas do corpo. Unidade 03 – Funções, Sinais Vitais e de Apoio Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 11 03 FUNÇÕES, SINAIS VITAIS E DE APOIO A atividade de primeiros socorros pressupõe o conhecimento dos sinais que o corpo emite e servem como informação para a determinação do seu estado físico. Alguns detalhes importantes sobre as funções vitais, os sinais vitais e sinais de apoio do corpo humano precisam ser compreendidos. 3.1 FUNÇÕES VITAIS Algumas funções são vitais para que o ser humano permaneça vivo. São vitais as funções exercidas pelo cérebro e pelo coração. Mas para exercerem suas funções, estes órgãos executam trabalhos físicos e químicos, transformando a própria vida em uma macro representação das atividades da menor unidade funcional do corpo: a célula. Cada tecido é constituído por células, e é da vida delas que depende a vida dos seres vivos. As células tiram nutrientes para sua vida diretamente do meio onde se encontram, devolvendo para este mesmo ambiente os produtos finais de sua atividade metabólica. A captação e liberação destas substâncias são reguladas pela membrana plasmática, cuja permeabilidade seletiva e mecanismo de transporte ativo permitem à célula trocar com o meio somente o que deve ser trocado. Muitos processos dependem de um adequado diferencial de concentração entre o interior e exterior da célula. Para permitir igualdade nas concentrações dos componentes do líquido intersticial, os tecidos do organismo são percorridos por uma densa rede de vasos microscópicos, que são chamados de capilares. O sangue que chega aos capilares traz nutrientes e oxigênio que são passados continuamente para os tecidos. O sangue arterial é rico em nutrientes, já o venoso é mais pobre e transporta gás carbônico e catabólitos. O sangue não se deteriora graças à atividade de órgãos vitais como os pulmões, rins e aparelho digestivo, que permanentemente recondicionam o sangue arterial. Os rins participam do mecanismo de regulação do equilíbrio hidroeletrolítico e Primeiros SocorrosEste material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 12 ácido-básico e na eliminação de substâncias tóxicas. O aparelho digestivo incrementa o teor sanguíneo de substratos orgânicos, íons e outros agentes metabólicos, como as vitaminas, por exemplo. O fígado age como órgão sintetizador e como modificador da composição do sangue, participando nos mecanismos da excreção de substâncias tóxicas. Os pulmões e a porção condutora do aparelho respiratório têm como função principal fornecer oxigênio e remover dióxido de carbono resultante da reação de combustão nas células. O pulmão não é apenas um órgão respiratório. Ele desempenha uma função importante no equilíbrio térmico e no equilíbrio ácido-básico. Os movimentos ventilatórios são controlados pelo Sistema Nervoso Central e estão parcialmente sob nossa vontade. A respiração, no entanto, é um mecanismo involuntário e automático. As funções vitais do corpo humano são controladas pelo Sistema Nervoso Central, que é estruturado por células muito especializadas, organizadas em alto grau de complexidade estrutural e funcional. Estas células são muito sensíveis à falta de oxigênio, cuja ausência provoca alterações funcionais. 3.2 SINAIS VITAIS Sinais vitais são aqueles que indicam a existência de vida. São reflexos ou indícios que permitem concluir sobre o estado geral de uma pessoa. Os sinais sobre o funcionamento do corpo humano que devem ser compreendidos e conhecidos são: Temperatura, Pulso, Respiração, Pressão arterial. A dor também se configura como sinal vital, os quais podem ser facilmente percebidos, deduzindo-se assim, que na ausência deles, existem alterações nas funções vitais do corpo. 3.3 SINAIS DE APOIO Além dos sinais vitais do funcionamento do corpo humano, existem outros que devem ser observados para obtenção de mais informações sobre o estado de saúde de uma pessoa. Esses sinais são os que o corpo emite em função do estado de funcionamento dos órgãos vitais. Os sinais de apoio podem ser alterados em casos de hemorragia, parada cardíaca ou uma forte batida na cabeça, por exemplo, tornando-se cada vez mais evidentes com o agravamento do estado do acidentado. Unidade 03 – Funções, Sinais Vitais e de Apoio Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 13 Os principais sinais de apoio são: Dilatação e reatividade das pupilas Cor e umidade da pele Estado de consciência Motilidade e sensibilidade do corpo 3.3.1 Dilatação e reatividade das pupilas A pupila é uma abertura no centro da íris - a parte colorida do olho - e sua função principal é controlar a entrada de luz no olho para a formação das imagens que vemos. A pupila exposta à luz se contrai. Quando há pouca ou quase nenhuma luz a pupila se dilata, fica aberta. Quando a mesma está totalmente dilatada, é sinal de que o cérebro não está recebendo oxigênio (exceto no uso de colírios midriáticos ou certos envenenamentos). A dilatação e reatividade das pupilas são um sinal de apoio importante. Muitas alterações do organismo provocam reações nas pupilas, bem como certas condições de "stress", tensão, medo e estados de pré-choque também provocam consideráveis alterações nas pupilas. Devemos observar as pupilas de uma pessoa contra a luz de uma fonte lateral, de preferência com o ambiente escurecido. Se não for possível deve-se olhar as pupilas contra a luz ambiente. 3.3.2 Cor e Umidade da Pele São também sinais de apoio muito útil no reconhecimento do estado geral de um acidentado. Uma pessoa pode apresentar a pele pálida, cianosada ou hiperemiada (avermelhada e quente). A cor e a umidade da pele devem ser observadas na face e nas extremidades dos membros, onde as alterações se manifestam primeiro. A pele pode também ficar úmida e pegajosa. Pode-se observar estas alterações melhor no antebraço e na barriga. 3.3.3 Estado de Consciência É outro sinal de apoio importante. A consciência plena é o estado em que uma pessoa mantém o nível de lucidez que lhe permite perceber normalmente o ambiente que a cerca, com todos os sentidos saudáveis respondendo aos estímulos sensoriais. Quando se encontra um acidentado capaz de informar com clareza sobre o seu estado físico, pode-se dizer que esta pessoa está perfeitamente consciente. Há, no entanto, situações em que uma pessoa pode apresentar sinais de apreensão excessiva, olhar assustado, face contraída e medo. Esta pessoa certamente não estará em seu pleno estado de consciência. Uma pessoa pode estar inconsciente por desmaio, estado de choque, estado de coma, convulsão, parada cardíaca, parada respiratória, alcoolismo, intoxicação por drogas e uma série de outras circunstâncias de saúde e lesão. Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 14 Na síncope e no desmaio há uma súbita e breve perda de consciência e diminuição do tônus muscular. Já o estado de coma é caracterizado por uma perda de consciência mais prolongada e profunda, podendo o acidentado deixar de apresentar gradativamente reação aos estímulos dolorosos e perda dos reflexos. 3.3.4 Motilidade e Sensibilidade do Corpo Qualquer pessoa consciente que apresente dificuldade ou incapacidade de sentir ou movimentar determinadas partes do corpo, está obviamente fora de seu estado normal de saúde. A capacidade de mover e sentir partes do corpo são um sinal que pode nos dar muitas informações. Quando há incapacidade de uma pessoa consciente realizar certos movimentos, pode-se suspeitar de uma paralisia da área que deveria ser movimentada. A incapacidade de mover o membro superior depois de um acidente pode indicar lesão do nervo do membro. A incapacidade de movimento nos membros inferiores pode indicar uma lesão da medula espinhal. O desvio da comissura labial (canto da boca) pode indicar lesão cerebral ou de nervo periférico (facial). Quando um acidentado perde o movimento voluntário de alguma parte do corpo, geralmente ela também perde a sensibilidade no local. Muitas vezes, porém, o movimento existe, mas o acidentado reclama de dormência e formigamento nas extremidades. É muito importante o reconhecimento destas duas situações, como um indício de que há lesão na medula espinhal. É importante, também, nestes casos tomar muito cuidado com o manuseio e transporte do acidentado para evitar o agravamento da lesão. Unidade 04 – Manobras em Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 15 04 MANOBRAS EM PRIMEIROS SOCORROS 4.1 SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV) Os procedimentos de primeiros socorros, ou o Suporte Básico de Vida (SBV) podem determinar a diferença entre a vida e morte. É um conjunto de medidas e procedimentos técnicos com o objetivo de manter o suporte de vida à vítima até a chegada da equipe especializada. Os procedimentos de emergência visam manter as funções vitais e evitar o agravamento da vítima até que ela receba assistência qualificada. Este atendimento imediato poderá ser realizado por qualquerpessoa habilitada. Segundo o dicionário Aurélio, Urgência é a “qualidade do que é urgente; necessidade imediata; aperto”. Em termos médicos é quando há uma situação que não pode ser adiada, que deve ser resolvida rapidamente, pois se houver demora, corre-se o risco até mesmo de morte. Emergência é a circunstância que necessita de intervenção imediata. Em situações de emergência, a avaliação da vítima e seu atendimento devem ser prontamente realizados de forma objetiva e eficaz. O suporte básico de vida inclui o reconhecimento precoce de pacientes com os primeiros sinais e sintomas de síndrome coronariana aguda, acidente vascular cerebral e obstrução de via aérea. Inclui as manobras de reanimação cardiopulmonar nas vítimas de parada e manobras de desobstrução de vias aéreas por corpo estranho. A principal medida na assistência do suporte básico de vida para pacientes clínicos consiste no reconhecimento imediato da parada cardiorrespiratória (PCR) e acionamento do serviço de especializado, seguido da reanimação cardiopulmonar precoce, com ênfase nas compressões torácicas e rápida desfibrilação com uso do desfibrilador externo automático (DEA). Desfibrilador Externo Automático - DEA é um equipamento eletrônico portátil que tem como função identificar o ritmo cardíaco. A leitura automática é realizada através de pás adesivas que são fixadas no tórax da vítima. Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 16 Fig. Desfibrilador externo Automático Este equipamento é autoinstrutivo, ou seja, tem todas as informações de como deve ser utilizado. Depois de ligado, ele dá instruções verbais para o procedimento a ser executado. Identifica automaticamente o ritmo cardíaco normal e as arritmias potencialmente letais (Fibrilação Ventricular- FV e Taquicardia Ventricular- TV). Além de diagnosticar, ele é capaz de tratá-las, através da desfibrilação (aplicação de corrente elétrica que interrompe a arritmia, fazendo com que o coração retome o ciclo cardíaco normal) ATENÇÃO: O DEA NÃO FUNCIONARÁ EM CASO DE PCR, ELE SÓ FUNCIONA EM CASOS DE FV E TV. PORTANTO, APÓS A ANÁLISE DO RITMO CARDÍACO, SE ELE NÃO COMANDAR UM CHOQUE, INICIE A MASSAGEM CARDIACA. A grande maioria de PCRs em adultos envolvem pacientes com ritmo inicial de Fibrilação Ventricular (FV) ou Taquicardia Ventricular (TV) sem pulso, portanto a desfibrilação precoce e a compressão torácica são necessárias. Se você tiver à sua disposição o DEA, deverá utilizá-lo. Numa PCR deve-se iniciar prontamente as manobras de Ressuscitação Cardiopulmonar: 1. Posicionar as placas no tórax do paciente, conforme a indicação nelas existente; 2. Ligar o aparelho, ele fará uma análise da situação da pessoa e dará as instruções como: a. Continue as compressões ou; b. Compressões ineficientes (isso quer dizer que precisa de mais vigor e velocidade) ou; c. Afaste-se, para que o equipamento efetue o choque. ATENÇÃO: Se você não tiver um DEA, mantenha as compressões torácicas até a chegada de uma equipe de emergência. Unidade 04 – Manobras em Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 17 4.2 AVALIAÇÃO INICIAL DA VÍTIMA A avaliação inicial da vítima é uma etapa essencial para seu diagnóstico, permite o início imediato das manobras de reanimação e o acionamento do serviço de urgência e emergência. Esta etapa deve ser realizada em qualquer situação de urgência, inspecionando: A vítima está consciente? Apresenta pulso? A vítima está respirando? A via aérea está desobstruída? 4.2.1 As novas diretrizes da American Heart Association AHS preconizam a sequência: 1. Massagem cardíaca; 2. Desobstrução de vias aérea; 3. Boa ventilação Para iniciar as massagens coloque o paciente em uma superfície dura, firme e plana. Se ela estiver em decúbito lateral ou ventral, o socorrista deve virá-la em bloco de modo que a cabeça, pescoço e tronco movam-se simultaneamente, sem provocar torções. É indispensável confirmar a parada cardíaca, através da avaliação do pulso. A verificação do pulso deverá ser rápida, durando de 5 a 10 segundos. Estenda o pescoço da vítima e posicione os dedos indicador e médio sobre a proeminência laríngea. Faça então deslizar lateralmente a ponta dos dois dedos executando uma leve pressão sobre o pescoço até que se perceba a pulsação. Se na avaliação inicial o socorrista não perceber o pulso, deverá iniciar as compressões torácicas. O local correto da aplicação da massagem cardíaca é na linha mamilar, sendo a mão posicionada sobre o esterno, apoiando-se apenas nas palmas das mãos, evitando-se o contado dos dedos com o tórax. Os braços do socorrista devem permanecer estendidos, com as articulações dos cotovelos retas, transmitindo ao esterno da vítima a pressão exercida pelo peso dos seus ombros e tronco. A pressão aplicada deve ser suficiente para comprimir o esterno cerca de 5 cm (no adulto). Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 18 4.3 INICIANDO AS COMPRESSÕES TORÁCICAS 1. Ajoelhe-se ao lado da vítima; 2. Inicie a Ressuscitação Cardiopulmonar- RCP na frequência de 100 a 120 vezes por minuto; 3. Coloque a base de uma mão no centro do tórax da vítima e a outra mão sobre a primeira. Os dedos devem ser entrelaçados; 4. Certifique-se de que os seus ombros estão acima do centro do tórax da vítima; 5. Cada vez que pressionar para baixo, deixe que o tórax retorne a posição inicial. Isto permitirá que o sangue flua de volta ao coração; 6. As mãos devem manter-se sempre em contato com o tórax; 7. Continue as manobras até a chegada de ajuda. 8. A função da RCP não é despertar a vítima, mas estimular a oxigenação e a circulação do sangue até que seja iniciado o tratamento definitivo. 4.4 ABERTURA DE VIA AÉREA EM CASOS CLÍNICOS Em caso de vítima de PCR clínica, fazer a hiperextensão do pescoço da vítima; Em caso de vítima de PCR pós trauma, NUNCA fazer a hiperextensão do pescoço da vítima; Colocar uma das mãos sobre a testa da vítima e a outra com as pontas dos dedos na mandíbula; A mão que estiver espalmada na testa será a responsável pela maior parte da força, apenas para apoio e direção. 4.5 ABERTURA DE VIA AÉREA EM CASOS DE TRAUMA O socorrista deve se colocar atrás da cabeça da vítima, com os cotovelos apoiados na superfície na qual ela está deitada. Se a boca da vítima permanecer fechada, o queixo e o lábio inferior devem ser retraídos com o auxílio dos polegares. A “manobra da mandíbula” Unidade 04 – Manobras em Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 19 é indicada quando há SUSPEITA DE TRAUMA cervical. Ela deve ser realizada sem dorso flexão excessiva da cabeça. Se após estas medidas a respiração não se instalar espontaneamente, deve-se dar sequência ao atendimento. 4.6 RESPIRAÇÃO BOCA A BOCA ATENÇÃO: Na literatura atual não é recomendada a realização de respiração boca a boca, devido ao riscodo contato com secreções digestivas e respiratória. Recomendamos sempre o uso de uma barreira de proteção (máscara). Já em um paciente vítima de trauma realiza-se a sequência do A, B, C, D, E do trauma, onde o controle da cervical faz-se de grande importância nessa assistência, prevenindo possíveis agravamentos e lesões de coluna cervical, contudo, também seguindo um padrão de prioridades vitais na avalição do ser humano. Esse famoso mnemônico do trauma "abcde" guia o socorrista que padroniza o atendimento inicial ao paciente politraumatizado e define prioridades na abordagem ao trauma, no sentido de agilizar o atendimento. Ou seja, é uma forma rápida e fácil de memorizar todos os passos que devem ser seguidos com o paciente em politrauma. Ele foi pensado para identificar lesões potencialmente fatais ao indivíduo, e é aplicável a todos as vítimas com quadro crítico, independentemente da idade. O protocolo tem como principal objetivo reduzir índices de mortalidade e morbidade em vítimas de qualquer tipo de trauma. Antes de iniciar a abordagem ABCDE ao paciente vítima de trauma é necessário atentar-se a itens essenciais para salvaguardar a vida da equipe, como: avaliação da segurança da cena segura, uso de EPI’s, sinalização da cena (Ex. dispor cones de isolamento na pista). a. Vias aéreas e proteção da coluna vertebral No A, deve-se realizar a avaliação das vias aéreas. No atendimento pré-hospitalar, 66-85% das mortes evitáveis ocorrem por obstrução de vias aéreas. Para manutenção das vias aéreas utiliza-se das técnicas “jaw thrust”: anteriorização da mandíbula. https://www.dicio.com.br/mnemonico/ Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 20 Fig. Manobra de chin Lift Fig. Manobra de Jaw Thrust A manobra de “chin Lift” também é uma técnica muito utilizada para a abertura de vias aéreas, contudo nos pacientes vítimas de trauma é contra indicada por hiperextender o pescoço, e gerar maior dano na cervical. No A também, realiza-se a proteção da coluna cervical. Em vítimas conscientes, a equipe de socorro deve se aproximar da vítima pela frente, para evitar que mova a cabeça para os lados durante o olhar, podendo causar lesões medulares. A imobilização deve ser de toda a coluna, não se limitando a coluna cervical. Para isso, uma prancha rígida deve ser utilizada. Considere uma lesão da coluna cervical em todo doente com traumatismos multissistêmicos! b. Boa Ventilação e Respiração No B, o socorrista deve analisar se a respiração está adequada. A frequência respiratória, inspeção dos movimentos torácicos, cianose, desvio de traqueia e observação da musculatura acessória são parâmetros analisados nessa fase. Para tal, é necessário expor o tórax do paciente, realizar inspeção, palpação, ausculta e percussão. Verificar se a respiração é eficaz e se o paciente está bem oxigenado. c. Circulação com Controle de Hemorragias No C, a circulação e a pesquisa por hemorragia são os principais parâmetros de análise. A maioria das hemorragias é estancada pela compressão direta do foco. A Hemorragia é a principal causa de morte no trauma. Essa parte refere-se a hemorragias internas, onde deve-se investigar perdas de volume sanguíneo não visível, analisando os principais pontos de hemorragia interna no trauma (pelve, abdomem e membros inferiores), avaliando sinais clínicos de hemorragia como tempo de enchimento capilar lentificado, pele fria e pegajosa e comprometimento do nível e qualidade de consciência. Unidade 04 – Manobras em Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 21 d. Disfunção Neurológica No D, a análise do nível de consciência, tamanho e reatividade das pupilas, presença de hérnia cerebral, sinais de lateralização e o nível de lesão medular são medidas realizadas. Nessa fase, o objetivo principal é minimizar as chances de lesão secundária pela manutenção da perfusão adequada do tecido cerebral. Importante aplicar a escala de goma de Glasgow atualizada. Fig. Escala de Coma de Glasgow e. Exposição Total do Paciente No E, a análise da extensão das lesões e o controle do ambiente com prevenção da hipotermia são as principais medidas realizadas. O socorrista deve analisar sinais de trauma, sangramento, manchas na pele etc. A parte do corpo que não está exposta pode esconder a lesão mais grave que acomete o paciente. Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 22 05 TRANSPORTE DO PACIENTE Para transportar o paciente após a realização dos primeiros procedimentos é importante implementar técnicas seguras para a realização desse deslocamento. O ideal é que não se remova a vítima, e aguarde o socorro especializado, contudo, caso seja necessária a remoção, utilize a técnica mais adequada. Para o transporte de vítimas clinicas, basta o apoio simples, nesse caso, a vítima é capaz de andar e não tem risco de lesão da coluna cervical, então o socorrista pode colocar o braço da vítima sobre seu ombro, atrás do pescoço, segurando pelo punho. O outro braço do socorrista envolve a cintura da vítima, assim poderá ser conduzida até o carro a ser transportada para a avaliação em uma unidade de saúde. Já no transporte de vítimas traumatizadas a atenção deve ser redobrada, pelo grande risco de lesionar a coluna cervical, sendo assim sempre deve-se utilizar a técnica de extricação, isto é, o paciente é extraído de onde o mesmo foi encontrado, com rotações realizadas através de movimentos em blocos, minimizando qualquer agravamento de trauma na cervical. Alguns equipamentos são de suma importância no auxílio para a remoção segura desses pacientes: Prancha longa, prancha curta e fixadores laterais de cabeça, os quais objetivam proporcionar imobilização completa da vítima. Para tal, deve estar composta com cintos e imobilizadores laterais de cabeça. Unidade 05 – Transporte do Paciente Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 23 Fig. prancha longa rígida com tirantes Fig. imobilizador de cabeça com testeira e queixeira O colar cervical também é indispensável para realizar essa assistência, sendo este de diversos tamanhos, sendo acoplado para cada paciente conforme a medição realizada na região do pescoço. Fig. colar cervical Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 24 Outro subsídio a ser usado é o colete de extricação dorsal, também conhecido como KED. Sua indicação rotineira é mais em cenários de salvamento veicular, ou em locais de difícil acesso pela prancha rígida. Limita-se potencialmente à transposição por curtas distâncias, de vítimas com indicação de proteção da coluna vertebral, em cenários angustiados que exijam transporte na posição vertical,onde a prancha não manobre com facilidade, à critério do socorrista. Exemplo: escadas “caracol” entre dois pavimentos. A extricação se refere a técnica especial para retirar vítima de situação da qual ela não poderia sair sozinha sem risco inaceitável à integridade da coluna vertebral. Fig. KED Os imobilizadores de extremidades e os coxins podem contribuir bastante nesse processo de extricação. No caso da imobilização é indicado para pacientes com lesões musculo esqueléticas, já os coxins são muito úteis para auxiliar na imobilização de idosos e crianças, considerando a anatomia especifica desse público, fazendo com que a coluna cervical repouse com mais propriedade na prancha rígida, sem causar mais danos. Fig. imobilizadores de extremidades Unidade 06 – Princípios e Técnicas envolvidos na Extricação Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 25 06 PRINCÍPIOS E TÉCNICAS ENVOLVIDOS NA EXTRICAÇÃO Uma vez decidido que há indicação de imobilizar a coluna vertebral, necessário se faz optar pela técnica adequada, que pode variar conforme o caso. Os rolamentos são as principais formas de conduzir a vítima do local encontrado até a prancha rígida, e, de acordo com o posicionamento inicial da vítima e das lesões visualizadas é decido quanto ao tipo de rolamento a ser praticado, podendo ser o de 90° ou o de 180°. 6.1 TÉCNICAS DE ROLAMENTO (ROLAMENTO DE 90°) Utilizado para vítimas encontradas em decúbito dorsal; Estabiliza-se a cervical do paciente; Aplica-se o colar cervical; A prancha é posicionada paralela a vítima, do lado oposto ao rolamento; Dois socorristas se ajoelham lado a lado (nível do ombro e joelhos da vítima); Rolamento em bloco sempre ao comando do líder (socorrista N°1, aquele que controla a cervical). Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 26 6.2 TÉCNICAS DE ROLAMENTO (ROLAMENTO DE 180°) Utilizado para vítimas encontradas em decúbito ventral; Estabilização manual da coluna cervical, a prancha longa é posicionada do lado oposto ao que o paciente será rolado, ou seja, lado oposto ao que o paciente estiver “olhando”; Os dois socorristas se posicionam de joelhos ao nível do ombro e joelhos da vítima, porém, em cima da prancha; Após o comando do socorristas N°1, a vítima é girada a 90º ficando assim em decúbito lateral; Após novo comando, a vítima é colocada em cima da prancha com nova manobra de rolamento de 90º. O colar cervical é colocado logo após a manobra. 6.3 TÉCNICA DE ELEVAÇÃO A CAVALEIRA A elevação a cavaleiro é outra técnica utilizada quando há, principalmente, a possibilidade fratura da pelve, onde os rolamentos são contra indicados. Essa manobra ajuda a minimizar os movimentos e assim os riscos de complicações pela hemorragia que esse trauma pode gerar. Para isso é ideal quatro socorristas, o socorrista N°1 alterna com o N°2, o qual deve se posicionar na altura dos ombros, com o paciente entre suas pernas, tendo a responsabilidade de imobilizar a cervical além de elevar esse paciente, o socorrista N°3 fica na altura do quadril e o N°4 na altura dos joelhos, ambos com o paciente também entre suas pernas, e no comando do socorrista N°2 que assumiu o controle da coluna cervical deve elevar esse paciente de uma só vez. Após essa elevação o socorrista N°1 deve colocar a prancha rígida entre as pernas dos 3 socorristas, abaixo do paciente que está elevado, para após o comando do socorrista N°2 retomar a posição original, contudo agora em cima da prancha. O comando volta a ser do socorrista N°1, quando este assume a cervical do paciente, daí segue a sequência de imobilização e avaliação para concluir o transporte. 6.4 OBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS E PARADA RESPIRATÓRIA A respiração é imprescindível para qualquer ser vivo, sendo responsável pela: Troca de O2 por CO2; Etapas: Inspiração e expiração; Unidade 06 – Princípios e Técnicas envolvidos na Extricação Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 27 Permite que as células recebam O2 O processo respiratório se dá através das vias aéreas, que são estruturas anatômicas condutoras, sendo composta pela parte superior e parte inferior. Quando ocorre a interrupção súbita dessa função vital, tem como resultado, em alguns minutos, a aparada cardíaca seguida de lesão cerebral. Várias situações podem levar a parada respiratória, contudo dentre as principais causas estão a insuficiência respiratória, gerada pela DPOC, asma, pneumonia; os traumas também podem estar associados à parada respiratória, além de intoxicações por drogas ou por monóxido de carbono e as obstruções de vias aéreas. Ao deparar-se com uma suspeita de parada respiratória aproxime-se da vítima, chame-a e toque-a. Se a mesma se mostrar irresponsiva avalie a presença de respiração, inspecionando a mobilidade torácica, bem como a presença de sons respiratórios. Na vítima não responsiva com respiração ausente, lenta ou agônica, deve-se suspeitar de parada cardiorrespiratória também, dessa forma verifique o pulso, se confirmado a parada cardíaca deve-se iniciar prontamente as manobras de ressuscitação cardiopulmonar, solicitar o DEA e uma equipe especializada. A literatura atual não permite que realize a respiração boca a boca, por ferir o princípio da segurança, no entanto se houver disponível uma máscara unidirecional ou um dispositivo máscara, valva, bolsa deve-se fornecer oxigênio a vítima em parada respiratória. O primeiro passo é abrir a boca da vítima, ajustar a máscara com a face, apertando-a contra o rosto, essa máscara deve estar bem vedada para que não haja perda do ar, então segue-se fazendo duas insuflações ao ponto que o tórax da vítima se eleve. Se houver dificuldades nessa elevação do tórax durante a ventilação, refaça o movimento de abertura de vias aéreas e, readéque a máscara à face da vítima antes da próxima insuflação. Fig. máscara-bolsa-válvula. Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 28 A obstrução das vias aéreas por corpo estranho é um dos importantes fatores que levam a parada respiratória. Essa obstrução pode ocorrer por instrumentos como moedas e dentaduras, na ingestão acidental de caroços de frutas, alimentos ou água; bem como pelo vômitos, secreções e sangramentos. As reações alérgicas e a queda da língua também são fortes contribuintes para a obstrução de vias aéreas e parada respiratória. Nos pacientes vítimas de obstrução, de forma leve, que encontram-se conscientes, você pode observar que há boa troca de ar, esse paciente consegue tossir, se comunicando verbalmente entre um acesso de tosse e outro. Nesses casos você deve encorajar a vítima a continuar tossindo, fique ao lado da vítima e monitore suas condições. Contudo, mesmo com a vítima consciente ela pode apresentar-se com uma forma mais grave, nesse caso a troca de ar é muito prejudicada, fica explicito a ansiedade, a vítima não conseguetossir, observa-se um chiado alto no peito durante a inspiração, acompanhando por extrema dificuldade para respirar e falar, cianose labial e sinal universal de asfixia, que é as duas mãos na altura do pescoço, se não houver intervenção nesse momento a evolução certamente será a parada respiratória. Fig. Sinal universal de sufocamento Unidade 06 – Princípios e Técnicas envolvidos na Extricação Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 29 A abordagem consiste aproxime-se da vítima, confirmar o engasgo e realizar a Manobra de Heimlich (compressões abdominais), para vítimas acima de 1 ano de idade. A Manobra de Heimlich consiste em posicionar-se atrás da vítima, mantendo as pernas afastadas da vítima afastadas, passe os braços por baixo das axilas dela ao longo da cintura, feche uma das mãos e encoste-a no centro do seu abdome. Posicione a outra mão sobre a primeira e golpeie o abdome com movimentos de para dentro e para cima. Fig. Manobra de Heimlich Para a vítima obesa ou em gravidez é indicado realizar compressões torácicas semelhantes a RCP. Fig. manobra de Heimlich em gestantes Se a vítima evolui para a inconsciência, o procedimento se dá repousando-a no chão, decúbito dorsal horizontal, iniciar as compressões torácicas e solicitar apoio do socorro especializado. Abrir vias aéreas e observar cavidade oral, retirar manualmente o que pode ser observado. Prosseguir com a RCP e reavaliar a cada 2 minutos. Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 30 07 FERIMENTO São lesões resultantes de agressão sobre as partes moles, provocadas por um agente traumático, acarretando dano tecidual. Podem ser classificados de acordo com as suas características, tais como abertos ou fechados quando ocorre ou não o rompimento da pele, como superficiais ou profundos. Em geral, causam dor e sangramento de intensidades variáveis, com risco de infecção local. Para dá a devida assistência a lesão é necessário que haja a sua visualização por completo, para melhor análise da área lesada. Dessa forma, as roupas sobre o ferimento devem ser sempre removidas com um mínimo de movimento, sendo melhor cortá-la do que tentar retirá-las. Se a ferida estiver suja, deve-se lavar bem com água e sabão, comprimir com gaze e atadura, podendo também usar um pano limpo da ausência de gazes. Não devemos remover corpos estranhos (facas, lascas de madeira, pedaço de vidro ou ferragens) que estejam fixados em ferimentos, as tentativas de remoção do corpo estranho cravado podem causar hemorragias graves ou lesar ainda mais nervos e músculos próximos a ele, nesses casos deve- se controlar a hemorragia por compressão e curativos volumosos para estabilizar o objeto cravado, aplicando ataduras ao redor do objeto, afim de estabilizá-lo e manter a compressão, enquanto a vítima é transportada para o hospital. Ferimentos que atinge o tórax, causando ferida aberta. O socorrista deverá realizar um curativo oclusivo com material plástico ou papel alumínio (curativo de três pontas). Após fechar o ferimento no tórax, conduza a vítima com urgência ao hospital. Alguns ferimentos mais bruscos podem levar a amputação, estes são considerados gravíssimos pelo grande risco de choque hipovolêmico, devido ao volume de sangue perdido, e pelo risco de infecções. Contudo se o socorro for imediato, é possível, por meio de técnicas microcirúrgicas, o reimplante da parte amputada, para isso a vítima deve ser conduzida o quanto antes, junto com sua parte amputada protegida dentro de um saco plástico com gelo, para o hospital de referência. Unidade 07 – Ferimento Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 31 OBS: O membro amputado não pode entrar em contato direto com o gelo, ele deve ser transportado dentro de um saco, este saco deve ser colocado dentro de outro saco com gelo, pois se ocorrer o contato direto pode agredir mais ainda o tecido impossibilitando o reimplante. 7.1 QUEIMADURA A pele é o maior órgão do corpo humano, cobre a superfície do corpo protegendo-o das influências ambientais danosas. A pele propicia proteção do corpo contra o meio ambiente, abrasões, perda de líquido, substâncias nocivas e microorganismos invasores; regulação do calor através das glândulas sudoríparas e vasos sanguíneos e sensibilidade por meio dos nervos superficiais e suas terminações sensitivas. Esse tegumento forma um envoltório para as estruturas do corpo e substâncias vitais (líquidos). No entanto esse órgão pode sofre lesões produzidas por agentes térmicos, produtos químicos, eletricidade e radiação, o que chamamos de queimadura, as quais podem ser superficiais ou profundas. Entende-se por queimadura o quadro resultante da ação direta ou indireta do calor sobre o organismo humano. Dessa forma, quanto ao agente causal as queimaduras podem ser Físicos: Temperatura: vapor, objetos aquecidos, água quente, chama, etc. Eletricidade: corrente elétrica, raio, etc. Radiação: sol, aparelhos de raios X, raios ultra-violetas, nucleares, etc. Químicos: produtos químicos: ácidos, bases, álcool, gasolina, etc. Biológicos: Animais: lagarta-de-fogo, água-viva, medusa, etc. Vegetais: o látex de certas plantas, urtiga, etc. São superficiais quando atinge a epiderme, podendo ser mais grave ao chegar nos músculos, vasos sanguíneos, nervos e ossos, tornando-se tema de grande relevância para a saúde pública, principalmente, pela consequência que esse ferimento pode levar, que é um processo infeccioso, podendo evoluir com septicemia, assim como à repercussão sistêmica, com possíveis complicações renais, adrenais, cardiovasculares, pulmonares, musculoesqueléticas, hematológicas e gastrointestinais. Além disso as queimaduras resultam em considerável morbidade pelo desenvolvimento de sequelas, estando entre as mais graves a incapacidade funcional, especialmente quando atinge as mãos, as deformidades inestéticas, Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 32 sobretudo da face, e também aquelas de ordem psicossocial. As queimaduras, dependendo da localização, podem ainda causar complicações neurológicas, oftalmológicas e geniturinárias. As causas mais frequentes das queimaduras são pela a chama de fogo direto, o contato com água fervente ou outros líquidos quentes e o contato com objetos aquecidos. Menos comuns são as queimaduras provocadas pela corrente elétrica, transformada em calor ao contato com o corpo. Queimadura química é denominação imprópria dada às lesões cáusticas provocadas por agentes químicos, em que o dano tecidual nem sempre resulta da produção de calor As queimaduras por contato com objetos quentes, tais como fornos, grelhas e aquecedores, são mais comuns em indivíduos em crise convulsiva, alcoolizados ou sob efeito de drogas ilícitas, assim como idosos durante episódios de perda da consciência. Também tendem a ser mais profundas devido ao contato prolongado com a fonte térmica.As injúrias elétricas podem ser causadas pela passagem da corrente elétrica através do corpo ou pela exposição ao calor gerado pelo arco de corrente de alta tensão. No primeiro caso, além do dano térmico, há risco de alteração na condução elétrica cardíaca, que deve ser devidamente monitorada. Segundo a Sociedade Brasileira de Queimaduras, no Brasil acontecem um milhão de casos de queimaduras a cada ano, 200 mil são atendidos em serviços de emergência, e 40 mil demandam hospitalização. As queimaduras estão entre as principais causas externas de morte registradas no Brasil, perdendo apenas para outras causas violentas, que incluem acidentes de transporte e homicídios. A queimadura compromete a integridade funcional da pele, responsável pela homeostase hidroeletrolítica, controle da temperatura interna, flexibilidade e lubrificação da superfície corporal. Portando, a magnitude do comprometimento dessas funções depende da extensão e profundidade da queimadura.15 A injúria térmica provoca no organismo uma resposta local, traduzida por necrose de coagulação tecidual e progressiva trombose dos vasos adjacentes num período de 12 a 48 horas. A ferida da queimadura a princípio é estéril, porém o tecido necrótico rapidamente se torna colonizado por bactérias endógenas e exógenas, produtoras de proteases, que levam à liquefação e separação da escara, dando lugar ao tecido de granulação responsável pela cicatrização da ferida, que se caracteriza por alta capacidade de retração e fibrose nas queimaduras de terceiro grau. Nas grandes queimaduras, além da resposta local, o dano térmico desencadeia ainda uma reação sistêmica do organismo, em consequência da liberação de mediadores pelo tecido lesado. Ocorre extenso dano à integridade capilar, com perda acelerada de fluidos, seja pela evaporação através da ferida ou pela sequestração nos interstícios, que é agravada por subprodutos da colonização bacteriana. Além disso, nas queimaduras extensas, superiores a 40% da área corporal, o sistema imune é incapaz de delimitar a infecção, que, sistematizando-se, torna rara a sobrevida nesses casos. Essa resposta sistêmica manifesta-se por febre, circulação sanguínea hiperdinâmica e ritmo metabólico acelerado, com aumento do catabolismo muscular, decorrente de alteração da função hipotalâmica (aumento da secreção de glucagon, cortisol e catecolaminas), da deficiência da barreira gastrointestinal (passagem de bactérias e seus subprodutos para a circulação sistêmica), da contaminação Unidade 07 – Ferimento Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 33 bacteriana da área queimada (liberação sistêmica de bactérias e subprodutos), da perda de calor (evaporação através da ferida levando à hipotermia) e da perda de fluidos (desequilíbrio hidroeletrolítico). 7.2 AVALIAÇÃO DAS QUEIMADURAS São múltiplos os fatores envolvidos nas queimaduras que devem ser observados em sua avaliação. A profundidade, extensão e localização da queimadura, a idade da vítima, a existência de doenças prévias, a concomitância de condições agravantes e a inalação de fumaça têm de ser considerados na avaliação do queimado. O ambiente da avaliação deve manter-se aquecido, devendo a pele ser descoberta e examinada em partes, de modo a minimizar a perda de líquido por evaporação. 7.2.1 Profundidade Depende da intensidade do agente térmico, se gerador ou transmissor de calor, e do tempo de contato com o tecido. É o fator determinante do resultado estético e funcional da queimadura e pode ser avaliada em graus. PRIMEIRO GRAU SEGUNDO GRAU TERCEIRO GRAU Compromete apenas a epiderme. Compromete totalmente a epiderme e parcialmente a derme. Destrói todas as camadas da pele atingindo até o subcutâneo, podendo chegar nos tendões, ligamentos, músculos e ossos. Apresenta eritema, calor e dor. Apresenta dor, eritema, edema, bolhas, erosão ou ulceração. Causa lesão branca ou marrom, seca, dura, inelástica. Não há formação de bolhas Há regeneração espontânea. É indolor. Evolui com descamação em poucos dias. Ocorre reepitelização a partir dos anexos cutâneos (folículos pilosos espontânea, necessitando de e glândulas). Não há regeneração espontânea, necessitando de enxertia. Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 34 Regride sem deixar cicatrizes. Cicatrização mais lenta (2- 4 semanas). Eventualmente pode cicatrizar, porém com retração das bordas. Repercussão sistêmica é desprezível Pode deixar sequelas: discromia (superficial); cicatriz (profunda 7.2.2 Extensão Os riscos gerais do queimado nas primeiras horas dependem fundamentalmente da extensão da área queimada, sendo maior a repercussão sistêmica, devido à perda das funções da pele, quanto maior for a área afetada. A extensão é calculada em porcentagem da superfície corporal total (SC), sendo consideradas apenas as áreas queimadas com profundidade de segundo e terceiro graus. Fig. Regra dos 9 7.2.3 Localização das queimaduras Em razão dos riscos estéticos e funcionais, são desfavoráveis as queimaduras que comprometem face, pescoço e mãos. Além disso, aquelas localizadas em face e pescoço costumam estar mais frequentemente associadas à inalação de fumaça, assim como podem causar edema considerável, prejudicando a permeabilidade das vias respiratórias e levando à insuficiência respiratória. Unidade 07 – Ferimento Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 35 7.2.4 Idade do paciente queimado A idade deve ser considerada na avaliação da gravidade das queimaduras. Idosos e crianças costumam ter repercussão sistêmica mais crítica, os primeiros pela maior dificuldade de adaptação do organismo, e os últimos pela desproporção da superfície corporal em relação ao peso. Nessas faixas etárias as complicações são, portanto, mais comuns e mais graves. 7.2.5 Doenças e condições associadas São condições que pioram o prognóstico os traumas concomitantes, principalmente neurológicos, ortopédicos e abdominais, ou mesmo politraumatismos, assim como a presença de doenças preexistentes, tais como insuficiência cardíaca, insuficiência renal, hipertensão arterial, diabete e etilismo. Também tendem a evoluir com pior prognóstico as vítimas alcoolizadas ou sob efeito de drogas ilícitas. Essas situações devem ser consideradas e adequadamente abordadas. Nesses casos a recuperação das alterações decorrentes da queimadura fica substancialmente prejudicada. 7.3 INALAÇÃO DE PRODUTOS DE COMBUSTÃO Além dos danos provocados pela inalação de gases tóxicos, como monóxido de carbono, os produtos de combustão são irritantes e causam inflamação com edema da mucosa traqueobrônquica, que se manifesta por rouquidão, estridor, dispnéia, broncoespasmo e escarro cinzento. Essas lesões costumam ser graves, pioram muito o prognóstico e são responsáveis por elevar a mortalidade dos queimados. 7.3.1 Primeiros cuidados Os primeiros cuidados adequados dispensados à vítima de queimadura constituem determinante fundamental no êxito final do tratamento, contribuindo decisivamente para a redução da morbidade e da mortalidade. Para isso é importanteeducar a população em geral e treinar grupos populacionais de risco para agir corretamente diante de um caso de queimadura. Como primeira medida a ser tomada deve-se remover a fonte de calor, afastando a vítima da chama ou retirando o objeto quente. Se as vestes estiverem em chamas a vítima deve rolar-se no solo e nunca correr ou ser envolvida em cobertores, que podem ativar as chamas. As vestes devem ser retiradas, desde que não aderidas à pele; do contrário só devem ser removidas sob anestesia no momento do debridamento da ferida em centro cirúrgico. Em casos de queimaduras elétricas, deve-se providenciar a interrupção da corrente antes do Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 36 contato com a vítima ou, se isso não for possível, tentar afastá-la com objeto isolante, como madeira seca. Em seguida deve-se providenciar o resfriamento da área queimada com água corrente fria de torneira ou ducha. Nunca deve ser feito com água gelada ou outros produtos refrescantes, como creme dental ou hidratantes. Além de promover a limpeza da ferida, removendo agentes nocivos, a água fria é capaz de interromper a progressão do calor, limitando o aprofundamento da lesão, se realizado nos primeiros segundos ou minutos, de aliviar a dor, mesmo se aplicado após alguns minutos, assim como pode reduzir o edema. Portanto o resfriamento com água corrente deve ser instituído o mais precocemente possível, durante cerca de 10 minutos, podendo chegar a 20 minutos, caso seja necessário. Porém deve ser mais breve quanto mais extensa for a queimadura, devido ao risco de hipotermia, não sendo recomendável em queimaduras superiores a 15% da superfície corporal. Após o resfriamento, a área queimada, se menor do que 5%, pode ser protegida com gazes, compressas ou toalhas de algodão, úmidas, em seguida coberta por plástico ou outro material impermeável, e por fim o paciente deve ser envolvido com manta ou cobertor. Aqui cabe a lembrança: "resfriar a queimadura mas aquecer o paciente". Nas queimaduras de primeiro grau o atendimento é ambulatorial e consiste apenas em controlar a dor e nos cuidados locais da área queimada. A analgesia pode ser feita via oral. Compressas de água fria também auxiliam no alívio da dor, podendo ainda ser empregado corticosteróide tópico em loção ou creme, para reduzir a inflamação. É importante recomendar a fotoproteção de modo a evitar discromias residuais. As queimaduras de segundo e terceiro graus são mais graves, e ao mesmo tempo em que se examina a vítima, colhe-se a história detalhada da queimadura, procurando identificar possíveis injúrias concomitantes, inalação de fumaça e tratamento prévio instituído. Se possível, uma breve história pregressa deve ser tomada, incluindo doenças, medicamentos, alergias e vacinações. Deve ser mantida a calma durante todo o atendimento ao queimado, sendo importante não se deixar impressionar pelo aspecto chocante da queimadura, que pode desviar a atenção do profissional, deixando passar despercebidas lesões muitas vezes mais graves, como traumas neurológicos, ortopédicos e viscerais. Se a história do acidente sugerir trauma com envolvimento da coluna vertebral, especial cuidado deve ser dispensado a sua avaliação e devida estabilização. Sempre que atingem face e pescoço são consideradas queimaduras graves, porque podem comprometer a permeabilidade das vias respiratórias. Nos casos de queimaduras elétricas deve sempre ser lembrado o risco de parada cardiorrespiratória, devido a arritmias cardíacas. Feita a avaliação da queimadura e das condições respiratórias e circulatórias, torna-se imperativa a distinção entre uma queimadura benigna e uma queimadura grave. A queimadura benigna observa-se ausência de insuficiência respiratória instalada - ausência de risco de insuficiência respiratória futura (queimaduras de face e pescoço) - queimadura de segundo ou terceiro grau inferior a 10% da superfície do corpo em crianças e 15% da superfície do corpo em adultos. Embora no caso de queimadura benigna o paciente raramente corra risco de vida, há situações que indicam sua remoção para atendimento em nível hospitalar, por exigir cuidado especializado, como no caso de lesões de terceiro grau superiores a 1% da superfície do corpo e de lesões de mãos, ou por oferecer maior risco devido às condições da vítima, como faixa etária crítica (idosos e crianças) e doenças associadas (diabete, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e insuficiência renal, entre Unidade 07 – Ferimento Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 37 outras). Do contrário, o atendimento ambulatorial consiste em analgesia imediata, por via endovenosa, posteriormente o controle da dor pode ser mantido por via oral. Controlada a dor pode-se então proceder a excisão das bolhas grandes, deixando intactas as pequenas, e o debridamento dos tecidos desvitalizados, realizando uma limpeza profunda da ferida com clorexidina diluída ou iodopolivinilpirrolidona (PVPI) e enxaguando-se com água ou solução fisiológica. A PVPI deve ser deixada por cinco minutos para que ocorra a liberação do iodo, que tem propriedade antimicrobiana. Nesse caso deve ser evitado o enxágue com solução fisiológica, que pode inativar parcialmente a PVPI. Em seguida faz-se o curativo, aplicando de preferência gaze vaselinada estéril, cobrindo com ataduras de gaze e enfaixando-se com bandagem de crepom sem compressão excessiva. A sulfadiazina de prata deve ser evitada a princípio, pois pode dificultar a avaliação da área queimada, que pode progredir nas primeiras 48 horas. Na queimadura grave a insuficiência respiratória pode estar instalada ou potencial (face e pescoço) - queimaduras de segundo ou terceiro grau superiores a 10% da superfície corporal em crianças e 15% da superfície corporal em adultos. Nesses casos toda e qualquer medicação deverá ser administrada exclusivamente por via endovenosa. Deve-se, portanto, providenciar imediatamente um acesso venoso superficial com catéter de polietileno agulhado. O atendimento à vítima de queimadura grave obrigatoriamente deve ser prestado em ambiente hospitalar e compreende quatro estádios em ordem cronológica: 1. Controle da função respiratória (permeabilidade das vias aéreas); 2. Reidratação parenteral e vigilância do estado hemodinâmico; 3. Tratamento analgésico; 4. Acondicionamento do queimado para o transporte à Unidade de Queimados. Primeiros Socorros Este material é parte integrante do curso online "Primeiros Socorros" do EAD (www.enfermagemadistancia.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 38 08 LESÕES TRAUMÁTICAS E ORTOPÉDICAS 8.1 FRATURAS, LUXAÇÕES E ENTORSES 8.1.1 Fratura As fraturas têm uma tendência a se consolidarem espontaneamente, desde que mantidos os princípios de vitalidade tecidual e estabilidade mecânica. Na maioria das fraturas, o diagnóstico é auto-evidente, mas os sinais e sintomas gerais, combinados ou isolados, incluem dor, que diminui com a tração e imobilização da fratura, constituindo o sintoma mais fiel; impotência funcional, que constitui impossibilidade de efetuar o movimento habitual da porção da extremidade afetada - no entanto, por vezes é possível a mobilização do membro de forma dolorosa e limitada; deformidade, que resulta da
Compartilhar