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09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 MÓDULO 5: ASPECTOS RELEVANTES DO CRIME E DA PENA TEMA 10 – APLICAÇÃO DA PENA 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 RESUMO Fixação da pena privativa de liberdade: dois foram os sistemas desenvolvidos para a determinação da pena: o sistema bifásico, idealizado por Roberto Lyra (maior promotor de Júri que o Brasil já teve, “príncipe dos promotores”), e o sistema trifásico, elaborado por Nélson Hungria, sendo esse o adotado pelo vigente Código Penal, em seu artigo 68: a pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. Para o critério bifásico, a pena privativa de liberdade deveria ser aplicada em duas fases distintas, sendo a primeira fase composta pelas circunstâncias judiciais, atenuantes e agravantes, e a segunda fase, pelas causas de aumento e de diminuição. Esse sistema foi unicamente adotado para a fixação da pena de multa, que é feita em duas fases: fixa-se, inicialmente, o número de dias-multa, e, após, calcula-se o valor de cada dia-multa. O sistema trifásico, ao seu turno, sustenta a dosimetria da reprimenda em três fases distintas, conforme estabelece o mencionado artigo 69. Na primeira, o juiz fixa a pena-base tomando por apoio as circunstâncias judiciais do artigo 59, do CP; em seguida, na segunda fase, são consideradas as agravantes e atenuantes e, sobre elas, na terceira fase, as causas de aumento e de diminuição. O sistema Nélson Hungria foi a opção escolhida pelo legislador, acertadamente, pois, havendo a separação em três fases distintas, com as respectivas fundamentações, torna-se mais detalhada e clara a fixação da pena. Trata-se de direito de o réu acompanhar todas as etapas da individualização de sua pena (estágios e fases)1, o que garante, inclusive, a ampla defesa. A ausência de fundamentação em cada etapa do sistema trifásico conduz à nulidade da sentença (art. 93, IX, CF) ou, no mínimo, à redução da pena quando revista pela instância superior. Em face da inexistência de prejuízo ao réu, a fixação da pena no mínimo legal dispensa aprofundada motivação. 1ª Fase – fixação da pena-base: incidência das circunstâncias judicias, artigo 59, CP: as circunstâncias judiciais foram individualmente analisadas no primeiro bloco da presente aula. 1 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 1. RJ: Forense, Cap. XXXII, pag. 822. Aula IV – Cálculo da Pena – Sistema Trifásico 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 Cuida-se, neste momento, da aplicação dessas circunstâncias no campo prático, obedecendo a algumas regras construídas pela doutrina e pela jurisprudência. A primeira fase tem por finalidade fixar a pena-base, tendo o juiz como instrumentos as circunstâncias judiciais. Essa fase inaugura a dosimetria da pena, cujo ponto de partida é a pena simples, aquela prevista no preceito secundário do tipo básico, ou a pena qualificada, presente no tipo derivado, a exemplo do furto qualificado (artigo 155, § 4º), do roubo qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (artigo 157, § 3º), homicídio qualificado (artigo 121, § 2º) etc. Encontrando o ponto de partida, firmado pela tipificação decorrente da condenação (ex: roubo simples, artigo 157, caput, do CP), o magistrado deverá fixar a pena-base dentro dos limites legais, mínimo e máximo, cominados abstratamente, valendo-se, para a eleição do quantum, das circunstâncias judiciais. Nos dizeres de Nucci, “A eleição desse quantum obedece às regras previstas no artigo 59 do Código Penal, em que se encontram as circunstâncias judiciais, compostas por oito fatores, divididos da seguinte forma: a culpabilidade, que representa o conjunto dos demais, acrescida dos antecedentes, da conduta social, da personalidade, dos motivos, das circunstâncias, das consequências do crime e do comportamento da vítima. Portanto, quando os sete elementos inseridos no quadro da culpabilidade forem favoráveis, haverá mínima censurabilidade; se forem desfavoráveis, ocorrerá máxima censurabilidade2.” O referido doutrinador, na tentativa de repelir a política da pena mínima e com vistas a cumprir, rigorosamente, com o princípio da individualização da pena, evitando-se a padronização matemática, elaborou um sistema para a valoração das circunstâncias judicias, atribuindo pontos (pesos) de acordo com a preponderância de cada circunstância. Ele alerta para a necessidade de se adotar um sistema de pesos, redundando em pontos, para o fim de nortear o juiz na escolha do montante da pena-base. Baseando-se nos pesos dos elementos do artigo 59 do Código Penal, deve o julgador pender para maior quantidade de pena ou seguir para a fixação próxima ao mínimo3. Na opinião do jurista, as elementares “personalidade”, “antecedentes” e “motivos” constituem fatores preponderantes, atribuindo-lhes peso 2, frente aos demais componentes rasos, que devem possuir peso 1. 2 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 1. RJ: Forense, Cap. XXXII, pag. 774. 3 Idem. 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 Em seus dizeres, “visualizada a distinção entre os fatores preponderantes e os componentes rasos, torna-se fundamental que o magistrado promova a verificação da existência de cada um deles, avaliando as provas constantes dos autos, para, na sequência, promover o confronto entre os elementos detectados. Dessa comparação surgirá a maior ou menor culpabilidade, leia- se, a maior ou menor censura ao crime e seu autor. Em nível ideal e abstrato, se os sete elementos foram favoráveis ou neutros, a culpabilidade é mínima, logo, a pena-base deve ser fixada no mínimo legal. Se os sete elementos forem desfavoráveis, a culpabilidade é máxima e, por conseguinte, a pena-base deve ser estabelecida no máximo legal4.” Prossegue Nucci, ilustrando, na prática, o seu raciocínio: a projeção dos pesos atribuídos aos elementos do artigo 59 em escala de pontuação forneceria o seguinte: personalidade = 2; antecedentes = 2; motivos = 2; conduta social = 1; circunstâncias do crime = 1; consequências do crime = 1; comportamento da vítima = 1. O total de pontos é 10. Logo, na fixação da pena- base de um furto simples, cuja variação da pena de reclusão é de 1 a 4 anos, teríamos: a) 10 pontos negativos = 4 anos de pena-base; 5 pontos negativos = 2 anos e 6 meses de pena-base; 3 pontos negativos = variação de 1 ano e 6 meses a 2 anos de pena-base; nenhum ponto negativo = 1 ano de pena-base. Os pontos favoráveis ao acusado são considerados positivos ou neutros. O ponto positivo tem o condão de confrontarcom um negativo, podendo anulá-lo ou suplantá-lo. O ponto neutro apenas deixa de contribuir para a formação da culpabilidade elevada. Anote-se que o ponto positivo é decorrência, também, da análise do conjunto probatório (ausência de antecedentes criminais, por exemplo), enquanto o ponto neutro decorre da carência de provas (não se consegue apurar a conduta social do réu antes da prática criminosa5. As circunstâncias judiciais possuem caráter residual, o que significa dizer que somente poderão ser levadas em consideração caso não constituem ou qualifiquem o crime ou não estejam previstas como agravantes, atenuantes, causas de aumento e de diminuição. Exemplo: Na hipótese de estarem presentes duas ou mais qualificadoras (muito comum no crime de homicídio), o magistrado deve usar uma delas para qualificar o crime e as demais como agravantes genéricas, na segunda fase, desde que encontrem correspondência nos arts. 61 e 62. Se não houver correspondência, as demais qualificadoras passam a funcionar como circunstâncias judiciais desfavoráveis. 2ª Fase – Pena provisória: consideração das agravantes e atenuantes. Determinada a pena-base na primeira fase, passa-se à análise das atenuantes e das agravantes, expressamente previstas no Código Penal, devendo o magistrado elevar ou minorar a pena dentro dos patamares legalmente estabelecidos. 4 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 1. RJ: Forense, Cap. XXXII, pag. 775. 5 NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal – Vol. 1. RJ: Forense, Cap. XXXII, pag. 776. 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 As agravantes e atenuantes podem ser definidas como circunstâncias objetivas ou subjetivas que não integram a estrutura do tipo penal, mas se vinculam ao crime, devendo ser consideradas pelo juiz no momento de aplicação da pena. Relembrar que as agravantes nem sempre agravam a pena, assim como as atenuantes nem sempre atenuam a pena. As agravantes não agravam a pena quando constituírem ou qualificarem o crime ou, ainda, configurarem causa de aumento. Também não agravam a pena quando fixada no máximo legal ou no confronto com atenuante preponderante, como, em regra, é a confissão espontânea. Inclusive, o artigo 61, do CP, é expresso ao estabelecer: São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime No tocante às atenuantes, a maioria entende pela impossibilidade de reconhecimento quando constitui ou privilegia o crime, assim como pela inviabilidade de fixação aquém dos patamares mínimos, não podendo, por exemplo, a confissão espontânea romper com a pena mínima. Esse entendimento está consolidado pelo STJ, na súmula 231. Por fim, a pena não será atenuada se presente agravante preponderante, como, por exemplo, a reincidência. Em relação à possibilidade de determinação da pena, nesta segunda fase, aquém do mínimo legal, embora constitua entendimento majoritário, há vozes, em especial da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, que lutam pelo reconhecimento de atenuantes mesmo tendo sido a pena-base determinada no mínimo permitido legalmente. Rogério Greco assim se posiciona: “Objeto de muita discussão tem sido a possibilidade de se reduzir a pena-base aquém do mínimo ou aumentá-la além do máximo nesse segundo momento de fixação da pena. O STJ, por intermédio da Súmula nº 231, expressou o seu posicionamento. Esse, infelizmente, tem sido a posição da maioria de nossos autores quem numa interpretação contra legem, não permitem a redução da pena-base, em virtude da existência de uma circunstância atenuante, se aquela tiver sido fixada em seu patamar mínimo. Dissemos que tal interpretação é contrária à lei porque o artigo 65 não excepciona sua aplicação aos casos em que a pena-base tenha sido fixada acima do mínimo legal. Pelo contrário. O mencionado artigo afirma, categoricamente, que são circunstâncias que sempre atenuam a pena. O argumento de que o juiz estaria legislando se reduzisse a pena aquém do mínimo não 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 convence. Isso porque o artigo 59 do Código Penal, que cuida da fixação da pena-base, é claro em dizer que o juiz deverá estabelecer a quantidade de pena aplicável nos limites previstos. O juiz jamais poderá fugir aos limites determinados pela lei na fixação da pena- base. Contudo, tal proibição não se estende às demais etapas previstas pelo art. 68 do Código Penal6.” 3ª Fase – Pena definitiva: incidência das causas de aumento e de diminuição Na última fase do sistema trifásico, passa à análise das circunstâncias legalmente previstas como de aumento e de diminuição, geralmente estabelecidas no próprio tipo penal por meio de parágrafos, a exemplo do roubo majorado, artigo 157, § 2º, do CP. Na terceira fase, a pena pode romper os limites legais, pois a lei prevê o quantum de aumento ou de diminuição em índices variáveis. Não podemos confundir as causas de aumento e de diminuição com as agravantes e atenuantes: Não podemos confundir as causas de aumento com qualificadora: Regime inicial de cumprimento de pena: finda a terceira fase, obtido o resultado definitivo da pena, passa-se à verificação do regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade, importante processo de individualização da pena. A determina do regime deve obedecer aos critérios dispostos no artigo 33 e seguintes, do Código Penal, já estudados em aula anterior. 6 Greco, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Geral, vol. 1. RJ: Impetus, 9ª ed., pág. 560. Agravantes / Atenuantes Majorantes / Minorantes 2ª fase do cálculo da pena 3ª fase do cálculo da pena Quantum sem previsão legal Quantum com previsão legal Não rompem os limites mínimo e máximo, súmula 231, STJ Rompem os limites Majorante Qualificadora Aumenta a pena do delito Qualifica o delito substituindo seu preceito secundário, anunciando novos limites mínimo e máximo. Tipo derivado. Considerada na 3ª fase É ponto de partida para o cálculo da pena- base 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 Súmula 440 STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito. Súmula 718 STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada. Súmula 719 STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea. LEITURA COMPLEMENTAR “(...) A dosimetria da pena, em verdade é o momento de maior imporância ao aplicador do Direito Penal e Processual Penal, é nessa ocasião que o julgador, revestido do poder jurisdicional que o Estado lhe confere, comina ao indivíduo criminoso, a sanção que reflete a reprovação estatal do crime cometido, através da pena imposta, objetivando com isso a prevenção do crime e sua correção. E é por intermédio desta puniçãoque o Estado, legítimo detentor do jus puniendi, exterioza e concretiza a reprovação do ato praticado. A parte especial do Código Penal Brasileiro, especifica as penas em um limite abstrato, um mínimo e um máximo, aplicável ao agente no delito cometido, a dosimetria da pena é uma metodologia que tem a função de quantificar um valor exato deste limite abstrato. Os elementos do Direito Penal vão se ajustando ao tempo em que a sociedade se transforma, certo que não em sua velocidade, geralmente iniciam-se pelas jurisprudências dos tribunais (...)” Para a íntegra do texto, segue link abaixo: Dosimetria da Pena JURISPRUDÊNCIA “HABEAS CORPUS. PENAL. TENTATIVAS DE HOMICÍDIO QUALIFICADO E ROUBOS MAJORADOS. PENA-BASE. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. NEGATIVAÇÃO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. ELEMENTOS INERENTES AO PRÓPRIO TIPO PENAL. REINCIDÊNCIA. FRAÇÃO DE 1/6. PROPORCIONALIDADE. MAJORANTES. ART. 654, § 2º, DO CPP. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO DA SÚMULA 443/STJ. CONTINUIDADE DELITIVA. FRAÇÃO DE RECRUDESCIMENTO. CRITÉRIO OBJETIVO. NÚMERO DE INFRAÇÕES. 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=1401 1. A culpabilidade, as circunstâncias e as consequências do crime foram sopesadas em desfavor do paciente, sem que o Magistrado sentenciante demonstrasse a existência de elementos concretos a justificar o recrudescimento da reprimenda. Ademais, o interesse em auferir vantagem econômica no crime de roubo configura elemento inerente ao próprio tipo penal e, por isso, inadmissível para justificar o recrudescimento da pena. 2. Quanto à segunda fase de aplicação da reprimenda, em razão da ausência de previsão no Código Penal do patamar de aumento ou de diminuição, a jurisprudência deste Tribunal tem se firmado no sentido de que a fração de 1/6 para cada agravante ou atenuante atende ao critério da proporcionalidade. 3. Com fundamento no art. 654, § 2º, do Código de Processo Penal, que autoriza a concessão de habeas corpus de ofício, deve ser reconhecida a existência de ilegalidade flagrante na terceira fase da fixação da reprimenda, pela prática dos delitos de roubo, tendo em vista o enunciado da Súmula 443/STJ, bem como na fração de aumento aplicada decorrente do reconhecimento da continuidade delitiva, que deve atender ao critério objetivo referente ao número de infrações. 4. Ordem de habeas corpus concedida nos termos em que pleiteada e, presente ilegalidade manifesta, concedida, também, de ofício, a fim de redimensionar a pena do réu para 12 anos, 10 meses e 9 dias de reclusão, e pagamento de 16 dias-multa, mantidos os demais termos do acórdão proferido pelo Tribunal a quo.” (HC 269.768/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 20/06/2017, DJe 30/06/2017). “PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. INADEQUAÇÃO. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. MOTIVAÇÃO IDÔNEA PARA A IMPOSIÇÃO DO REGIME MAIS GRAVOSO. MODUS OPERANDI. GRAVIDADE CONCRETA DO DELITO. WRIT NÃO CONHECIDO. 1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientação no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não conhecimento da impetração, salvo quando constatada a existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado. 2. Os fundamentos utilizados pelo decreto condenatório não podem ser tidos por genéricos e, portanto, constituem motivação suficiente para justificar a imposição de regime prisional mais gravoso que o estabelecido em lei (art. 33, §§ 2º e 3º, do Código Penal), não havendo falar em violação da Súmula 440/STJ, bem como dos verbetes sumulares 718 e 719 do Supremo Tribunal Federal. 3. Nada obstante o fato de a pena-base ter sido imposta no piso legal, o estabelecimento do regime mais severo do que o indicado pelo quantum da reprimenda baseou- se na gravidade concreta do delito, evidenciada pelo seu modus operandi, pois houve emprego de violência intensa na senda criminosa, tendo contado com a participação de três adolescentes, o que exige resposta estatal superior, dada a maior reprovabilidade da conduta, em atendimento ao princípio da individualização da pena. 4. A aplicação de pena no patamar mínimo previsto no preceito secundário na primeira fase da dosimetria não conduz, obrigatoriamente, à fixação do regime indicado pela quantidade de sanção corporal, sendo 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 lícito ao julgador impor regime mais rigoroso do que o indicado pela regra geral do art. 33, §§ 2º e 3º, do Estatuto Repressor, desde que mediante fundamentação idônea. (Precedentes). 5. Writ não conhecido.”(HC 383.194/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 20/06/2017, DJe 28/06/2017). FONTE BIBLIOGRÁFICA NUCCI, Guilherme de Souza, Curso de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2017. Vol. 1, págs. 743 a 838. NUCCI, Guilherme de Souza, Código Penal Comentado. 17. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017 – artigos 59 a 68 e artigo 33. NUCCI, Guilherme de Souza, Princípios Constitucionais Penais e Processuais Penais. 4. ed. Rio de janeiro: Forense, 2015. 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0 09 68 43 39 95 0
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