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1 Beatriz Machado de Almeida Gastroenterologia – Hepatopatias agudas e crônicas – Aula 10 Hepatopatias agudas e crônicas As inflamações gerais do fígado (ex. hepatite) serão vistas em vários momentos, mas falência hepática aguda é um tema bastante específico e muito raro de ser abordado (não tem capítulo para ele nas literaturas). Serão vistos muitos pacientes com elevação das transaminases. O tema da aula é insuficiência hepática aguda, a famosa hepatite fulminante; o objetivo é entender a diferença entre hepatite aguda grave para uma hepatite fulminante. Funções do fígado O fígado tem inúmeras funções, que podem ser agrupadas em 3 principais categorias: • METABOLISMO Quando se fala do metabolismo é de quase tudo. O fígado está envolvido diretamente e é fundamental para o metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas. Além disso, tem um papel importante no metabolismo de hormônios (principalmente esteroides). O fígado tem como se fosse a função tampão da glicose. ❖ Carboidratos: ➢ Síntese de glicogênio: Ex. em situações pós- prandial, quando tem muito açúcar no sangue (aumento da glicemia). ➢ Glicogenólise, gliconeogênese: Ex. em situações de glicemia baixa. Quando o fígado falha, o paciente pode fazer tanto hiperglicemia quanto hipoglicemia, pois perde a capacidade de quebra, síntese e armazenamento da glicose. ❖ Proteínas: ➢ Síntese: Fora as imunoglobulinas, o fígado faz quase todas as proteínas. ❖ Lipídios: ➢ Diversas etapas do metabolismo. • DETOXIFICAÇÃO: • O fígado é fundamental no processo de detoxificação, o que ocorre graças ao sistema porta; • No fígado, chega a artéria hepática e a veia porta (se comporta como uma artéria). A veia porta drena o sangue do intestino grosso, delgado, pâncreas, estômago e baço, levando-o ao fígado. Esse sangue vem cheio de nutrientes, produtos do metabolismo desses órgãos, toxinas, remédios ingeridos, chás. ❖ Mecanismo de primeira passagem: antes de todas essas coisas citadas anteriormente terem acesso ao corpo, precisam passar pelo fígado. Ou seja, todas as coisas que entraram através do trato digestivo, antes de ganharem acesso ao corpo, passam primeiro pelo fígado (por conta da veia porta). ❖ Células de Kupfer (fagocitose) e hepatócitos (detoxificação bioquímica). Algumas coisas são eliminadas pelos hepatócitos; outras são devolvidas para a corrente sanguínea. • EXCREÇÃO: • Lembrar: O rim é fundamental para a excreção. Sem rim ou, pelo menos, sem terapia de substituição renal, a gente não vive. O rim só é capaz de excretar moléculas pequenas e moléculas hidrossolúveis. ❖ Através da bile, o fígado consegue excretar grandes catabólitos hidrossolúveis e outras substâncias com as quais o rim não consegue lidar. ❖ Moléculas lipossolúveis; ❖ Hormônios esteroides; ❖ Metais pesados. 2 Beatriz Machado de Almeida Gastroenterologia – Hepatopatias agudas e crônicas – Aula 10 Essas substâncias são processadas no hepatócito, jogadas no canalículo biliar e excretadas através da bile. Quando o paciente tem uma insuficiência hepática, seja ela aguda ou crônica, o paciente pode ter inúmeras consequências, que podem afetar diversas etapas das funções do fígado. Tais funções não são todas afetadas da mesma forma, pois dependem do tipo de insuficiência hepática (aguda ou crônica). Falência hepática aguda Definição Insuficiência hepática aguda ou falência hepática aguda • Lesão hepática aguda: paciente que tem hepatite aguda/inflamação no fígado. Ocorre junto com uma coagulopatia, que é definida por: • TP (tempo de protrombina) alargado/alteração do RNI (>= 1,5); • Encefalopatia hepática (necessariamente). É o que define que o paciente está em falência hepática aguda – hepatite fulminante. ❖ A falência hepática aguda também é conhecida como hepatite fulminante. ❖ Prognóstico reservado: Se o paciente não for muito bem observado e tratado, o prognóstico é reservado. ❖ Hepatite aguda grave? É preciso diferenciar da falência hepática aguda. Nesse caso, o paciente tem a lesão hepática aguda (inflamação do fígado - definida pela elevação das transaminases), pode ter o TP alargado, elevação de bilirrubinas, coagulopatia, mas ele não faz a encefalopatia hepática. IMPORTANTE: É a presença da encefalopatia que define que o paciente está em falência hepática aguda - hepatite fulminante. Isso muda prognóstico e conduta, porque desenvolver a encefalopatia significa que esse paciente tem menos chance de recuperação espontânea, significa que a gente precisa começar a pensar em transplante pra um paciente que há 2 semanas atrás talvez não tivesse doença hepática nenhuma. Existem diversas subclassificações pra hepatite fulminante – falência hepática aguda. A seguir, será apresentada uma das mais aceitas. Trata-se de um paciente que desenvolve esse quadro clínico em até 26 semanas (parece uma coisa não tão aguda assim). Ex. Paciente X começou hoje com elevação das transaminases e daqui a 26 semanas abriu um quadro de coagulopatia e encefalopatia → classificado com falência hepática aguda. 26 semanas é muito tempo e existem doenças diferentes que podem fazer falência hepática aguda. A depender da doença, algumas podem fazer muito mais rápido e outras podem levar as 26 semanas. DEFINIÇÃO - <26 SEMANAS • Até 7 dias → Hiperaguda; • 7 – 21 dias → Aguda; • >21 dias, <26 semanas → Subaguda. Isso é sobre: Quanto tempo do início dos sintomas até fazer a encefalopatia? Lembrar: é a presença da encefalopatia que define que esse paciente tem falência hepática aguda. ❖ Reflete etiologia: maior fator para o prognóstico; Tem muitas coisas que o médico pode fazer, mas no final das contas, é a etiologia-causa da falência que vai realmente mudar a história daquele paciente. ❖ Hiperaguda (aquelas que levam menos tempo) – Ex. o paciente apareceu hoje ictérico e 3 dias depois já apresenta encefalopatia. Geralmente é lesão por paracetamol ou lesão isquêmica – melhor prognóstico; A hiperaguda não tem melhor prognóstico por ser mais rápida, mas por ser associada a causas que costumam reverter de forma espontânea. ❖ Etiologias associadas a falência subaguda: Ex. doença de Wilson (doença genética do metabolismo 3 Beatriz Machado de Almeida Gastroenterologia – Hepatopatias agudas e crônicas – Aula 10 do cobre, que quando faz falência hepática aguda, costuma ter um prognóstico pior) – pior prognóstico. Para dizer que o paciente tem falência hepática aguda, esse paciente não pode ter uma doença hepática prévia. Ex. O paciente tem cirrose por hepatite C, que tava compensada (até jogava futebol) e, de repente, pegou uma infecção e descompensou, o que levou a uma encefalopatia, insuficiência hepática super descompensada, com ascite, sangramento de varizes do esôfago. Esse paciente que já tinha cirrose não tem falência hepática aguda, mas ele está com uma descompensação aguda, que o classifica como ¨acute in chronic¨, ou seja, o agudo no crônico. Não é considerado uma falência hepática aguda. É a famosa agudização. Existem 2 exceções para um paciente com doença hepática crônica poder ser classificado como falência hepática aguda: Doença de Wilson e hepatite B. Essas doenças são hepáticas crônicas, mas podem fazer uma falência hepática aguda catastrófica. Ex. o paciente não sabia ser previamente doente e faz uma agudização tão catastrófica que tem características de falência hepática aguda. Esse é o motivo de utilizar as 26 semanas na classificação. Quando um paciente recebe o diagnóstico de falência hepática aguda (FHA), ele vira prioridade nacional na fila de transplante, ou seja, ele passa na frente de todo mundo que já estava na fila há mil anos. É preciso muito cuidado em quem a gente define como falência aguda. Alguns pacientes comdoença de Wilson e alguns pacientes com hepatite B podem ser classificados como falência hepática aguda. Resumo: alguns pacientes podem ser classificados como falência hepática aguda mesmo tendo uma doença hepática crônica, mas é preciso muito cuidado quando isso acontece. Se o paciente com falência hepática aguda não for transplantado em 3,2,1 ... ele morre (provavelmente). Causas • Hepatite autoimune; • Sepse; • Infiltração maligna: seja pelo CHC ou por outros tumores (metástases) • Álcool? A nossa legislação não permite ainda que o paciente etilista, mesmo com falência hepática aguda, seja considerado FHA. Só o fato de ser etilista, ele já é considerado um hepatopata crônico. Apesar do álcool fazer lesão aguda, por ser etilista, ele já é considerado crônico e não pode ser considerado, por legislação, FHA. O paciente etilista crônico, mesmo que não seja cirrótico, já tem uma lesão hepática e é considerado um hepatopata crônico. • Doença de Wilson; • Criptogênica; • Hipoperfusão: hepatite isquêmica. Congestão – Síndrome de Budd-Chiari; trombose das veias hepáticas. • Vírus: É a mais óbvia. Raro. Vírus A e B tem <1% de chance de fazer. Epstein-Bar, citomegalovírus, HIV. • Drogas e toxinas: ❖ Chás e produtos ¨naturais¨: ➢ Herbalife: documentada e comprovada por evidência que é hepatotóxico; ➢ Chá de hibisco, chá preto, chá verde, cavalinha, senin, quioiô. Você acha que esses chás mudam tanto o metabolismo a ponto de fazer emagrecer e não vai ter um efeito colateral? Lógico que não!!! Em relação ao Whey protein, se fosse o Whey protein em si, não teria problema. Mas, como não é vendido como remédio e não tem regulamentação da Anvisa, a gente não sabe o que é que tem dentro. ❖ Medicamentos: ➢ Paracetamol – efeito previsível – dose-dependente; droga de escolha para tentativa de suicídio no Reino Unido; Uma caixa inteira a pessoa vai fazer uma falência hepática aguda. A hepatite fulminante por paracetamol é muito rápida). ➢ Antibióticos, anti-inflamatórios, remédios de tuberculose. Manifestações clínicas • Sintomas inicias inespecíficos: ❖ Fadiga, mal estar, anorexia, náuseas, vômitos, dor em HCD. Tais sintomas podem não chamar a atenção. ❖ Prurido. • À medida que vai evoluindo, esse paciente pode apresentar: ❖ Icterícia; ❖ Ascite; 4 Beatriz Machado de Almeida Gastroenterologia – Hepatopatias agudas e crônicas – Aula 10 ❖ Progressão para encefalopatia: definidor de falência hepática; ❖ Edema cerebral com ou sem hipertensão intracraniana. Alguns pacientes, principalmente aqueles que fazem a subaguda, podem desenvolver hipertensão portal. Quando isso acontece, pode haver o surgimento da ascite. E o que define a progressão clínica é a evolução para a encefalopatia, e é muito importante o edema cerebral, com ou sem hipertensão intracraniana. A encefalopatia vem do acúmulo de toxinas não metabolizadas no SNC, que tem uma série de efeitos no funcionamento do SNC, podendo causar edema cerebral, principalmente naquela falência hepática hiperaguda e aguda. Tais pacientes podem fazer edema e hipertensão intracraniana. Graus de encefalopatia Grau I Alterações leves de comportamento e de funções biorregulatórias, como alternância do ritmo do sono, distúrbios discretos do comportamento como riso e choro ¨fácil¨, hálito hepático. Grau II Letargia ou apatia, lentidão nas respostas, desorientação no tempo e espaço, alterações na personalidade e comportamento inadequado, presença de flapping. Grau III Sonolência e torpor com resposta aos estímulos verbais, desorientação grosseira e agitação psicomotora, desaparecimento do flapping. Grau IV Coma não responsivo aos estímulos verbais e com resposta flutuante à dor. • Coagulopatia: ¨Corram léguas do médico que diz que o paciente hepatopata ou com insuficiência hepática é naturalmente coagulado, porque viu lá o TP alargado, o RNI de 1,5 e acha que o paciente é naturalmente anticoagulado¨. A gente vai encontrar esses pacientes com o TP alargado e o RNI de 1,5. Tal paciente pode sangrar, mas raramente eles serão vistos sangrando muito e, quando sangram muito, é porque a plaqueta baixou em decorrência de várias outras coisas que podem estar acontecendo com esse paciente também. Ele não sangra tanto quanto a gente esperaria por conta de uma diminuição do TP, porque o fígado produz fatores anticoagulante e pró coagulantes, então está tudo reduzido, tanto o que faz sangrar quanto o que faz coagular. O TP não mede toda a coagulação/toda homeostasia ... ele mede coisas muito específicas. Então não é porque o paciente hepatopata tem o TP alargado que ele necessariamente tem a tendência de sangrar, muito pelo contrário, às vezes ele pode estar com o TP alargado e fazer uma trombose, isso porque às vezes diminui mais os fatores anticoagulantes. • Alterações hemodinâmicas: causada por inflamação sistêmica grave. ❖ Circulação hiperdinâmica: vasodilatação sistêmica significativa → ❖ Aumento no débito cardíaco → ❖ Vasodilatação periférica → ❖ Progressão para falência circulatória: isso acaba diminuindo o volume circulante efetivo, inclusive para o rim → • Lesão renal aguda: mais de 50% dos pacientes → • Falência de múltiplos órgãos e sistemas: causa a morte do paciente. Isso quando ele não morre de edema cerebral. *Informação: No choque séptico acontece uma vasodilatação periférica. Na falência hepática aguda e na crônica (em menor escala), o corpo do paciente é inundado por mediadores inflamatórios (ativação de toda a cascata inflamatória de forma sistêmica), o que leva a uma vasodilatação. Achados laboratoriais No laboratório do paciente, a gente espera uma série de coisas. Por definição: • TP alargado – RNI >= 1,5; • Elevação de aminotransferases; As aminotransferases (TGO, TGP) podem estar moderadamente elevadas, mas também podem estar muito elevadas (10-20x acima do valor de referência). Depende da causa. • Elevação de bilirrubinas; Pode ter elevação de ureia, creatinina, amilase, lipase, LDH, potássio, amônia. Pode ter queda do sódio. Pode ter alteração de gasometria. • E se as transaminases caírem?? • Bilirrubina direta ou indireta?? 5 Beatriz Machado de Almeida Gastroenterologia – Hepatopatias agudas e crônicas – Aula 10 SITUAÇÃO HIPOTÉTICA Paciente internado com hepatite A aguda, chegou com icterícia as custas de BD (conjugada), febre, TGO e TGP de 1500 cada. Estava bem. 5 dias depois, você vê o laboratório do paciente e fica surpreso porque as transaminases pioraram bastante (foram pra quase 3000), mas ele tava bem. Alguns dias depois do internamento, as transaminases desse paciente estavam em 500 (3.000 → 500). No momento, você acha que o paciente melhorou bastante, mas ao olhar a bilirrubina (que estava em 10 com predomínio de BD) percebeu-se que foi pra 18 com predomínio de BI e o paciente que estava bem, está meio sonolento hoje. Por que as transaminases caíram e o TP alargou? Porque o paciente entrou num quadro de falência hepática aguda, ele está fulminando. No caso, o paciente fez uma hepatite aguda grave, ficou internado por conta disso, e fulminou. As transaminases caíram, porque matou tudo que tinha pra matar e chegou uma hora que caiu, porque não tinha mais o que matar. Então, se as transaminases caem num contexto de melhora clínica, ótimo. Porém, quando isso acontece num contexto de piora clínica, significa que o paciente está chegando numa fase final. E a BD pode indicar apenas inflamação do fígado, mas a BI é sinal de piora clínica, de falência hepática. Exames de imagem • Achados inespecíficos; • Evidências de HP (hipertensão portal) em alguns casos de subaguda; • Alterações de textura de parênquima; • Aumento do volume; • Tumores. Obs: É raro que o diagnóstico saia peloexame de imagem. Diagnóstico • Hepatite (inflamação) + encefalopatia + RNI >= 1,5 → Falência hepática aguda. • Investigação da causa: ❖ História, exame físico → fundamentais. Investigar a presença de vírus, de doenças autoimunes, toxinas, remédios, possibilidade de doença genética e metabólica. Em 30% dos casos, a gente fica sem descobrir o que foi. ❖ Exames laboratoriais; ❖ Imagem; ❖ Biópsia: dependendo da situação, se não achou nada, faz biópsia. Não deve atrasar a conduta depois desse diagnóstico. Conduta: Entrar em contato com a equipe de transplante, porque o paciente pode vir a precisar. Manejo Tem que manejar a encefalopatia, a coagulopatia ... Em linhas gerais: Fez o diagnóstico de hepatite fulminante (falência hepática aguda), é preciso fazer o contato com a equipe de transplante. • Contato e avaliação com a equipe de transplante: ❖ Cerca de 40% dos pacientes com recuperação espontânea; ❖ Transferência para um centro especializado. • Unidade de terapia intensiva: ❖ Monitorização clínica, hemodinâmica, laboratorial, infecciosa; ❖ Tratar complicações; ❖ Tratar a causa base: nem sempre tem um tratamento específico. Se for paracetamol, existe um tratamento específico, N-acetil-cisteína. Se for hepatite A/B aguda, até tem tratamento espec. ❖ Há chance de recuperação espontânea? Sim, 40% dos pacientes! ❖ Complicações da cirurgia e do pós-operatório; ❖ Imunossupressão para o resto da vida; ❖ Pacientes com falência hepática aguda são prioridades nacional. Muitas vezes, o manejo definitivo é o transplante. Critério para indicação de transplante hepático 6 Beatriz Machado de Almeida Gastroenterologia – Hepatopatias agudas e crônicas – Aula 10 O transplante não é a solução mágica de todos os problemas, pois é uma cirurgia de alta morbimortalidade. Indicar transplante é sempre complicado (complicações da própria cirurgia e do pós- operatório). Você está condenando esse paciente a fazer imunossupressão pro resto da vida. Lembrar: falência hepática aguda é prioridade nacional. Enquanto isso, trata a estabilidade hemodinâmica do paciente, a disfunção renal, a ascite, encefalopatia. Importante: acetominofeno é paracetamol. Os critérios são divididos em: falência hepática induzida por paracetamol X insuficiência hepática induzida por qualquer outra coisa. Considerando que é um paciente com falência hepática aguda induzida por paracetamol: INDICAÇÃO: ❖ PH arterial <7,3 → Indicação; OU ❖ Encefalopatia 3 ou 4; E ❖ TP > 100s; E ❖ Creatinina >3,4mg/dl. Considerando que é um paciente com falência hepática aguda induzida por qualquer outra coisa: ❖ TP > 100s → Indicação. Se não tem TP> 100 s, mas tem pelo menos 3 dos abaixo: ❖ <10 anos; >40 anos. ❖ Etiologia não A, não B ❖ Demais critérios da tabela (a pró não falou). Outras terapias Manejo do estado hemodinâmico, tratamento de infecções, tratamento do edema cerebral, disfunção renal (quase certeza que irá fazer), ascite, encefalopatia. Coisas que a gente pode fazer pra tentar substituir a função do fígado enquanto não vem um fígado novo. • Sistemas artificiais de suporte hepático (Diálise hepática): é como se fosse uma diálise renal. Tentar filtrar as toxinas que o fígado estaria filtrando. O problema é que o fígado tem função de síntese, que não será substituída. • Transplante de hepatócitos: pega cultura de hepatócitos e coloca no fígado doente, pra ver se aquilo ali pega e vai se multiplicando. É sensacional! • Transplante de fígado auxiliar: transplante de 1 segmento (enxerto pequeno) do fígado de um doador vivo, até chegar outro fígado ou até a regeneração do fígado dele. • Xenotransplante: transplante de fígado de animais. Já foi feito e está sendo reavaliado com as técnicas de imunossupressão. A pró cita alguns sistemas que não são muito usados na prática clínica, porque a eficácia deles não é tão maravilhosa. O fato é que terapia de substituição boa mesmo só tem pro rim. Pro fígado mesmo, ainda não tem uma técnica ¨perfeita¨. Todas as técnicas utilizadas ainda são muito incipientes e estão em estudo. O prognóstico, em centros especializados, é bom, com sobrevida maior que 80% quando consegue o transplante. Normalmente, 40 % se recuperam espontaneamente. Dos que precisam de transplante e conseguem, a sobrevida é mais de 80%. Agora, os que precisam do transplante e não conseguem, o prognóstico não é bom. Aqui na Bahia, com o coronavírus, parou o transplante, até porque não está tendo doação.
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