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Em 1981, jovens do sexo masculino previamente saudáveis adoeceram gravemente com uma “nova” doença com Sarcoma de Kaposi e P. Jirovecci. Em 1983, o vírus foi isolado e assim houve a descoberta do HIV, e se espalhou pelo mundo de uma forma que ninguém imaginava, transformado em uma das doenças mais importantes quantitativamente, por impacto epidemiológico e também com o investimento da indústria farmacológica anti – hiv. Hoje já temos um melhor conhecimento sobre a doença, sabendo que os pacientes evoluem para uma grave disfunção no sistema imunológico devido a destruição dos linfócitos T CD4. HIV = O vírus da imunodeficiência humana AIDS = É a condição imunodeficiência pelo vírus do HIV A partir disso, existe várias variáveis para definir o andamento da doença, em que o vírus vai manifestar a síndrome da imunodeficiência. Heterossexualização, feminização, envelhecimento, pauperização do paciente e interiorização. A transmissão se dá principalmente através de relação sexual (pelas secreções vaginais e sêmen), por via parenteral (sangue, uso de drogas injetáveis, acidentes com material biológico) e vertical (da mãe para o bebê). A prevenção se da por medidas comportamentais, biomédicas e estruturais. O indicado é associar essas medidas. O tratamento como prevenção é após o diagnóstico o paciente iniciar o tratamento com os antirretrovirais assim diminuindo a carga viral do sangue e fluídos assim reduzindo a transmissão. Profilaxia pós exposição funciona em até 72hrs, faz com antirretrovirais por 28 dias, é altamente eficaz nesse tempo. HIV/AIDS AIDS X HIV Epidemiologia Transmissão Prevenção A doença causada pelo HIV é caracterizada principalmente pela queda na contagem de linfócitos TCD4+ que são muito importantes no sistema imune, assim resultando no aparecimento de várias “doenças oportunistas” levando o paciente a ficar num estado de imunodeficiência. O vírus do HIV é um vírus com diversas glicoproteínas de superfície, em que as principais são as GP120 e GP41, elas se ligam ao CD4 (isso na submucosa) deixando favorável para o vírus entrar (o vírus só entra na célula se um co receptor CCR5 estiver). Capsídeo: transcriptase reversa; Integrase: Acopla DNA do vírus ao DNA humano; Protease: montagem de novos vírus para infectar outras células 1 – Entrada e fusão na célula; 2 – Ação da transcriptase reversa (capsídeo); 3 – Integração ao DNA da célula (integrase); 4 – Replicação viral (protease); 5 – Brotamento; 6 – Maturação OBS: CCR5, Capsídeo, Integrase e Protease são alvos de tratamento (TARV) Fisiopatogênese e História natural da doença Como ocorre a translocação no epitélio? O HIV pode atravessar o epitélio de uma mucosa íntegra a partir das células dendríticas ou pode ser diretamente através de uma inoculação. Ele já na submucosa procura os linfócitos CD4. Os linfócitos ativados são responsáveis pelas primeiras horas da infecção, da replicação viral no organismo, e vão para os linfonodos regionais, onde há a apresentação de antígeno e encontram mais CD4 se tornando uma multiplicação exponencial invadindo a corrente circulatória havendo um pico nas próximas semanas. Essa amplificação inicial do HIV irá parar por uma resposta imune adaptativa contra o vírus, porém é uma resposta de controle parcial (um “equilíbrio”). Em média, demora cerca de 10 anos para desenvolver a AIDS, porém é muito variável, pois a evolução depende de diversos fatores “encurtadores” e que retardam. Durante o “pico” pós 3 – 4 semanas da infecção, o paciente desenvolve a síndrome retroviral aguda. - Síndrome retroviral aguda -> ocorre após 2 – 4 semanas do contato com o vírus ; - Infecção crônica assintomática -> linfadenopatia crônica (o sistema imunológico não está totalmente deletado) média de 10 anos; Fisiopatogênese e História natural da doença Apresentações clínicas Síndrome retroviral aguda É o momento do intervalo entre o contágio pelo HIV e a soroconversão (surgimento de anticorpos anti – HIV); OBS: Pelo paciente não apresentar anticorpos contra o HIV, nessa fase ( 1 – 4 semanas), a sorologia não irá funcionar (então pedir pesquisa de RNA viral no sangue); A soroconversão ocorre de 2 sem – 6meses. O quadro clínico é bem inespecífico. Fase de latência clínica Dura em média de 10 anos. Durante o exame físico do paciente pode se encontrar normal porém em boa parte dos casos há uma linfadenopatia, e alguns indivíduos são acometidos pela linfadenopatia generalizada crônica. Fazer diagnóstico diferencial de acordo com o valor do CD4: tuberculose ganglionar, toxoplasmose, sífilis secundária, linfoma... Síndrome pré – AIDS Diagnóstico Dois testes positivos para anticorpos HIV + CD4< 350 cél/mm3 ou doença definidora de AIDS. OBS: Os dois testes positivos (RÁPIDOS) devem ser de fabricantes diferentes. Conhecendo os exames Teste eliza: O teste rápido Apresenta janela diagnóstica de 15 dias, com sensibilidade que chega a 99% (teste rápido); Indicado para: gestantes, parturientes, abortamento espontâneo, acidentes com material biológico, em psf/consultório de rua, violência sexual, diagnóstico de TB, pronto atendimento (situações que precisa de rápidas decisões) Pode ser feito pela saliva ou punção digital, com resultados em 30 min. Teste confirmatório (western blot): Detecta anticorpos contra antígenos do HIV SUSPEITA DE INFECÇÃO AGUDA? Pedir carga viral (PCR) Diagnóstico Quando indicar o tratamento? Tratar todos os pacientes com diagnóstico de HIV, independente do valor de linfócitos!!! Mecanismos de ação dos antirretrovirais Não é necessário o início do tratamento logo após o diagnóstico, depende de cada pessoa OBS: Sabendo que, TB é a principal causa de morte em pacientes HIV+, é necessário que trate a tuberculose (RIPE) antes de iniciar o TARV. Tratamento OBS: Pacientes com boa adesão à TARV que conseguem manter a carga viral em níveis indetectáveis por um período maior ou igual a seis meses são considerados "não transmissores" da doença pela via sexual, ou seja, a doença se torna INTRANSMISSÍVEL por esta via! O Tratamento é feito com até 3 tipos de drogas: de 2 classes diferentes!!!! ITRN – inibidor da transcriptase reversa análogo de nucleosídeo ITRNt – inibidor da transcriptase reversa análogo de nucleotídeo ITRNN – inibidor da transcriptase reversa não análogo de nucleosídeo IP - Inibidor de protease Inibidor de integrase Terapia indicada: Lamivudina + Tenofovir + Dolutegravir Efeitos adversos: Tenofovir – perda de massa óssea e monitorizar função renal Se for contraindicada (nefropatias) usar abacavir (ABC); Fazer HLA –B 5701 para saber se ABC é contraindicada, se for é associado com zidovudina (AZT) Efavirenz – alteração de sono IP – dislipidemia e diarreia Dolutegravir – insônia Deverá ser administrado em dose dobrada se o paciente for usuário de fenitoína, fenobarbital e carbamazepina. Deve ser evitado por gestantes Síndrome de reconstituição imunológica A introdução de terapia antirretroviral na presença de infecção oportunista pode desencadear uma reação inflamatória exuberante. Febre e piora das manifestações clínicas da infecção oportunista algumas semanas após o início da TARV. Monitoramento de infecção Quantificação de linfócitos CD4 CD4> 500 – bom nível imunitário CD4 < 200 – associar a quimioprofilaxia para IOs Quantificação a carga viral – CV Quanto > a CV, > chance de progressão e maior velocidade de adoecimento CD4 < 200 -> pneumocistose, leucoencefalopatia multifocal progressiva CD4 < 100 -> neutrotoxoplasmose, criptococose CD4 < 50 -> micobactéria avium e citomegalovírus QUALQUER CD4 -> tuberculose, herpes simples recorrente, herpes zoster, pneumonia bacteriana, sarcomade kaposi São infecções que ocorrem em indivíduos imunodeprimidos e que são mais graves nesse grupo. Importante relembrar da importância do uso de TARV, pois ele reduz consideravelmente as infecções oportunistas e a mortalidade nos pacientes que fazem uso. As principais infecções oportunistas respiratórias são: pneumocistose, pneumonia bacteriana recorrente e tuberculose. Infecções Oportunistas A investigação: A etiologia das infecções respiratórias no HIV+ varia em função de vários fatores como o nível de CD4, condição socioeconômica, adesão da profilaxia, região de moradia. Pneumocistose Agente etiológico: Pneumocystis jiroveci É um fungo, geralmente aparece em HIV+ com CD4<200 Risco para pneumocistose: CD4< 200, febre recorrente, sudorese noturna, candidíase orofaríngea e perda ponderal Diagnóstico DHL > 500, Gasometrial arterial Po2 < 70 (HIPOXEMIA), 1,3 B glucana, lavadobroncoalveolar, escarro. Padrão tomográfico: vidro fosco Paciente chega no PS dispneico dessaturando (hipoxemia), HIV+, e quadro respiratório subagudo -> SUSPEITAR!!! Tratamento empírico: Bactrin EV 21d SE alergia clinda + primaquina Corticoesteroides por 21 dias (se gasometria ruim PaO2 70) Diagnóstico Diferencial : Tuberculose, histoplasmose Iniciar TARV somente 2 semanas após tratamento!! Profilaxia primária se CD4<200 e profilaxia secundária se PCP prévia e CD4 < 200 até CD4> 200 APÓS 3 meses de TARV (sulfametoxazol – trimetoprim). Quadro respiratório subagudo, hipoxemia, infiltrado intersticial (no RX), vidro fosco? PNEUMOCISTOSE. Encefalite por toxoplasmose (neurotoxoplasmose) Agente etiológico: toxoplasma gondii (protozoário) A transmissão se dá por carnes mal cozidas, verduras e água contaminada, mariscos. (infecção primária) Manifestação clínica: cefaleia, confusão mental, convulsão, febre, coma e alterações focais como paresia, disfasia, alteração motora. Diagnóstico: Sorologia para toxoplasmose + TC de crânio ou RNM de encéfalo com múltiplas lesões com realce anular, em substância cinza dos gânglios da base ou córtex com edema, PCR toxoplasmose no LCR como citologia e cultura e Biópsia por esterotaxia TC Tratamento: São 6 semanas Sulfadiazina + pirimetamina + ácido folínico ou Clindamicina + pirimetamina + ácido folínico 90 % dos pacientes apresentam melhora clínica após 14 dias Profilaxias: Profilaxia primária (CD4<100) é o bactim ATÉ CD4> 200, NO MÍNIMO 3 meses Profilaxia secundária é sulfadiazina – pirimetamina – ácido folínico até CD4>200 por 6 meses Citomegalovírus Da família do herpes vírus (DNA) Transmissão: por saliva, secreções e contato com crianças Manifestação clínica: retinite, colite (diarreia, perda de peso, anorexia, febre), esofagite (dor retroesternal, odinofagia, náusea, febre) Pode manifestar de forma pulmonar mas é raro, e encefalite. Diagnóstico: esofagite ou colite (achados na inclusões intranuclear na buópsia + úlceras no colon ou na porção distal do esôfago), retinite (oftalmo), encefalite (PCR no LCR). Tratamento: Ganciclovir (5mg/kg em 12/12hrs) de 14 a 21 dias Profilaxia secundária: Ganciclovir (5mg/kg/dia) até CD4> 100 por 3 – 6 meses de TARV.
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