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Exercício de Penal

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01.	Apresente a distinção entre a agravante motivação fútil e a agravante motivação torpe. Exemplifique.
O jurista Júlio Pinheiro Faro Homem de Siqueira (Jus Navigandi, 2007) apresenta com clareza a diferença, explicando que “motivo torpe é aquele que ocorre quando se barganha a vida para obter outra coisa. Demonstra sinal de depravação do espírito do agente”, enquanto “motivo fútil é aquele motivo notadamente desproporcionado ou inadequado, do ponto de vista do homo medius e em relação ao crime de que se trata.”.
02.	Explique, resumidamente, a agravante referente à finalidade do agente de facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime (art. 61, II, b, CP).
 Na primeira hipótese, ou seja, quando o agente comete o crime para facilitar ou assegurar a execução de outro crime, existe, na verdade, uma relação de meio a fim. O crime-meio é cometido para que tenha sucesso o crime-fim. No segundo caso, o agente pratica o delito com a finalidade de ocultar outro por ele levado a efeito. Na terceira hipótese, o delito é conhecido, mas o agente procura manter desconhecida a sua autoria, assegurando-lhe a impunidade. Por fim, a prática da infração, em cuja pena está sendo aplicada a circunstância agravante, foi dirigida a assegurar a vantagem de outro crime por ele cometido.
 03.	O crime praticado pelo agente pode ser agravado pelo meio de execução utilizado pelo agente? Explique.
Sim, segundo o art. 61, II, d, CP.E conforme preleciona Aníbal Bruno, "o veneno é o tipo do meio insidioso, que alcança a vítima sem que ela o perceba, impedindo sua defesa e a natural reação contra o agente, do mesmo modo que a tortura e a asfixia são meios cruéis, destinados a provocar na vítima sofrimentos físicos ou morais maiores do que os necessários para a prática do crime, ou dirigidos a que este se consuma de maneira mais dolorosa e constrangedora, assim como o fogo e o explosivo exemplificam meios capazes de produzir perigo comum, em que ao dano da vítima, em geral cruel, se junta a ameaça a bens de outrem, no círculo de ação do meio perigoso. Em todos esses casos e outros análogos, a maldade do agente aumenta a reprovabilidade do seu ato, conduzindo ao acréscimo da medida penal."
04.	O crime praticado pelo agente pode ser agravado pelo modo de execução utilizado pelo agente? Explique.
Sim, segundo o art. 61, II, c, CP. Traição, na definição de Hungria, é o delito "cometido mediante ataque súbito e sorrateiro, atingindo a vítima, descuidada ou confiante, antes de perceber o gesto criminoso."101 Emboscada é a tocaia, ou seja, o agente aguarda a vítima passar, para, então, surpreendê-la. Dissimulação, ainda na lição de Hungria é "a ocultação da intenção hostil, para acometer a vítima de surpresa."102 O artigo determina, ainda, seja procedida uma interpretação analógica, uma vez que a sua fórmula genérica diz que ainda agravará a pena qualquer outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. Dificultar é criar embaraços para a defesa da vítima; tornar impossível é inviabilizar, completamente, essa defesa.
05.	Explique, resumidamente, a agravante referente ao crime cometido pelo agente, estando o mesmo em estado de embriaguez preordenada (art. 61, II, l, CP).
Pela definição de actio libera in causa de Narcélio de Queiroz, percebemos que o agente pode embriagar-se preordenada mente, com a finalidade de praticar uma infração penal, oportunidade em que, se vier a cometê-la, o resultado lhe será imputado a título de dolo, sendo, ainda, agravada a sua pena em razão da existência da circunstância prevista no art. 61, [!,/,do Código Penal. 
06.	Será o crime agravado quando praticado em ocasião de calamidade pública ou de desgraça particular da vítima? Explique.
Quando a infração penal é cometida durante a ocorrência de uma calamidade pública, a exemplo daquelas mencionadas pela alínea j (incêndio, naufrágio ou inundação), existe um natural enfraquecimento na proteção de determinados bens, facilitando, sobremaneira, a ação criminosa do agente. A prática de infração penal durante situações calamitosas é fator demonstrativo da insensibilidade do agente, que, além de não se importar com o infortúnio alheio, ainda contribui para um maior sofrimento. A agravante será aplicada também na hipótese de desgraça particular do ofendido, ou seja, ao invés daquela situação de calamidade pública, que atinge um número considerável de pessoas, preocupou-se a lei penai' também com a particular situação do ofendido.
07.	O crime praticado pelo agente pode ser atenuado levando-se em consideração a idade do mesmo? Explique.
Sim. Em várias de suas passagens, o Código Penal se preocupa em dar um tratamento diferenciado aos agentes em razão da idade. Cuida de modo especial daqueles que, ao tempo da ação ou da omissão, eram menores de 21 anos, uma vez que ainda não estão completamente amadurecidos e vivem umas das fases mais complicadas do desenvolvimento humano que é a adolescência. Estão,
na verdade, numa fase de mudança, saindo da adolescência e ingressando na fase adulta. A segunda hipótese diz respeito àqueles que, na data da sentença, já tenham completado 70 anos de idade. A vida média do brasileiro gira em torno de 65 a 70 anos. A lei penal, atenta a esse dado importante, foi sábia ao cuidar do septuagenário de forma diferenciada, pois o castigo da pena poderá, muitas vezes, abreviar-lhe sua morte.
08.	Apresente a distinção entre a atenuante motivação de relevante valor moral e a atenuante motivação de relevante valor social (art. 65, III, a, CP). Exemplifique.
O motivo de relevante valor social é o pertinente a um interesse da coletividade. Ex. matar um perigoso estuprador. Por outro lado, o motivo de relevante valor moral diz respeito ao interesse do particular responsável pela prática do homicídio 
09.	O agente que pratica o crime, estando sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima, terá sua pena agravada? Explique.
Não. Tomemos o exemplo contido no § 1º do art. 121 do Código Penal, que prevê o crime de homicídio privilegiado. A segunda parte do§ 1n diz que se o agente comete o crime sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Ora, se o que ocorre é mera causa de redução de pena, é sinal de que se o agente reage a uma provocação e causa a morte do provocador, pratica uma conduta típica, antijurídica e culpável.
10. Em que consiste a atenuante da confissão espontânea? Descreva seus requisitos e espécies.
Para que se reconheça a atenuante, basta agora ter o agente confessado perante a autoridade (policial ou judiciária) a autoria do delito, e que tal confissão seja espontânea. Não é mais necessário que a confissão se refira às hipóteses de autoria ignorada do crime, ou de autoria imputada a outrem. Desde que o agente admita o seu envolvimento na infração penal, incide a atenuante para efeitos de minorar a sanção punitiva. Merece ser ressaltado, contudo, que se o agente, que havia confessado a prática da infração penal r:erante a autoridade policial, ao ser ouvido no inquérito policial, vier a se retratar em juízo, entendemos que tal retratação terá o condão de impedir o reconhecimento da referida atenuante.
BIBLIOGRAFIA
https://jus.com.br/artigos/9433/consideracoes-acerca-da-disciplina-do-crime-de-homicidio-no-codigo-penal-brasileiro
Rogério Greco - Curso de Direito Penal - Vol. 1 - Parte Geral - 18ª Ed. - 2016

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