das fundações; os bens públicos de uso comum e uso especial. Assim, entendemos então que: QUADRO 1 – BENS BENS Considerados em si mesmos Reciprocamente considerados Em relação às pessoas Em relação à comercialidade Bens móveis Bens principais Bens particulares Bens que se acham no comércio Bens imóveis Bens acessórios Bens públicos Bens que se encontram fora do comércio Bens infungíveis FONTE: A autora 4 FATOS, ATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS Para seguir os estudos a fim de absorver os fundamentos e estrutura do Direito das Obrigações, assim como sua importância no ordenamento jurídico brasileiro, é preciso que entendamos mais alguns conceitos simples. São eles: os fatos, os atos e os negócios jurídicos. Fatos jurídicos são todos os acontecimentos que possuem como consequência a produção de efeitos jurídicos. Isso quer dizer que, diferentemente dos chamados “fatos comuns”, que são aqueles que não possuem repercussão no ordenamento jurídico, no direito são acontecimentos que acarretam em consequências jurídicas. São fatos de onde nascem, subsistem ou se extinguem direitos. Como exemplo de fatos jurídicos temos desde o nascimento de uma pessoa, a produção de algum objeto e sua posterior comercialização, a chegada da maioridade civil até atos como adquirir contratos ou simplesmente morrer. Para facilitar, classificamos os fatos jurídicos de maneira ampla, em fatos jurídicos naturais ou humanos. Sendo que os naturais, também chamados de fatos jurídicos em sentido estrito (ou, ainda, fatos involuntários) são aqueles fatos que ocorrem independentemente da ação humana e mesmo assim produzem consequências jurídicas. Esses fatos jurídicos naturais subdividem-se em: TÓPICO 1 | INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL 13 • ordinários: nascimento, morte, maioridade etc.; • extraordinários: tempestade, tsunami, terremoto, caso fortuito ou força maior. Já os fatos jurídicos humanos, também chamados de fatos jurídicos voluntários, são consequências de ações humanas. São, portanto, o que chamamos de atos jurídicos. Como exemplo, temos desde contratos até batidas de carro, separação judicial etc. Atos jurídicos são todos os acontecimentos decorrentes de ações voluntárias e lícitas que tenham como consequências repercussões jurídicas, atos que acarretam mudanças no mundo do direito. Esses atos possuem como finalidade imediata contrair, proteger, transferir, transformar ou eliminar direitos. Os atos jurídicos se encontram classificados da seguinte maneira: • Atos jurídicos unilaterais: ocorrem quando, para a sua execução, se faça presente somente a manifestação de vontade de um agente. Exemplos: declaração de nascimento de filho, emissão de nota promissória etc. • Atos jurídicos bilaterais: ocorrem quando, para a sua execução, é preciso que se faça presente a manifestação da vontade de dois agentes, criando entre eles uma relação jurídica. Exemplos: contrato de compra e venda. Ao nos depararmos com uma situação em que se faça presente o último caso visto anteriormente, ou seja, quando temos a presença de um ato jurídico bilateral, identificamos o que chamaremos de negócio jurídico. A falta de algum elemento substancial do ato jurídico torna-o nulo (nulidade absoluta) ou anulável (nulidade relativa). A diferença entre o nulo e o anulável é uma diferença de grau ou gravidade, a critério da lei, vejamos: • Nulidade absoluta: pode ser arguida a qualquer tempo, por qualquer pessoa, pelo Ministério Público e pelo juiz, inclusive, não admitindo convalidação nem ratificação. • Nulidade relativa: ao contrário, só pode ser arguida dentro do prazo previsto, somente pelos interessados diretos, admitindo convalidação e ratificação (VENOSA, 2012). Além disso, pode haver o que se designa ato jurídico inexistente. Isto é, um ato que contenha um grau de nulidade tão amplo e manifesto que acaba por dispensar a necessidade de ação judicial para que seja declarado sem efeito. Ainda, pode ocorrer casos em que verificamos os chamados atos jurídicos ineficazes. São eles os atos que possuem validade plena entre as partes envolvidas, porém não produzem efeitos em relação à determinada pessoa (ineficácia relativa) ou, ainda, em relação a todas as outras pessoas envolvidas no ato (ineficácia absoluta). Exemplos: alienação fiduciária não registrada, venda não registrada de automóvel, bens alienados pelo falido após a falência. Para que tenhamos um negócio jurídico (ato jurídico bilateral) válido é preciso que se observe os seguintes requisitos: a) agente capaz: o atuante deve ser capaz de praticar plenamente os atos da vida civil. UNIDADE 1 | TEORIA GERAL DAS OBRIGAÇÕES 14 Os absolutamente incapazes devem ser representados e os relativamente incapazes devem ser assistidos. ATENCAO b) Objeto lícito e possível: o objeto do ato jurídico deve ser permitido pelo direito e possível de ser efetivado. c) Forma prescrita ou não vedada em lei: a forma dos atos jurídicos tem que ser a prevista em lei, se houver esta previsão, ou não proibida (VENOSA, 2012). Assim, concluímos que um ato jurídico será nulo quando for praticado por pessoa absolutamente incapaz ou, também, quando não estiver revestido da maneira prescrita em lei ou, ainda, quando o objeto for ilícito ou não possível. Os atos jurídicos aos que não se impõe forma especial prescrita em lei poderão provar-se mediante confissão, atos processados em juízo, documentos públicos e particulares, testemunhas, presunção, exames, vistorias e arbitramentos (VENOSA, 2012). Já a nulidade é um vício intrínseco ou interno do próprio ato jurídico. Assim, o ato jurídico será anulável quando as declarações de vontade emanarem de erro essencial, viciado por erro, dolo, coação ou simulação. A respeito da nulidade, pode-se afirmar que ela opera de pleno direito, podendo ser invocada por qualquer interessado ou também pelo Ministério Público. Quando ocorre nulidade, o negócio não poderá ser confirmado nem prevalecerá pela prescrição. Por fim, os negócios jurídicos podem ser: • formais ou solares: casamento, testamento, compra/venda de imóveis etc.; • não formais ou consensuais: locação, comodato etc. OBSERVAÇÃO: Não serão admitidas como testemunhas: os loucos de todo gênero, os cegos e surdos (quando a ciência do fato, que se quer provar, dependa dos sentidos que lhes faltam), o interessado do objeto do litígio, bem como o ascendente e o descendente, ou o colateral até 3° grau de alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade. FONTE: <https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11483752/artigo-142-da-lei-n-3071-de-01-de-ja- neiro-de-1916>. Acesso em: 22 jul. 2019 ATENCAO 15 Neste tópico, você aprendeu que: • Entre as diferentes definições do termo direito, a mais comumente aplicada e de mais fácil entendimento é a de que direito seria o conjunto de regulamentos universais e positivados que orientam a vida em sociedade. • Direito objetivo diz respeito às normas em si. É ele que estabelece a conduta social a ser adotada pelos indivíduos. • Direito subjetivo é a faculdade, a opção que o cidadão detém sobre os direitos que lhe são próprios. • Direito natural é aquele que está ligado aos preceitos de filosofia, é a ideia de uma justiça maior e anterior aos homens. • Direito positivo traduz as normas jurídicas que se encontram vigentes em determinado tempo e território. • Direito público é aquele que regula as relações entre diferentes estados, e, também, entre estado e os indivíduos particulares. • Direito privado é aquele que regulamenta as relações entre dois ou mais indivíduos particulares. • Direito Civil é a área do direito que se dedica às relações jurídicas entre duas ou mais pessoas ou entre pessoas e coisas. • Bens são as coisas economicamente valoráveis que poderão servir para satisfazer tanto às necessidades de um indivíduo particular como às necessidades da comunidade. • Fatos jurídicos são todos os acontecimentos que possuem como consequência a produção de efeitos jurídicos. • Atos