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FMT - FACULDADE MADRE THAÍS CURSO DE FISIOTERAPIA, 4º SEMESTRE ANDREZZA PEREIRA DA SILVA SANTOS TENDINOPATIA PATELAR ILHEUS, BA 2021 ANDREZZA PEREIRA DA SILVA SANTOS TENDINOPATIA PATELAR Trabalho de pesquisa para obtenção da pontuação da Av2, da matéria de processos patológicos e patologia geral, da Faculdade Madre Thaís. Professor: Cláudio Augusto Magalhães Paranhos ILHÉUS, BA 2021 1.0 – TENDINITE OU TENDINOPATIA? O joelho de saltador, referido incorretamente como tendinite patelar, foi descrito, primeiramente no início da década de 1970, como uma síndrome de esforço repetitivo do joelho, caracterizada por dor na junção do polo inferior da patela com o tendão patelar proximal. Embora ''joelho de saltador'' pareça ser um nome comum aceitável, chamar esse tipo de patologia de ''tendinite'' é ilusório. O sufixo ''ite'' refere-se a um processo inflamatório, mas a fisiopatologia e anatomia patológica, bem como os sintomas de tendão patelar protraído sugerem a presença de pouca, se alguma, inflamação. Consequentemente, a condição deve ser designada como uma tendinopatia, com o processo degenerativo real descrito como tendinose (BRUMITT, 2015). A tendinopatia ocorre quando o tendão suporta, de maneira repetida, mais carga do que tem capacidade para resistir. Além da carga e da repetição, as alteraçôes no tendão, resultantes de imobilidade e de envelhecimento, também contribuem para essa síndrome, assim como o uso de certos medicamentos como as quinolonas e corticoestcroides. (CECIL, 2009) 2.0 DIAGNÓSTICO Durante as fases aguda e subaguda, os pacientes que demonstram sintomas compatíveis com tendinopatia patelar em geral se queixam de dor anterior no joelho, que piora com a atividade física. Quando a condição progride, a dor pode ser percebida durante atividades da vida diária, como andar em escadas ou caminhar em superfícies com declividade. Visto que há numerosas condições patológicas que podem contribuir para dor na parte anterior do joelho, uma anamnese minuciosa pode ser extremamente valiosa no desenvolvimento de um diagnóstico diferencial (BRUMITT, 2015). Nessecita-se de um histórico bem feito para identificar as condições presentes, e mais de uma síndrome pode ocorrer concomitantemente. Um bom conhecimento da anatomia regional e uma abordagem com que se utilizem os diagnósticos diferenciais regionais ajudarão na obtenção de um diagnóstico preciso. 2.1 EXAMES: Para o exame físico, é preciso observar as anormarmalidades presentes no marcha do paciente e possíveis edemas. Às vezes exames subsidiários como a ultrassonografia diagnóstica e a ressonância magnética são úteis para auxiliar na confirmação. (BARROS FILHO, 2009) 3.0 CAUSA A tendinopatia patelar costuma ser descrita em atletas que participam de esportes que requerem extensão agressiva e/ou flexão repetitiva excêntrica do joelho. Se apresenta mais frequentemente com dor sobre o polo inferior pontudo da patela, e atletas do sexo masculino experienciam sintomas com frequência maior que atletas femininas. Embora seja descrita mais frequentemente como uma lesão por esforço repetitivo, tem sido sugerido que um simples traumatismo direto também pode levar a patologia do tendão com a mesma apresentação clínica (BRUMITT, 2015). O conhecimento da anatomia da patela é de extrema importancia no entendimento do desenvolvimento da tendinopatia patelar no atleta. Dos grupos musculares, a cadeia posterior e o reto anterior são os que mais precisam de cuidados com alongamentos. Atualmente, aponta-se que os déficits de flexibilidade e a laxidão ligamentar estão associadas às lesões tendíneas de sobreuso. Diferenças significativas na flexibilidade muscular do quadríceps e no aumento de mobilidade da patela mostram uma relação significativa com a ocorrencia de lesões. Além desses fatores, indivíduos com “joelho de saltador” apresentam encurtamentos excessivos do reto anterior e dos isquitibiais. Esses encurtamentos seriam responsáveis por um aumento local do estresse sobre o tendão patelar. Em relação aos componentes morfológicos, acredita-se que as alterações do alinhamento biomecânico dos membros inferiores, como a anteversão ou retroversãodo fêmur, o ângulo Q, o valgo e varo dos joelhos, a rotação da tíbia, a pronação e a supinação do pé, as diferenças de comprimento dos membros e a patela alta estejam diretamente relacionadas com as dores anteriores do joelho. (BARROS FILHO, 2009) 4.0 ETIOPATOGENIA Os principais fatores envolvidos na patogênese da tendinopatia são: alterações imunológicas, inflamatórias, hormonais e do colágeno, infecção e algumas condições neurológicas. A histopatologia é dividida em 4 fases: 1) Ativação inflamatória celular; 2) Edema tecidual; 3) Degeneração de colágeno; 4) Neovascularização. (BARROS FILHO, 2012) 5.0 VISÃO GERAL DA PATOLOGIA O tendão patelar é uma continuação do tendão do quadríceps. Ele ajuda na transmissão de força da musculatura do quadríceps para os ossos da extremidade inferior, resultando em movimento das articulações do quadril e do joelho. Geralmente, um tendão é composto de fibras de colágeno tipo I, arranjadas de forma hierárquica em feixes chamados de fascículos, envolvidos por bainhas de tecido conjuntivo. Os fascículos são então agrupados e envolvidos na sua superfície por uma membrana de duas camadas, designada como o paratendão. Além do colágeno, o tendão contém matriz extracelular e tenócitos. A matriz extracelular, ou substância fundamental, é um material viscoso rico em proteoglicanos, que dá suporte às fibras de colágeno e regula a maturação. Os tenócitos são células planas e alongadas, encontradas em pequeno número no tendão. Os tenócitos controlam a síntese da substância fundamental e do colágeno. Ao microscópio óptico, um tendão patelar sadio tem aparência brilhante, branca e refletiva. Ele consiste em feixes paralelos de colágeno, densos, substância fundamental minimamente visível e uma fina distribuição de tenócitos. Em contraste, em um indivíduo com um diagnóstico de tendinopatia patelar, o tendão tem um aspecto bem diferente. Quando visto macroscopicamente após excisão cirúrgica, ou sob um microscópio de luz polarizada, observa-se uma perda de refletividade, e o tecido ao longo da origem proximal posterior adjacente ao polo patelar inferior parece amarelo e desorganizado. Esse aspecto é conhecido como ''degeneração mucoide”. Vistos no microscópio, os feixes de colágeno aparecem separados, secundariamente à infiltração de substância fundamental anormal, e há microlacerações, bem como necrose das próprias fibras do colágeno. Mudanças no núcleo tenócito e apoptose são observados, e a infiltração de fibroblastos e neovascularização também podem ser vistas. Chama atenção a ausência de leucócitos, neutrófilos e macrófagos, cuja presença sugeriria um processo inflamatório. Embora um período curto de tendinite não possa ser afastado absolutamente durante as fases iniciais de uma lesão de tendão por esforço repetitivo, no momento em que os pacientes ficam sintomáticos e buscam tratamento, sua condição pode ter se tornado crônica e pode já existir um estado de tendinose. A patogênese exata da tendinopatia patelar é desconhecida. Evidências atuais sugerem que, provavelmente, trata-se de uma combinação de fatores mecânicos e bioquímicos que leva à degeneração. A degeneração parece afetar de forma mais frequente os fascículos posteriores do tendão patelar. Isso pode estar relacionado ao alinhamento crescente dos fascículos tanto no sentido coronal como longitudinal em volta da parte inferior da patela. Os fascículos posteriores, em geral, são mais curtos que aqueles que se prendem na porção anterior. Quando o tendão patelarse alonga durante a contração do quadríceps e flexão do joelho, os fascículos posteriores mais curtos estão sujeitos a uma tensão maior. A sobrecarga excessiva ou repetida pode exceder a capacidade do tendão de se reparar. 6.0 TRATAMENTO: Independente do estágio que se encontre, a abordagem inicial deve ser conservadora, tendo como prioridade a diminuição da dor associada à função: combinações de repolso com estratégias de redução de carga, crioterapia/aplicação de frio, massagem ou fricção profundas, alongamentos musculares, exercícios excêntricos do quadríceps em cadeia fechada, imobilizações funcionais e eletroterapia. 6.1 EXERCÍCIOS EXCÊNTRICOS: Embora ainda seja incerto, influencia os tendões, e estimula a formação de ligação cruzada de fibras de colágeno, facilitando o remodelamento do tendão e superando a falha na resposta de cicatrização, que é a marca da tendinopatia. 6.2 TREINAMENTO COM RESISTÊNCIA ALTA EM BAIXA VELOCIDADE: Tem se mostrado uma promessa no tratamento da tendinopatia. Um ensaio randomizado controlado mostrou que ele era tão efetivo quanto o treinamento excêntrico e mais efetivo que injeções de glicocorticoides. Isso sugere que outros exercícios, até agora não avaliados, que aplicam cargas altas sobre o tendão patelar podem ser igualmente efetivos para o tratamento. 6.3 TERAPIAS DE AGULHAS: Devido à natureza invasiva da técnica, sua inclusão como um componente da prática da fisioterapia varia conforme as juntas reguladoras locais. 6.4 TERAPIAS DE INJEÇÃO Elas requerem encaminhamento a um médico, mas tem se mostrado promissoras no tratamento da tendinopatia patelar. Estas incluem injeção de polidocanol (um agente anestésico local), guiada por ultrassom em áreas de neovascularização concentrada ao longo do tendão patelar dorsal, e injeções de plasma rico em proteínas, seguidas por fortalecimento excêntrico. A proloterapia injetável, em que uma substância farmacologicamente inerte, como a dextrose, é injetada na área de tendinose, também está sendo pesquisada. As evidências disponíveis com relação a sua eficácia na tendinopatia patelar são mistas. 7.0 CONCLUSÃO O joelho de saltador é uma tendinose patelar caracterizada por degeneração do tendão, e não por uma resposta inflamatória celular. Os tratamentos e programas de fortalecimento são elaborados para estimular o remodelamento do tendão, a fim de abordar as alterações degenerativas associadas à tendinopatia. O fisioterapeuta deve modificar e monitorar o volume de treinamento que contribuiu para o desenvolvimento da condição (BRUMITT, 2015). 8.0 REFERÊNCIAS: GOLDMAN, Lee. AUSIELLO, Dennis. et al. CECIL: MEDICINA INTERNA. ISBN: 978- 1-4160·2805-5.. Elsevier, 2009. RJ – Brasil. 23ª ed. p. 2299 e 2303 BARROS FILHO, Tarcísio E. P. KOJIMA, Kodi Edson. FERNANDES, Túlio Diniz. CASOS CLÍNICOS ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA: GUIA PRÁTICO PARA FORMAÇÃO E ATUALIZAÇÃO EM ORTOPEDIA. Manole, 2009. SP - Brasil. 1ª ed. p. 303 a 306. BARROS FILHO, Tarcisio E.P. - CAMARGO, Olavo P. CAMANHO, Gilberto Luis. CLÍNICA ORTOPÉDICA. Editora Manole, SP - Brasil. 2012. 1ª ed. BRUMITT, Jason. CASOS CLÍNICOS EM ORTOPEDIA. Editora AMGH, 2015 Porto alegre - Brasil. p. 341 a 355.
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