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Apostila-Introdução-aos-Estudos-Linguísticos-1

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS 
LINGUÍSTICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS - SP
 
 
 
1 SUMÁRIO 
1 INICIAÇÃO AOS CONCEITOS E MÉTODOS DA DESCRIÇÃO GRAMATICAL 
SEGUNDO AS ABORDAGENS DA LINGUA MODERNA ................................................ 4 
1.1 Qual o papel da linguística? ..................................................................................... 4 
2 PROBLEMAS E LIMITES DAS TEORIAS GRAMATICAIS ........................................ 6 
2.1 Os processos de Comunicação ............................................................................. 10 
3 LÍNGUA COMO SISTEMA HETEROGÊNIO ........................................................... 12 
3.1 Comunicação: Os processos da comunicação ...................................................... 14 
3.2 Os elementos da comunicação .............................................................................. 14 
3.3 Tipos de comunicação ........................................................................................... 18 
3.4 Níveis de Linguagem ............................................................................................. 19 
3.5 Padrão Formal Culto e Padrão Coloquial .............................................................. 21 
3.6 Funções da Linguagem ......................................................................................... 21 
4 SIGNIFICADO SOCIAL DAS FORMAS VARIANTES .............................................. 26 
4.1 Definindo linguagem .............................................................................................. 26 
4.2 Fala ........................................................................................................................ 27 
4.3 Língua .................................................................................................................... 29 
4.4 Língua x fala .......................................................................................................... 31 
4.5 O homem o mundo e a língua................................................................................ 35 
5 FERDINAND DE SAUSSURE PERCURSO DE ESTUDO DA LÍNGUAS ................ 39 
6 SIGNO LINGUISTICO.............................................................................................. 41 
6.1 A teoria do Signo Linguístico segundo Saussurre ................................................. 43 
7 SIGNO, SIGNIFICADO E SIGNIFICANTE ............................................................... 43 
8 IMUTABILIDADE E MUTABILIDADE DO SIGNO .................................................... 50 
 
 
 
9 A ARBITRARIEDADE DO SIGNO LINGUÍSTICO ................................................... 52 
9.1 Possíveis hierarquias entre significante e significado ............................................ 53 
10 A DUPLA ARTICULAÇÃO DA LÍNGUA ................................................................... 55 
11 RESUMINDO CONCEITOS BÁSICOS .................................................................... 58 
12 RELAÇÕES SIGMÁTICAS E CORRELAÇÕES PARADIGMÁTICAS ...................... 60 
11.1 Relações Sintagmática .......................................................................................... 60 
11.2 As relações Paragmáticas ..................................................................................... 60 
12 NIVÉIS DE SINTAGMA E PARADIGMA .................................................................. 61 
12.1 Níveis de Sintagma ................................................................................................ 62 
12.2 Níveis de Paradigma .............................................................................................. 62 
14 PONTOS DE VISTA SINCRÔNICO E DACRÔNICO .............................................. 65 
13 VARIAÇÃO LINGUISTICA E ENSINO ..................................................................... 69 
13.1 Linguagem e Sociedade ........................................................................................ 69 
13.2 Linguagem e Indivíduo ........................................................................................... 71 
14.3 Indivíduo e Sociedade ........................................................................................... 72 
14.4 Ninguém quer ouvir Kaspar Hauser ....................................................................... 73 
14.5 A relação de língua e sociedade em “Philos” ......................................................... 76 
14.6 Conceito Linguístico ............................................................................................... 78 
14 TEORIA DA VARIAÇÃO: PRESSUPOSTOS TEÓRICOS E METODOLOGIA DA 
PESQUISA ..................................................................................................................... 79 
14.1 As relações entre as teorias da mudança e a história da(s) língua(s) ................... 90 
15 DIMENSÕES EXTERNA E INTERNA DA VARIAÇÃO LINGUISTICA ..................... 97 
15.1 Variação estável ou mudança em curso? ............................................................ 104 
15.2 O estudo da mudança linguística em tempo aparente ......................................... 105 
15.3 As variáveis sociais na caracterização dos processos de variação e mudança .. 106 
 
 
 
16 PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA SOCIOLINGUÍSTICA .... 108 
16.1 Tendências atuais da linguística no Brasil ........................................................... 112 
16.2 Variações: A Multiformidade Da Língua ............................................................... 115 
16.3 Variação histórica ................................................................................................ 116 
16.4 Variação geográfica ............................................................................................. 118 
16.5 Variação social ..................................................................................................... 120 
17 BIBLIOGRAFIA BÁSICA: ....................................................................................... 128 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 INICIAÇÃO AOS CONCEITOS E MÉTODOS DA DESCRIÇÃO GRAMATICAL 
SEGUNDO AS ABORDAGENS DA LINGUA MODERNA 
 
Fonte:www.queconceito.com.br 
De acordo com diversos conceitos e definições existentes a linguística nada mais 
é do que o estudo científico que se dedica aos fenômenos de dois tipos de linguagem, a 
verbal e a oral. Contudo, tal definição tem gerado controvérsias em razão das múltiplas 
conceituações do termo linguagem. Para diversos linguistas, estudiosos da linguística, a 
questão “o que é linguagem? ” Pode ser comparada as perguntas “de onde vim? ” ou 
“para onde vou?”. Sendo assim, definir o que é língua e também o que é linguística, acaba 
se tornando uma tarefa extremamente complexa. 
2.1 Qual o papel da linguística? 
Por se tratar do estudo dos fenômenos da língua, a linguística tem um importante 
papel ao difundir as descobertas e conhecimentos da linguagem, afinal, toda e qualquer 
mudança que ocorre com a escrita reflete mudanças também na fala. 
https://www.resumoescolar.com.br/portugues/linguagem-e-comunicacao/
https://www.resumoescolar.com.br/filosofia/razao-x-sentidos/
 
5 
 
Na tentativa de cumprir com o objetivo de estudar a linguagem humana a 
linguística acaba se ramificando de duas formas: 
1. Linguística Geral: tem como função desenvolver uma espécie de 
metodologia de pesquisa que compreenda desde a delimitação de alguns 
conceitos até a discussão de alguns modelos descritivos dos chamados 
fenômenos linguísticos, assumindo um caráter teórico mais geral. 
2. Linguística Descritiva: Como o próprio nome sugere, observa e descreve 
línguas a partir de técnicas e métodos específicos com o intuito de 
compreender a estrutura, e também, como as línguas funcionam. Portanto, 
determina a natureza e os traçosresponsáveis pela composição da língua. 
 
Sendo assim, a linguística geral teria como finalidade formular hipóteses acerca 
da presença de nomes e verbos em todas as línguas, enquanto isso, a linguística 
descritiva demonstra de forma empírica se tais hipóteses são verdadeiras. 
O linguista estuda a linguagem verbal, a gramática e a evolução dos idiomas. Ele 
investiga as línguas das diversas sociedades e sua relação com outros idiomas. 
Analisa a estrutura e a sonoridade das palavras e das sentenças, o significado dos 
termos e das expressões idiomáticas, bem como as diferenças de uso por grupos 
regionais ou sociais. Pode trabalhar na elaboração de material didático e no planejamento 
de projetos de alfabetização. 
A informática e a estatística são ferramentas fundamentais de pesquisa. Em 
interação com especialistas em psicologia, esse bacharel estuda os processos que 
envolvem a linguagem e a mente. Com profissionais de informática, pode dedicar-se ao 
desenvolvimento de linguagem artificial. 
 
https://www.resumoescolar.com.br/matematica/funcao-do-1o-grau-funcao-quadratica-e-estudo-do-sinal/
https://www.resumoescolar.com.br/portugues/emprego-dos-tempos-indicativo-e-subjuntivo-no-estudo-dos-verbos/
 
6 
 
3 PROBLEMAS E LIMITES DAS TEORIAS GRAMATICAIS 
Diferentemente do que os americanos e europeus, de origem anglo saxônica e 
eslava, os povos latinos como nós, brasileiros, damos pouca importância na qualidade 
da comunicação interpessoal e profissional. Preocupamo-nos muito mais com a 
qualidade do que falamos e demonstramos, do que com o entendimento que o outro, o 
ouvinte, ou o destinatário da mensagem terá. Na maioria das vezes ficamos concentrados 
naquilo que a outra pessoa está dizendo pensando no que iremos responder. Um dos 
ditados mais populares demonstra isso com clareza: “Para um bom entendedor, meia 
palavra basta”. 
Essas distorções nesse processo de comunicação levam muitas vezes a uma 
concentração de energia, para justificarmos, ou explicarmos, mais uma vez, o que 
queríamos realmente transmitir. Ficamos procurando minimizar conflitos, esclarecer 
dúvidas, que muitas vezes não existiriam se toda essa energia estivesse direcionada no 
processo eficiente da comunicação. Muitas das dificuldades nos relacionamentos 
pessoais e, problemas nas organizações originam-se nos processos de comunicação 
deficientes e viciados. 
Um dos maiores vícios é que percebendo que temos desenvoltura para expressão, 
verbal, escrita ou outra, achamos que somos bons comunicadores. Entretanto existe uma 
diferença fundamental entre informação e comunicação. Informar é um ato unilateral, que 
apenas envolve a pessoa que tem uma informação a dar. Comunicação é tornar algo 
comum. Fazer-se entender, provocar no outras reações. 
Outro vício, não menos importante, é nossa incapacidade de ouvir. Precisamos 
saber falar, escrever, demonstrar sentimentos e emoções, mas igualmente importante no 
processo é estarmos preparados para ouvir. Observe que muitas vezes numa conversa 
é fácil identificar que as pessoas estão muito mais preocupadas com a maneira que irão 
responder. Numa análise mais fria não estão ouvindo. 
Se podemos facilitar porque complicar? O custo de uma comunicação deficiente, 
não se revela apenas nas relações organizacionais, causa profundo mal-estar e sérios 
conflitos pessoais. 
 
7 
 
 
Fonte: www.pedagogiaaopedaletra.com 
Uma das alternativas para tornar a comunicação com qualidade é entendermos 
como o processo de comunicação se realiza. Não se trata de analisarmos cada diferente 
tipo de comunicação, mas de identificar certos pontos em comuns entre elas. A forma 
como se relacionam e se processam nos mais diferentes ambientes e situações. 
Um modelo de processo de comunicação, entre tantos outros, elaborado por Berlo, 
em 1963, apresenta alguns elementos comuns: 
 o emissor: é a pessoa que tem algo, uma ideia, uma mensagem, para 
transmitir, ou que deseja comunicar; 
 o codificador: o tipo, ou a forma que o emissor irá exteriorizar; 
 a mensagem: é a expressão da ideia que o emissor deseja comunicar; 
 o canal: é o meio pelo qual a mensagem seja conduzida; 
 o decodificador: é o mecanismo responsável pela decifração da 
mensagem pelo receptor; e 
 o receptor: o destinatário final da mensagem, ideia etc. 
 
O modelo: 
O significado, a compreensão e a realimentação são componentes muito 
importantes da comunicação. Cabe ao emissor verificar se o significado de sua ideia foi 
compreendido pelo receptor. Este por sua vez realimenta o sistema e temos a partir daí 
 
8 
 
grandes possibilidades de um processo de comunicação saudável. Em outras palavras o 
receptor quando retorna ao emissor o que entendeu da sua mensagem está dando 
qualidade ao processo e iniciando o diálogo. 
Quando alguma coisa ocorre nesse processo, de forma que o significado do 
emissor é diferente da compreensão do receptor, temos aquilo que foi denominado ruídos 
de comunicação. 
Os ruídos podem ser originados em qualquer um dos elementos do processo, 
emissor, canal ou receptor. Existe uma extensa literatura que apresenta exemplos de 
tipos de ruídos mais comuns. Dentre eles, destacam-se: a ausência do feedback (a 
realimentação positiva) e o medo de se comunicar. 
Precisamos, compreendendo melhor como funciona o processo, praticar e 
reconhecer como estamos nos comunicando. Reduzir e eliminar os ruídos conhecidos 
pelos quais somos responsáveis. E se for para aprender um pouco mais, quando você 
for se comunicar com alguém, preste atenção na comunicação não verbal. 
A comunicação não verbal é muito importante nas relações que mantemos com as 
pessoas, observando poderemos verificar algumas maneiras de identificar ruídos e 
eliminá-los. Aqui algumas dicas ou técnicas para um observador: 
 Olhos – São os órgãos mais expressivos do corpo. Os olhos dizem se 
alguém está feliz, triste, interessado, exaltado, surpreso, mentindo, doente 
ou em uma dezena de outros estados. Temos muito pouco controle sobre 
o que os olhos “dizem”. 
 Rosto – A boca pode parecer mal humorada, fazer careta, beicinho, sorrir 
ou expressar imponência. Rosto vermelho, corado, pode revelar 
desconforto, embaraço ou falta de emergia física. Uma sobrancelha 
levantada é capaz de calar uma criança que grita. 
 Corpo – Nossa sociedade tira profundas (e nem sempre bem 
fundamentadas) conclusões sobre as pessoas, segundo sejam altas, 
baixas, gordas ou magras. 
 
9 
 
 Postura – Inclinado, ajoelhado, com os ombros caídos numa postura 
curvada ou de pé e ereto – todas essas posturas criam imagens diferentes 
na mente dos outros. Experimente contar algo muito alegre, uma piada, por 
exemplo, curvado para frente, como se estivesse olhando para os pés. 
 Cabelos – Algumas pessoas fazem julgamento de outras com base na cor 
dos cabelos (toda loira é burra, por exemplo) ou no fato de ele ser natural 
ou não. A quantidade de cabelos que restam na cabeça de um homem pode 
ser significativa para certas pessoas, assim como a existência de bigode ou 
barba – e como ele cuida de um ou de outro. O corte de cabelos é, muitas 
vezes, um indicador de valores, crenças religiosas, ou status 
socioeconômico da pessoa. 
 Gestos – Os movimentos de mão reforçam ou contradizem o que é dito, e 
até podem servir como substitutos das palavras. Todo cuidado é pouco. 
 Roupas – Livros inteiros tem sido escritos sobre como as roupas “falam”, 
em especial nos ambientes profissionais. 
 Voz – As mensagens vocais incluem tom, altura, ênfase, inflexão, ritmo, 
volume, vocabulário, pronúncia, dialeto e fluência. Estudos demonstraram 
que esses fatores são cinco vezes mais potentes do que as próprias 
palavras externadas. 
 Toque – Apesar dos tabus que se desenvolveram nos últimos tempos em 
relação ao toque nos locais de trabalho. Algumas organizações estão 
ensinando seus profissionais a usar o toque para melhorar a comunicação 
com osclientes. A mensagem de toque mais importante é o aperto de mão 
– por acaso não lhe diz um bocado sobre a outra pessoa? 
 Comportamento – “As palavras mostram a inteligência de um homem, mas 
as ações seu pensamento” - Eclesiastes. As pessoas observam 
 
10 
 
constantemente seu comportamento para descobrir o que há de verdade 
por trás de suas palavras. 
 Espaço Pessoal – Corresponde à distância que mantém entre você e os 
outros, quando fala com eles. Às vezes, uma pessoa invade o que a outra 
estabeleceu como seu espaço pessoal. Essa distância varia de cultura para 
cultura, de região para região. Dois árabes ficam mais próximos um do outro 
em uma conversa do que dois alemães. 
 Tempo – O que seu uso do tempo diz aos outros? Você faz as pessoas 
esperarem e chega atrasado a reuniões? Gosta de explicar as coisas nos 
seus míiiiiniiiiimooooos detalhes? Você deixa de cumprir os prazos finais 
combinados? 
 
Existem uma centena de outras técnicas de comunicação verbal a serem 
observadas, entretanto, me parece que as que coloquei no texto são as mais comuns. 
3.1 Os processos de Comunicação 
Observe a fala do vendedor: 
“Quem sabe o senhor desenha para nós?” 
 
Se o comprador soubesse desenhar, o problema estaria resolvido facilmente. Ele 
poderia lançar na mão de um outro meio de expressão que não fosse a fala. 
O homem dispõe de vários recursos para se expressar e se comunicar. Esses 
recursos podem utilizar sinais de diferente natureza. Tais sinais admitem a seguinte 
classificação: 
a) Verbais; 
b) Não-Verbais; 
Quando esses sinais se organizam formando um sistema, eles passam a constituir 
uma linguagem. 
 
11 
 
Observe: 
 
 
“ O Incêndio destruiu o Edifício Z” 
 
Para expressar o mesmo fato, foram utilizadas duas linguagens diferentes: 
a) Linguagem Não-Verbal - Qualquer código que não utiliza palavra; 
b) Linguagem Verbal - Código que utiliza a palavra falada ou escrita; 
 
Linguagem é todo sistema organizado de sinais que serve como meio de 
comunicação entre os indivíduos. Mas, além dessa, há outras formas de linguagem, como 
a pintura, a mímica, a dança, a música e outras mais. Com efeito, por meio dessas 
atividades, o homem também representa o mundo, exprime seu pensamento, comunica-
se e influencia os outros. Tanto a linguagem verbal quanto à linguagem não-verbal 
expressam sentidos e, para isso, utilizam-se de signos, com a diferença de que, na 
primeira, os signos são constituídos dos sons da língua (por exemplo, mesa, fada, 
árvore), ao passo que nas outras exploram-se outros signos, como as formas, a cor, os 
gestos, os sons musicais, etc. Em todos os tipos de linguagem, os signos são combinados 
entre si, de acordo com certas leis, obedecendo a mecanismos de organização. 
 
 
12 
 
4 LÍNGUA COMO SISTEMA HETEROGÊNIO 
Uma diferença muito nítida vai encontrar no fato de que a linguagem verbal é 
linear. Isto quer dizer que seus signos e os sons que a constituem não se superpõem, 
mas se sucedem destacadamente um depois do outro no tempo da fala ou no espaço da 
linha escrita. Em outras palavras, cada signo e cada som são usados num momento 
distinto do outro. Essa característica pode ser observada em qualquer tipo de enunciado 
linguístico. Na linguagem não-verbal, ao contrário, vários signos podem ocorrer 
simultaneamente. Se na linguagem verbal, é impossível conceber uma palavra 
encavalada em outra, na pintura, por exemplo, várias figuras ocorrem simultaneamente. 
Quando contemplamos um quadro, captamos de maneira imediata a totalidade de seus 
elementos e, depois, por um processo analítico, podemos ir decompondo essa totalidade. 
 
 
Fonte: www.huffingtonpost.com 
O texto não-verbal pode em princípio, ser considerado dominantemente descritivo, 
pois representa uma realidade singular e concreta, num ponto estático do tempo. Uma 
foto, por exemplo, de um homem de capa preta e chapéu, com a mão na maçaneta de 
 
13 
 
uma porta é descritiva, pois capta um estado isolado e não uma transformação de estado, 
típica da narrativa. 
Mas podemos organizar uma sequência de fotos em progressão narrativa, por 
exemplo, assim: 
I. Foto de um homem com a mão na maçaneta da porta; 
II. Foto da porta semiaberta com o mesmo homem espreitando o interior de 
um aposento; 
III. Foto de uma mulher deitada na cama, gritando com desespero; 
 
Como nessa sequência se relata uma transformação de estados que se sucedem 
progressivamente, configura-se a narração e não a descrição. Essa disposição de 
imagens em progressão constitui recurso básico das histórias em quadrinhos, 
fotonovelas, cinema etc. 
Sobretudo com relação a fotografia, ao cinema ou a televisão, pode-se pensar que 
o texto não-verbal seja uma cópia fiel da realidade. Também essa impressão não é 
verdadeira. Para citar o exemplo da fotografia, o fotógrafo dispõe de muitos expedientes 
para alterar a realidade: o jogo de luz, o ângulo, o enquadramento, etc. 
A estatura do indivíduo pode ser alterada pelo ângulo de tomada da câmera, um 
ovo pode virar uma esfera, um rosto iluminado pode passar a impressão de alegria, o 
mesmo rosto, sombrio, pode dar impressão de tristeza. Mesmo o texto não-verbal, recria 
e transforma a realidade segundo a concepção de quem o produz. Nele, há uma 
simulação de realidade, que cria um efeito de verdade. 
Os textos verbais podem ser figurativos (aqueles que reproduzem elementos 
concretos, produzindo um efeito de realidade) e não-figurativos (aqueles que exploram 
temas abstratos). Também os textos não-verbais podem ser dominantemente figurativos 
(as fotos, a escultura clássica) ou não-figurativos e abstratos. Neste caso, não pretendem 
sumular elementos do mundo real (pintura abstrata com oposições de cores, luz e 
sombra; esculturas modernas com seus jogos de formas e volumes). 
 
 
14 
 
4.1 Comunicação: Os processos da comunicação 
Teoria da comunicação; 
O esquema da comunicação: Existem vários tipos de comunicação: as pessoas 
podem comunicar-se pelo código Morse, pela escrita, por gestos, pelo telefone, por e-
mails, internet, etc.; uma empresa, uma administração, até mesmo um Estado pode 
comunicar-se com seus membros por intermédio de circulares, cartazes, mensagens 
radiofônicas ou televisionadas, e-mails, etc. 
Toda comunicação tem por objetivo a transmissão de uma mensagem, e se 
constitui por um certo número de elementos, indicados no esquema abaixo: 
 
 
 
Esses elementos serão explicados a seguir: 
4.2 Os elementos da comunicação 
 a) O emissor ou destinador é o que emite a mensagem; pode ser um indivíduo 
ou um grupo (firma, organismo de difusão, etc.) 
b) O receptor ou destinatário é o que recebe a mensagem; pode ser um 
indivíduo, um grupo, ou mesmo um animal ou uma máquina (computador). Em todos 
estes casos, a comunicação só se realiza efetivamente se a recepção da mensagem tiver 
 
15 
 
uma incidência observável sobre o comportamento do destinatário (o que não significa 
necessariamente que a mensagem tenha sido compreendida: é preciso distinguir 
cuidadosamente recepção de compreensão). 
c) A mensagem é o objeto da comunicação; ela é constituída pelo conteúdo das 
informações transmitidas. 
d) O canal de comunicação é a via de circulação das mensagens. Ele pode ser 
definido, de maneira geral, pelos meios técnicos aos quais o destinador tem acesso, a 
fim de assegurar o encaminhamento de sua mensagem para o destinatário: 
 Meios sonoros: voz, ondas sonoras, ouvido... 
 Meios visuais: excitação luminosa, percepção da retina... 
De acordo com o canal de comunicação utilizado, pode-se empreender uma 
primeira classificação das mensagens: 
 as mensagens sonoras: palavras, músicas, sons diversas; 
 as mensagens tácteis: pressões, choques, trepidações, etc.; 
 as mensagens olfativas: perfumes, por exemplo; 
 as mensagens gustativas: tempero quente (apimentado) ou não... 
Observação: um choque, um aperto de mão, um perfume sóconstituem 
mensagens se veicularem, por vontade do destinador, uma ou várias informações 
dirigidas a um destinatário. 
A transmissão bem-sucedida de uma mensagem requer não só um canal físico, 
mas também um contato psicológico: pronunciar uma frase com voz alta e inteligível não 
é suficiente para que um destinatário desatento a receba. 
 
e) O código é um conjunto de signos e regras de combinação destes signos; o 
destinador lança mão dele para elaborar sua mensagem (esta é a operação de 
codificação). O destinatário identificará este sistema de signos (operação de 
decodificação) se seu repertório for comum ao do emissor for comum ao do emissor. Este 
 
16 
 
processo pode se realizar de várias maneiras (representaremos por dois círculos os 
repertórios de signos do emissor e do receptor): 
1º Caso: 
A comunicação não se realizou; a mensagem é recebida, mas não compreendida: 
o emissor e o receptor não possuem nenhum signo em comum. 
Exemplos: 
 mensagem cifrada recebida por um receptor que ignora o código utilizado; 
neste caso, poderá haver uma operação de decodificação, mas ela será 
longa e incerta; 
 Conversa entre um brasileiro e um alemão, em que um não fala a língua do 
outro. 
 
2º Caso: 
A comunicação é restrita; são poucos os signos em Comum. 
Exemplos: 
Conversa entre um inglês e um estudante brasileiro de 1º grau que estuda inglês 
há um ano. 
 
 3º Caso 
A comunicação é mais ampla; entretanto, a inteligibilidade dos signos não é total: 
certos elementos da mensagem proveniente de E não serão Compreendidos por R. 
 
17 
 
Exemplos: 
Um curso de alto ministrado a alunos não preparados para recebe-lo. 
 
 
4º Caso: 
A comunicação é perfeita: todos os signos Emitidos por E são compreendidos por 
R (O inverso não é verdadeiro, mas estamos Considerando um caso de uma 
comunicação Unidirecional: ver mais abaixo.) 
Não basta, no entanto, que o código seja comum para que se realize uma 
comunicação perfeita; por exemplo, dois brasileiros não possuem necessariamente a 
mesma riqueza de vocabulário, nem o mesmo domínio sintaxe. 
Finalmente, deve ser observado que certos tipos de comunicação podem recorrer 
simultaneamente à utilização de vários canais de comunicação e de vários códigos 
(exemplo: o cinema). 
 
f) O referente é constituído pelo contexto, pela situação e pelos objetos reais aos 
quais a mensagem remete. 
Há dois tipos de referentes: 
 Referente situacional: constituído pelos elementos da situação do emissor 
e do receptor e pelas circunstâncias de transmissão da mensagem. 
Assim é que quando uma professora dá a seguinte ordem à seus alunos: 
“coloquem o lápis sobre a carteira”, sua mensagem remete a uma situação 
espacial, temporal e a objetos reais. 
 
 Referente textual: constituído pelos elementos do contexto linguístico. 
Assim, num romance, todos os referentes são textuais, pois o destinador (o 
romancista) não faz alusão salvo raras exceções - à sua situação no 
 
18 
 
momento da produção (da escrita) do romance, nem a do destinatário (seu 
futuro leitor). Os elementos de sua mensagem remetem a outros elementos 
do romance, definidos no seu próprio interior. 
Da mesma forma, comentando sobre nossas recentes férias na praia, num 
bate-papo com os amigos, não remetemos, com a palavra “praia” ou com a 
palavra “areia”, as realidades presentes no momento da comunicação. 
4.3 Tipos de comunicação 
Comunicação unilateral é estabelecida de um emissor para um receptor, sem 
reciprocidade. Por exemplo, um professor, um professor durante uma aula expositiva, um 
aparelho de televisão, um cartaz numa parede difunde mensagens sem receber resposta. 
 
 
 
Comunicação bilateral se estabelece quando o emissor e o receptor alternam 
seus papéis. É o que acontece durante uma conversa, um bate-papo, em que há 
intercâmbio de mensagens. 
 
 
 
19 
 
4.4 Níveis de Linguagem 
 Texto: Aí, Galera 
 
 “Jogadores de futebol podem ser vítimas de 
Estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um 
Jogador de futebol dizendo ‘estereotipação’? E, no 
Entanto, por que não? 
- Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera. 
- Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais 
Esportistas, aqui presentes ou no recesso de seus lares. 
- Como é? 
- Aí, galera. 
- Quais são as instruções do técnico? 
- Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção. 
Coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, 
Aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, 
Concatenarmos um contragolpe agudo, com parcimônia de 
Meios e extrema objetividade, valendo-nos na desestruturação 
Momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão 
Inesperada do fluxo da ação. 
- Kahn? 
- É pra dividir no meio e ir pra cima pra pega eles sem calça. 
- Certo. Você quis dizer mais alguma coisa? 
- Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, 
Talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado 
Por razões, inclusive, genéticas? 
- Pode. 
- Uma saudação para a minha progenitora. 
- Como é? 
- Alô, mamãe! 
 
20 
 
- Estou vendo que você é um, um... 
- Um jogador que confunde o entrevistador, pois 
Não corresponde à expectativa de que o atleta seja um 
 Ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim 
Sabota a estereotipação? 
- Estreou? 
- Um chato? 
- Isso.” 
 Luís Fernando Veríssimo. 
 
A primeira gramática da língua portuguesa foi publicada em Portugal, no ano de 
1536. Reflexo do momento histórico - a Europa vivia o auge do movimento renascentista, 
apresentava um conceito clássico de gramática: “a arte de falar e escrever corretamente”. 
Em outras palavras: só falava e escrevia bem quem segue o padrão imposto pela 
gramática normativa, o chamado nível ou padrão formal culto. Quem fugisse desse 
padrão incorria em erro, não importando o que, para quem e para que se estava falando. 
Qualquer que fosse o interlocutor, o assunto, a situação, a intenção do falante, era o 
padrão formal culto que deveria ser seguido. 
Hoje, entende-se que o uso que cada indivíduo faz da língua depende de várias 
circunstâncias: do que vai ser falado e de que forma, do contexto, do nível social e cultural 
de quem fala e de para quem se está falando. Isso significa que a linguagem do texto 
deve ser adequada à situação, ao interlocutor e a intencionalidade do falante. 
Voltemos ao texto acima (Aí, galera). As falas do jogador de futebol são 
inadequadas ao contexto: a seleção vocabular, a combinação das palavras, a estrutura 
sintática e a frase extensa (releia, por exemplo, a terceira resposta do jogador, num único 
longo período) fogem da situação a que a fala está relacionada, ou seja, uma entrevista 
dada ainda no campo de jogo durante um programa esportivo. E o mais curioso é que o 
jogador tem nítida consciência de qual é a função da linguagem e de qual é o seu papel 
como falante, tanto que, ante a surpresa do entrevistador, passa do padrão formal culto 
para o padrão coloquial, mais adequado àquela situação: 
 
 
21 
 
 
 “ - Uma saudação para a minha progenitora.” 
Tradução, em linguagem coloquial: “_Alô, mamãe!” 
 
Assim, podemos reconhecer em uma mesma comunidade que utiliza um único 
código – a língua portuguesa, por exemplo – vários níveis e formas de expressão. 
4.5 Padrão Formal Culto e Padrão Coloquial 
De maneira geral, podemos distinguir o padrão coloquial do padrão formal culto. 
 Padrão Formal Culto – é a modalidade de linguagem que deve ser 
utilizada em situações que exigem maior formalidade, sempre tendo em 
conta o contexto e o interlocutor. Caracteriza-se pela seleção e combinação 
das palavras, pela adequação a um conjunto de normas, entre elas, a 
concordância, a regência, a pontuação, o emprego correto das palavras 
quanto ao significado, a organização das orações e dos períodos, as 
relações entre termos, orações, períodos e parágrafos. Padrão Coloquial – faz referência à utilização da linguagem em contextos 
informais, íntimos e familiares, que permitem maior liberdade de expressão. 
Esse padrão mais informal também é encontrado em propagandas, 
programas de televisão ou de rádio, etc. 
4.6 Funções da Linguagem 
As funções da linguagem são seis: 
 Função referencial ou denotativa; 
 Função emotiva ou expressiva; 
 Função Fática; 
 Função conativa ou apelativa; 
 
22 
 
 Função metalinguística; 
 Função poética, 
 
Leia os textos a seguir: 
Texto A 
A índia Everson, da tribo Caiabi, que deu à luz a três meninas, através de uma 
operação cesariana, vai ter alta depois de amanhã, após ter permanecido no Hospital 
Base de Brasília desde o dia 16 de março. No início, os índios da tribo foram contrários 
à ideia de Everson ir para o hospital mas hoje já aceitam o fato e muitos já foram visitá-
la. Everson não falava uma palavra de Português até ser internada e as meninas serão 
chamadas de Luana, Uiara e Poitara. 
Jornal da Tarde, 13 jul. 1982 
 
Texto B 
Uma morena 
Não ofereço perigo algum: sou quieta como folha de outono esquecida entre as 
páginas de um livro, sou definida e clara como o jarro com a bacia de ágata no canto do 
quarto – se tomada com cuidado, verto água limpa sobre as mãos para que se possa 
refrescar o rosto mas, se tocada por dedos bruscos, num segundo me estilhaço em 
cacos, me esfarelo em poeira dourada. Tenho pensado se não guardarei indisfarçáveis 
remendos das muitas quedas, dos muitos toques, embora sempre os tenha evitado 
aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade 
alheia, mesmo assim insisto: meus gestos, minhas palavras são magrinhos como eu, e 
tão morenos, que esboçados a sombra, mal se destacam do escuro, quase imperceptível 
me movo, meus passos são inaudíveis feito pisasse sempre sobre tapetes, pressentida, 
mãos tão leves que uma carícia minha, se porventura a fizesse, seria mais branda que a 
brisa da tardezinha. Para beber, além do chá, raramente admito um cálice de vinho 
branco, mas que seja seco para não esbrasear em excesso minha garganta em ardores... 
ABREU, Caio Fernando. Fotografias. In: Morangos mofados. 2. ed. São Paulo, 
Brasiliense, 1982. p. 93) 
 
23 
 
Texto C 
- Você acha justo que se comemore o Dia Internacional da mulher? 
- Nada mais justo! Afinal de contas, você está entendendo, a mulher há séculos, 
certo, vem sendo vítima de exploração e discriminação, concorda? Já houve alguns 
avanços, sabe, nas conquistas femininas. Você percebeu? Apesar disso, ainda hoje a 
situação da mulher continua desfavorável em relação à do homem, entende? 
 
Texto D 
Mulher, use o sabonete X. 
Não dispense X: ele a tornará tão bela quanto à 
Estrelas de cinema. 
 
Texto E 
Mulher. [Do lat. Mulheres.] S. f. 1. Pessoa do sexo feminino após a puberdade. 
[Aum.: mulherão, mulheraça, mulherona.] 2. Esposa. 
FERREIRA, Aurélio Buarque de H. Novo dicionário da língua portuguesa, Rio de 
Janeiro, Nova Fronteira, 1975. 
 
Texto F 
A mulher que passa 
 
Meu Deus, eu quero a mulher que passa. 
Seu dorso frio é um campo de lírios 
Tem sete cores nos seus cabelos 
Sete esperanças na boca fresca! 
 
Oh! Como és linda, mulher que passas 
Que me sacia e suplicias 
Dentro das noites, dentro dos dias! 
 
Teus sentimentos, são poesia. 
 
24 
 
Teus sofrimentos, melancolia. 
Teus pelos leves são relva boa 
Fresca e macia. 
Teus belos braços são cisnes mansos 
Longe das vozes da ventania. 
Meu Deus, eu quero a mulher que passa! 
MORAIS, Vinícius de. A mulher que passa. In:____. Antologia poética. 4. ed. Rio 
de Janeiro, Ed. Do autor, 1960. p.90. 
Todos os textos lidos, o tema é um só: mulher. No entanto, a maneira de cada 
autor varia. O que provoca essa diversificação é o objetivo de cada emissor, que organiza 
sua mensagem utilizando uma fala específica. Portanto, cada mensagem tem uma 
função predominante, de acordo com o objetivo do emissor. 
 
a) Função Referencial ou denotativa 
No texto A a finalidade é apenas informar o receptor sobre um fato ocorrido. A 
linguagem é objetiva, não admitindo mais de uma interpretação. Quando isso acontece, 
predomina a função referencial ou denotativa da linguagem. Função referencial ou 
denotativa é aquela que traduz objetivamente a realidade exterior ao emissor. 
 
b) Função emotiva ou expressiva 
No texto B, descrevem-se as sensações da mulher, que faz uma descrição 
subjetiva de si mesmo. Nesse caso, em que o emissor exterioriza seu estado psíquico, 
predomina a função emotiva da linguagem, também chamada de função expressiva. 
Função emotiva ou expressiva é aquela que traduz opiniões e emoções do 
emissor. 
 
c) Função Fática 
No texto C, o emissor utiliza expressões que tentam prolongar o contato com o 
receptor, testando frequentemente o canal. Neste caso, predomina a função fática da 
linguagem. 
 
25 
 
Função fática é aquela que tem por objetivo iniciar, prolongar ou encerrar o contato 
com o receptor. 
 
d) Função conativa ou apelativa 
A mensagem do primeiro texto contém um apelo que procura influir no 
comportamento do receptor. Nesse caso, predomina a função conativa ou apelativa. 
São características dessa função: 
 Verbos no imperativo; 
 Presença de vocativos; 
 Pronomes de 2ª pessoa. 
Função conativa ou apelativa é aquela que tem por objetivo influir no 
comportamento do receptor, por meio de um apelo ou ordem. 
 
e) Função metalinguística 
O texto E, é a transição de um verbete de um dicionário. 
Essa mensagem explica um elemento do código – a palavra mulher – utilizando o 
próprio código nessa explicação. Quando a mensagem visa a explicar o próprio código 
ou utiliza-o como assunto, predomina a função metalinguística da linguagem. 
Função metalinguística é aquela que utiliza o código como assunto ou para 
explicar o próprio código. 
 
f) Função Poética 
A preocupação intencional do emissor com a mensagem, ao elabora-la, 
caracteriza a função poética da linguagem. Função poética é aquela que enfatiza a 
elaboração da mensagem, de modo a ressaltar seu significado. É importante observar 
que nenhum texto apresenta apenas uma única função da linguagem. Uma função 
sempre predomina num texto, mas nunca é exclusiva. 
 
 
 
 
26 
 
5 SIGNIFICADO SOCIAL DAS FORMAS VARIANTES 
 
Fonte: www.espaco-crescer.com 
5.1 Definindo linguagem 
Desde os primórdios da humanidade, o homem já possuía a necessidade de se 
comunicar. Mesmo não existindo a exata formação das palavras como atualmente, eles 
emitiam sons vocálicos que demonstravam seu modo de ver o mundo físico, como 
também expressavam suas sensações: fome, medo, insegurança, tristeza. Desta 
maneira, a língua(gem) não é fruto de pesquisa de longos anos. O indivíduo já nasce com 
esse instinto e habilidade racional. É a posse da língua(gem) o que mais claramente 
distingue o homem dos outros seres. 
A linguagem verbal, entretanto, passou a ser desenvolvida a partir do momento 
em que o homem julgou necessário criar uma expressão sonora que representasse o 
próprio elemento. Os nomes têm essa missão: nomear os seres. Assim, ao 
pronunciarmos a palavra fogo, imaginamos automaticamente a imagem a que se reporta 
essa palavra, devido ela pertencer ao campo natural. Contudo, a expressão “Eu te odeio”, 
não permite essa mesma “mentalização”, em virtude de a palavra não poder ser 
representada no campo natural. Por isso, o homem precisou moldá-la na forma de 
linguagem verbal. Muitas palavras trazem uma carga de conhecimentos históricos que 
 
27 
 
se acoplam ao seu significado, moldando, às vezes, de tal maneira o seu sentido que 
elas passam a ter um cunho preconceituoso, pejorativo. É preciso um cuidado maior, 
para que o falante não seja o responsável pela perpetuação do preconceito. A língua é 
um produto da cultura, também é um instrumento de manifestação dela, que se adapta 
ao meio ese modifica, conforme variem as necessidades e as condições de seus 
falantes. 
 A língua(gem) é interação, visto que proporciona ao indivíduo a possibilidade de 
exercer atividade sobre o outro, sobre si mesmo e sobre o mundo. É independente de 
estímulo: não necessita de alguém para ativá-la. 
Desta forma, compreende-se que a língua(gem) é uma atividade essencialmente 
humana, histórica e social. Se bem conduzida, pode ser uma aliada na luta contra os 
preconceitos sociais, pois é a partir de seu uso que observamos, compreendemos e 
interagimos com o mundo natural. 
5.2 Fala 
A interação verbal entre os sujeitos é possível por meio das palavras e pode ser 
realizada por meio da fala e/ou da escrita. Dependendo da situação comunicativa, os 
usuários das línguas podem eleger qualquer um dos diferentes níveis de linguagem para 
interagir verbalmente com os outros. Isso significa que existem linguagens diferentes 
para ocasiões distintas, ou seja, em toda situação comunicativa, os falantes elegem o 
nível de linguagem mais adequado para que tanto o emissor quanto o receptor das 
mensagens possam compreender e ser compreendidos. 
 
Nível 1: Norma culta/padrão 
Como sabemos, cada língua possui sua estrutura e muitas delas possuem 
um conjunto de regras responsável pelo funcionamento dos elementos linguísticos. Esse 
conjunto de regras é conhecido como gramática normativa. Nela, os usuários da língua 
encontram a norma-padrão de funcionamento da língua chamada de “padrão ou culta”, a 
qual deve, ou pelo menos deveria, ser de conhecimento e acessível a todos os falantes 
https://www.infoescola.com/sociologia/preconceito/
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/fala-escrita.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/fala-escrita.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/fala-escrita.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/diferentes-formas-linguagem.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/comunicacao.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/comunicacao.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/estrutura-das-palavras.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/norma-culta-x-variacoes-linguisticas.htm
 
28 
 
da mesma comunidade linguística. Utilizar a norma culta da língua portuguesa, por 
exemplo, não significa comunicar-se de maneira difícil e rebuscada. Embora à língua 
padrão seja atribuído certo prestigio cultural e status social, o uso da linguagem culta está 
menos relacionado à questão estética e muito mais associado à sua democratização, já 
que esse é o nível de linguagem ensinado nas escolas, nos manuais didáticos, cartilhas 
e dicionários das línguas etc. 
 
Nível 2: Linguagem coloquial/informal/popular 
A linguagem coloquial é aquela utilizada de maneira 
mais espontânea e corriqueira pelos falantes. Esse nível de linguagem não segue a rigor 
todas as regras da gramática normativa, pois está mais preocupado com a função da 
linguagem do que com a forma. Ao utilizar a linguagem coloquial, o falante está mais 
preocupado em transmitir o conteúdo da mensagem do que como esse conteúdo vai 
ser estruturado. De maneira geral, os falantes utilizam a linguagem coloquial nas 
situações comunicativas mais informais, isto é, nos diálogos entre amigos, familiares etc. 
 
Nível 3: Linguagem regional/regionalismo 
A linguagem regional está relacionada com as variações ocorridas, principalmente 
na fala, nas mais variadas comunidades linguísticas. Essas variações são também 
chamadas de dialetos. O Brasil, por exemplo, apresenta uma imensa variedade 
de regionalismos na fala dos usuários nativos de cada uma de suas cinco regiões. 
 
Nível 4: Gírias 
A gíria é um estilo associado à linguagem coloquial/popular como meio de 
expressão cotidiana. Ela está relacionada ao cotidiano de certos grupos sociais e podem 
ser incorporadas ao léxico de uma língua conforme sua intensidade e frequência de uso 
pelos falantes, mas, de maneira geral, as palavras ou expressões provenientes 
das gírias são utilizadas durante um tempo por um certo grupo de usuários e depois são 
substituídas por outras por outros usuários de outras gerações. É o caso, por exemplo, 
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/paises-que-falam-portugues.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/variacoes-linguisticas.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/linguagem-coloquial.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/funcoes-linguagem-1.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/funcoes-linguagem-1.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/niveis-de-fala.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/dialetos-registros-no-portugues-brasileiro.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/as-regioes-brasil.htm
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/giria-1.htm
 
29 
 
de uma gíria bastante utilizada pelos falantes nas décadas de 80 e 90: “chuchu, beleza”, 
mas que, atualmente, está quase obsoleta. 
 
Nível 5: Linguagem vulgar 
A linguagem vulgar é exatamente oposta à linguagem culta/padrão. As estruturas 
gramaticais não seguem regras ou normas de funcionamento. O mais interessante é 
que, mesmo de maneira bem rudimentar, os falantes conseguem compreender a 
mensagem e seus efeitos de sentido nas trocas de mensagens. Podemos considerar 
a linguagem vulgar como sendo um vício de linguagem. Veja alguns exemplos bastante 
recorrentes em nossa língua: 
“Nóis vai” 
“Pra mim ir” 
“Vamo ir” 
5.3 Língua 
Os estudos sobre a linguagem são tão antigos como a própria língua, e a prova 
disso são aqueles realizados na Grécia antiga, na qual os filósofos se dedicaram ao 
estudo da argumentação e retórica. No entanto, nesta época ainda não havia um campo 
dedicado especificamente ao estudo da linguagem, pois os estudos se davam no âmbito 
da filosofia. A linguística como uma ciência autônoma só iria seguir séculos depois, mais 
especificamente no século XIX, com os estudos de Saussure. Mas o verdadeiro ponto de 
virada de sua história na linguística, mesmo que ele não soubesse na época, foi uma 
série de 3 cursos sobre linguística que ministrou na Universidade de Genebra. Em 1919, 
3 anos após sua morte, alunos que haviam comparecido aos cursos ministrados, 
compilaram os conteúdos e suas anotações e editaram o “Curso de linguística geral”. 
Este livro têm uma importância ímpar para a linguística, pois além de fincar as bases de 
todos os estudos que se desenvolveram posteriormente, é a fundação para o 
estabelecimento da linguística moderna como um campo de estudo autônomo dentro 
das ciências humanas. 
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/gramatica/vicios-linguagem.htm
https://www.resumoescolar.com.br/portugues/linguagem-e-comunicacao/
https://www.resumoescolar.com.br/historia/resumo-da-grecia-antiga-a-polis-de-esparta/
https://www.resumoescolar.com.br/filosofia/resumo-sobre-filosofia/
https://www.resumoescolar.com.br/quimica/construindo-a-ciencia/
https://www.resumoescolar.com.br/historia/historia-do-livro/
https://www.resumoescolar.com.br/quimica/formulacao-nomenclatura-e-classificacao-das-bases/
https://www.resumoescolar.com.br/biologia/ciencias-exatas-e-biologicas/
 
30 
 
Ferdinand de Saussure nasceu em Genebra, Suíça, em 26 de novembro de 1857. 
Filho de um naturalista, no começo de sua vida acadêmica se concentrou em estudos de 
química e física, mas ao conhecer os estudos da linguagem através de um filólogo amigo 
de sua família, se convenceu que este era seu verdadeiro campo de estudos. 
Em 1876, iniciou seus estudos na Universidade de Leipzig, e aos 21 anos publicou 
sua tese sobre o sistema de vogais em línguas indo-europeias primitivas, a qual foi 
amplamente aceita e elogiada pela acadêmica. A partir daí começou a lecionar em 
francês gótico, alto alemão, sânscrito e filologia indo-europeia. Ao retornar para Genebra, 
continuou a ensinar sânscrito e também linguística histórica. 
Os membros de uma comunidadelinguística, de comum acordo, aceitam um 
conjunto de símbolos vocais arbitrários para serem utilizados em sua comunicação 
interna: é o que conhecemos como língua; e, por isso, ela existe na e para a sociedade. 
“As línguas são casos particulares de um fenômeno geral, a linguagem, que é estudado 
pela Linguística Geral” (VANOYE, 1986, p. 29). Como sistema de linguagem, a língua se 
constitui de sons vocais específico cos (fonemas), com os quais se constroem as formas 
linguísticas. Segundo Dinneen, citado por Heclker e Back (1988, p. 34-36), as línguas 
são: Sonoras - é a primeira forma de manifestação da língua (muito tempo depois é que 
vem a língua escrita; há mais ou menos 6.000 anos). 
O aparelho articulatório é responsável pelos sons (fonemas) de todas as línguas; 
Lineares - os sons são produzidos numa sequência linear, e a representação simbólica 
desses sons também é linear. Alguns povos escrevem da direita para esquerda, de cima 
para baixo; contudo não deixam de respeitar o caráter línea criativas - a língua funciona 
de acordo com determinados padrões que são comuns a um número ilimitado de 
expressões, mas que são diferentes na referência. É o domínio desses padrões que 
permite ao falante compreender e criar orações que ele nunca ouviu ou emitiu antes; 
Singulares (únicas) - cada língua apresenta padrões que se diferenciam da outra. 
Quando estudamos uma língua estrangeira, precisamos aprender novos padrões; 
Semelhantes - se não existisse nada em comum entre as línguas (universais linguísticos) 
seria muito difícil aprender uma língua estrangeira. Veja que quanto maior a semelhança 
entre as línguas (da mesma família, por exemplo), menos difícil o processo de 
aprendizagem. Todo e qualquer ser humano percebe o mundo que o cerca de forma 
https://www.resumoescolar.com.br/geografia/suica/
https://www.resumoescolar.com.br/fisica/introducao-historico-e-correntes-da-fisica/
 
31 
 
semelhante. Sistemáticas finito, isto quer dizer que eles são reutilizados de acordo com 
um - como os símbolos utilizados numa língua são em 4 conjunto de regras de 
combinação que é determinado por um sistema. Podemos então considerar a língua 
como um super-sistema, formado por sistemas menores, tais como sistema fonológico, 
morfológico, sintático e semântico; Significativas - os sons emitidos na fala estão 
diretamente relacionados com nossas atividades sociais; Arbitrárias - não há relação 
direta ou motivada entre o som que emitimos e a mensagem que é expressa no ato 
comunicativo. 
As ideias expressas correspondem às imagens acústicas diferentes em cada 
língua; Convencionais - os falantes fazem um acordo social sobre formação e uso das 
unidades linguísticas. As mesmas expressões, em contexto similar, designam os 
mesmos objetos e seres para os membros de uma comunidade linguística; Sistemas de 
contrastes - cada som (fonema) é diferente de outro som, pois se assim não o fosse, não 
haveria condições de estabelecer a comunicação. Eles são justapostos de acordo com 
determinadas regras e através de contrastes nos permitem uma satisfatória comunicação 
dentro da comunidade linguística. 
5.4 Língua x fala 
Antes de conceituar o que é língua e fala, comecemos por desmistificar a relação 
entre linguagem e língua. Para Saussure (2006), não podemos confundir a linguagem 
com a língua e tratarmos as duas como sendo a mesma coisa, porque enquanto a 
linguagem é heterogênea – várias formas – a língua, para ele, é de natureza homogênea. 
O mestre da Linguística (2006, p. 17) afirma que: Para nós, ela [língua] não se confunde 
com a linguagem; é somente uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. 
É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto de 
convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício dessa 
faculdade nos indivíduos. Saussure (2006) segue mostrando que a língua pode ser 
estudada separada da linguagem, pois ela é apenas uma parte da linguagem. Contudo, 
língua e fala são estreitamente relacionadas. O autor (2006, p. 27) afirma: “[...] a língua é 
necessária para que a fala seja inteligível e produza todos os seus efeitos; mas esta é 
 
32 
 
necessária para que a língua se estabeleça [...]”. O pai da Linguística (2006, p. 22) ainda 
ressalta que: “[...] a língua não está completa em nenhum [indivíduo] só na massa ela 
existe de modo completo”. A língua só existe a partir de acordos feitos entre membros de 
uma comunidade, assim como nas demais instituições existentes. Entretanto, o autor 
distingue a língua das demais instituições, apenas por que ela tem uma natureza peculiar, 
sendo essa característica o que a define. 
Na visão de Saussure (2006, p. 23), a língua constitui-se num sistema de signos 
que, de essencial, só existe a união do sentido e da imagem acústica, e onde as duas 
partes do signo são igualmente psíquicas. Para ele, signos linguísticos são a relação 10 
entre um conceito e uma imagem acústica, sendo o conceito uma ideia, um pensamento 
que serve para interpretar o mundo, e uma imagem acústica a impressão psíquica de 
uma sequência articulada de sons (vogais, consoantes e semivogais). O mestre (2006, 
p. 22) definiu ainda fala como sendo: “Um ato individual de vontade e inteligência” e 
também “combinações individuais, dependentes da vontade dos que falam; atos de 
fonação igualmente voluntários, necessários para a execução dessas combinações”. A 
partir das definições de língua e de fala, infere-se que a fala conduz à língua; na verdade, 
uma depende da outra. 
A diferença entre as duas, como nos explica Saussure (2006, p.22): “A língua não 
constitui, pois, uma função do falante: é o produto que o indivíduo registra passivamente 
[...]. Já para a fala temos que, “[...] é, ao contrário, um ato individual de vontade e 
inteligência [...]”. É interessante como Fiorin (2011, p.81) descreve, ao afirmar que, para 
Saussure: Língua opõe-se a fala, porque a língua é coletiva e a fala é particular, portanto, 
a língua é um dado social e a fala é um dado individual. Além disso, a língua é sistemática 
e a fala é assistemática. Pessoas que falam a mesma língua conseguem comunicar-se 
porque, apesar das diferentes falas, há o uso da mesma língua. Assim, constata-se que 
a permanência de uma língua em um determinado contexto social, precisa do exercício 
da fala, sendo por meio dela que a língua é efetivada e estabelecida em um grupo social. 
De acordo com esse pensamento, Silvio Elia (2001, p. 5) define língua como 
estrutura e como instituição, sendo, primeiro a língua na sua estrutura física, depois a 
língua como instituição e, por fim, de acordo com o uso em uma comunidade linguística, 
ou seja, a língua em seu uso social. Para o autor (2001, p. 7), comunidade linguística é: 
 
33 
 
“[...] todo agrupamento humano dotado de um código verbal comum que, podendo não 
ser exclusivo, a todos se impõe, por meio de normas que funcionam como força de 
coesão e solidariedade social”, ou seja, essa comunidade interage por meio de uma 
língua. Desse ponto de vista, ressalta-se que uma comunidade é composta de uma língua 
que representa, além de um símbolo, um fator de identidade cultural. Ela só existe em 
decorrência de espécie de contrato coletivo que se estabelece entre as pessoas e ao 
quais todos aderiram. 
A língua é um patrimônio histórico, cultural, reconhecido oficialmente 11 por um 
Estado, como forma de comunicação em suas relações internas e externas, conforme 
afirma Silvio Elia (2001, p. 15). Existem alguns traços sociolinguísticos que definem como 
uma língua se estabelece em uma determinada comunidade linguística. Silvio Elia (2001) 
destaca alguns: o primeiro traço é a língua berço; essa característica é dada quando a 
língua nasce em um determinado país, tomemos por exemplo a Língua Portuguesa (que 
será objeto de estudo nos próximos capítulos). Portugal é o berço da Língua Portuguesa, 
característicaúnica e própria dele. O segundo traço é a língua materna, esta é a primeira 
língua aprendida pelo falante, geralmente na infância, dos lábios de sua mãe ou de 
parente próximos. Outro traço sociolinguístico é a língua oficial – é a língua que o Estado 
reconhece como válida em sua vida política e administrativa. 
O quarto chama-se língua nacional, tem-se por essa a língua falada sem 
contrastes em toda a extensão do País. Um traço interessante (e o mais recente) é o da 
língua de cultura, está permite o acesso à cultura e sendo ela mesma um patrimônio 
cultural. O sexto traço é gerado da língua de cultura, sendo ele por sua vez a língua 
padrão, como o próprio nome estabelece, é a língua reconhecida pela comunidade 
nacional e que se ensina nas escolas. 
Podemos classificar o outro traço como língua transplantada que é a língua levada 
de um país para o outro e lá estabelecida; e como exemplo temos a Língua Portuguesa, 
que após se estabelecer como língua oficial de Portugal, foi levada por meio da expansão 
marítima a vários países, se expandindo por vários lugares e é hoje uma das línguas 
mais faladas do mundo. Para compreendermos melhor o processo de formação e 
estabelecimento da língua portuguesa no território brasileiro, é necessário que 
 
34 
 
retornemos às suas origens, a língua latina. Assim entenderemos como foram as 
modificações que o latim sofreu até a formação do Português atual. 
Desde os primórdios da humanidade, o homem já possuía a necessidade de se 
comunicar. Mesmo não existindo a exata formação das palavras como atualmente, eles 
emitiam sons vocálicos que demonstravam seu modo de ver o mundo físico, como 
também expressavam suas sensações: fome, medo, insegurança, tristeza. Desta 
maneira, a língua(gem) não é fruto de pesquisa de longos anos. O indivíduo já nasce com 
esse instinto e habilidade racional. É a posse da língua(gem) o que mais claramente 
distingue o homem dos outros seres. 
A linguagem verbal, entretanto, passou a ser desenvolvida a partir do momento 
em que o homem julgou necessário criar uma expressão sonora que representasse o 
próprio elemento. Os nomes têm essa missão: nomear os seres. Assim, ao 
pronunciarmos a palavra fogo, imaginamos automaticamente à imagem a que se reporta 
essa palavra, devido ela pertencer ao campo natural. Contudo, a expressão “Eu te odeio”, 
não permite essa mesma “mentalização”, em virtude da palavra não poder ser 
representada no campo natural. Por isso, o homem precisou moldá-la na forma de 
linguagem verbal. 
Muitas palavras trazem uma carga de conhecimentos históricos que se acoplam 
ao seu significado, moldando, às vezes, de tal maneira o seu sentido que elas passam a 
ter um cunho preconceituoso, pejorativo. É preciso um cuidado maior, para que o falante 
não seja o responsável pela perpetuação do preconceito. A língua é um produto da 
cultura, também é um instrumento de manifestação dela, que se adapta ao meio e se 
modifica, conforme variem as necessidades e as condições de seus falantes. 
 A língua(gem) é interação, visto que proporciona ao indivíduo a possibilidade de 
exercer atividade sobre o outro, sobre si mesmo e sobre o mundo. É independente de 
estímulo: não necessita de alguém para ativá-la. Desta forma, compreende-se que a 
língua(gem) é uma atividade essencialmente humana, histórica e social. Se bem 
conduzida, pode ser uma aliada na luta contra os preconceitos sociais, pois é a partir de 
seu uso que observamos, compreendemos e interagimos com o mundo natural. 
 
35 
 
5.5 O homem o mundo e a língua 
Se, como diz o linguista, o papel da Linguística é o de delimitar-se a si própria, é 
lícito que suas fronteiras sejam tão permeáveis, que discussões intermináveis como a 
tenuidade das fronteiras entre a semântica e a pragmática seja perpetuada. Quando 
Saussure legou à fala a obscuridade, não imaginava que ela voltaria às claras e tentasse 
novamente definir esses inconstantes limites. Locutores, ouvintes, situações, retóricas 
deixam de ser ignorados e passam a incorporar certas teorias linguísticas que admitem 
que os recursos para a expressão dos sentidos são os mais diversos e não se encontram 
todos enclausurados nos limites do enunciado, dentro da língua – se é que se pode definir 
o que lhe é interno e externo; outra indefinição. 
Voltemos agora às bases: a semântica considera que o fulcro dos sentidos é um 
sistema de referências cultural e antropológico. Os sentidos da língua podem ser 
encontrados na própria língua, nos enunciados, nas retomadas, anáforas, polissemias, 
homonímias, pressupostos... como se a língua estivesse pronta e nos fosse instituída em 
algum momento pelos homens e sua cultura; como se fosse um armazém cheio de 
provisões para os discursos, ambíguas ou não. 
Mas aqui, neste texto e instituto, adota-se outra concepção: a língua é uma 
constituição, está sempre “em processo” sendo construída a diversas mãos, nas diversas 
práticas discursivas. Como então garantir que o sistema de referências seja estável, 
como se os falantes não mais produzissem sentidos que fundamentassem a cultura e 
suas relações? Ilusão. O sistema de referências está também “em processo” a cada 
enunciação. 
Não quero aqui negar a semântica, mas mostrar como ela pode estabelecer 
relações dinâmicas com a pragmática, sem dogmatismos. Creio que outrora já discuti a 
importância da semântica para resolver o problema do jornalista do filme Cidadão Kane, 
de Orson Welles. Lá o mistério era descobrir o significado de rosebud. Não houve 
pragmática que resolvesse o mistério, pois não se podia encontrar nenhum referente – 
dentro ou fora da língua. É através da primazia da semântica que Ulisses escapa do 
Ciclope. Os irmãos do monstro, limitaram-se a um universo referencial onde o significado 
 
36 
 
de ninguém não tem referente no mundo, como se fosse um referente nulo, ou algo 
parecido. Não levaram em consideração o contexto, locutor, etc. 
É através dos dados abaixo discutirei alguns aspectos sobre semântica e 
pragmática para que a explicação não fique apenas teórica, mas também lúdica. 
Arriscando agora uma esquizofrenia metalinguística, podemos notar já na frase anterior 
um implícito. Dizer “não apenas teórica, mas também lúdica” implica duas coisas: teorias 
são enfadonhas e análises de dados não o são. Esses implícitos não necessitam do 
conhecimento de elementos da enunciação para serem apreendidos, eles estão 
marcados no próprio enunciado através de apenas e mas também. Partamos aos dados: 
 “Errar é humano” é um clichê, um enunciado cuja estrutura é repetida em 
diferentes enunciados, tal qual as palavras compostas, e remetem a um referente na 
língua que, nesse caso, significa generalizadamente que: o erro pode ser perdoado, 
afinal, todos erram. Em diversas enunciações podemos encontrá-lo: quando alguém quer 
consolar um amigo que errou algumas perguntas de uma prova; quando alguém quer se 
desculpar por ter traído o cônjuge, etc. 
Nesses contextos o nosso clichê pode ser equivalente a desculpas, podendo 
assumir assim um caráter performativo que será diferente e muito mais preocupante num 
contexto como o apresentado na charge de Quino. O humor da piada concentra-se 
justamente no ato perlocutório realizado por esse enunciado que vai provocar no 
paciente, no mínimo, um certo desespero; enquanto esse mesmo enunciado, num 
contexto como o do marido traidor, provocaria, para ser muito otimista, compaixão. Os 
médicos, supostos enunciadores, realizam um ato ilocutório de remissão – tal qual 
Pilatos, lavam suas mãos. 
As teorias de Austin, que introduzem efetivamente a pragmática nos limites da 
linguística, se não utilizadas para a análise de enunciados como o anterior, deixaria à 
análise exclusivamente semântica uma certa incapacidade de interpretação. É a 
pragmática que nos permite rirmos da charge, e não um fenômeno da língua como a 
ambiguidade causada por uma homonímia ou polissemia.Algo parecido ocorre na música Gol Anulado da dupla Bosco/Blanc: 
“Quando você gritou mengo 
No segundo gol do Zico 
 
37 
 
Tirei sem pensar o cinto 
E bati até cansar”. 
 
Nesse caso mengo assume, mesmo sem a intenção do locutor, um caráter 
performativo pois, através de um ato perlocutório e de todo um contexto envolvido, 
provoca a ira no marido. Há aqui que se considerar toda a história do locutor e a 
enunciação (um jogo entre Vasco e Flamengo) para interpretar o efeito de sentido 
atribuído pelo ouvinte. 
Vejamos agora um dado de uma crônica de Veríssimo: 
- Na noite em que fui concebido – suponho que tenha sido uma noite – eu era um 
entre milhões de espermatozoides. Mas só eu cheguei ao óvulo de mamãe. Ou será 
bilhões? 
- Acho que é óvulo mesmo. 
- Não. Os espermatozoides. É milhões ou bilhões? 
- Kahn... Não sei. (...) 
- Então, imagina o seguinte. Pense bem. Amendoim. 
- Amendoim. Estou pensando nele. Amendoim. 
- Não. Me passe o amendoim e pense o seguinte. (...) 
 
A saber: os interlocutores acima estão bêbados. 
Primeiramente, se considerássemos os dêiticos destacados, encontraríamos um 
problema. Sabemos que quem fecunda o óvulo é um espermatozoide, porém, como 
podemos atestar no fui concebido, o locutor é um homem e não um gameta masculino, 
desautorizando a utilização dos eus conseguintes. Para que o interlocutor não considere 
o locutor demente, é necessário um trabalho de identificação de pressupostos e, como 
não há nenhuma marcação no enunciado, não são pressupostos, são subentendidos. É 
necessário que o interlocutor leve em consideração as condições pragmáticas atuantes 
no momento da enunciação, só assim ele poderá entender que o locutor considera que 
ele próprio considera-se o gameta – meia verdade – que, saído do epidídimo, fecundou, 
se desenvolveu e culminou nele. Outro problema encontra-se quando o locutor pergunta 
sobre a quantidade de óvulos e o interlocutor responde uma pergunta que não era a feita 
 
38 
 
pelo locutor. A resposta certamente é fruto da bebida, mas pode ser analisada tanto 
através da semântica quanto da pragmática. 
 Se o interlocutor desconhecesse o significado da palavra óvulo e de bilhões, ele 
poderia, através do contexto, classificá-las num mesmo campo semântico, possibilitando 
que houvesse uma confusão com relação aos seus significados. Mas, assim mesmo, o 
contexto seria necessário. 
Podemos também considerar que há algum problema referente às leis do discurso. 
Uma das máximas discursivas está sendo violada: o locutor fere o princípio da 
cooperação, ele não explicita claramente se sua pergunta se refere à quantidade de 
espermatozoides ou à nomenclatura de óvulo. Porém o locutor se esforça para cooperar, 
escolhe uma das alternativas e responde a pergunta do locutor egoísta. Normalmente 
não haveria problema algum na pergunta, mas há que se considerar o estado alcoólico 
dos interlocutores. 
 Última questão referente também às leis do discurso: amendoim. Novamente o 
locutor não coopera. Ele considera que o seu interlocutor vá interpretar o implícito, o 
subentendido de seu enunciado, mas considera errado. O interlocutor interpreta 
amendoim como um ato performativo, uma ordem para pensar, quando a ordem era 
para passar o pratinho de amendoim. Se os interlocutores estivessem um pouco mais 
bêbados, talvez não interpretassem nem os pressupostos dos enunciados, as 
homonímias, ou mesmo o significado, o referente da palavra. 
 Os sentidos das preposições ficam mais enriquecidos se analisados através de 
fatores semânticos e pragmáticos. No entanto, a resistência em se admitir que a 
pragmática é essencial para a análise dos dados lega à Linguística uma eterna 
indefinição de seus limites. Insistem em deixar o homem e seu mundo fora da língua que 
estão construindo constantemente. 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
6 FERDINAND DE SAUSSURE PERCURSO DE ESTUDO DA LÍNGUAS 
 
Fonte:www.conceitos.com 
Linguista suíço nascido em Genebra, fundador da moderna linguística científica. 
Filho de um eminente naturalista, foi orientado para seguir os estudos em linguística por 
um filólogo e amigo da família, Adolphe Pictet (1799-1875). 
 Estudou Física, Química na universidade alemã de Leipzig, enquanto continuava 
estudando linguística fazendo cursos de gramática grega e latina. Convencido de que 
seu futuro estava nos estudos da linguagem, ingressou na Sociedade Linguística de 
Paris. Ainda estudante, publicou seu único livro, um brilhante estudo em linguística 
comparativa que firmou sua reputação: Mémoire sur le système primitif des voyelles dans 
les langues indo-européennes (1879). 
Posteriormente estudou sânscrito, celta e indiano, em Berlim e doutorou-se em 
Leipzig com a tese De l’emploi du génitif absolu en sanscrit (1880), uma tese sobre o uso 
do caso genitivo em sânscrito. 
Ensinou linguística histórica na École des Hautes Études, em Paris (1881-1891), 
especialmente Sânscrito, Gótico e Alto Alemão e depois Filologia Indo-europeia. Voltou 
para Genebra, Suíça, para ensinar linguística indo-europeia e sânscrito (1901-1913) e os 
 
40 
 
célebres cursos de linguística geral (1907-1913) na Universidade de Genebra, cidade 
onde morreu. 
Sua notoriedade veio com a publicação da obra póstuma, Cours de linguistique 
générale (1916), textos dos cursos ministrados durante seus últimos anos de vida na 
Universidade de Genebra, recolhidos e organizados por seus discípulos suíços Charles 
Bally (1865-1947) e Albert Séchehaye (1870–1946). 
Após a morte de Saussure, seus discípulos esperavam encontrar em seus 
manuscritos a imagem fiel de suas geniais lições. Qual o quê! O mestre destruía os 
rascunhos que escrevia, as gavetas de sua escrivaninha estavam quase vazias. O jeito 
foi reunir as anotações minuciosas de seus alunos, compará-las e recriar 
cuidadosamente o pensamento do pioneiro da linguística. 
O resultado deste trabalho foi a publicação do "Curso de Linguística Geral". Filho 
de uma família abastada, Ferdinand de Saussure estudou desde cedo inglês, grego, 
alemão, francês e sânscrito. Com o objetivo de continuar a tradição científica de sua 
família, em 1875, estudou física e química na Universidade de Genebra. 
Em 1877, aos 21 anos, Ferdinand de Saussure publicou o livro "Memória sobre as 
Vogais Indo-europeias". Três anos depois o estudioso defendeu sua tese de doutorado, 
"Sobre o Emprego do Genitivo Absoluto em Sânscrito". 
Em 1881, Ferdinand de Saussure assumiu a cátedra de linguística comparada na 
Escola de Altos Estudos de Paris. Em 1886 tornou-se membro da Sociedade Linguística 
de Paris e no ano seguinte foi para Leipzig, na Alemanha, completar seus 
estudos. Transferiu-se em 1891 para a Universidade de Genebra, lecionando linguística 
indo-europeia e sânscrito até 1906, quando passou a professor titular de linguística. 
Saussure foi professor na Universidade de Genebra até sua morte, aos 55 anos. Seus 
discípulos Charles Bally e Albert Sechehaye organizaram as anotações dos alunos de 
Saussure realizadas durante seus cursos universitários. Em 1915 foi publicado o já 
mencionado "Curso de Linguística Geral", considerado a obra fundadora da linguística 
moderna. 
 
 
 
 
41 
 
7 SIGNO LINGUISTICO 
 
Fonte:www.conceitos.com 
Para Saussure, a língua é um sistema de signos formados pela junção do 
significante e do significado, ou seja, da imagem acústica e do sentido. Esses saberes 
contribuem muito para a alfabetização e letramento, pois, nesse processo, o sujeito parte 
do concreto, por meio de desenhos para um conhecimento abstrato, relacionado ao 
mundo da escrita. A relevância do signo linguístico se faz presente, uma vez que ele 
precisa ser compartilhado socialmente e, dessa forma, representa uma etapa final do 
processo de alfabetização. Partindo de escritas pictográficas a ideográficas até chegar a 
uma escrita silábica e, consequentemente, à alfabética, o sujeito, em fase de 
alfabetização,traça o caminho que Saussure descreve por meio do significante e do 
significado pelos quais os signos são abarcados. 
É com o intuito de demonstrar como os saberes relacionados ao significado e ao 
significante são relevantes para o processo de alfabetização, principalmente na aquisição 
da escrita, é que este trabalho foi proposto. Na primeira seção, este texto descreve e 
explica a Teoria de Saussure sobre signo linguístico. Em seguida, será demonstrado com 
exemplos e atividades de crianças no período de alfabetização escolar como ocorre o 
processo de transição de uma escrita em que o conceito é privilegiado para um processo 
em que se privilegia o significante. Por fim, o texto traz alguns comentários finais sobre 
 
42 
 
as contribuições de Saussure para o entendimento do processo de alfabetização e 
letramento. 
A ideia de signo linguístico envolve duas dimensões mentais estreitamente 
interligadas: trata-se de um conceito e paralelamente de um som associado a ele. Assim, 
o conceito é o resumo do signo linguístico, enquanto que o som é uma marca mental que 
permanece em nosso cérebro. Entre o conceito e o som há uma relação recíproca. Em 
outras palavras, o conceito ou significado e o som ou significante interagem na mente de 
um falante. Vamos imaginar uma nuvem, o significante se refere à sucessão de sons para 
referir à nuvem (temos na memória como se pronuncia esta palavra e já escutamos em 
alguma ocasião), ao mesmo tempo, o significado da nuvem se refere ao conjunto de 
características gerais que constituem uma nuvem (sua cor, forma e tamanho). 
Quando falamos ocorrem três fenômenos diferenciados. O primeiro é o processo 
psíquico na qual os conceitos constroem uma imagem ou uma impressão digital acústica 
(neste processo, o cérebro transmite para os órgãos da fonação um impulso correlativo 
à imagem acústica). Em seguida ocorre um processo físico, pelo qual as ondas sonoras 
se propagam da boca ao ouvido, assim quando se escuta uma imagem acústica o cérebro 
identifica o som e o associa ao conceito. Neste último processo, o conceito mental realiza 
o caminho oposto, isto é, da mente para a emissão de uma palavra. De acordo com 
Saussure, o signo linguístico é a associação de uma ideia ou um conceito com forma 
sonora ou escrita. Assim, qualquer pessoa que fala português associa a palavra lápis à 
determinada imagem. Desta maneira, quando dizemos a palavra lápis pensamos em uma 
série de ideias ligadas entre si (um pedaço de madeira alongado com outro de grafite em 
seu interior que serve para escrever). 
O processo mental pelo qual associamos um significado a um significante tem uma 
série de características: 
1) Há uma linearidade, uma vez que as palavras não são pronunciados 
simultaneamente; 
2) Há uma articulação de sons (monemas, morfemas e lexemas); 
3) Há uma arbitrariedade (a relação entre significante e significado mudam 
em cada língua, de modo que o significante é diferente em cada idioma, 
mas seu significado permanece o mesmo... 
 
43 
 
7.1 A teoria do Signo Linguístico segundo Saussure 
Ferdinand de Saussure (1857/1913) é considerado hoje o pai da linguística 
moderna. Em sua formação acadêmica, o Comparativismo indo-europeu dominava os 
estudos da linguística. Nessa fase, o objetivo era, inicialmente, identificar-se com as 
ciências da natureza, entendendo que as línguas nascem, crescem e morrem, assim 
como os organismos. Porém, um movimento culturalista surge e acredita que as línguas 
não existem por si mesmas, mas são instrumentos culturais que sofrem influências 
sociais, históricas, geográficas etc. Entretanto, Saussure se opõe ao método histórico-
comparatista existente até então. 
Para ele, a linguística da época tratava de diversos aspectos com nomes iguais. 
Assim, Saussure, primeiro, tenta dar à linguística uma linguagem unívoca e se preocupa 
em delimitar o objeto de estudo e um método específico para essa ciência. E dentre 
tantos aspectos estudados, Saussure cria a Teoria do Signo Linguístico e seus princípios 
(CARVALHO, 2000). Ele não deixou muitos escritos em vida, apenas alguns artigos e 
sua tese de doutorado. O livro “Curso de Linguística Geral”, muito conhecido, é um 
resultado de uma compilação de aulas feita por dois alunos (Charles Bally e Albert 
Sechehaye) nas aulas de Linguística Geral, entre 1906 e 1911, na Universidade de 
Genebra. É baseando-se, principalmente, nesta obra que este trabalho explanará sobre 
o signo linguístico. 
 
8 SIGNO, SIGNIFICADO E SIGNIFICANTE 
Em seu Cours de linguistique générale, Saussure formulou o modelo clássico do 
signo linguístico, estabelecendo alguns axiomas básicos sobre o problema da 
significação. O primeiro axioma é o da relação indissolúvel entre um conceito e uma 
imagem acústica. “O signo linguístico une não uma coisa e um nome, mas um conceito 
e uma imagem acústica.” (Edição De Mauro,1994, p. 98) [...] “O signo linguístico é pois 
uma entidade psíquica com duas faces” que pode ser representado com a figura seguinte, 
adaptada do modelo saussuriano: 
 
44 
 
Veja o exemplo a seguir: 
 
Fonte:www.marcioferreri.blogspot.com 
 
Signo linguístico 
 
 
Depois de definir signo linguístico, Saussure constatou que a arbitrariedade é uma 
característica básica do signo linguístico. Contudo, é preciso fazer uma ressalva sobre o 
termo arbitrário. Não se deve pensar que o falante escolhe livremente o significante. O 
signo linguístico “é imotivado, isto é, arbitrário com relação ao significado” (p. 101), ou 
seja, com respeito ao significado, o significante não tem nenhuma relação natural com a 
realidade. “Imutabilidade e mutabilidade do signo” do Cours, Saussure afirma que a 
comunidade linguística impõe ao falante um significante e que o “signo linguístico escapa 
à nossa vontade”. 
De fato, seja qual for o momento histórico em que focalizarmos o idioma, a língua 
evidencia-se sempre como uma herança de épocas anteriores. Podemos imaginar que, 
 
45 
 
num momento preciso, se estabeleceu uma correlação entre um significante e um 
significado, ou seja, foi atribuído um conceito a um referente; contudo, esse fato quase 
nunca é constatado. A certidão de nascimento das palavras não é registrada. Por 
conseguinte, estamos diante de um paradoxo. De um lado, parece que o falante tem total 
liberdade de escolha do signo linguístico, podendo categorizar e recategorizar os dados 
da realidade livremente, embora use modelos de categorização prontos que a educação 
linguística introjetou em sua mente. 
De outro lado, o vocabulário da língua manifesta-se como um acervo cultural – um 
produto herdado das gerações precedentes. E é por causa dessa herança que Saussure 
reitera o fato de que o signo é imutável. Segundo Saussure, o signo resiste a qualquer 
substituição arbitrária porque a língua é uma instituição social. A primeira razão para 
justificar a imutabilidade do signo é exatamente o fato de ele ser arbitrário. Como 
argumenta Saussure, se o signo fosse fundamentado em uma norma racional poderia 
ser contestado; mas como isso não ocorre, o caráter arbitrário da sua cunhagem o 
protege contra substituições. A segunda razão é o número elevadíssimo de signos 
(palavras) de uma língua. Assim sendo, o vastíssimo vocabulário de uma língua, 
formando um sistema estruturado, impõe à comunidade dos falantes um mecanismo tão 
complexo que ela é impotente para transformá-lo. 
E finalmente deve-se considerar a inércia a toda inovação linguística. Continuemos 
a parafrasear/ refletir sobre as ideias de Saussure. A língua é utilizada por todos a todo 
momento; “difundida na comunidade dos falantes e manipulada por ela, a língua é algo 
de que todos os indivíduos se servem todo dia. Nesse sentido, não se pode estabelecer 
comparação entre ela e as outras instituições. As prescrições de um código, os ritos de 
uma religião, os sinais marítimos, etc., só ocupam simultaneamente um determinado 
número

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