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O Significado dos Sonhos e do Inconsciente

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Os sonhos e as demais formações do Inconsciente
O sonho é um fenômeno psíquico que se produz durante o sono, é predominantemente
constituído por imagens e representações cujo aparecimento e ordenação escapam ao
controle do sonhador.Freud foi o primeiro a, ouvindo os relatos dos sonhos de seus
pacientes, conceber um método de interpretação dos sonhos baseado nas livres
associações que este pode fazer desperto, a partir do relato singular de seu sonho.
Para Freud, o sonho é o exemplo privilegiado do processo primário (modo de
funcionamento do aparelho psíquico que caracteriza o sistema inconsciente), pois é
acompanhado de uma diminuição das necessidades orgânicas e desligamento dos
estímulos externos. A pré-condição essencial do sono, e por consequência, do sonho, é a
queda da carga endógena no sistema de neurônios.
Para o autor, os sonhos têm um sentido, correlato ao trabalho de interpretação do mesmo.
Dando uma explicação que ultrapassa a neurológica e dá lugar a uma decifração do
sentido. O sonho vai se tornar o modelo para a compreensão dos sintomas, dos mitos, das
religiões, da obra de arte como formas dissimuladas de desejo. Para Freud, o sonho é o
pórtico real da psicanálise, a via régia que conduz ao inconsciente.
Afirmando que os sonhos são realizações de desejos, o impacto da publicação de A
interpretação dos sonhos foi enorme no campo psicanalítico, fazendo com que a própria
ideia de sonho pareceu tornar-se indissociável da de interpretação. Invariavelmente, o
sonho visa realizar um desejo que assume diversas formas. É o desejo de dormir!
“Sonhamos para não ter que acordar, porque queremos dormir”. O sonho aspira passar da
imagem, da representação à palavra. O sonho pode ser entendido como uma escritura feita
com imagens e a interpretação é o processo pelo qual a imagem é simbolizada. Freud
determina quatro mecanismos que trabalham nos sonhos: a condensação, o deslocamento,
a consideração quanto à representação e a elaboração secundária.
A condensação diz respeito ao fato de o conteúdo manifesto do sonho ser menos do que o
conteúdo latente. Esse mecanismo também ocorre no dito espirituoso, nos lapsos, nos
esquecimentos e demais formações do inconsciente.
O deslocamento, como a condensação, é obra da censura dos sonhos. Ele opera de duas
maneiras: pela substituição de um elemento latente por um outro mais remoto que funcione
em relação ao primeiro como uma simples alusão; e quando o acento é mudado de um
elemento importante para outro sem importância, é uma forma de descentramento da
importância.
A consideração à figuralidade, ou representação, consiste na seleção e transformação
dos pensamentos do sonho em imagens. Essa transformação não afeta a totalidade dos
pensamentos oníricos, alguns deles conservam sua forma original e aparecem no sonho
manifesto também como pensamentos. Esse mecanismo é um dos responsáveis pela
distorção resultante da elaboração onírica.
A elaboração secundária consiste numa modificação do sonho a fim de que ele apareça
sob a forma e uma história coerente e compreensível. Sua finalidade é fazer com que o
sonho perca sua aparência de absurdidade, aproximando-o do pensamento diurno.
Em “ A interpretação dos sonhos”, Freud constrói sua teoria de método a partir de sua
experiência clínica e das observações colhidas ao seu redor. A formação do sonho, o
trabalho do sonho e sua interpretação fundamentam e demonstram sua tese básica de que
o sonho é a realização de um desejo inconsciente. Pela primeira vez, desenvolve sua
concepção do inconsciente, a oposição entre processo primário e processo secundário,
prefiguração da oposição entre princípio de realidade e princípio de prazer e sua concepção
de recalque.
O trabalho da interpretação do sonho é feito pelo próprio sonhador, que observa no discurso
os momentos de gozo e angústia que conhece desde a infância. Em “A interpretação dos
sonhos”, Freud, ao invés de usar o método da associação livre, quer estudar como fazer
passar uma fala interditada. O ato falhado e os lapsos já são estudados neste texto com
outras formações do inconsciente, além dos sonhos.As formações do inconsciente são
irrupções involuntárias no discurso, de acordo com processos lógicos e internos da
linguagem, que permitem demarcar o desejo. Ou seja, sem o ter desejado, alguma coisa
escapa ao sujeito. São exemplos de formações do inconsciente os sonhos, os atos falhos e
diversos outros. Freud em “Os chistes e sua relação com o inconsciente” descobre e
explicita tais manifestações e explica que, em alguns casos, uma intenção verbal é
totalmente substituída por outra (Substituição- o conteúdo inconsciente é substituído por
outro segundo determinadas linhas associativas) enquanto que, e em outras, ocorre uma
deformação ou modificação de intenção por outra. Deformação é um efeito global do
trabalho do sonho, os pensamentos são transformados num produto manifesto facilmente
reconhecível.
As formações do inconsciente apresentam-se diante de nós como atos inesperados, que
surgem abruptamente em nossa consciência e ultrapassam nossas intenções e saber
consciente.Os produtos do inconsciente são sempre atos surpreendentes e enigmáticos
para a consciência do sujeito e do psicanalista. A partir dessas produções, supomos a
existência de um processo inconsciente obscuro e ativo, que atua em nós sem sabermos
naquele momento. O inconsciente é um fenômeno que se consuma independente de nós e
que, no entanto, determina aquilo que somos. O consciente, portanto, seria apenas um
epifenômeno, um efeito secundário do processo psíquico inconsciente.
A teoria do Inconsciente constitui a hipótese fundadora da psicanálise
O inconsciente é uma instância psíquica, lugar das representações recalcadas. Freud
afasta-se da psicologia anterior por uma apresentação metapsicológica, isto é, uma
descrição dos processos psíquicos em suas relações dinâmicas, tópicas e econômicas.
-Definição do consciente do ponto de vista dinâmico: o conceito de recalcamento, que é o
processo de afastamento das pulsões às quais é rejeitado o acesso à consciência.
-Definição do inconsciente do ponto de vista econômico: é o movimento pulsional do
inconsciente. As representações das pulsões ou sua fonte de excitação e as produções
finais do inconsciente ou comportamentos afetivos e escolhas amorosas inexplicadas
ancoradas em fantasias.
-Definição do inconsciente do ponto de vista tópico: o inconsciente freudiano refere-se a
uma tópica ou a um ponto de vista tópico que permite localizar o inconsciente.
Na primeira tópica elaborada por Freud, trata-se de uma instância ou um sistema (Ics)
constituído por conteúdos recalcados que escapam às outras instâncias, o pré consciente e
o consciente (Pcs-Cs). Na segunda tópica, deixa de ser uma instância passando a servir
para qualificar o Isso, o Eu e o Supereu
A primeira tópica (Ics-Pcs-Cs): o inconsciente (Ics) é circunscrito como um sistema
radicalmente separado, pela instância da primeira censura do sistema pré-consciente (Pcs),
ele próprio dissociado do sistema consciente (Cs) pela segunda censura. Freud chama de
inconsciente a instância constituída de elementos recalcados, cujo acesso se vê recusado
à instância pré-consciente-consciente. Esses elementos são representantes pulsionais que
obedecem aos mecanismos do processo primário ( princípio do prazer) As representações
do inconsciente estão submetidas às leis do deslocamento e da condensação,
particularmente sensíveis, no trabalho dos sonhos.
Além do princípio de prazer: o inconsciente torna-se atributo
Na segunda tópica, Freud empreendeu sua reformulação teórica que levou a sua
instauração, cujas instâncias são o Eu, o Supereu e o Isso. O inconsciente perdeu então
sua qualidade de substantivo, transformando-se em uma maneira de qualificar as três
instâncias desta segunda tópica, onde o inconsciente torna-se atributo.
Nessa nova apresentação, a organização do aparelho psíquico é definida sempre no modo
multissistêmico, em três instâncias diferenciadas: o Isso, o Eu, o Supereu, o inconsciente(Ics); o pré consciente (Pcs) e o sistema percepção/consciente.
O sistema do Isso e do Eu se interpenetram de tal forma que o segundo se diferencia
progressivamente a partir do primeiro, sob a influência do mundo externo.
O inconsciente não se superpõe mais à dimensão do recalque. Embora aplicando-se
sobretudo ao Isso, qualifica também uma parte profunda do Eu próxima do Isso e no limite
do pré-consciente. Esse inconsciente do Eu não é latente. O inconsciente diz respeito
também ao Supereu, herdeiro do Complexo de Édipo.
Esse inconsciente, nem apenas recalcado, nem apenas latente, perde de certo modo seu
valor de instância, introduzindo uma concepção evolucionista do psiquismo, ela parece
priorizar o "princípio de realidade” sobre o "princípio de prazer”, esboça a questão da
formação do sujeito em correlação com o desenvolvimento do eu.

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