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P n e u m o l o g i aP n e u m o l o g i a ResumoResumo Introdução ‘A tuberculose é uma doença infecciosa crônica causada pelo bacilo aeróbico Mycobacterium tuberculosis, cuja característica principal é a preferencial pelo parênquima pulmonar e a transmissão de pessoa a pessoa através da inalação de partículas infectada por esse bacilo.’ O M. Tuberculosis é um bácilo álcool ácido resistes (BAAR) aeróbio de duplicação lenta. Também conhecido como Bacilo de Koch (BK). Epidemiologia A TB é uma das 10 principais causas de morte no mundo e a principal causa de morte por um único agente infeccioso em pacientes com HIV, segundo o Ministério da Saúde. 1 De acordo com a nova classificação da OMS (2020) o Brasil ocupa a 20ª posição na lista dos 30 países prioritários da TB. Ainda, é a 4ª causa de morte por doença infecciosa. A sua incidência aumenta em grande parcela da população maiores de 15 anos de idade, fazendo com que a TB se instale na população em faixa ativa, gerando mais um agrave epidemiológico. As cepas multirresistentes tornaram-se mais emergentes nos últimos anos muito provavelmente por conta do tratamento ‘intermitente’ dos pacientes que possuem tuberculose. Muito deles iniciam o tratamento, melhoram, pausam o tratamento e quando há piora, voltam para o tratamento. As taxas de abandono são altas. Transmissão e Infecção O M. Tuberculosis possui como reservatório o homem e é eliminado junto com a tosse, em pequenas gotículas de secreção, e só é transmissível quando em suspensão no ar. Para ocorrer a infecção precisa: alta taxa de bacilos, alta virulência e déficit da resistência do hospedeiro. Mesmo a predileção do bacilo pelo pulmão, a TB é uma doença infectocontagiosa que pode ocorrer em outros órgãos, além dos pulmões. O bacilo é estritamente aeróbio, por isso, preferem locais com altas concentração de O₂, como os ápices pulmonares. De todos os infectados, somente cerca de 5-10% adoecem, com muitos se tornando fontes de infecção. Estima-se que cada indivíduo com o bacilo infecte de 10 - 15 pessoas por ano. As pessoas que estão somente infectadas e não doentes não transmitem a TB. 'Um caso de tuberculose é aquele em que a baciloscopia ou cultura é positiva.’ Porém, nem sempre o paciente possui uma baciloscopia positiva, porque o bacilo não saiu no escarro (paciente pode ser paucibacilífero). Nesse caso, nós não esperamos para o tratamento o resultado da cultura, que demora cerca de 60 dias, se o paciente possui história clínica compatível. Período de incubação → após a infecção pelo bacilo, transcorrem em média 4-12 semanas para a detecção das lesões primárias - Nódulo de Ghon. A maioria dos casos novos da doença pulmonar ocorrem em torno de 12 meses após a infecção inicial. Período de Transmissibilidade → enquanto o paciente doente estiver eliminando o bacilo. Na prática, quando se inicia o paciente, após em média de 15 dias o paciente já cessou a tosse e, possivelmente, não está mais eliminando o bacilo, porém, não é uma regra. Quadro Clínico O paciente apresenta: - Tosse a várias semanas → principalmente, há 3 semanas. Pode ser seca ou produtiva - Sudorese noturna - Febre → quase nunca alta; febrícula - Emagrecimento https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/dezembro/09/APRES-PADRAO-NOV-19.pdf 1 Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Tuberculose https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/dezembro/09/APRES-PADRAO-NOV-19.pdf - Sintomas Gerais → astenia, dor e dispneia - Hemoptise → estudos mostram que somente 30% dos casos apresentam Diagnóstico Exame Bacteriológico Pode ser feito diretamente do escarro ou por meio de cultura do bacilo de Koch. O Ministério da Saúde preconiza que precisamos de 2 amostras positivas de prova de escarro para dar o diagnóstico de tuberculose para o paciente. A cultura do bacilo demora em cerca de 45 - 60 dias. Indicações de cultura e teste de ristência → (1) Quer iniciar tto mas escarro é negativo, (2) segundo mês de tto com escarro positivo, (3) abandonou o tto por mais de 30 dias ou re- tratamento de TB e (4) antes de iniciar tto em profissional de saúde, indígena ou privados de liberdade Exame Radiológico O rx de tórax pode apresentar várias lesões diferentes na tuberculose. Ele não confirma o dx, mas complementa e classifica o estado do paciente. Prova Tuberculínica - PT ou ‘PPD’ Ela identifica indivíduos infectados pelo bacilo de Koch, seja latente ou infecção-doença. Portanto, ela não possui valor para diagnóstico de tuberculose, somente para saber se o paciente foi infectado pelo bacilo da tuberculose. O paciente pode ter TB e com PPD negativo. A prova tuberculínica é realiza com administração intradérmica de 0,1ml (2UT) de PPD-RT 23 no ⅓ médio da face anterior do antebraço esquerdo e faz-se a leitura após 72 h - 96h, medindo o tamanho da papula (inchaço) e não do eritema. Acima de 2 anos, PPD acima de 5mm é positiva. Em paciente, menores de 2 anos, PPD acima de 10mm é positiva - o valor de referência aumenta devido a vacina da BCG. A PPD pode ter resultado ‘falso-positivo’ e ‘falso- negativo’. Na prática, é utilizada para diagnóstico de infecção latente em adultos e infecção latente ou ativa em crianças. PCR - GeneXpert MTB/RIF Atualmente, somente para indivíduos que não tiveram tuberculose, pode-se realizar o PCR que detecta o anticorpo - por isso, só para quem não teve tuberculose - para o bacilo e se há resistência à rifampicina. Diagnóstico Diferencial - DPOC → processos infecciosos - Micoses - Neoplasias - Bronquiectasias - Outros Descartas essas doenças antes de tratar um paciente que teve exame bacteriológico por escarro negativo. Tuberculose Extrapulmonar A TB extrapulmonar pode afetar qualquer órgão e sistema, porém os mais comuns são: - Pleura - Linfonodos - Ossos - Articulações - Meninges - Meningoencefalite tuberculosa - Cérebro - Rins - Genitália interna - Pericárdio - Peritônio - Intestino A investigação de tuberculose extrapulmonar é realizada com uma boa anamnese, rx de tórax - é d i f í c i l h a v e r t u b e r c u l o s e p u l m o n a r e extrapu lmonar - , prova tubercu l ín ica , imunossupressão, BAAR de secreções, fluidos orgânicos e fragmentos de tecidos - difícil encontrar, menos de 30%. Tuberculose na Criança A tuberculose primária típica é a forma mãos comum da doença em crianças pequenas (2-12 anos). Ela ocorre dentro dos primeiro 3 anos da primoinfecção, geralmente no primeiro ano. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Nesse tipo de TB o complexo primário é uma pequena área de pneumonite, no ⅓ médio do pulmão com adenomegalia hilar e/ou mediastinal ipsilateral. O dx pode ser feito por meio da história clínica e aspecto radiológico. O ‘quadro comum’ é um encaminhamento do pediatra por tratamento de uma ‘pneumonia’ que não houve melhora. A BCG em menores de 1 ano protege, principalmente, das formas graves da TB. Tuberculose Miliar É a forma mais comum em crianças menores de 2 anos e não vacinas com BCG ou em pacientes imunossuprissão moderada a grave (desnutrição, AIDS). Nesse tipo de TB, o foco primário, no pulmão, pode progredir e continuar lançando bacilos no sangue ou então um foco metastático na parede de uma veia pulmonar pode ser responsável pela continuidade da disseminação. O interstício pulmonar e as meninges são os tecidos mais afetados. A meningite tuberculosa é uma forma de tuberculose miliar primária e é mais comum em crianças menores de 2 anos. Tuberculose Pós-Primária A TB pós-primária é definida pela forma da doença que se desenvolve em pacientes infectados pela tuberculose há mais de 3 anos, ou seja, já tiveram contato prévio com o bacilo de Koch. Essa forma é a forma mais prevalente em adolescente e adultos, porém , os mesmos também podem apresentar TB primária. A TB pós-primáriapode ocorrer por reativação de foco latente ou por reinfecção - inalação de bacilo. Os segmentos posteriores dos lobos superiores e o segmento superior dos lobos inferiores são os mais acometidos nesse tipo de TB. Ela possui grande tendência a se transformar no padrão cavitário e, portanto, é uma forma altamente contagiosa da TB. Tuberculose no Idoso Os idosos podem desenvolver a forma pós- primária apical , porém, frequentemente apresentam uma forma primária progressiva com infiltrados pneumônicos principalmente nos lobos médio e inferior. Grupo de Al to Risco de Toxicidade no Tratamento - Pacientes acima de 60 anos - Mal estado geral - Alcoólatras - Uso de drogas anticonvulsivantes - Alterações hepáticas Tratamento Antes de optar por um DX de TB sem confirmação bacteriológica, devem ser afastados quadros agudos, especialmente os que apresentam febre. Nesses casos, o doente será avaliado após 7-15 dias de tratamento sintomático ou com antibiótico inespecífico. Havendo a regressão da lesão, deve ser c lass if icado com um caso de i nfecção inespecíf ico . Nos doentes adultos com sintomatologia crônica deve-se afastar a possibilidade de doença pulmonar obstrutiva crônica, CA de pulmão, outras pneumopatias crônicas e infecção pelo HIV. Exemplo: Paciente apresenta febre há 1 semana e há dúvidas do dx de TB. Trata o paciente com ATB inespecífico (amoxicilina, etc) e aguarda 7-15 dias para reavaliar o paciente. Se houver melhora era um quadro infeccioso bacteriano comum. A tuberculose é curável em 99% dos casos e o tratamento é em regime ambulatorial. A hospitalização é feita em casos especiais: meningite tuberculosa, indicações cirúrgicas em decorrência da TB, complicações graves, intolerância medicamentosa incontrolável em ambulatório e casos sociais - ausência de residência fixa e possibilidade de abandono. As drogas utilizadas no tto da tuberculose são: - Isoniazida (INH) - Rifampicina (RMP) - Pirazinamida (PZA) Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG - Etambutol (ETB) Todos esses medicamentos são antibiótico que agem em diferentes locais de ação no bacilo. 2 primeiros meses → INH + RMP + PZA + ETB - X comprimido de acordo com o peso. Cada comprimido tem os 4 antibióticos junto ; 4 meses seguintes → INH + RMP - X comprimido de acordo com o peso. Cada comprimido tem os 2 antibióticos juntos. Total do tto → 6 meses. No tratamento deve ser solicitado BAAR de escarro mensal e supervisionar o tratamento e oferecer testagem anti-HIV para todos os pacientes com tuberculose. Em casos de meningoencefalite tuberculosa e diabetes insulino-dependente o tratamento deve ser realizado por 9 meses - 2 meses inicias + 7 meses seguintes, no esquema anterior. O paciente deve ingerir x comprimidos - todos de uma vez - com um copo cheio de agua 1 hora antes ou 2 horas após as refeições, 1x ao dias. Caso ocorra irritação do TGI os comprimidos podem ser tomados com alimentos. Devemos acompanhar para que o paciente não desenvolva icterícia ao longo do tto. Se ocorrer, f a z - s e d o s a g e m d a f u n ç ã o h e p á t i c a (transaminases - TGO, TGP -, bilirrubinas) e aguarda normalização para reiniciar o tratamento - o infectologista ou pneumologista que faz esse manejamento. Orientar pacientes mulheres que o tratamento altera a ação dos AC e recomendar outros métodos. A urina do paciente pode ficar alaranjada é um normal. Efeitos Colaterais - Dor epigástrica - Náusea - Vômitos - Prurido - Alteração enzimáticas (hepáticas) - Dor articular Tratamento de Infecção Latente Devemos saber que ⅓ da população brasileira terá PPD/PT positiva. O tratamento de infecção latente (TIL) tem importância se o paciente foi infectado nos últimos 2 anos. É utilizado para pacientes contactantes com doentes por tuberculose, ou seja, moram junto com o ele (esposa/o, filhos, etc). Tem quer ter convívio todos os dias. Assintomático O TIL é realizado com Isonizada - 100mg (10mg/kg/dia - dose máxima de 3 cp por dia) durante 9 meses de tratamento profilático. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG
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