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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA BACHARELADO EM METEOROLOGIA FELIPE JEFERSON DE MEDEIROS Influência da Temperatura da Superfície do Mar na Ocorrência e Características Físicas dos Sistemas Convectivos no Norte do Nordeste do Brasil Natal - RN Dezembro - 2017 Influência da Temperatura da Superfície do Mar na Ocorrência e Características Físicas dos Sistemas Convectivos no Norte do Nordeste do Brasil por FELIPE JEFERSON DE MEDEIROS Orientador: Prof. Dr. Weber Andrade Gonçalves Natal - RN Dezembro - 2017 Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Meteorologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do Título de Bacharel em Meteorologia. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Ronaldo Xavier de Arruda – CCET Medeiros, Felipe Jeferson de. Influência da temperatura da superfície do mar na ocorrência e características físicas dos sistemas convectivos no Norte do Nordeste do Brasil / Felipe Jeferson de Medeiros. - 2017. 45f.: il. Monografia (Bacharelado em Meteorologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Departamento de Ciências Atmosféricas e Climáticas. Orientador: Weber Andrade Gonçalves. 1. Sensoriamento remoto - Monografia. 2. Temperatura de brilho - Monografia. 3. Atividade convectiva - Monografia. 4. ISCCP - Monografia. I. Gonçalves, Weber Andrade. II. Título. RN/UF/CCET CDU 528.8 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA BACHARELADO EM METEOROLOGIA A Monografia (Influência da Temperatura da Superfície do Mar na Ocorrência e Características Físicas dos Sistemas Convectivos no Norte do Nordeste do Brasil) elaborada por (FELIPE JEFERSON DE MEDEIROS) e aprovada por todos os membros da Banca Examinadora foi aceita pelo Colegiado do Curso de Meteorologia e homologada pelos membros da banca, como requisito parcial à obtenção do título de BACHAREL EM METEOROLOGIA Natal, 04 de Dezembro de 2017 BANCA EXAMINADORA _________________________________________________ Dr. Weber Andrade Gonçalves (Orientador, DCAC/UFRN) _________________________________________________ Dr. Cristiano Prestrelo de Oliveira (Membro Interno, DCAC/UFRN) _________________________________________________ Dra. Cati Elisa de Avila Valadão (Membro Externo, PNPD/CAPES – PPGCC/UFRN) iii AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus, por sempre estar ao meu lado guiando- me para as melhores decisões. A minha família, em especial aos meus pais, Josinete e Flávio, e ao meu irmão por todos os ensinamentos, educação e incentivo as minhas escolhas. Também devo muitos agradecimentos ao meu tio Jorge por todo o suporte que ele me proporcionou/proporciona desde que eu vim morar em Natal. A minha namorada Wyllka por ter estado ao meu lado, me incentivando, elogiando, dando conselhos e ouvindo durante várias vezes minhas lamentações e planos futuros. A todos os meus colegas de curso que durante esses 4 anos vivenciaram e tornaram mais descontraídos os dias na universidade. Destaco a amizade de Wellingson, Cho-Luck, Rafaela e Italo que foram os meus amigos mais próximos. Rafaela e Italo foram além de companheiros sempre presente na sala de aula, os amigos que sempre me acompanharam nos congressos assim como no nosso estágio na EMPARN. Vocês foram fundamentais nessa conquista. Agradeço a todos os professores do Departamento de Ciências Atmosféricas e Climáticas (DCAC) pelos os conhecimentos compartilhados e experiências vividas. Agradeço de modo especial ao Prof. Dr. Bergson Guedes Bezerra que foi o meu primeiro tutor na carreira acadêmica. Ao meu orientador, Dr. Weber Andrade Gonçalves, um agradecimento mais que especial. Obrigado professor por toda amizade, companheirismo, conselhos, ensinamento e disponibilidade em me auxiliar. Sou fã da sua postura profissional e amor pela meteorologia. As Dra. Ana Cleide Bezerra Amorim e Cati Elisa de Avila Valadão pelas ajudas e dicas nos dados de Temperatura da Superfície do Mar e Oscilação Madden-Julian. Essa pesquisa foi desenvolvida no âmbito do projeto intitulado “Análise diagnóstica dos climas atual e futuro sobre o Leste do Nordeste Brasileiro” financiada pelo CNPq, cujo número do processo é 44103/2015-2. iv RESUMO Este estudo investigou a variabilidade de ocorrência e características físicas dos Sistemas Convectivos (SC) durante o outono austral (Março a Maio) no Norte do Nordeste do Brasil (NNEB) considerando-se diferentes cenários de atuação dos efeitos El Niño-Oscilação Sul (ENSO) e do Gradiente inter-hemisférico da superfície do mar do Atlântico (GradATL) no período de 1984-2008. Para tanto, foram utilizados dados de identificação dos SC provenientes do ISCCP-Tracking e dados de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) mensal para a região do Niño 3.4 (170°W-120°W, 5°S-5°N), Atlântico Tropical Norte (5-20°N, 60-30°W) e Sul (0-20°S, 30°W-10°E) do NOAA - Extended Reconstructed Sea Surface Temperature V3b (NOAA_ERSST_V3). Uma alta variabilidade na ocorrência de SC foi observada. Relacionando essa variabilidade com as TSM, observou-se de modo geral que as maiores detecções de SC ocorreram quando as condições oceânicas estavam favoráveis a chuva no NNEB (presença de La Niña no Pacífico e gradiente apontando para o sul no Atlântico Tropical), enquanto as menores detecções foram observadas no cenário neutro (ausência de El Niño e La Niña, assim como de gradiente inter-hemisférico no Atlântico Tropical). Com relação a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), observou-se que ela provavelmente estava mais ativa nos cenários favorável, El Niño/GradATL_S e La Niña/GradATL_N, ou seja, quando pelo menos um oceano estava favorável ao padrão de chuvas no NNEB. Nesses cenários as características físicas e morfológicas dos SC indicaram que eles foram maiores, mais penetrativos e com maior atividade convectiva em seu interior, enquanto que nos cenários desfavorável e neutro eles foram menores e menos convectivos. Palavras-chave: Sensoriamento remoto, temperatura de brilho, atividade convectiva, ISCCP. v ABSTRACT This study investigated the variability of the number of occurrence and physical features of Convective Systems (CS) during the autumn season (from March to May) over the Northern Northeast Brazil (NNEB). Five different scenarios were considered based on the El Niño-Southern Oscilation (ENSO) as well as the inter- hemispheric Gradient of the Atlantic sea surface (GradATL) from 1984 to 2008. The data used in this research were from ISCCP-Tracking (CS identification) and monthly Sea Surface Temperature (SST) data for the Niño 3.4 (170°W-120°W, 5°S-5°N), North (5-20°N, 60-30°W) and South (0-20°S, 30°W-10°E) Tropical Atlantic regions from NOAA - Extended Reconstructed Sea Surface Temperature V3b (NOAA_ERSST_V3). A high variability in the occurrence of Convective Systems was observed. Relating this variability with the SST, it was noticed that CS occurrence was mainly observed when the oceanic conditions were favorable to rainfall over the NNEB (simultaneous occurrence of La Niña and southward SST gradient in the intertropical Atlantic) while CS occurrence was poorly observed in the neutral scenario (absence of El Niño and La Niña, as well as the absence of SST anomalies on the Northern and Southern Atlantic Tropical). In relationto Intertropical Convergence Zone (ITCZ), the results showed that it was more active in the favorable scenarios, El Niño/GradATL_S e La Niña/GradATL_N, i.e., when at least one ocean was favorable to the NNEB rainfall pattern. In these scenarios the physical features of CS indicated they were larger, more penetrative and had more convective activity associated, while in the unfavorable and neutral scenarios they were smaller and less convective. Keywords: remote sensing, brightness temperature, convective activity, ISCCP. vi LISTA DE FIGURAS Figura 1: Localização da área de estudo, onde o retângulo em preto delimita o Norte do Nordeste do Brasil (NNEB)..................................................... ........... 18 Figure 2: Série temporal da TSM nas áreas do Niño 3.4 (azul) e GradATL (vermelho). Os valores médios de anomalias de novembro a fevereiro são plotados para o Niño3.4 e os valores de março a maio representam o GradATL. As linhas tracejadas indicam os limiares para classificação das ATSM em El Niño e La Niña no Pacífico e GradATL_N e GradATL_S no Atlântico.............................................................................................................20 Figura 3: Quantidade de Sistemas Convectivos (SC) detectados anualmente na estação do outono austral (MAM) no Norte do Nordeste do Brasil (NNEB). Os marcadores x (desfavorável), ○ (favorável), ◊ (neutro), □ (El Niño/Grad_S) e ∆ (La Niña/Grad_N) representam os padrões oceânicos.... ................................. 23 Figura 4: Distribuição de frequência da (a) Temperatura Média; (b) Temperatura Mínima; (c) Fração Convectiva e (d) Raio dos SC no Norte do Nordeste do Brasil durante MAM nos diferentes padrões oceânicos da região tropical...... ........... 27 vii LISTA DE TABELAS Tabela 1: Variáveis do ISCCP-Tracking analisados para cada SC. ................. 19 Tabela 2: Anos selecionados em cada categoria de padrão oceânico de acordo com as manifestações do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS) e do gradiente inter-hemisférico da superfície do mar do Atlântico (GradATL), considerando-se o período de 1984-2008.. ...................................................... 21 Tabela 3: Porcentagem e média da ocorrência dos sistemas convectivos para cada cenário de padrão oceânico com as respectivas magnitudes das anomalias de TSM na região do Niño3.4 e GradATL. Os valores nos parênteses correspondem à média das porcentagens...................................................... .. 24 viii LISTA DE ABREVIATURAS AL – Alagoas ATSM – Anomalias de Temperatura da Superfície do Mar ATN – Atlântico Tropical Norte ATS – Atlântico Tropical Sul BA – Bahia CE – Ceará CPC – Climate Prediction Center DESF – Desfavorável DSA – Divisão de Satélites e Sistemas Ambientais DOL – Distúrbios Ondulatórios de Leste D.P (+) – Desvio Padrão Positivo D.P (-) – Desvio Padrão Negativo ENOS – El Niño-Oscilação Sul FAV – Favorável ForTraCC – Forecasting and Tracking the Evolution of Cloud Cluster GradATL – Gradiente inter-hemisférico da superfície do mar do Atlântico GMS – Geostationary Meteorological Satellite GOES – Geostationary Operational Environmental Satelllite GradATL_S – GradATL apontando para o sul do equador GradATL_N – GradATL apontando para o norte do equador INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INSAT – Indian National Satellite System ISCCP – International Satellite Cloud Climatology Project LI – Linhas de Instabilidade MA – Maranhão MAM – Março-Abril-Maio NCAR – National Center for Atmospheric Research ix NCEP – National Centers for Environmental Prediction NDJF – Novembro-Dezembro-Janeiro-Fevereiro NEU – Neutro NNEB – Norte do Nordeste do Brasil NOAA – National Oceanic & Atmospheric Administration OMJ – Oscilação de Madden-Julian PE – Pernambuco PI – Piauí PB – Paraíba RN – Rio Grande do Norte SC – Sistemas Convectivos SE – Sergipe TSM – Temperatura da Superfície do Mar VCAN – Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis ZCIT – Zona de Convergência Intertropical x SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ...................................................................…….............. vi LISTA DE TABELAS .............................................................................…....... vii LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................ viii 1- INTRODUÇÃO ...........................................................…….......................... 1 2 –REFERÊNCIAS ....…………….................................................................... 8 3- NORMAS DO PERIÓDICO.........…………………….................................... 12 4 – ARTIGO ..................................................................................................... 13 1 1. INTRODUÇÃO O Norte do Nordeste do Brasil (NNEB), situado entre as latitudes de 2° e 11°S e as longitudes 45° e 34,7°W, engloba quase a totalidade territorial dos nove estados do Nordeste do Brasil: Maranhão (MA), Piauí (PI), Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Alagoas (AL), Sergipe (SE) e Bahia (BA). Essa região é caracterizada por apresentar uma alta variabilidade interanual e intrassazonal de precipitação (Wainer e Soares, 1997). Apesar da estação mais chuvosa na região ser o outono austral (março, abril, maio – MAM) em função principalmente do deslocamento meridional da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) (Uvo et al., 1998, Marengo et al., 2013; Hounsou- gbo et al., 2015), que atinge sua posição mais ao sul entre os meses de março e abril (Hastenrath e Lamb, 1977), vários outros sistemas meteorológicos atuam na região em diferentes escalas espaciais e temporais: Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN) (Kousky e Gan, 1981), Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL) (Torres e Ferreira, 2011), Linhas de Instabilidade (LI) (Kousky, 1980) e Complexos Convectivos de Mesoescala (Souza et al., 1998). Rao et al., (2002) comentam que cerca de 35% a 50% do total anual de precipitação no NNEB ocorre em MAM em virtude da migração para o sul da ZCIT. Sua posição e intensidade são sensíveis as condições dinâmicas e termodinâmicas associadas ao Gradiente inter-hemisférico de temperatura da Superfície do Mar no Atlântico (GradATL) (Moura e Shukla, 1981). O GradATL é identificado pela diferença entre as Anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (ATSM) sobre as áreas Norte (5-20°N, 60-30°W) e Sul (0-20°S, 30°W-10°E) do Oceano Atlântico tropical. Valores positivos do GradATL representam um gradiente de ATSM direcionado para o Atlântico Norte (GradATL_N), valores negativos indicam um gradiente de ATSM direcionado para o Atlântico Sul (GradATL_S) (De Souza et al., 2005). A ocorrência de ATSM positivas no setor norte do equador no Atlântico tropical favorece o posicionamento da ZCIT mais ao norte da sua posição climatológica, que em geral, associam-se com anos secos no NNEB (Uvo et al., 1998, Hastenrath, 2006). Quando o oposto ocorre, isto é, ATSM no Atlântico sul encontra-se mais quente que o Atlântico norte a ZCIT tende a posicionar-se ao sul da posição climatológica, sendo verificados anos chuvosos no NNEB. 2 Além da importância do Oceano Atlântico tropical, o Oceano Pacífico equatorial também desempenha um papel fundamental na precipitação no NNEB. De fato, anos com anomalias positivas de precipitação em relação a climatologia tem sido atribuída a episódios de La Niña, que é caracterizado por um resfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico leste e central e pelos padrões dosventos alísios mais fortes (Hastenrath, 2012). Já quando verifica-se a presença de El Niño, que é caracterizado pelo enfraquecimento de larga escala dos ventos alísios e aquecimento das camadas superficiais da região leste e central do oceano Pacífico, normalmente são observados anos com anomalias negativas de chuva (Hastenrath, 2012). Vários estudos têm mostrado que a variação do regime de precipitação em MAM no NNEB está relacionado com padrões de anomalia de circulação atmosférica em escala global associado com as fases quente (El Niño) e fria (La Niña) do fenômeno climático global El Niño-Oscilação Sul (ENOS) e pelas anomalias do Gradiente inter-hemisférico de temperatura da superfície do mar do Atlântico (GradATL) (Moura e Shukla, 1981; Coelho et al., 2002; Lucena et al., 2011). Trabalhos como o de Alves et al., (1997); Ferreira e Mello, (2005) mostram que, quando o El Niño acontece conjuntamente com o GradATL_N, anos secos ou muito secos são verificados no NNEB, já quando se tem a atuação de La Niña associada ao GradATL_S, normalmente são verificados anos chuvosos ou muito chuvoso na região. A influência conjunta dos oceanos tropicais no regime de precipitação no NNEB é bem aceita pela comunidade científica, entretanto, vários estudos têm buscado investigar qual oceano é mais relevante na variabilidade de precipitação no NNEB (Andreoli e Kayano, 2007; Mahajan et al., 2010; Amorim, 2016). Os resultados têm indicado que a variabilidade da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) do Atlântico, especialmente a bacia do Atlântico sul, é a forçante dominante das anomalias de precipitação no NNEB, enquanto que a influência remota do Pacífico, em determinadas ocasiões pode reforçar estas anomalias, mas em outros casos pode ter efeitos opostos, de modo que estas anomalias sejam enfraquecidas (Kayano et al., 2013). Todos esses padrões oceano-atmosfera de grande escala induzem mudanças na circulação troposférica associada às células de Hadley (norte-sul) e Walker (leste- oeste), influenciando os movimentos convectivos no NNEB de acordo com o deslocamento dos ramos ascendentes e descentes (Varejão, 2007). https://pt.wikipedia.org/wiki/Al%C3%ADsios 3 De acordo com o modelo de circulação meridional da atmosfera, para a zona equatorial de baixa pressão convergem os ventos provenientes dos cinturões subtropicais de alta pressão (localizados em torno de 30°N e 30°S), impulsionados pela força do gradiente de pressão e defletidos por efeito de rotação da terra (força de Coriolis). Esse padrão de circulação caracteriza a célula de Hadley, cujo ramo ascendente estar na proximidade do equador e o ramo descendente a cerca de 30° de latitude (Varejão, 2007). No entanto, dependendo do GradATL, verifica-se movimento ascendente/descendente anômalo sobre a região equatorial centrada em 5°S (De Souza et al., 2005). Durante o ENOS também verifica-se que os ramos ascendentes e descendentes da célula de Walker sofrem mudanças de localização e intensidade dependendo da fase. As regiões de movimento ascendentes (descendentes) estão associadas a formação (inibição) da precipitação. Na fase neutra observa-se que o ramo ascendente mais intenso localiza-se sobre as proximidades da Austrália, Indonésia e outro mais fraco sobre o oeste da África e no norte da América do Sul. Na fase quente (El Niño) a circulação de Walker sofre mudanças significativas. O ramo ascendente é deslocado para o Pacífico central e passa a predominar sobre o NNEB movimentos subsidentes. Já na fase fria (La Niña) o padrão de circulação da célula de Walker é semelhante ao observado durante a fase neutra. A diferença é em relação a intensidade, que torna-se maior, ou seja, os movimentos convectivos no NNEB são reforçados (De Souza et al., 2005; Andreoli e Kayano, 2006). Outro fator atmosférico que modula a convecção intrassazonal no NNEB é a Oscilação Madden-Julian (OMJ) (Repelli et al., 1998; Kayano e Kousky, 1999; Carvalho et al., 2002; De Souza e Ambrizzi, 2006). Esta oscilação inicia na região do Oceano Índico e propaga-se para leste sobre a região tropical em um ciclo de vida que varia na escala de 30-90 dias. A medida que a oscilação vai se propagando é formada uma região de convecção ativa seguida por uma região de supressão. Valadão et al., (2017) mostraram que o padrão de precipitação sobre o Nordeste do Brasil apresenta mudanças substanciais a medida que a OMJ propaga-se para leste com os maiores impactos no NNEB durante MAM ocorrendo nas fases 2-3 (anomalias positivas) e 5-6 (anomalias negativas). No Nordeste do Brasil, a precipitação é resultante tanto de Sistemas Convectivos (SC) quanto de nuvens estratiformes. Os SC são bandas de nuvens geradas pela interação de células convectivas, podendo ocorrer em diversas escalas 4 espaciais e temporais. Eles apresentam fortes correntes ascendentes e descendentes, enquanto as nuvens estratiformes apresentam movimento vertical relativamente fraco e precipitação leve (Hong et al., 2000). Para estudar várias características radiativas das nuvens e buscando melhorar o entendimento que os efeitos das nuvens tem sobre o clima, Schiffer e Rossow (1983) iniciaram em 1983 a fase de coleta de dados operacionais do International Satellite Cloud Climatology Project (ISCCP). Este projeto teve como característica principal obter a cobertura globalmente uniforme de vários índices de nuvens, possibilitando a realização de vários estudos para validar climatologia, melhorar algoritmos de convecção, a modelagem dos efeitos das nuvens nos modelos climáticos e investigar o papel das nuvens no balanço de radiação atmosférica e no ciclo hidrológico. Utilizando essa base dados, Machado e Rossow (1993) identificaram três grandes áreas de ocorrência de SC nos trópicos: a Floresta Amazônica, Floresta do Congo e Indonésia. Além disso, os autores analisaram diversas características dos SC, tais como, formato, estrutura, efeitos radiativos, entre outros. Machado et al., (1998) em outro estudo utilizando a base de dados do ISCCP, analisaram 1 ano de dados (Julho 1987 – Junho 1988) de identificação dos SC para estudar a evolução das propriedades morfológicas e radiativas das nuvens ao longo dos ciclos de vida dos sistemas convectivos profundos sobre a América, tanto nas latitudes tropicais como médias. Os resultados demonstram uma relação direta entre o tamanho e a duração dos sistemas convectivos, bem como características comuns de crescimento, maturação e dissipação. Por outro lado, algumas diferenças entre SC continentais e oceânicos ficaram evidentes. Machado e Laurent (2004) atentos a encontrar parâmetros preditores da evolução dos SC que pudessem ajudar a previsão desses sistemas e consequentemente reduzir a vulnerabilidade a eventos climáticos extremos, analisaram a relação entre a expansão da área dos SC com seu ciclo de vida. Os autores encontraram que é possível estimar a maior probabilidade de duração dos SC considerando apenas sua taxa de crescimento durante sua fase de iniciação. Ainda na temática da previsão de curto prazo, Vila et al., (2008) desenvolveram e validaram um algoritmo para rastreamento e previsão de características radiativas e morfológicas dos SC ao longo dos seus ciclos de vida. A partir do algoritmo, que utiliza imagens do canal infravermelho (10,8 μm) de satélites geoestacionários, os autores 5 observaram que foi possível prever o deslocamento dos sistemas de acordo com os passos de tempo anteriores. Este algoritmo é portanto, uma boa ferramenta para fazer previsões de tempestades. Gonçalves (2013) usando 26 anos de dados de identificação e rastreamento provenientes do ISCCP-Tracking realizou uma climatologia global dos SC. Assim como em pesquisas anteriores, o autor observou que as maiores ocorrências dos SC ocorrem na região tropical, principalmente sobre a FlorestaAmazônica, Floresta do Congo e Sahel e a região da Indonésia. Outros aspectos analisados no estudo foram várias propriedades físicas e morfológicas dos SC nas regiões tropicais, extratropicais, continentais e oceânicas. Foi observado que os SC tropicais apresentam temperaturas mais baixas e que a convecção é, em geral, mais intensa do que sobre os extratrópicos. Com relação aos SC continentais e oceânicos, foi comentado que sobre as áreas continentais, os SC são menores, duram menos, porém, são mais penetrativos e com maior atividade convectiva dos que os sistemas oceânicos. Sabendo que grande parte dos acumulados de precipitação estão diretamente associados à ocorrência dos SC e observando a escassez de estudos sobre o Nordeste do Brasil, Medeiros e Gonçalves (2016) analisaram várias características físicas e morfológicas dos SC em dois anos extremos tanto para o aumento como para a diminuição da precipitação. Os resultados encontrados indicaram que no ano favorável houve uma maior ocorrência dos SC e que eles foram maiores, intensos e mais profundos em comparação ao ano desfavorável. É na região tropical portanto, que grande parte da convecção de todo o globo é observada, mais de 55% do total (Gonçalves 2013), favorecendo que a maior parte da precipitação seja resultante de atividade convectiva (Houze, 1981; Velasco e Fritsch, 1987). Especificamente sobre o NNEB, Palharini e Vila (2017) comentam que a ocorrência de nuvens com perfil vertical estratiforme é elevada, mas a taxa de precipitação associada é pequena. Por outro lado, as nuvens provenientes dos SC apesar da menor ocorrência relativa, apresentam alta taxa de precipitação. Além da importância na precipitação, os SC também recebem destaque nas trocas de calor e momento entre a troposfera e a tropopausa (Gonçalves, 2013), troposfera e a estratosfera (Schoder et al., 2006) e no balanço de vapor de água (Gamache e Houze JR, 1983). Devido a esses e diversos outros fatores, o 6 rastreamento dos SC passou a ser uma ferramenta operacional bastante útil em diversos centros de meteorologia no Brasil e no Mundo. No Brasil, na Divisão de Satélites e Sistemas Ambientais (DSA) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) um método de identificação e acompanhamento de SC é utilizado, o Forecasting and Tracking the Evolution of Cloud Cluster (ForTraCC). O ForTraCC utiliza imagens do canal infravermelho (10.8 µm) de satélites geoestacionários para fornecer informações a respeito das características físicas e morfológicas dos SC com base na temperatura do topo de nuvens (Vila et al., 2008). Utilizando o algoritmo do ForTraCC é possível, por exemplo estimar quais SC estão se intensificando, desintensificando e tornando-se estável em um intervalo de tempo de até 2 horas. Apesar de todos esses fatores que mostram a importância dos SC para a previsão de curto prazo (nowcasting) e entendimento do tempo e clima na região, verifica-se na literatura que são escassos os estudos que analisam a relação entre ATSM com a ocorrência de SC no NNEB. A maioria dos trabalhos restringem-se a analisar apenas como a distribuição espacial e temporal da precipitação é alterada de acordo com padrões oceânicos (Moura e Shukla, 1981; Nobre e Shukla, 1996; De Souza et al., 2005; Andreoli e Kayano, 2007; Lucena et al., 2011; Kayano et al., 2013; Tedeschi e Collins, 2016). No entanto, existe uma base de dados globais 26 anos de SC International Satellite Cloud Climatology Project-Tracking (ISCCP-Tracking), que pode ser utilizada para avaliar várias características físicas e morfológicas dos SC. Compreender essas características poderá trazer importantes subsídios às atividades de previsão do tempo e previsão climática. Diante dessa necessidade, o presente estudo tem como objetivo geral quantificar e analisar os SC no NNEB durante o outono austral considerando diferentes cenários nos Oceanos Pacífico e Atlântico. Especificamente os objetivos são: Compor cenários de padrões oceânicos relacionados com ATSM dos Oceanos Pacífico e Atlântico; Quantificar os SC em cada padrão oceânico; 7 Analisar a variabilidade da ocorrência dos SC. Avaliar as características físicas e morfológicas dos SC de acordo com os cenários oceânicos propostos. Considerando esses objetivos, a monografia apresentada a seguir, feita em formato de artigo, busca contribuir e motivar estudos posteriores na temática dos sistemas convectivos na região do Nordeste do Brasil. 8 REFERÊNCIAS ALVES, J. M. B.; DE SOUZA, E. B.; REPELLI, C. A.; VITORINO, M. I.; FERREIRA, N. S. Episódios de La Niña na Bacia do Oceano Pacífico Equatorial e a Distribuição de Chuvas no Setor Norte do Nordeste Brasileiro. Revista Brasileira de Meteorologia. v.12, p.63-76. 1997. AMORIM, A. C. B. Influência de subregiões do Atlântico tropical na precipitação no leste do nordeste brasileiro. Tese de doutorado. 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Na segunda página deve ser incluído o título e resumo em português. Os resumos em português e inglês não devem exceder 200 palavras. As próximas páginas devem conter o texto do artigo com as referências bibliográficas. Gráficos, tabelas, desenhos, mapas e fotografias com as legendas explicativas deve ser incluído separadamente e sua posição indicada no texto. O texto deve ser escrito no formato A4 (297 x 210mm), usando o editor de texto Word 6.0 ou versões mais atualizadas com fonte Times New Roman tamanho 11, espaço duplo, com margens de 3,0 cm em ambas as laterais e 2,5cm na parte superior e inferior. As páginas devem ser numeradas na margem superior direita, iniciando a numeração na primeira página do manuscrito. As referências devem ser listadas em ordem alfabética pelo sobrenome do primeiro autor, de acordo com as regras da ABNT (NRB-6023, agosto de 2002). Abreviação de títulos de revistas devem estar de acordo com a lista mundial de periódicos científicos. Os artigos, sempre que possível, devem ser organizados na seguinte estrutura: Título, Resumo, 1. Introdução, 2. Material e Métodos, 3. Resultados e Discussões, 4. Conclusões, 5. Agradecimentos e 6. Referências. 13 INFLUENCE OF SEA SURFACE TEMPERATURE IN THE OCURRENCE AND PHYSICAL FEATURES OF CONVECTIVE SYSTEMS ON THE NORTHERN NORTHEAST BRAZIL FELIPE JEFERSON DE MEDEIROS AND WEBER ANDRADE GONÇALVES Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Ciências Atmosféricas e Climáticas, Natal-RN, Brasil. felipetkd_@hotmail.com, goncalves.weber@gmail.com ABSTRACT: This study investigated the variability of occurrence and physical features of Convective Systems (CS) during the autumn season (from March to May) over the Northern Northeast Brazil (NNEB). Five different scenarios were considered of the El Niño-Southern Oscilation (ENSO) effect as well as the inter-hemispheric gradient tropical of Atlantic (GradATL) from 1984 to 2008. For this, data from ISCCP-Tracking Database and monthly Sea Surface Temperature (SST) data for the area of Niño3.4 (170° W-120° W, 5°S-5°N), North (5-20°N, 60-30°W) and South (0-20°S, 30°W-10°E) Tropical Atlantic from NOAA_ERSST_V3 were used in this research. A high variability in the occurrence of CS was observed, with the major (minor) detections when the oceanic conditions were favorable (neutral) to rainfall in NNEB. The physical features of CS in the favorable, El Niño/GradATL_S and La Niña/GradATL_N oceanic patterns, indicated they were larger, more penetrative and had more convective activity associated, while in the unfavorable and neutral scenarios they were smaller and less convective. Keywords: remote sensing; convective activity; brightness temperature; ISCCP. 14 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DOMAR NA OCORRÊNCIA E CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DOS SISTEMAS CONVECTIVOS NO NORTE DO NORDESTE DO BRASIL RESUMO: Este estudo investigou a variabilidade de ocorrência e características físicas dos Sistemas Convectivos (SC) durante o outono austral no Norte do Nordeste do Brasil (NNEB) considerando-se diferentes cenários de atuação dos efeitos El Niño-Oscilação Sul (ENSO) e do Gradiente inter- hemisférico da superfície do mar do Atlântico (GradATL) no período de 1984-2008. Para tanto, foram utilizados dados de identificação dos SC provenientes do ISCCP-Tracking e de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) na região do Niño 3.4 (170°W-120°W, 5°S-5°N), Atlântico tropical norte (5- 20°N, 60-30°W) e sul (0-20°S, 30°W-10°E) do NOAA_ERSST_V3. Uma alta variabilidade na ocorrência de SC foi observada, com as maiores (menores) ocorrências quando as condições oceânicas estavam totalmente favoráveis (neutras) a precipitação no NNEB. As características físicas dos SC nos padrões oceânicos favorável, El Niño/GradATL_S e La Niña/GradATL_N indicaram que os SC foram maiores, mais penetrativos e com maior atividade convectiva em seu interior, enquanto que nos cenários desfavorável e neutro foram menores e menos convectivos. 15 1. INTRODUÇÃO O Norte do Nordeste do Brasil (NNEB) apresenta uma alta variabilidade interanual e intrassazonal de precipitação, com mecanismos físicos que ocorrem na interface oceano-atmosfera controlando a ocorrência de eventos extremos (e.g., secas e enchentes) (Wainer e Soares, 1997). Vários sistemas meteorológicos atuam na região em diferentes escalas espaciais e temporais: Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) (Uvo et al., 1998), Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN) (Kousky e Gan, 1981), Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL) (Torres e Ferreira, 2011), Linhas de Instabilidade (LI) (Kousky, 1980) e Complexos Convectivos de Mesoescala (Souza et al., 1998). Apesar de todos esses sistemas, a precipitação no NNEB restringe-se a poucos meses do ano, sendo a estação mais chuvosa o outono austral (março, abril, maio – MAM), em função principalmente do deslocamento meridional da ZCIT (Uvo et al., 1998; Marengo et al., 2013; Hounsou-gbo et al., 2015), que atinge sua posição mais ao sul entre os meses de março e abril (Hastenrath e Lamb, 1977). Rao et al., (2002) comentam que cerca de 35% a 50% do total anual de precipitação no NNEB ocorre em MAM devido a migração para o sul da ZCIT. Sua posição e intensidade são sensíveis as condições dinâmicas e termodinâmicas associadas ao Gradiente inter-hemisférico de temperatura da Superfície do Mar no Atlântico (GradATL) (Moura e Shukla, 1981). A ocorrência de Anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (ATSM) positivas no setor norte do equador no Atlântico tropical favorece o posicionamento da ZCIT mais ao norte da sua posição climatológica, que em geral, associam-se com anos secos no NNEB (Uvo et al., 1998; Hastenrath, 2006). Anos chuvosos são geralmente observados quando as ATSM com padrões opostos estão presentes. Além da importância do Oceano Atlântico tropical, o Oceano Pacífico equatorial também desempenha um papel fundamental na precipitação no NNEB. De fato, anos com anomalias positivas (negativas) de precipitação em relação a climatologia tem sido atribuída a episódios de La Niña (El Niño) (Hastenrath, 2012). Vários estudos têm mostrado que a variação do regime de precipitação em MAM no NNEB estar relacionado com padrões de anomalia de circulação atmosférica em escala global 16 associado com as fases quente (El Niño) e fria (La Niña) do fenômeno climático global El Niño- Oscilação Sul (ENOS) e pelas anomalias do Gradiente inter-hemisférico de temperatura da superfície do mar do Atlântico (GradATL) (Moura e Shukla, 1981; Coelho et al., 2002; Lucena et al., 2011). Trabalhos como o de Alves et al., (1997); Ferreira e Mello, (2005) mostram que, quando o El Niño acontece conjuntamente com o GradATL_N, anos secos ou muito secos são verificados na NNEB, já quando se tem a atuação de La Niña associada ao GradATL_S, normalmente são verificados anos chuvosos ou muito chuvoso na região. A influência conjunta dos oceanos tropicais no regime de precipitação no NNEB é bem aceita pela comunidade científica, entretanto, vários estudos têm buscado investigar qual oceano é mais relevante na variabilidade de precipitação no NNEB (Andreoli e Kayano, 2007; Mahajan et al., 2010; Amorim, 2016). Os resultados têm indicado que a variabilidade da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) do Atlântico, especialmente a bacia do Atlântico sul, é a forçante dominante das anomalias de precipitação no NNEB, enquanto que a influência remota do Pacífico, em determinadas ocasiões pode reforçar estas anomalias, mas em outros casos pode ter efeitos opostos, de modo que estas anomalias sejam enfraquecidas (Kayano et al., 2013). Todos esses padrões oceano-atmosfera de grande escala induzem mudanças na circulação troposférica associada às células de Walker (leste-oeste) e Hadley (norte-sul), influenciando os movimentos convectivos no NNEB de acordo com o deslocamento dos ramos ascendentes e descendentes. Outro fator atmosférico que modula a convecção intrassazonal no NNEB é a Oscilação Madden- Julian (OMJ) (Repelli et al., 1998; Kayano e Kousky, 1999; Carvalho et al., 2002; De Souza e Ambrizzi, 2006; Valadão et al., 2017). Esta oscilação inicia na região do Oceano Índico e propaga-se para leste sobre a região tropical em um ciclo de vida que varia na escala de 30-90 dias. A medida que a oscilação vai se propagando é formada uma região de convecção ativa seguida por uma região de supressão. Valadão et al., (2017) mostraram que o padrão de precipitação sobre o Nordeste do Brasil apresenta mudanças substanciais a medida que a OMJ propaga-se para leste com os maiores impactos no NNEB durante MAM ocorrendo nas fases 2-3 (anomalias positivas) e 5-6 (anomalias negativas). 17 No Nordeste do Brasil, a precipitação é resultante tanto de Sistemas Convectivos (SC) quanto de nuvens estratiformes. Os SC são bandas de nuvens geradas pela interação de células convectivas, podendo ocorrer em diversas escalas espaciais e temporais. SC apresentam fortes correntes ascendentes e descendentes, enquanto os estratiformes apresentam movimento vertical relativamente fraco e precipitação leve (Hong et al., 2000). Especificamente sobre o NNEB, Palharini e Vila (2017) comentam que a ocorrência de nuvens com perfil vertical estratiforme é elevada, mas a taxa de precipitação associada é pequena. Por outro lado, as nuvens provenientes dos SC apesar da menor ocorrência relativa, apresentam alta taxa de precipitação. Além da importância na precipitação, os SC também recebem destaque nas trocas de calor e momento entre a troposfera e a tropopausa (Gonçalves, 2013), troposfera e a estratosfera (Schoder et al., 2006) e no balanço de vapor de água (Gamache e Houze JR, 1983). Devido a esses e diversos outros fatores, o rastreamento dos SC passou a ser uma ferramenta operacional bastante útil em diversos centros de meteorologia no Brasil e no Mundo. No Brasil, na Divisão de Satélites e Sistemas Ambientais (DSA) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) um método de identificação e acompanhamento de SC é utilizado. O Forecasting and Tracking the Evolution of Cloud Cluster (ForTraCC) utiliza imagens do canal infravermelho (10.8 µm) de satélites geoestacionários para fornecer informações a respeito das características físicas e morfológicas dos SC com base na temperatura do topo de nuvens (Vila et al., 2008). Utilizando o algoritmo do ForTraCC é possível, por exemplo estimar quais SC estão se intensificando, desintensificando e tornando-se estável em um intervalo de tempo de até 2 horas. Apesar de todos esses fatores que mostram a importância dos SC para a previsão de curtoprazo (nowcasting) e entendimento do tempo e clima na região, verifica-se na literatura que são escassos os estudos que analisam a relação entre ATSM com a ocorrência de SC no NNEB. A maioria dos trabalhos restringem-se a analisar apenas como a distribuição espacial e temporal da precipitação é alterada de acordo com padrões oceânicos (Moura e Shukla, 1981; Nobre e Shukla, 1996; De Souza et al., 2005; Andreoli e Kayano, 2007; Lucena et al., 2011; Kayano et al., 2013; Tedeschi e Collins, 2016). 18 Sendo assim, os objetivos deste trabalho são: (1) Compor cenários de padrões oceânicos relacionados com ATSM dos oceanos Pacífico e Atlântico; (2) Quantificar os SC atuantes no NNEB durante o outono austral de acordo com esses padrões oceânicos; (3) Analisar as propriedades físicas e morfológicas desses SC. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 – Material 2.1.1 – Área de estudo A região de estudo compreende as latitudes de 2° e 11°S e as longitudes de 45° e 34,7°W (Figura 1). Esta área chamada de Norte do Nordeste do Brasil (NNEB) engloba todos os noves estados da região Nordeste: Maranhão (MA), Piauí (PI), Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Alagoas (AL), Sergipe (SE) e Bahia (BA). Figura 1: Localização da área de estudo, onde o retângulo em preto delimita o Norte do Nordeste do Brasil (NNEB). 2.1.2 – Sistemas convectivos As características físicas e morfológicas dos SC aqui analisadas para o outono austral sobre o NNEB são provenientes da base de dados do International Satellite Cloud Climatology Project (ISCCP- Tracking), que contém dados disponíveis desde de julho de 1983 até junho de 2008 (Schiffer e Rossow, 1985), com resolução temporal e espacial de 3 horas e 30 km, respectivamente. Compõem sua base de dados cinco satélites meteorológicos geoestacionários: Geostationary Operational Environmental 19 Satelllite East (GOES-E), Geostationary Operational Environmental Satelllite West (GOES-W), Meteosat, Indian National Satellite System (INSAT) e Geostationary Meteorological Satellite (GMS). No ISCCP-Tracking, dois limiares de temperatura de brilho são utilizados na identificação dos SC. O primeiro limiar 𝑇𝐼𝑅 < 245 K identifica os SC, enquanto o outro 𝑇𝐼𝑅 < 220 K é para encontrar áreas de convecção severa no interior dos SC. A partir da identificação dos SC, de acordo com a temperatura de brilho, diversas características físicas e morfológicas foram analisadas, conforme apresentado na tabela 1. Tabela 1: Variáveis do ISCCP-Tracking analisados para cada SC. Variáveis Raio (km) Fração Convectiva % Temperatura Média (SC) (K) Temperatura Mínima (SC) (K) Devido a disponibilidade dos dados e os meses de estudo serem MAM, o período utilizado esteve contido entre março de 1984 a maio de 2008, totalizando mais de 24 anos completos de dados. Dos cinco satélites geoestacionários do ISCCP-Tracking, dois realizam a cobertura espacial sobre o NNEB, GOES-E e Meteosat. No entanto, devido a problemas com as imagens do GOES-E em alguns anos, utilizou-se apenas o satélite Meteosat. 2.1.3 – Temperatura da superfície do mar Os dados mensais de TSM para a região do Niño 3.4 (170°W-120°W, 5°S-5°N), Atlântico Tropical Norte (ATN) (5-20°N, 60-30°W) e Sul (ATS) (0-20°S, 30°W-10°E) foram obtidos do National Oceanic and Atmospheric Administration – Extended Reconstructed Sea Surface Temperature V3b (NOAA_ERSST_V3) (Smith, 2008). Especificamente neste estudo foram utilizados as ATSM do Niño 3.4, pois apenas seu índice é suficiente para fornecer a intensidade e as ocorrências dos fenômenos de El Niño e La Niña (Trenberth, 1997; Chen e Chung, 2015). A escolha das áreas do Atlântico foi em concordância com trabalhos anteriores que calcularam o GradATL para aplicações diversas (Servain, 1991; Amorim, 2016). O termo GradATL é definido como a diferença entre a TSM do ATN–ATS. Estas áreas são utilizadas pelo Climate Prediction Center (CPC) para monitoramento mensal da TSM nos trópicos. 20 2.2 – Metodologia Para o cálculo das ATSM, adotou-se o seguinte procedimento: i. Com base no período de 1981-2010 calculou-se a média climatológica da TSM nos meses de NDJF para a região do Niño 3.4 e MAM nas regiões do ATN e ATS. ii. Em seguida, obteve-se a média dos meses NDJF e MAM em cada ano do período de estudo (1984-2008) para o Oceano Pacífico (Niño 3.4) e Atlântico (GradATL), respectivamente. iii. Calculou-se a diferença entre as TSM nos meses NDFJ e MAM de cada ano pelo o respectivo valor climatológico. Como resultado deste procedimento, obteve-se as ATSM do Niño 3.4 e do GradATL no período de 1984-2008 (Figura 2). Esses valores de ATSM serão utilizados a seguir para classificar os anos nos diversos padrões oceânicos. Figura 2: Série temporal da TSM nas áreas do Niño 3.4 (azul) e GradATL (vermelho). Os valores médios de anomalias de novembro a fevereiro são plotados para o Niño3.4 e os valores de março a maio representam o GradATL. As linhas tracejadas indicam os limiares para classificação das ATSM em El Niño e La Niña no Pacífico e GradATL_N e GradATL_S no Atlântico. Para selecionar os eventos ENSO e GradATL utilizou-se os critérios definidos por De Souza et al., (2005). Segundo os autores, episódios de El Niño (La Niña) são identificados por ATSM ≥ 0,5°C -2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 T e m p e ra tu ra ( °C ) ANOS NIÑO 3.4 GradATL 21 (≤-0,5°C) no período de novembro a fevereiro (NDJF) na região do Niño 3.4 no Pacífico, enquanto as manifestações do GradATL_N (GradATL_S) são identificadas por ATSM ≥ 0,2°C (≤ -0,2°) no período de março a maio (MAM) no Atlântico. Para os anos neutros considerou-se os valores de ATSM compreendidos entre o intervalo > -0,5° e < 0,5°C no Niño3.4 e > -0,2 e < 0,2°C no GradATL. Definido os limiares de ATSM para classificação dos eventos conforme proposto por De Souza et al., (2005), os seguintes padrões oceânicos foram selecionados para analisar as influências das condições oceânicas nos SC sobre o NNEB: i) Desfavorável (DESF), i.e., quando ocorre a manifestação simultânea de El Niño no Pacífico e GradATL apontando para o norte; ii) Favorável (FAV), i.e., manifestação simultânea de La Niña no Pacífico e GradATL apontando para o sul; iii) Neutro (NEU), i.e., ausência de El Niño e La Niña, assim como de GradATL Norte e Sul; iv) El Niño e GradATL_S (El Niño/Grad_S), i.e., manifestação de El Niño no Pacífico e GradATL apontando para o sul; v) La Niña e GradATL_N (La Niña/Grad_N), i.e., manifestação de La Niña no Pacífico e GradATL apontando para o norte. A última etapa da metodologia consistiu em classificar quais anos de 1984 a 2008 se enquadrava em cada padrão oceânico descrito acima. A tabela 2 lista esses anos de acordo com as condições dos Oceanos Pacífico e Atlântico. Tabela 2: Anos selecionados em cada categoria de padrão oceânico de acordo com as manifestações do fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS) e do gradiente inter-hemisférico da superfície do mar do Atlântico (GradATL), considerando-se o período de 1984-2008. Composições Anos de ocorrências DESF 1987, 1992, 1998, 2005, 2007 FAV 1984, 1985, 1989, 2000, 2001, 2008 NEU 1990, 1993, 2002 El Niño/Grad_S 1988, 2003 La Niña/Grad_N 2006 22 Após a classificação dos cenários nos diversos anos presentes na série de dados do ISCCP- Tracking, a ocorrência e as características físicas e morfológicas dos sistemas convectivos foram avaliadas a partir de estatísticas simples. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES O outono austral (MAM) é a estação mais afetada pelas variabilidades interanuais no NNEB e a que apresenta os maiores acumulados pluviais (Marengo et al., 2013; Hounsou-gbo et al., 2015). Neste sentido, esta sessão do trabalho apresenta uma avaliação dascaracterísticas físicas e morfológicas dos Sistemas Convectivos em MAM e suas relações com os padrões de ATSM sobre os oceanos tropicais. Contudo, antes de se avaliar as características físicas e morfológicas serão apresentadas a evolução temporal da ocorrência dos SC durante MAM e os anos associados a cada categoria de padrão oceânico (Figura 3). Observa-se que os anos de máxima ocorrência de SC foram 1985, 1988, 1989 e 2008 e os mínimos 1990, 1992, 1993, 1998 e 2004. Nos anos de 1984, 1986, 1994, 1995, 1996, 2000, 2006 e 2007 a ocorrência de SC foi superior a média e inferior a um desvio padrão positivo [D.P(+)], enquanto em 1987, 1991, 1997, 1999, 2001, 2002, 2003 e 2005 ficou abaixo da média e acima de um desvio padrão negativo [D.P(-)]. Alguns dos anos de máxima (mínima) ocorrência de SC coincide com o padrão oceânico FAV (DESF) às chuvas no NNEB, como é o caso por exemplo de 1985, 1989 e 2008 (1992 e 1998). No entanto, outros anos considerados FAV ou DESF não apresentaram o mesmo comportamento, como em 1984, 2000, 2001 (FAV) e 1987, 2005, 2007(DESF). No cenário El Niño/Grad_S o ano de 1988 apresentou o total de 2075 SC detectados, enquanto que em 2003 a ocorrência caiu para 1433. Uma possível explicação para este fato pode ser os maiores valores de ATSM no oceano Pacífico na região do Niño 3.4 (Figura 2) que pode ter provocado maiores alterações na circulação da célula de Walker, contribuindo para reduzir os movimentos ascendentes em 2003. No La Niña/Grad_N o total de SC detectado foi 1793. Já os anos neutros (1990, 1993, 2002) foram caracterizados pela baixa ocorrência de SC. Todos os anos nesse cenário apresentaram ocorrência abaixo da média, com a menor quantidade de SC em toda série temporal sendo observado no ano de 1990 (958), nos quais os padrões oceânicos do Pacífico e Atlântico encontravam-se próximos da normalidade (Figura 2). 23 Figura 3: Quantidade de Sistemas Convectivos (SC) detectados anualmente na estação do outono austral (MAM) no Norte do Nordeste do Brasil (NNEB). Os marcadores x (desfavorável), ○ (favorável), ◊ (neutro), □ (El Niño/Grad_S) e ∆ (La Niña/Grad_N) representam os padrões oceânicos. Calculando a porcentagem de SC em MAM em comparação ao total anual (Tabela 3), observa- se que a porcentagem média no cenário FAV (48%) é superior a todos os demais padrões oceânicos, no entanto, as diferenças para os cenários de La Niña/Grad_N, El Niño/Grad_S e DESF são pequenas, na ordem dos 3%. Ou seja, em média aproximadamente 50% das ocorrências dos SC no NNEB ocorreram no outono austral, com exceção dos anos neutros, onde essa porcentagem de detecção cai para 39,6%. Como em MAM o principal sistema meteorológico atuante no NNEB é a ZCIT (Hastenrath and Heller, 1977; Silva et al., 2006; Lucena et al., 2011; Marengo et al., 2013; Hounsou-gbo et al., 2015) é admissível relacionar essas porcentagens de SC em função da atividade convectiva da ZCIT mais ou menos ativa. Sendo assim, o resultado acima dar fortes indícios da importância ZCIT para a região, que mesmo em anos com padrões oceânicos na região tropical totalmente desfavoráveis a ocorrência de precipitação, elevadas porcentagens de SC são provavelmente observadas em decorrência da convecção ocasionada pelas instabilidades atmosféricas em função da sua posição. É importante destacar que durante MAM outros sistemas meteorológicos (VCAN, DOL, LI, etc) afetam a convecção e distribuição de precipitação no NNEB (Kousky, 1980; Kousky e Gan, 1981; 500 1000 1500 2000 2500 3000 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 D e te c ç ã o S C ( M A M ) Anos Total SC (MAM) Média D.P (+) D.P (-) 24 Torres e Ferreira, 2011), no entanto, esta identificação dos sistemas meteorológicos não foi o objetivo desta pesquisa. Por isso, não é possível afirmar que todos os SC observados em MAM são necessariamente em virtude da ZCIT. Isto justifica o motivo pela qual a discussão foi conduzida em função da ZCIT mais ou menos ativa e não com afirmações conclusivas sobre o sistema meteorológico em si. Tabela 3: Porcentagem e média da ocorrência dos sistemas convectivos para cada cenário de padrão oceânico com as respectivas magnitudes das anomalias de TSM na região do Niño3.4 e GradATL. Os valores nos parênteses correspondem à média das porcentagens. ANOMALIAS DE TSM (%) NDJF MAM LA NIÑA¹/ GradATL_S¹/ EL NIÑO² GradATL_N² DESF FAV NEU EL_NIÑO/GRAD_S LA_NIÑA/GRAD_N (45,1) (48,0) (39,6) (46,0) (46,5) 1984 -0,6¹ -0,6¹ − 51,8 − − − 1985 -1,0¹ -0,6¹ − 40,6 − − − 1986 − − − − − 1987 1,2² 0,2² 46,3 − − − − 1988 0,9² -0,2¹ − − − 47,6 − 1989 -1,8¹ -0,9¹ − 46,5 − − − 1990 − − 33,9 − − 1991 − − − − − 1992 1,6² 0,4² 45,9 − − − − 1993 − − 40,0 − − 1994 − − − − 1995 − − − − − 1996 − − − − − 1997 − − − − − 1998 2,3² 0,3² 36,1 − − − − 1999 − − − − − 2000 -1,6¹ -0,3¹ − 44,1 − − − 2001 -0,6¹ -0,2¹ 42,9 − − − 2002 − − 45,0 − − 2003 1,3² -0,3¹ − − − 44,5 − 2004 − − − − − 2005 0,7² 0,9² 51,0 − − − 2006 -0,7¹ 0,3² − − 46,5 2007 0,9² 0,3² 46,1 − − − − 2008 -1,3¹ -0,4¹ − 62,4 − − − 𝑆𝐶̅̅̅̅ 1409 1954 1158 1754 1793 25 Ainda de acordo com a tabela 3 é possível perceber uma alta variabilidade na porcentagem de SC. Considerando os padrões oceânicos, o cenário DESF exibiu a maior porcentagem de SC no ano de 2005 (51%) e a menor em 1998 (36,1%). Neste ano (1998) teve-se a atuação de um dos El Niños mais fortes já registrados (ATSM igual a 2,3°C) (Timmermann et al. 1999), de modo que a baixa porcentagem de SC provavelmente foi resposta as mudanças nos padrões de circulação da célula de Walker, haja visto que durantes eventos de El Niño um de seus ramos descendentes concentra-se sobre o NNEB, favorecendo os movimentos subsidentes (Chaves e Cavalcanti 2001, Veiga et al. 2013). No cenário FAV, a maior porcentagem de SC foi no ano de 2008 (62,4%) e a menor em 1985 (40,6%). No cenário neutro, observa-se as menores porcentagens de SC de toda a série temporal tanto no ano com maior porcentagem (2000, 45%) como no menor (1990, 33,9%). No cenário El Niño/Grad_S, as porcentagens de SC foram próximas, a maior porcentagem ocorreu em 1988 (47,6%) e a menor em 2003 (44,5%). Nestes anos o valor do GradATL foi similar, mas o valor da ATSM na região do Niño3.4 no ano de menor porcentagem de SC (2003) foi superior em 0,4°C (Tabela 3), apontando para uma possível influência maior do oceano Pacífico. Só um ano se enquadrou no cenário La Niña/Grad_N (2006), então a porcentagem de SC corresponde a média (46,5%). Transformando essa quantidade média de SC de porcentagens para números inteiros, observa- se que a quantidade de SC nos anos neutros (1158) é 40,7% inferior em comparação aos anos FAV (1954). Nos demais cenários (La Niña/GradATL_N, El Niño/GradATL_S e DESF) a quantidade média de SC é 1793, 1754 e 1409, respectivamente. Para verificar se o padrão oceânico favorável (FAV) além de conter a maior quantidade média de SC, apresentava também as melhores condições para o desenvolvimento vertical e horizontal, computou-se a distribuição de frequência de 4 variáveis associadas as características físicas e morfológicas dos SC (Figura 4). Segundo Machado e Rossow (1993), quanto menor for a temperatura de brilho do sistema, maior é a possibilidade de desenvolvimento vertical. Sendo assim, com base na distribuição de frequência da temperatura média (Figura 4a) nota-se de um modo geral para temperaturas inferiores a 225 K são observadas maiores frequências de ocorrência nos cenários FAV, La Niña/Grad_N e El Niño/Grad_S em comparação aos cenários DESF e NEU (predominância de SC com temperaturas superiores a 235K). 26 Portanto, os SC foram mais profundos quando pelo menos um dos oceanos tropicais estavam favoráveis a ocorrência de chuva no NNEB. Ainda de acordo com a temperaturamédia (Figura 4a) tem-se que os SC mais frios foram registrados no cenário La Niña/Grad_N, enquanto no cenário neutro predominaram SC mais quentes. Na distribuição de frequência da temperatura mínima (Figura 4b), que é diretamente associada à maior elevação que o sistema pode atingir (Gonçalves 2013), o comportamento foi semelhante ao da temperatura média (Figura 4a), isto é, os SC mais frios (quentes) continuaram sendo observados nos cenários FAV, La Niña/Grad_N e El Niño/Grad_S (DESF e NEU). No entanto, percebe-se que os picos das distribuições ocorreram em temperatura menor (210 K) assim como o espaçamento entre as frequências de ocorrência tornaram-se levemente maiores. Novamente o cenário La Niña/Grad_N (NEU) foi o que apresentou os SC mais frios (quentes). Outro fato que merece destaque é que o pico da distribuição dos anos neutros foi superior (220 K) aos demais cenários (210K), reforçando que os SC observados foram mais rasos. Com o intuito de reforçar que os SC frios são um forte indicativo da intensidade da convecção associada, a variável fração convectiva, que indica a porcentagem da área de SC que é coberto por aglomerados convectivos (𝑇𝐼𝑅 < 220 K) foi utilizada. Analisando a fração convectiva (Figura 4c), observa-se que os SC ocorreram com maior frequência relativa, superior a aproximadamente 25%, nos cenários La Niña/Grad_N, FAV, El Niño/Grad_S, enquanto que nos cenários DESF e NEU predominaram SC com baixa fração convectiva (inferior a 10%). Este padrão reforça que a convecção profunda observada nos cenários DESF e NEU restringe-se apenas a uma pequena porcentagem da área dos SC, indicando uma menor intensidade quando comparado aos demais padrões observados. Com relação ao raio dos SC (Figura 4d), observa-se que para todos os cenários observados predominam ocorrências inferiores a 140 km. Para sistemas maiores do que este limiar predominam as ocorrências dos cenários FAV e El Niño/Grad_S. Portanto, pode-se afirmar que os SC nestes cenários, além de serem mais profundos (menores temperaturas médias e mínimas) também cobrem uma grande área na horizontal. Nos demais cenários, os SC não ocupam uma grande área na horizontal. Se faz importante comentar que o cenário La Niña/Grad_N apresentou grande ocorrência de SC com 27 temperaturas baixas, indicando maior intensidade, contudo, avaliando o raio destes sistemas observa-se que os mesmos não ocupam frequentemente grandes áreas. Figura 4: Distribuição de frequência da (a) Temperatura Média; (b) Temperatura Mínima; (c) Fração Convectiva e (d) Raio dos SC no Norte do Nordeste do Brasil durante MAM nos diferentes padrões oceânicos da região tropical. 4. CONCLUSÕES Este estudo investigou a variabilidade dos SC no NNEB durante o outono austral considerando cinco padrões oceânicos na região tropical definidos como DESF (manifestação simultânea de El Niño no Pacífico e GradATL_N no Atlântico), FAV (manifestação simultânea de La Niña no Pacífico e GradATL_S no Atlântico), NEU (ausência de El Niño e La Niña, assim como de GradATL_N e GradATL_S), El Niño/Grad_S (manifestação de El Niño no Pacífico e GradATL_S no Atlântico) e La 28 Niña/Grad_N (manisfetação de La Niña no Pacífico e GradATL_N no Atlântico). Uma série de dados de 25 anos do satélite geoestacionário Meteosat, proveniente do ISCCP-Tracking, foi utilizada para realizar as análises da ocorrência de SC, bem como de suas características físicas e morfológicas. Os resultados demonstraram que, apesar da alta variabilidade na ocorrência de SC em todos os padrões oceânicos, quando pelo menos um dos oceanos tropicais estava favorável a ocorrência de chuva no NNEB houve uma maior detecção de SC. As maiores ocorrências de SC foram observadas no cenário favorável (1954) e as menores no cenário neutro (1158). Essa maior quantidade de sistemas convectivos deve estar relacionada às variações nas células de Walker e Hadley, que favoreceram movimentos convectivos mais concentrados sobre o NNEB nos anos favoráveis. A análise das diferenças entre os SC nos cenários La Niña/Grad_N e El Niño/Grad_S mostrou que o ENOS parece ser mais importante do que o GradATL, diferentemente da relação verificada para a precipitação (Kayano et al., 2013). No entanto, devido aos poucos anos enquadrados nesses cenários essa informação não pode ser considerada conclusiva, sendo necessários estudos posteriores com base de dados maiores. A partir da base de dados utilizada, ISCCP-Tracking, verificou-se que em média cerca de 50% da ocorrência de SC em praticamente todos os padrões oceânicos ocorreram no outono austral, com exceção dos anos neutros (39,6%). Uma alta variabilidade foi observada entre os padrões oceânicos em diferentes anos, com porcentagens de SC chegando a variar de 33,9%, a 62,4% nos cenários neutro e favorável, respectivamente. Por outro lado, reafirmou-se a importância da ZCIT para a região, que mesmo em anos totalmente desfavoráveis à ocorrência de chuvas, chega a ser responsável por cerca de 51% de todos os SC verificados ao longo do ano. Outros sistemas meteorológicos e transientes também podem influenciar a ocorrência de SC no NNEB durante o outono austral, entre eles, destaca-se as Linhas de Instabilidade que atuam na costa norte do Brasil com maior frequência de abril a agosto (Cohen et al., 1995). Desta maneira, o papel dos sistemas transientes para a variabilidade sazonal da atividade convectiva no NNEB bem como a interação entre escalas dos sistemas meteorológicos precisam ser investigados em estudos futuros. Os SC além de apresentarem maior ocorrência nos cenários FAV, La Niña/Grad_N e El Niño/Grad_S mostraram-se também mais penetrativos do que os SC nos cenários DESF e NEU. De modo geral, predominaram nesses últimos cenários (DESF e NEU) nuvens menos penetrativas. Nos 29 demais cenários, apesar dos SC serem mais intensos em La Niña/Grad_N, eles não ocupam frequentemente grandes áreas, ou seja, são SC mais rasos do que os verificados nos cenários FAV e El Niño/Grad_S. 5. REFERÊNCIAS ALVES, J. M. B.; DE SOUZA, E. B.; REPELLI, C. A.; VITORINO, M. I.; FERREIRA, N. S. Episódios de La Niña na Bacia do Oceano Pacífico Equatorial e a Distribuição de Chuvas no Setor Norte do Nordeste Brasileiro. Revista Brasileira de Meteorologia. v.12, p.63-76. 1997. AMORIM, A. C. B. 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