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Câncer de mama

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1 Proliferação Celular 
Hanna Briza 
Módulo II: Proliferação Celular 
 
Problema 3: Impacto psicológico! 
Objetivo 1: Analisar o CA de mama considerando conceito, fatores de risco, 
etiologia, epidemiologia, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico, 
tratamento, prognóstico e prevenção. 
Objetivo 2: Descrever os impactos biopsicossociais na mulher com CA de 
mama. 
Objetivo 3: Descrever os achados e as alterações de mamografia e de 
ultrassom de mama. 
 
CÂNCER DE MAMA 
CONCEITO 
O câncer de mama é uma doença multifatorial, genética (dependente de lesão do 
DNA) e epigenética (independente de modificações na sequência do DNA). 
Desenvolve-se a partir de uma alteração inicial em uma célula da unidade 
ductolobular. Um clone de célula modificado se expande e gera novos danos ao 
DNA e aos mecanismos de reparo dessas modificações. 
A proliferação incontrolável das células epiteliais que margeiam os ductos ou os 
lóbulos, surge em função de alterações genéticas, sejam elas hereditárias ou 
adquiridas por exposição a fatores ambientais ou fisiológicos. Tais alterações 
genéticas podem provocar mudanças no crescimento celular ou na morte celular 
programada, levando ao surgimento do tumor. 
ANATOMIA DA MAMA 
Normalmente as mamas estão mais desenvolvidas em mulheres, uma vez que 
tanto homens quanto mulheres possuem mama (inclusive, ambos podem 
apresentar câncer de mama). 
Entretanto nos homens a mama quase não apresenta gordura (o tecido adiposo é 
o responsável pelo tamanho do seio) e as glândulas mamárias não se desenvolvem. 
Ao contrário das mulheres, que apresentam glândulas mamárias como acessórios 
para a reprodução e amamentação da prole. 
As mamas encontram-se superficiais e proeminentes na parede torácica anterior. 
A base circular da mama estende-se verticalmente da 2ª a 6ª costela e 
transversalmente da margem lateral do esterno até a linha axilar média, entretanto 
uma pequena parte da glândula mamária pode se estender ao longo da borda 
ínfero-lateral do músculo peitoral maior até a axila (relacionando-se ainda com os 
Mm. serrátil anterior e oblíquo externo). Na sua porção mais apical, encontra-se a 
papila mamária circundada por uma área de pele circular pigmentada, denominada 
de aréola. 
HISTOLOGIA DA MAMA 
Do ponto de vista histológico, a mama é constituída por pele, tecido celular 
subcutâneo e tecido mamário propriamente dito (constituído pelo parênquima e 
pelo estroma de sustentação da mama). 
 No parênquima mamário, encontramos os ductos lactíferos, que dão 
origem a brotamentos que formam 15 a 20 lóbulos de tecido glandular, 
que constituem as glândulas mamárias. 
 O seio lactífero é uma porção dilatada de cada ducto. Os ductos de cada 
glândula convergem de forma radial até o mamilo para a ejeção de leite. 
 As glândulas mamárias são glândulas sudoríparas modificadas e, portanto, 
não possuem cápsula ou bainha especial. 
 
2 Proliferação Celular 
Hanna Briza 
 Os alvéolos que secretam leite estão dispostos como uvas em cacho. 
Durante a gestação, a glândula mamária aumenta e novos tecidos glandulares são 
formados. Entretanto, durante o ciclo menstrual, pode haver aumento da mama 
devido uma maior deposição de gordura por hormônios gonadotróficos (LH e FSH). 
As mamas crescem durante a puberdade devido ao desenvolvimento das glândulas 
mamárias e pela deposição de gordura, a qual irá dar o contorno arredondado e 
volume aos seios. 
O estroma mamário é constituído de tecido gorduroso e fibroso, exercendo função 
de sustentação do tecido mamário funcional. Apresenta contato direto com este 
parênquima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VASCULATURA DA MAMA E DRENAGEM LINFÁTICA 
O suprimento arterial e feito por ramos derivados da artéria torácica interna (ramo 
da A. subclávia), artéria torácica lateral e toracoacromial (ramos da A. axilar), além 
de artérias intercostais posteriores. 
A drenagem venosa da mama é principalmente levada para a veia axilar, podendo 
também ser drenada para a veia torácica interna. 
É importante conhecer a drenagem linfática das mamas devido ao seu papel na 
metástase das células cancerígenas. Os vasos linfáticos se origem, principalmente, 
nos espaços lobulares, pré-lobulares e pele. 
A linfa da papila, aréolas e lóbulos da glândula segue para o plexo linfático 
subareolar. 75% da linfa é drenada para linfonodos axilares. O restante (25%) é 
drenado para linfonodos paraesternais, mama oposta e linfonodos abdominais. Os 
vasos linfáticos na pele da mama (exceto na papila mamária e aréola) drenam para 
linfonodos axilares, cervicais profundos inferiores e infraclaviculares e também 
para linfonodos paraesternais de ambos os lados. 
EPIDEMIOLOGIA 
 Segundo tipo de tumor maligno mais frequente no Brasil e no mundo 
(somando mulheres e homens), perde somente para o câncer de pele. 
 O risco de câncer de mama aumenta com a idade. Era muito incomum o 
desenvolvimento de câncer de mama em mulheres abaixo de 30 anos, 
regra que vem sendo contrariada ultimamente. 
 No mundo: segundo o Global Cancer Project, foi estimado 1.671.149 novos 
casos de câncer de mama em 2012, com 521.907 mortes por câncer de 
mama naquele ano. 
 A cada ano, aproximadamente 25% dos casos novos de câncer em 
mulheres correspondem a tumores de mama. 
 O número de casos novos de câncer de mama estimados para o Brasil em 
2016 é superior a 57 mil segundo o INCA, com um risco estimado em torno 
de 50 casos para cada 100 mil mulheres. 
 A taxa de mortalidade por câncer de mama, ajustada pela população 
mundial, apresenta uma curva ascendente e representa a primeira causa 
de morte por câncer na população feminina brasileira, com 11,28 óbitos 
por 100 mil mulheres em 2009. 
 O câncer de mama representa mais de 12% dos óbitos de causa conhecida 
notificados em 2014, de acordo com o INCA e dados do DATASUS. 
 
3 Proliferação Celular 
Hanna Briza 
 As regiões Sul e Sudeste são as que apresentam as maiores taxas, com 12,7 
e 12,62 óbitos por 100 mil mulheres em 2009, respectivamente. 
 O aumento da incidência se dá em países desenvolvidos e industrializados, 
numa taxa de 1% a 2% ao ano, enquanto as taxas de mortalidade diminuem 
em escala menor. No Brasil, as taxas de mortalidade pela doença se 
mantêm. Apesar da etiologia desconhecida, numerosos fatores de risco 
influenciam no seu desenvolvimento, como: fatores genéticos, hormonais, 
metabólicos e ambientais. 
 Assim, o câncer de mama constitui um grave problema de saúde pública e 
faz jus a grandes investimentos em pesquisa, prevenção, diagnóstico 
precoce e tratamento. 
 É importante salientar que o câncer de mama também acomete homens. 
Cerca de 1% de todos os casos de câncer de mama incidem no sexo 
masculino. 
 
FATORES DE RISCO 
 
Os fatores de risco são eventos que irão aumentar o risco para desenvolvimento 
do câncer de mama. Eles podem ser divididos: 
 Em alto risco 
 Moderado risco 
 Levemente aumentado. 
No estudo de Modena, foi avaliado o risco de desenvolver câncer de mama durante 
a vida, sendo observada uma incidência de 50%-80% nas pacientes portadoras de 
mutação genética conhecida, 30%-50% nas pacientes de alto risco, 18%-30% nas 
com risco intermediário e 6%-18% nas com risco levemente aumentado. 
SEXO: Ser mulher é fator de risco. É bem mais frequente no sexo feminino, que 
representa 99% dos casos. O sexo masculino é acometido por 1% dos tumores 
malignos de mama. No entanto, essa estimativa pode aumentar nos casos de 
ginecomastia de diversas etiologias. 
IDADE: O pico de incidência de câncer de mama é controverso na literatura. Para 
fins didáticos, consideramos como fator de risco idade superior a 40 anos. 
RAÇA BRANCA: A incidência de câncer de mama é maior na raça branca do que na 
negra, mas não há diferença nos índices de mortalidade. As mulheres asiáticas 
possuem o menor risco para a doença. 
ANTECEDENTE PESSOAL COM CÂNCERDE MAMA: Mulheres com história prévia 
de câncer de mama possuem risco de 50% de desenvolver um câncer microscópico 
e um risco de 20 a 25% de desenvolver um câncer clinicamente aparente na mama 
contralateral. 
HISTÓRIA FAMILIAR: O passado de câncer de mama em parentes de primeiro grau 
(mãe, irmã ou filha) aumenta o risco da doença de 2,0 a 2,5 vezes. Em parentes de 
segundo e terceiro graus esse risco aumenta em 1,5 a 2,0 vezes. Podem indicar 
predisposição genética associada à presença de mutações em determinados genes. 
Entretanto, o câncer de mama de caráter hereditário (predisposição genética) 
corresponde a cerca de 5 a 10% do total de casos. 
ANTECEDENTE PESSOAL DE OUTROS TIPOS DE CÂNCER E RT PARA LINFOMA DE 
HODGKIN: A história de outros tipos de tumor, principalmente de endométrio, 
ovário ou cólon, e a história de radioterapia (RT) mediastinal para linfoma de 
Hodgkin aumentam a probabilidade de um câncer de mama subsequente. 
LESÕES HISTOLÓGICAS INDICADORAS DE RISCO: São consideradas como fatores 
de risco as doenças benignas com padrão proliferativo (hiperplasia ductal ou 
lobular), principalmente se houver atípica. Já foi demonstrado que o risco relativo 
de câncer de mama é de 2,5 a 5,3 vezes maior para as hiperplasias atípicas, e de 
1,6 a 1,9 para as hiperplasias sem atípica. O carcinoma ductal in situ (precursor) e 
o carcinoma lobular in situ (marcador de risco e precursor) também são lesões de 
risco. Cabe aqui lembrar que alguns autores não consideram o carcinoma lobular 
in situ um precursor (apenas um marcador de risco). 
CICATRIZ RADIAL OU LESÃO ESCLEROSANTE COMPLEXA: Pode simular um câncer 
de mama, tanto em exames histopatológicos (macroscopia e microscopia) quanto 
na mamografia. Estudos recentes sugerem que a cicatriz radial está associada a um 
risco aumentado de câncer de mama futuro. Normalmente, representa um achado 
 
4 Proliferação Celular 
Hanna Briza 
em tecido mamário excisado devido à outra anormalidade. Em geral, é múltipla. 
Ocasionalmente pode ser tão grande a ponto de ser detectada pela mamografia. 
Nestes casos, descreve-se uma massa espiculada indistinguível do carcinoma, que 
requer estudo histopatológico para diferenciação. 
HISTÓRIA MENSTRUAL: MENARCA PRECOCE E MENOPAUSA TARDIA 
A idade da primeira menstruação e a idade de início da menopausa interferem no 
surgimento do câncer de mama. Quanto mais precoce a idade da menarca (antes 
de 11 anos) e tardia a da menopausa (após os 55 anos), maior a chance de doença. 
Mulheres submetidas à ooforectomia antes da menopausa apresentam risco 
relativo menor. 
OBS.: De acordo com o Manual “Controle dos Cânceres de Colo Uterino e Mama” 
do Ministério da Saúde (2013), a menarca precoce é definida como a idade da 
primeira menstruação menor que 12 anos e a menopausa tardia é aquela 
instalada após os 50 anos de idade. A primiparidade idosa também é definida 
como a primeira gravidez após os 30 anos. 
HISTÓRIA OBSTÉTRICA: NULIPARIDADE E PRIMIPARIDADE IDOSA 
O câncer de mama é mais frequente entre as nulíparas e as primíparas idosas, após 
os 30 anos (Ministério da Saúde) ou 35 anos (alguns livros didáticos). A primeira 
gestação antes dos 20 anos parece exercer efeito protetor contra o aparecimento 
da doença. 
USO DE ANTICONCEPCIONAIS ORAIS (ACO): O uso de ACO, de acordo com alguns 
estudos parece aumentar um pouco o risco de Ca de mama. As mulheres que 
suspenderam o uso de ACO há 10 anos ou mais têm o risco semelhante ao das 
mulheres que nunca usaram pílula. No entanto, de forma geral, o uso de ACO 
parece não influenciar o risco de Ca de mama, exceto naquelas mulheres que 
possuem predisposição genética, isto é, as que são portadoras de mutações no 
BRCA. 
TERAPIA HORMONAL: A associação de estrogênios conjugados e de progesterona 
na terapêutica da síndrome climatérica aumentou o risco de câncer de mama. A 
maioria dos estudos concluiu que este risco é maior principalmente quando o uso 
é superior a dez anos. 
FATORES NUTRICIONAIS: DIETAS RICAS EM GORDURA 
Uma recente metanálise demonstrou que dietas ricas em gorduras elevam a 
frequência do câncer de mama. Ele é mais encontrado entre as obesas, sobretudo 
na pós-menopausa. 
USO CRÔNICO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS: A relação entre álcool e câncer de mama 
está associada com a ingestão diária. Quanto maior a dose, maior será o risco de 
desenvolver câncer de mama. A ingestão regular de álcool, mesmo que em 
quantidade moderada 30 g/dia, é considerada um fator de risco. 
AGENTES QUÍMICOS: É maior a incidência do câncer de mama nos países em que 
o consumo de DDT é maior, fato que ocorre analogamente em outros tipos de 
tumores. 
RADIAÇÃO IONIZANTE: A exposição a radiações ionizantes em idade inferior a 40 
anos é fator de risco. 
FATORES GEOGRÁFICOS: A doença é mais comum em países desenvolvidos e 
industrializados, fato que justifica sua maior incidência na Europa e América do 
Norte. 
SEDENTARISM: É considerado um fator de risco, enquanto a prática de atividade 
física é considerada um fator protetor. 
GENÉTICA: No ano de 1994, foi evidenciada a primeira mutação genética deletéria 
envolvida com o câncer de mama e ovário, nomeada BRCA 1. Atualmente, são 
conhecidas algumas mutações que interferem no aparecimento do câncer de 
mama. As de maior contribuição na frequência de aparecimento do câncer de 
mama são as mutações no gene BRCA 1 e BRCA 2. 
MUTAÇÃO NO GENE BRCA 1: É uma mutação que ocorre no braço longo do 
cromossomo 17, que codifica uma proteína que age como supressora tumoral. É 
responsável por 40% dos casos de câncer com envolvimento genético. Aumenta o 
risco de câncer, sobretudo na pré-menopausa. 
MUTAÇÃO NO GENE BRCA 2: É uma mutação que ocorre no braço longo do 
cromossoma 13. Este cromossoma também é inativo durante o processo de 
 
5 Proliferação Celular 
Hanna Briza 
oncogênese. A mutação aumenta o risco de doença principalmente na pós-
menopausa. 
FISIOPATOLOGIA 
A primeira célula maligna aparece no epitélio ductal susceptível, ativada por 
fatores genéticos ou ambientais, tais como radiação e agentes químicos. 
O epitélio de revestimento ductal, formado basicamente por uma ou duas camadas 
celulares, inicia sua proliferação motivado por estímulos hormonais, fato que 
acarreta uma elevação do número de células acima da membrana basal. 
Denominamos essa proliferação epitelial de hiperplasia típica. Na maior parte das 
vezes essa proliferação epitelial cessa nesse estágio, sem traduzir perigos 
posteriores. No entanto, em determinadas situações, os gatilhos da iniciação 
tumoral alteram o protótipo celular, culminando na chamada hiperplasia atípica, 
ou seja, ocorrência de atipias leves em espaços restritos. As hiperplasias atípicas 
evoluem para os reais precursores morfológicos dos carcinomas invasores, os 
carcinomas intraductais ou intralobulares. 
O carcinoma intraductal ou intralobular, pelos mais diferentes estímulos – 
angiogênicos, hormonais, enzimáticos, entre outros – continuam sua proliferação 
celular, rompem a membrana basal ductal, penetram no estroma mamário, podem 
permear e embolizar os vasos sanguíneos e linfáticos do sistema de circulação da 
mama, e evoluir para carcinoma invasor. 
A história natural do câncer de mama pode ser dividida em: 
 FASE PRÉ-CLÍNICA: compreende o intervalo de tempo entre o surgimento 
da primeira célula maligna e o desenvolvimento do tumor até atingir 
condições de ser diagnosticado clinicamente 
 FASE CLÍNICA: inicia a partir deste momento. 
Existe incerteza sobre a sequência de eventos iniciais da evolução do câncer da 
mama. Admite-se que o carcinoma da mama passe por uma fase in situ, onde a 
membrana basal está preservada, evoluindo para a ruptura desta membrana, 
progredindo para a forma infiltrativa ou invasiva (carcinoma infiltrante ou invasor). 
Porém, estudos de biologia molecular apontam para a possibilidade de o carcinoma 
invasor ter origemdiferente do carcinoma in situ, podendo se tratar de entidades 
distintas e não fases evolutivas de uma mesma doença. O carcinoma invasor pode 
permanecer por tempo variável como doença local, ou seja, limitada à mama, ou 
evoluir com propagação regional e disseminação à distância. No carcinoma da 
mama, a disseminação ocorre principalmente a partir da via linfática e mais 
raramente por via hematogênica pura. 
Além da riqueza de capilares linfáticos existentes na mama, ocorre a formação de 
novos vasos linfáticos peritumorais. A parede desses vasos é altamente permeável, 
podendo permitir a penetração de células malignas no interior do vaso, dando 
início ao processo de disseminação tumoral. 
Uma vez dentro dos canais linfáticos, estas células são transportadas pela linfa até 
atingir o primeiro gânglio de drenagem da região tumoral, chamado linfonodo 
sentinela. 
A partir deste, os êmbolos tumorais poderão seguir até atingir as cadeias 
ganglionares regionais comprometendo outros linfonodos, principalmente os da 
cadeia axilar e com menor frequência os da cadeia mamária interna. Seguindo o 
fluxo linfático, as células tumorais embolizadas podem ultrapassar os linfonodos 
regionais, chegar à circulação sanguínea e atingir alvos mais distantes, podendo 
levar a formação de implantes tumorais metastáticos. 
Geralmente, o câncer da mama cresce lentamente. Porém, eventualmente, 
apresenta crescimento rápido e maior possibilidade de disseminação. Esse 
comportamento heterogêneo está relacionado a características próprias do tumor, 
tais como grau de diferenciação histológica e presença de receptores moleculares, 
que determinam sua velocidade de crescimento e potencial de originar metástases, 
podendo ainda ser influenciado por outros fatores, como a exposição a estímulos 
hormonais, resposta imune e estado nutricional. 
TEMPO DE DUPLICAÇÃO CELULAR 
O período médio de duplicação celular é de aproximadamente 100 dias. Se o tempo 
de duplicação de um tumor fosse constante e ele se originasse de uma única célula, 
aproximadamente somente após oito anos é que seria obtido um tumor de 1 cm. 
 
6 Proliferação Celular 
Hanna Briza 
METÁSTASES À DISTÂNCIA 
Embora o câncer de mama possa disseminar para qualquer órgão, o envolvimento 
de ossos, pulmões e fígado ocorre em mais de 85% das mulheres que desenvolvem 
metástase à distância. Alguns autores também consideram o cérebro como um 
sítio de metástases à distância. É importante lembrar que o carcinoma infiltrante 
tende a se disseminar, preferencialmente, pela via linfática ou pela via 
hematogênica. 
EM RESUMO: 
Epitélio Normal → Hiperplasia Epitelial Típica → Hiperplasia Epitelial Atípica → 
Carcinoma Intraductal ou Intralobular → Carcinoma Invasor 
OBS.: Ainda não se sabe se todos os tumores passam necessariamente por todos 
esses estágios. Entretanto, já é consenso na literatura que o processo de 
proliferação celular ocorre de forma insidiosa. 
CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA DO CA DE MAMA: O câncer de mama apresenta um 
grupo de neoplasias epiteliais malignas com grande diversidade estrutural. Em 
torno de 70 a 80% dos casos são classificados como carcinoma ductal invasor sem 
que seja realizada a diferenciação entre os subtipos de carcinoma ductal que, por 
vezes, apresentam melhor prognóstico. 
CARCINOMA IN SITU: 
Corresponde à doença local, ou seja, à lesão restrita ao epitélio. Em outras 
palavras: não ocorre infiltração do estroma. 
Comumente, é abordado como uma etapa na sequência de eventos que vai da 
hiperplasia ao carcinoma invasor. No entanto, é importante reconhecer que nem 
sempre este processo é contínuo. Assim, é provável que nem todos os carcinomas 
in situ evoluam para a forma invasiva e, inversamente, que nem todo carcinoma 
invasor passe obrigatoriamente pela etapa in situ. 
É classificado nas formas lobular e ductal. Os adjetivos ductal e lobular não se 
referem necessariamente à topografia da lesão na árvore ductal, mas ao fenótipo 
celular, já que praticamente todas as formas se originam da unidade ducto 
terminal-lobular. 
 As neoplasias lobulares originam-se quase sempre a partir dos ácinos, 
 lesões ductais podem originar-se tanto em ácinos quanto em ductos e, 
frequentemente, ocupam os dois compartimentos da árvore mamária. 
 
CARCINOMA DUCTAL IN SITU (CDIS) 
É considerada lesão precursora do câncer de mama. Na maioria das vezes, tem 
prognóstico favorável. Caracteriza-se à microscopia pela presença de dilatação da 
luz dos ductos e pelo achado de células de padrão ductal com alterações malignas 
que não invadem a membrana basal. 
O tipo celular característico é a célula grande, poligonal, coesa, com tendência aos 
arranjos ductal e/ou papiliforme e graus variáveis de atipia nuclear. A disposição 
dessas células no interior dos ductos define os subtipos histológicos. Os principais 
são: 
 Cribiforme: caracteriza-se por proliferação celular que deixa espaços 
regulares, em geral redondos, de bordas nítidas. Representa o subtipo de 
melhor prognóstico no que se refere ao risco de recidiva e invasão. 
 Micropapilar: apresenta tufos de células neoplásicas fazendo saliência em 
direção ao lúmen, desprovidos de eixo vascular. Normalmente é 
encontrado em associação ao cribiforme. 
 Papilar: apresentação semelhante ao micropapilar, mas com eixos 
fibrovasculares evidentes. Possui bom prognóstico. 
 Sólido: as células ocluem totalmente o espaço luminal dos ductos 
envolvidos. 
 Comedoco carcinoma: é o de pior prognóstico, caracterizado pela 
distensão dos ductos envolvidos, anaplasia celular e necrose central, 
comumente associado ao carcinoma inflamatório. O material necrótico 
frequentemente sofre calcificação, que pode ser detectada na 
mamografia. Comumente, evolui para invasão e o grau da necrose parece 
ser o fator de maior predição para o risco de recorrência na mama 
 
7 Proliferação Celular 
Hanna Briza 
ipsilateral após o tratamento. 
Os subtipos podem ser encontrados em associação uns com os outros, 
principalmente nas formas não comedo. São as chamadas formas mistas. O risco 
de acometimento da mama contralateral não é característico do CDIS. 
CARCINOMA LOBULAR IN SITU (CLIS) 
Não se apresenta como lesão palpável, normalmente não há expressão 
mamográfica, e não é visível macroscopicamente ao exame histopatológico. 
Constitui um achado microscópico incidental a partir de um tecido mamário 
removido cirurgicamente por outro motivo. É detectado mais frequentemente na 
pré-menopausa, sugerindo influência hormonal no desenvolvimento ou 
manutenção dessa lesão. 
O padrão histológico é o de hiperplasia lobular atípica, com presença de células 
epiteliais pequenas, não coesas, dispostas no interior dos ácinos e, por vezes, com 
extensão para os ductos terminais e intermediários. 
Alguns autores não o consideram uma lesão precursora como o CDIS. Por outro 
lado, outros autores (Page e Fisher) o consideram como uma lesão precursora do 
câncer de mama. Esta questão permanece uma polêmica na literatura. No entanto, 
todos os autores concordam que o CLIS representa um indicador biológico de 
aumento de risco para o desenvolvimento de um tumor invasor, devido ao seu 
grande potencial para multicentricidade e bilateralidade. 
Devido aos motivos expostos anteriormente, o CLIS deve ser tratado com biópsia 
excisional e acompanhamento meticuloso. Alguns autores sugerem a realização da 
mastectomia profilática bilateral. 
CARCINOMAS INFILTRANTES (INVASIVOS): 
Corresponde à doença invasiva, ou seja, quando ocorre infiltração do estroma 
mamário. 
CARCINOMA DUCTAL INFILTRANTE 
É o tipo de câncer de mama invasivo mais comum, correspondendo a 70 a 80% das 
lesões invasivas diagnosticadas após biópsia. 
A capacidade de provocar reação estromal é que produz diferentes formas de 
apresentação, determinando retração de pele quando há reação fibrótica intensa, 
ou abaulamentos quandoo crescimento é tuberoso e com pouca fibrose. 
Esta reação estromal pode ser intensa, resultando em estroma denso e firme, 
responsável por sua antiga denominação como carcinoma cirroso. Esta 
característica parece ser responsável pela frequente massa palpável de 
consistência pétrea ao exame clínico, e pela grande expressão radiológica e 
ultrassonográfica, com presença de lesão sólida típica dos carcinomas invasivos. O 
prognóstico é bom em casos de carcinoma ductal isolado, e péssimo em casos de 
metástases. 
CARCINOMA LOBULAR INFILTRANTE 
É pouco frequente. Corresponde a 5 a 10% na maioria das séries. O achado típico 
é de uma área mal definida, infiltrada, espessada na mama, com pouca expressão 
mamográfica. 
Apresenta maior tendência à bilateralidade e multicentricidade. Está mais 
associado ao uso da TH do que o câncer ductal invasivo. Normalmente não 
observamos lesão macroscópica. Microscopicamente, evidenciam-se células 
pequenas e ovais, que infiltram o estroma na forma característica, em “fila 
indiana”. A perda da coesão que caracteriza as células neoplásicas deste tipo 
histológico está relacionada com a perda da expressão do gene da molécula de 
adesão da E-caderina. Células em anel de sinete podem ser observadas. Em 2/3 dos 
casos há associação com o CLIS. Em alguns casos, o CDIS também pode estar 
presente. 
CARCINOMA MUCINOSO (COLOIDE) 
Possui crescimento lento e se distingue pelo acúmulo de mucina ao redor das 
células tumorais. Em determinadas situações, atinge grandes volumes. Parece ser 
mais comum em pacientes mais idosas. Normalmente apresenta aparência 
gelatinosa ao exame macroscópico, com tendência a serem bem circunscritos. É 
caracterizado por proliferação de grupamentos de células redondas, uniformes 
com mínima quantidade de citoplasma eosinófilo. Os grupamentos de células 
neoplásicas variam em tamanho e forma, podendo ser encontrados arranjos 
 
8 Proliferação Celular 
Hanna Briza 
tubulares, papilíferos, cribiformes ou trabeculares. Pertence ao grupo das lesões 
invasivas com bom prognóstico. 
CARCINOMA TUBULAR 
Responde por aproximadamente 2% dos carcinomas de mama. É caracterizado 
pela presença de estruturas tubulares ou glandulares bem formadas infiltrando o 
estroma. Os túbulos tendem a ser alongados, com presença de células colunares e 
frequentemente há protusões citoplasmáticas apicais. Raramente, apresenta 
metástases axilares. Também possui bom prognóstico. 
CARCINOMA MEDULAR 
Representa 5% dos carcinomas de mama. É circunscrito ao exame macroscópico e, 
em alguns casos, há presença de necrose ou hemorragia ao redor. As células 
tumorais são pouco diferenciadas (alto grau histológico) e possuem uma reação 
linfocitoplasmática em associação. 
São considerados os seguintes critérios anatomopatológicos para o diagnóstico de 
carcinoma medular: 
 Padrão de crescimento sincicial em mais de 75% do tumor; 
 Ser histologicamente circunscrito; 
 Estruturas glandulares e tubulares ausentes; 
 Células neoplásicas com núcleos muito pleomórficos, de alto grau (grau 3) 
e nucléolos evidentes; 
 Infiltrado inflamatório linfoplasmático. 
Todos esses critérios devem estar presentes para o seu diagnóstico. Normalmente, 
o prognóstico é mais favorável do que o do câncer ductal infiltrante, apesar da sua 
aparência histológica ruim. Ocorre mais frequentemente em pacientes mais jovens 
e tem sido associado a mutações do BRCA-1. 
DOENÇA DE PAGET 
É uma desordem do mamilo e aréola, caracterizada clinicamente pela aparência 
eczematoide, com a presença de erosão e descamação. Histologicamente, 
caracteriza-se pela presença de células tumorais que acometem a epiderme das 
papilas mamárias. É obrigatória a distinção deste tumor com o eczema areolar. A 
destruição da papila é a principal característica da doença de Paget. 
Ao contrário do eczema, afeta primeiramente o mamilo e em seguida a aréola. A 
realização da biópsia está indicada em caso de persistência do prurido apesar do 
uso de corticoterapia tópica. A biópsia objetiva a diferenciação entre eczema e 
doença de Paget. Estudos recentes têm evidenciado que o tratamento conservador 
da Doença de Paget pura com radioterapia é uma alternativa factível. 
CARCINOMA INFLAMATÓRIO 
É uma forma distinta de câncer de mama localmente avançado, caracterizado 
clinicamente por eritema, edema, calor e endurecimento da pele, com o aspecto 
característico em “casca de laranja” (peau d’orange). Pode haver ou não a presença 
de nódulo palpável. Histologicamente caracteriza-se pela invasão das células 
tumorais no sistema linfático regional e à distância. A biópsia deve ser realizada a 
partir de amostras da pele, tecido subcutâneo e parênquima. 
CARCINOMA PAPILÍFERO 
Responde por 1 a 2% dos carcinomas de mama. Incidem preferencialmente na pós-
menopausa. Normalmente, acometem a região central da mama. Constitui-se de 
nódulo não encapsulado de células neoplásicas epitelioides ou fusocelulares, sem 
papilas bem formadas. A ausência de células mioepiteliais no interior da lesão é 
característica. Frequentemente, manifesta-se com derrame papilar sanguinolento. 
HISTÓRIA NATURAL 
Com relação à história natural, calcula-se que, na maioria dos casos, o câncer de 
mama demora aproximadamente 8 anos (e trinta duplicações sucessivas) para 
chegar ao tamanho de 1 cm. Contudo, com 1 mm de diâmetro já teria capacidade 
de metastatização. 
Em seu crescimento, pode invadir a pele da mama, aréola e mamilo, determinando 
retrações e ulcerações. Sua disseminação metastática ocorre por via linfática e 
sanguínea. As metástases linfáticas podem acometer linfonodos axilares, 
mamários internos e supraclaviculares homolaterais; em menor frequência, 
 
9 Proliferação Celular 
Hanna Briza 
acometem também os linfonodos axilares e supraclaviculares contralaterais, 
chegando inclusive, em casos mais avançados, aos linfonodos de cadeias inguinais. 
As metástases sanguíneas podem ocorrer por invasão tumoral das veias ou por 
drenagem dos vasos linfáticos para o tronco venoso jugulo-subclávio. Os órgãos 
mais acometidos são pulmão, ossos, fígado e cérebro. Podem ocorrer metástases 
para os ovários, formando o denominado tumor de Krukemberg. 
QUADRO CLÍNICO 
Na fase inicial, o câncer de mama geralmente é assintomático, o que dificulta sua 
detecção precoce. O sinal mais detectado pela paciente é a presença de um nódulo 
endurecido na mama, o que ocorre em cerca de 80% dos casos; outras vezes a 
paciente relata a presença de um espessamento, leve endurecimento ou um 
discreto incômodo, queixa que deve ser valorizada pelo médico. 
Pode ocorrer saída espontânea de secreção pelo mamilo, sendo que a secreção 
hemorragia está mais associada à presença de lesão maligna. 
A dor mamária quase sempre está associada a lesões benignas. A retração do 
mamilo e da aréola geralmente surge associada a tumores maiores. Ainda nas 
formas mais avançadas, surge o edema cutâneo, com dilatação dos poros, o que 
determina um aspecto de casca de laranja. 
Ulcerações com infecção secundária e hemorragia também podem surgir nesta 
fase. A hiperemia cutânea ocorre nos casos mais avançados ou no carcinoma 
inflamatório; lesões eczematoides em mamilo e aréola ocorrem na doença de 
Paget. 
ANAMNESE E EXAME FÍSICO 
O diagnóstico do câncer começa com a anamnese, quando devem ser valorizadas 
pelo médico as queixas do paciente. O exame físico será de grande importante para 
a suspeita diagnóstica e orientação dos exames complementares. Este 
compreende inspeção (estática e dinâmica) e a palpação. 
 Na inspeção estática, a paciente fica sentada em frente ao médico, com os 
braços abaixados, apoiados sobre o joelho; será então observado se há 
alguma das alterações na pele da mama, coloração, simetria das mamas, 
aréolas e mamilos etc. 
 Na inspeção dinâmica, a paciente ergue os braços acima da cabeça; nesta 
posição podem surgir retraçõesde mamas, aréolas ou mamilos não visíveis 
na inspeção estática ou ocorrer a acentuação de pequenas alterações já 
existentes. A seguir, a paciente coloca as mãos sobre os quadris, que são 
pressionados, levando à contração dos músculos peitorais, o que poderá 
evidenciar tumorações fixas ao músculo. 
 A palpação deve ser feita com a paciente deitada e com as mãos sob a 
cabeça. Nesta posição, a palpação contra o gradil costal favorece a 
percepção de pequenos nódulos ou espessamentos. O aparecimento de 
nódulo de consistência elástica e móvel pode sugerir – na dependência da 
idade e das queixas da paciente – a presença de cisto ou de fibroadenoma. 
As neoplasias malignas geralmente apresentam-se como nódulos de 
consistência mais endurecida, às vezes pétrea, de pouca mobilidade ou 
como um espessamento endurecido e um pouco difuso. Com a paciente 
sentada, palpam-se as axilas e as fossas supraclaviculares na procura de 
linfonodos com aumento de tamanho e consistência. Aliás, toda a cadeia 
linfática pertinente a drenagem da mama deve ser avaliada: linfonodos 
cervicais, supraclaviculares e axilares. 
Obs.: Dividindo-se a mama em quatro quadrantes, temos a seguinte prevalência 
quanto a localização dos tumores: 50% no quadrante superior externo; 11% no 
quadrante inferior externo; 15% no superior interno; 6% no inferior interno. Na 
região retromamilar, temos a incidência de 18% dos tumores. Não há diferenças 
importantes entre a incidência na mama esquerda ou direita na literatura. 
Obs.: Lembre-se: a presença de tumor endurecido, de forma variável, contornos 
irregulares, limites imprecisos e fixo (aderido a planos profundos) ou pouco móvel 
é a apresentação clássica, mas nem sempre ela é encontrada. Não se esqueça que 
os tumores podem, ainda, se apresentar como assimetrias de volume 
importantes ou edema linfático de pele. Os casos avançados podem revelar 
abaulamentos e retrações da pele, ulcerações da pele ou da papila e tumores 
exofíticos. 
 
10 Proliferação Celular 
Hanna Briza 
PREVENÇÃO PRIMÁRIA 
Quimioprevenção 
A quimioprevenção é o termo usado para o uso de tamoxifen na prevenção 
primária ao câncer de mama. 
O tamoxifen funciona como um competidor do estrógeno pelos receptores 
hormonais presentes nas glândulas mamárias e nas células neoplásicas. Na 
realidade, o tamoxifen é uma droga análoga ao estrógeno, mas que realiza uma 
ação contrária a este hormônio nos receptores das células mamárias neoplásicas. 
O uso deste tratamento preventivo faz com que a célula mamária deixe de ser 
estimulada pelo estradiol. 
Este tratamento é utilizado apenas para mulheres que apresentam risco iminente 
em desenvolver tumores de mama, como mutações genéticas nos genes BRCA-1 e 
BRCA-2 que, quando sofrem mutação, os riscos aumentam em até 90% para que a 
mulher, durante a vida, desenvolva câncer de mama. Esta prevenção primária, 
quando utilizada para pacientes enquadrados em grupos de risco, reduz até 70% o 
risco de eles desenvolverem câncer. 
Mastectomia profilática 
Outra maneira de prevenção para aqueles casos de maiores riscos é a mastectomia 
profilática que é mais viável para aqueles casos em que há mutação dos genes 
BCRA (devido ao risco de 90% de desenvolver o câncer de mama). Nesta cirurgia, 
retira-se o parênquima mamário, buscando preservar a pele e o mamilo. Hoje em 
dia, contudo, a técnica vem caindo em desuso pois mesmo que o risco caísse 
consideravelmente, não zerava. Além disso, a autoestima e a satisfação das 
mulheres que realizam esta cirurgia não foi o esperado. 
RASTREIO (PREVENÇÃO SECUNDÁRIA) E DIAGNÓSTICO 
Enquanto a prevenção primária consiste na tentativa de eliminar as chances de 
manifestar a doença, a prevenção secundária consiste no diagnóstico precoce, 
sendo necessária, para isso, a realização de exames específicos. 
Devido aos poucos sinais e a nenhum sintoma do câncer inicial da mama, à 
constatação de que os melhores resultados terapêuticos ocorrem nos casos mais 
precoces e à inexistência de tratamento totalmente eficaz para o câncer avançado, 
o diagnóstico precoce adquire grande importância. 
Nos países desenvolvidos, os denominados screenings compreendem a associação 
do exame mamário mensal para mulher, exame clínico anual e mamografia. No 
Brasil, contudo, é impossível a realização de mamografias por toda a população 
feminina acima dos 35 anos de idade, mesmo bianualmente, devido ao seu custo. 
Os principais exames que servem para a realização de diagnóstico precoce são: 
Autoexame: 
O autoexame, como o próprio nome sugere, é aquele realizado pela própria 
paciente. É realizado de forma padronizada, sistemática e periódica, normalmente 
uma vez por mês e uma semana após o término da menstruação para as mulheres 
que estão na menacme. Só é capaz de identificar o nódulo em fase clínica (maior 
que 1 cm). Apesar de estudos observacionais iniciais demonstrarem um aumento 
na detecção de tumores e também na sobrevida, ensaios clínicos posteriores não 
conseguiram comprovar sua eficácia e ainda demonstraram existência de riscos à 
saúde associados à sua prática ao aumentarem o número de intervenções para 
doenças benignas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 Proliferação Celular 
Hanna Briza 
O autoexame não deve ser confundido com a prática ocasional da observação e 
autopalpação da mama, no contexto do conhecimento do próprio corpo. 
A autopalpação eventual da mama é uma estratégia de diagnóstico precoce do 
câncer, cujo objetivo é tornar as mulheres mais conscientes do aspecto normal de 
suas mamas, das variações normais e dos sinais de alerta. Dessa forma, a 
autopalpação contribui para ampliar a capacidade de identificar, de forma mais 
precoce possível, o aparecimento de sinais e sintomas suspeitos de câncer de 
mama, sem a necessidade de serem ensinadas a realizar um método padronizado 
de autoexame. 
Mamografia (MMG) 
A mamografia como método de detecção precoce deve ser realizada (conforme 
orientação da Sociedade Brasileira de Mastologia), primeiramente, aos 35 anos 
(mamografia de base), bianualmente dos 40 aos 49 e anualmente a partir dos 50 
anos. 
A radiação na realização da denominada mamografia de alta resolução é mínima 
(0,1 rad por incidência), o que não constitui risco para a paciente. Este tipo de 
mamografia permite analisar pequenas estruturas de até 0,2mm, como as 
microcalcificações. Está indicada para as pacientes com idade acima dos 35 anos, 
porque nos pacientes mais jovens o parênquima mamário é muito mais denso e 
radiopaco, o que dificulta sua interpretação. 
Quando há suspeita de neoplasia maligna, a mamografia poderá ser realizada em 
pacientes com limiar abaixo do citado. 
Os principais sinais radiológicos da malignidade são: 
 As microcalcificações (sinal mais precoce, mas que representam alterações 
benignas em 80% dos casos); 
 Nódulos de contornos especulados, estrelados ou lobulados, com densidade 
aumentada e com forma irregular; 
 Alterações do padrão arquitetural da mama, espessamento cutâneo e 
retração da pele e do complexo aréolo-papilar. 
 
Para um melhor entendimento da mamografia, criou-se a classificação bi-RADS, 
que padroniza os resultados e determina condutas a partir das chances de 
malignidade. 
 
 
 
 
 
 
 
Ultrassonografia 
É um bom método propedêutico que pode ser utilizado por pacientes com idade 
abaixo de 35 anos, pois, diferentemente da mamografia, permite uma melhor 
avaliação do parênquima mamário jovem, detectando nódulos em mamas mais 
densas, sendo importante também para o diagnóstico diferencial entre nódulos 
sólidos e cistos. Este método não detecta nódulos menores do que 0,5 cm e nem 
microcalcificações. 
É um método que assegura boa diferenciação entre nódulos sólidos e císticos. 
Alguns achados ultrassonográficos são sugestivos de malignidade, tais como: 
 Margens irregulares 
 Hipoecogenicidade e textura heterogênea (achadoinespecífico), 
 Diâmetro craniocaudal (anteroposterior) maior do que o diâmetro 
laterolateral (nódulo “mais alto que largo”) 
 Presença de sombra acústica posterior 
 Contornos microlobulares, entre outros. 
 
12 Proliferação Celular 
Hanna Briza 
 
Tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética 
São exames menos vantajosos do que a mamografia em termos de diagnósticos do 
tumor mamário. Contudo, podem ser complementares no estadiamento, 
permitindo um estudo mais detalhado dos linfonodos da axila, fossa 
supraclavicular e mediastino. 
Biópsia 
O diagnóstico definitivo é feito pela biópsia e exame citológico ou histológico. A 
biópsia de lesões suspeitas de malignidade, porém impalpáveis, detectadas pela 
mamografia, necessita ser realizada com a participação do radiologista. 
É realizada então uma biópsia excisional, sob anestesia local e incisão periareolar, 
sempre que possível, com retirada da área de tecido mamário ao redor do gancho 
(para identificação do tipo do tumor); o material é imediatamente radiografado e, 
no caso de ausência de lesão suspeita, uma nova ressecção deve ser realizada, mais 
ampla, ao redor da área anteriormente retirada. 
Confirmado pela radiologia, o material é então encaminhado para exame 
histopatológico. A biópsia por punção aspirativa com agulha fina (PAAF) é um 
procedimento simples, realizada em consultório ou ambulatório, com seringa 
descartável de 10 ml e agulha 25x7 (22G). 
O material colhido de nódulos líquidos devem ser colocados em um frasco 
contendo álcool absoluto na mesma quantidade do material aspirado. Este exame, 
porém, não fornece dados necessários ao patologista para o diagnóstico do tipo do 
carcinoma. 
No caso de nódulos sólidos ou espessamentos, após a introdução da agulha até o 
seu centro, o material recolhido é posto sobre uma lâmina de vidro para avaliação 
citológica. 
Outro procedimento diagnóstico é a punção com agulha grossa, com retirada de 
fragmento histológico (core-biopsy), indicada para lesões impalpável da mama. 
Nos casos em que ocorre saída de secreção pelo mamilo, a citologia poderá 
detectar – principalmente nas descargas sanguinolentas – a presença de um 
carcinoma intraductal. A secreção deve ser colhida colocando-se uma lâmina de 
vidro sobre a gota do derrame, evitando-se tocar na superfície do mamilo. Realiza-
se então um esfregaço e a lâmina é imediatamente fixada em álcool e encaminhada 
para exame. 
Obs: O diagnóstico das metástases por via sanguínea pode ser feito com a 
realização de radiografias de tórax, cintilografias ósseas e cerebral, 
ultrassonografia abdominal e pélvica, tomografia computadorizada e 
ressonância nuclear magnética. É realizada também a dosagem dos marcadores 
CA 15.3 e antígeno cárcino-embrionário (CEA). 
RASTREIO SEGUNDO O MINISTÉRIO DA SAÚDE: 
BAIXO RISCO (QUEM NÃO É ALTO RISCO) 
 Exame clínico anual a partir dos 40 anos 
 Clínico + MMG anuais (máximo de 2 anos) a partir dos 50 – 69ª 
 
ALTO RISCO (PARENTE DE 1º GRAU COM CÂNCER < 50 ANOS, PARENTE DE 1º 
GRAU COM CÂNCER BILATERAL, PARENTE MASCULINO COM CÂNCER DE MAMA) 
 Clínico + MMG anuais a partir dos 35 anos 
 
ESTADIAMENTO 
 
O estadiamento do câncer de mama é de fundamental importância para o 
planejamento terapêutico e o prognóstico. A mais atual e utilizada classificação é 
 
13 Proliferação Celular 
Hanna Briza 
a do Sistema TNM (Tumor – linfonodos – metástases a distância), correlacionada 
ao estádio clínico e preconizadas pela AJCC (American Joint Committee of Cancer 
Staging) e UICC (Union Internationale Contre le Cancer). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRATAMENTO 
O tratamento do câncer de mama, à exceção de alguns casos iniciais, é realizado 
de forma multidisciplinar, englobando a cirurgia, radioterapia, quimioterapia 
antineoplásica, endocrinoterapia e, em muitos casos, a psicoterapia. 
Cirurgia 
Exceção feita a um pequeno grupo de neoplasias malignas da mama, a cirurgia deve 
ser o primeiro meio de cura deste câncer. É inclusive a forma de tratamento mais 
antiga do câncer de mama (realizada no século II a.C. por Galeno e em 1883 por 
William Halsted). 
A cirurgia consiste na retirada da lesão neoplásica e no restante da mama, 
incluindo, na maioria das vezes, a retirada de linfonodos axilares (esvaziamento 
axilar). A retirada da mama e dos linfonodos axilares consiste na mastectoma 
radical. Existe ainda um procedimento conservador realizado casos com 
diagnóstico precoce, que substitui a mastectomia radical pela quadrantectomia 
(retirada do quadrante mamário acometido pelo tumor), linfadenectomia axilar e 
radioterapia de mama. 
Contudo, a retirada da cadeia de linfonodos axilares resulta em consequências 
desagradáveis como edema no membro superior correspondente, tendência à 
celulite, dor, erisipela, dormência, etc. Portanto, para avaliar a real necessidade da 
retirada desses linfonodos, faz-se a técnica do linfonodo sentinela: cerca de 3 a 4 
horas antes da cirurgia de mastectomia, o cirurgião injeta um corante (como o azul 
de metileno) na região. 
Sabidamente, como toda a drenagem linfática da mama passa pelos linfonodos 
axilares, observa-se que o primeiro linfonodo a se corar é o chamado linfonodo 
sentinela. Nesse momento, o cirurgião retira o linfonodo e repassa-o para o 
patologista (presente na sala de cirurgia), o qual realizará, por meio de um processo 
conhecido como congelação, a avaliação desse linfonodo, vasculhando possíveis 
células metastáticas que porventura teriam alcançado a corrente linfática daquela 
mama. Se o resultado for negativo, o cirurgião pode decretar a cirurgia como 
encerrada, sem ser necessária a retirada dos linfonodos, partindo apenas para a 
ressecção da lesão na mama. Caso contrário, é aconselhável a realização da 
quadrantectomia radical. 
 
 
 
 
 
14 Proliferação Celular 
Hanna Briza 
Nos sarcomas, o tratamento cirúrgico indicado é a mastectomia total, sem 
linfadenectomia axilar, pois a metastatização ganglionar destes tumores é muito 
rara. 
Quimioterapia antineoplásica 
Este tratamento compreende a quimioterapia adjuvante (realizada após a cirurgia, 
com o intuito de destruir as micrometástases existentes), a quimioterapia 
neoadjuvante ou primária (com a finalidade de reduzir tumores volumosos, 
facilitando o procedimento cirúrgico e melhorando os resultados de sobrevida e 
intervalo livre de doença) e a quimioterapia do câncer metastático. 
Radioterapia 
Radioterapia do câncer de mama está geralmente associada aos demais 
procedimentos terapêuticos, estando indicada após a cirurgia conservadora da 
mama (5000 cGy em cinco semanas). Está indicada também nos casos avançados, 
com finalidade paliativa e antálgica, e nas metástases ósseas e cerebrais. 
 
Endocrinoterapia (hormonioterapia) 
Pode ser ablativa ou aditiva, adjuvante ou para tratamento de doença metastática. 
É indicada principalmente para aqueles tumores que ainda apresentam receptores 
de estrógeno e progesterona (avaliados pela imunohistoquímica), isto é, 
receptores hormonais positivos. 
A endocrinoterapia ablativa é realizada através da ooforectomia, nas pacientes em 
pré-menopausa e, em alguns casos, da adrenalectomia. A endocrinoterapia aditiva 
é realizada com o tamoxifen (20 mg por dia, via oral, durante dois anos; droga 
sintética de ação antiestrogênica, que, competindo com o estrógeno, liga-se aos 
receptores deste hormônio formando o complexo receptor-tamoxifen que, 
translocado para o núcleo da célula, impede a divisão celular) e o acetato de 
megestrol (160 mg por dia, via oral; é um agente progestagênico que apresenta 
atividade antitumoral mediada através dos receptores de progesterona, tendo 
também in vitro uma ação citotóxica direta em cultura de células malignas 
humanas de câncer de mama). 
Obs: Sabe-se ainda que, antes da menopausa, a principal fonte de estrógenos na 
mulher é o ovário,sendo seguida pelo córtex da adrenal e pela gordura. Após a 
menopausa, o córtex da adrenal contribui com a maior parte da produção por 
meio da conversão de colesterol por meio da enzima aromatase. Portanto, o uso 
de inibidores de aromatase nas mulheres pós-menopausa vem constituindo um 
tratamento muito importante, sendo mais viável que o próprio tamoxifen. A 
vantagem do tratamento com inibidores de aromatase com relação ao 
tamoxifeno está na ação não específica desta droga: por agir como o estrógeno, 
além de agir sobre as células da mama, ele estimula o endométrio, podendo 
causar neoplasias endometrais. Além disso, o uso de tamoxifen predispõe o 
aparecimento de efeitos colaterais diversos: tromboses pulmonares, 
amenorreias, etc. Os inibidores de aromatase, por sua vez, podem causar dores 
articulares e não protege a massa óssea como faz o tamoxifen. 
Tratamento por anti-corpos monoclonais 
20% dos casos de câncer de mama apresentam células neoplásicas que expressam 
uma proteína de membrana que serve como um sinalizador tumoral denominado 
cerbB2. Esta proteína, quando presente, sinaliza ao núcleo um estímulo de 
replicação celular, o que significa que, pacientes que expressam esta proteína têm 
uma tendência maior ao crescimento do tumor. 
Hoje em dia, são disponibilizados tratamentos com anticorpos monoclonais que 
agem sobre essas proteínas e diminuem a sua expressão, melhorando o 
prognóstico desses pacientes. Há também medicamentos como o avastrim que age 
sobre a angiogênese, diminuindo a formação de novos vasos no local da lesão 
neoplásica. 
 
15 Proliferação Celular 
Hanna Briza 
Obs: Tratamento da doença localmente avançada: 
▪ Tumores operáveis: mastectomia com esvaziamento axilar para depois fazer 
uso de quimioterapia adjuvante. 
▪ Tumores inoperáveis: quimioterapia neoadjuvante e, só depois, a cirurgia. 
FORMAS ESPECIAIS DE CÂNCER DE MAMA 
DOENÇA DE PAGET 
É o tipo de câncer de mama que se caracteriza clinicamente pela presença de 
uma lesão eczematoide e crostrosa, de coloração avermelhada, no mamilo e na 
aréola. Pode estar associada ou não a doença palpável. 
Histologicamente, caracteriza-se por células grandes, com citoplasma pálido e 
núcleos grandes, irregulares e hipercromáticos. 
O diagnóstico diferencial mais importante deve ser feito com o eczema da aréola, 
geralmente de natureza alérgica. O tratamento consiste na mastectomia radical. 
CÂNCER DE MAMA NO HOMEM 
 
Ocorre em cerca de 1% dos casos de câncer de mama. Caracteriza-se geralmente 
por um nódulo endurecido, retroareolar e indolor. Pode haver retração do mamilo 
e da aréola, saída de secreção hemorrágica e ulceração. 
O diagnóstico, apesar de ser mais precoce do que na mulher, devido ao escasso 
parênquima glandular, muitas vezes é retardado pelo não-comparecimento do 
paciente ao médico, que pensa tratar-se de alterações sem gravidade. O 
diagnóstico diferencial mais importante é com a ginecosmastia (que é mais 
frequente, de acometimento bilateral, mas que também pode ser unilateral). A 
mamografia e a ultrassonografia são muito úteis na propedêutica, que se completa 
com a cito-punção e a biópsia. 
O tratamento básico é a cirurgia de Patey (retirada da mama acometida e de seus 
respectivos linfonodos, preservando as massas musculares), nos casos sem 
infiltração do músculo peitoral maior ou a cirurgia de Halsted (retirada da mama 
comprometida, dos músculos peitoral maior e menor e dos linfonodos axilares, 
tudo em monobloco), nos casos com infiltração. 
CARCINOMA INFLAMATÓRIO 
 
É uma das formas mais graves de câncer de mama devido à rapidez com que se 
desenvolve. Caracteriza-se pela presença de êmbolos tumorais nos vasos linfáticos 
subdérmicos, representando-se clinicamente por eritema, edema, tumefação, 
calor e dor. 
A sua incidência é baixa. Com a evolução do quadro clínico, o eritema passa a 
acometer toda a mama, com coloração variando de vermelha a púrpura; a mama 
fica endurecida e pode ocorrer ulceração, retração de papila e aréola e edema 
cutâneo (com aspecto de casca de laranja). Apresenta metástases auxiliares 
rapidamente, evoluindo a seguir com metástases em fossa supraclavicular e 
metástases a distância. 
O diagnóstico diferencial deve ser feito com a mastite aguda (esta geralmente 
ocorre em mulheres na fase puerperal, associada à dor intensa, febre e 
leucocitose), com a doença de Paget nas fases mais avançadas e com mastite de 
células plasmáticas. 
O tratamento básico para o carcinoma inflamatório não disseminado é iniciado 
com a quimioterapia antineoplásica (três ciclos com esquema FAC); nos casos com 
remissão completa, o tratamento é completado com radioterapia e mais oito ciclos 
de FAC; nos casos com remissão parcial, mastectomia radical (em última instância) 
e mais oito ciclos de FAC; nos casos sem remissão, radioterapia, mastectomia 
radical e quimioterapia antineoplásica.

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