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Universidade Estadual do Maranhão Centro de Ciências Agrárias Curso de Medicina Veterinária Anatomia Descritiva dos Animais Domésticos Região Perineal Gracy Chrisley Jessica Behenck Lorena Veríssimo Marlyne Garcia Martha Bianca Pedro Henrique Sara Regina São Luís 2020 Região Perineal O períneo é a região da saída pélvica, Tem início na base da cauda, alcançando a margem caudal do úbere ou escroto; Inclui as regiões anal e urogenital. B A Representação do períneo e das regiões proximais do membro pélvico (vista caudal) - A) VACA; B) ÉGUA König, 2016. A região perineal é de grande interesse Clínico e Cirúrgico devido à frequência de ocorrência de adenomas e hérnias perineais em cães machos idosos. O períneo é a região da saída pélvica. Inclui as regiões anal e urogenital. Na superfície do corpo do cão é limitada pela cauda dorsalmente, pelo escroto ou comissura ventral da vulva ventralmente e pela pele que cobre os músculos glúteos superficiais e obturadores internos pareados e a tubera ischiadicum lateralmente. Profundamente, o períneo é delimitado pela terceira vértebra caudal acima, os ligamentos sacrotuberosos lateralmente e pelo arco do ísquio ventralmente. 2 Divisão da Região Perineal Fossa Isquiorretal Fáscia Perineal Fáscia Perineal Superficial Fáscia Perineal Profunda Diafragma Pélvico Corpo Perineal (Centro Tendínio) Músculos: Túber isquiático Ligamento sacroisquiático M. Coccígeo M. Levantador do Ânus M. Esfíncter Externo do Ânus ânus Diafragma urogenital M. Constritor do Vestíbulo Vulva M. Constritor da Vulva M. Retrator do clitóris Tecido adiposo na fossa isquiorretal Fáscia Perineal Figura: Músculos Perineais da Vaca Fonte: Dyce; Sack; Wensing, 2010 M. Coccígeo, M. Levantador do Ânus, M. Isquiouretral, M. Bulboesponjoso, M. Isquiocavernoso, M. Obturador Interno, M. Esfíncter Externo do Ânus, M. Constritor do Vestíbulo, M. Constrictor da Vulva, M. Cremaster e M. Retrator do Pênis. Desta forma, a região perineal é definida como a parte do tronco abaixo do diafragma da pelve, que consiste em um espaço losângular com os mesmos limites que a abertura inferior da pelve. O centro tendíneo do períneo ou corpo perineal é uma massa fibro-muscular localizada no plano mediano entre o canal e o diafragma urogenital, com o qual se funde vários músculos e se prendem ao centro tendíneo. Estes são os músculos transversos superficiais e profundos do períneo, Musculus bulbospongiosus, M. levator ani, M. sphincter ani externus e o músculo liso da túnica longitudinal do reto. Além destes músculos, as fáscias superficial e profunda do períneo e as fáscias superior e inferior do diafragma urogenital prendem-se a ele (Gray et al.1988) e são importantes na sustentação das vísceras pélvicas. Existe ainda um segundo grupo de músculos perineais que são: o diafragma urogenital o qual ocupa o períneo anterior e se distinguem em músculos profundos e músculos superficiais, sendo eles: M. transversus perinei superficialis, M ischiocavernosus e M. bulbospongiosus (Watanabe 2000). 3 É uma depressão profunda em forma de cunha localizada lateralmente às porções pélvicas terminais dos tubos digestivo e urogenital e do diafragma pélvico. Delimitada pelos músculos: Músculos esfíncter externo do ânus, Músculo coccígeo medialmente, Músculo elevador do ânus medialmente, Músculo obturador interno ventralmente, Músculo glúteo superficial lateralmente (MUÑOZ et al., 2000). Fossa Isquiorretal Fossas Isquiorretais Fossas Esquiorretais (preenchido por tecido gorduroso) Fonte: Evans & De Lahunta, 2013 Inclui as fáscias adjacentes da cauda, região pélvica e coxa que convergem no ânus, envolvendo a saída pélvica. Dividido em: Fáscia Perineal Superficial forma a matriz na qual é elaborada a gordura da Fossa Isquiorretal; contém vasos perineais e nervos; contínuo com a fáscia superficial da pelve, coxa e cauda. Fáscia Perineal Profunda cobre a superfície dorso-medial do músculo obturador interno; a combinação dessa fáscia pélvica com os músculos coccígeo e levantador do ânus emparelhados é chamada de diafragma pélvico. Fáscia Perineal 6 Fáscia Perineal Figura: Vista ventral do roedor (Lagostomus maximus). A) Formato losangular do diafragma da pelve. B) Fáscia superficial do períneo. C) Fáscia profunda. Músculo Obturador Interno Origem: ísquio, do púbis e do arco isquiático Inserção: na fossa trocantérica Presente em carnívoros e equinos M. Coccígeo M. Levantador do ânus M. Esfíncter anal externo M. Obturador Interno M. Isquiocavernoso M. Semitendinoso M. Semimembranoso M. Restrator do pênis M. Bulboesponjoso Fonte: Dyce; Sack; Wensing, 2010 Vista Caudal M. Obturador Interno Músculos do gato Músculos do cão 8 Fonte: Evans & De Lahunta, 2013 M. Esfíncter Externo do Ânus M. Levantador do Ânus M. Coccígeo M. Isquiocavernoso M. Isquiouretral Sínfise pélvica M. Constrictor da Vulva M. Constrictor do Vestíbulo M. Refrator do Clitóris M. Esfíncter externo do ânus M. Retococcígeo Vista Lateral Origem: circunda o ânus, cobre o esfíncter interno. 9 O diafragma pélvico (diafragma pelve) em mamíferos quadrúpede é o fechamento vertical da cavidade pélvica através pelo qual o reto passa. Os dois músculos do diafragma pélvico são: Músculo Coccígeo Músculo Levantador do Ânus. Diafragma Pélvico Imagem: Reconstrução do diafragma pélvico de cão pelo método tradicional de suturas. Fonte: Mortari & Rahal, 2005 10 M. Coccígeo Origem: espinha isquiática cranial ao músculo obturador interno. Inserção: nos processos transversos das vértebras caudais (Ca2 a Ca5). Fonte: App Vet-Anatomy, versão 1.21.4 Vista Medial Origem Inserção Ca 2 Ca 3 Ca 4 Ca 5 Fonte: Evans & De Lahunta, 2013 M. Coccígeo M. Levantador do Ânus M. reto M. Retrator do pênis M. Levantador do Ânus M. Retrator do pênis M. Bulboesponjoso Seio paranal M. Esfíncter Externo Anal M. Retococcígeo Vista Lateral Vista Caudal M. Coccígeo M. Coccígeo O músculo coccígeo origina-se do interior do ligamento sacrotuberal largo em ruminantes, no suíno e no equino. Em carnívoros ele se origina no sentido cranial ao músculo obturador interno desde a espinha isquiática e se insere nos processos transversos da 1a vértebra caudal entre as partes dos músculos intertransversários da cauda. Sua atuação bilateral pressiona a cauda contra o ânus e a genitália e a retrai entre os membros pélvicos. A ação unilateral flexiona a cauda lateralmente. 11 M. Coccígeo M. Levantador do Ânus Vista Lateral M. Glúteo profundo M. Glúteo medial M. Glúteo superficial Ligamento sacrotuberoso M. Levantador do Ânus Origem: M. Iliocaudal - borda medial da diáfise do ílio. M. pubocaudal - na superfície dorsal do ramo do púbis e em toda a sínfise pélvica Inserção: Processos hemais das primeiras vértebras caudais Dividido em duas partes: M. Iliocaudal M. pubocaudal Fonte: Evans & De Lahunta, 2013 M. Coccígeo M. pubocaudal M. iliocaudal Vista Ventral M. Levantador do Ânus Músculos do cão O músculo iliocaudal e o músculo pubocaudal estão presentes apenas em carnívoros e fazem parte dos músculos levantadores do ânus. O músculo iliocaudal forma a parte do ílio do músculo levantador do ânus, originando-se da face medial do corpo ilíaco. O músculo pubocaudal compõe a parte púbica, emergindo do assoalho da pelve ao longo da sínfise pélvica. O nervo obturatório (n. obturatorius) passa entre as duas partes. As fibras de ambas as partes irradiam-se na fáscia da cauda ou terminam nos processos hemais da 1a à 3a (gato) ou da 4a à 7a (cão) vértebra caudal. 12 O centro tendíneo do períneo ou corpo perineal é uma massa fibro-elástica, localizada no plano mediano entre o canal anal e o diafragma urogenital; Delimitada pelos músculos: Músculo Bulboesponjoso, Músculo Pubococcígeo, Músculo Esfíncter anal externo, Músculo Esfíncter da uretra. Além destes músculos, as fáscias superficial e profunda do períneo, as fáscias inferior e superior do diafragma urogenital e a fáscia inferior do diafragma pélvico também se prendem a ele. Centro Tendíneo do Períneo ou Corpo Perineal 13Centro Tendíneo do Períneo ou Corpo Perineal M. Esfíncter da Uretra Origem: ligamento transverso do períneo. Inserção: se prendem no centro tendíneo do períneo. Figura: Músculos e Glândulas genitais acessórias do touro. König; Liebich, 2016 König; Liebich, 2016 Figura: Músculos e Glândulas genitais acessórias do gato e do cão. Músculos Genitais 16 M. Levantador do Ânus M. Coccígeo M. Isquiocavernoso M. Isquiouretral Sínfise pélvica M. Constrictor da Vulva M. Constrictor do Vestíbulo M. Refrator do Clitóris M. Esfíncter externo do ânus M. Retococcígeo Vista Lateral Origem: arco isquiático Inserção: raiz do pênis Fonte: Evans & De Lahunta, 2013 Vista Caudal M. Isquiocavernoso Origem M. Isquiocavernoso M. Isquiocavernoso Inserção Os músculos isquiocavernosos pares são fortes, emergem do arco isquiático e envolvem os pilares até a altura de sua fusão na raiz do pênis. 17 M. Bulboesponjoso Fonte: Evans & De Lahunta, 2013 M. Bulboesponjosa M. Retrator do pênis M. Isquiocavernoso M. Isquiuretral M. Obturador Interno M. Esfíncter Externo Anal M. Levantador do Ânus M. Coccígeo M. Retococcígeo Origem: continuação extrapélvica do músculo uretral estriado. OBS: Em animais com pênis fibroelástico, ele se limita ao terço proximal do pênis. Inserção: no pênis. O músculo bulboesponjoso é a continuação extrapélvica do músculo uretral estriado, o qual envolve a parte pélvica da uretra. Ele se prolonga distalmente na superfície do corpo esponjoso em uma distância que varia conforme o tipo de pênis. Em animais com pênis fibroelástico, ele se limita ao terço proximal do pênis; no garanhão, ele prossegue até a extremidade do pênis 18 Músculo Retrator do Pênis M. Bulboesponjosa M. Retrator do pênis M. Isquiocavernoso M. Isquiuretral M. Obturador Interno M. Esfíncter Externo Anal M. Levantador do Ânus M. Coccígeo M. Retococcígeo Uretra Próstata Tuber Isquiático Uretra Bulbo do Pênis Origem: surgem indiretamente da primeira e segunda vértebras caudais e misture-se com os esfíncteres anais e os músculos elevadores do ânus. Inserção: no pênis em fórnice do prepúcio. Fonte: Evans & De Lahunta, 2013 O músculo retrator do pênis também é par e emerge das vértebras caudais, descendo através do períneo ao redor do ânus para alcançar o pênis. Em espécies com uma flexura sigmoide (ruminantes e suíno), ele se fixa ao arco caudal dessa flexura; em espécies com pênis musculocavernoso, ele segue o músculo bulboesponjoso até a extremidade do pênis. O músculo retrator compõe-se principalmente de fibras musculares lisas. Existem quatro músculos penianos extrínsecos pareados no cão (ver Figs. 9-18A e B a 9-20). Os músculos retratores do pênis, composto principalmente de fibras musculares lisas (Fisher, 1917), surgem indiretamente da primeira e segunda vértebras caudais e misture-se com os esfíncteres anais e os músculos elevadores do ânus. Cada corre ventralmente ao longo da borda periférica do esfíncter anal para a superfície uretral do pênis, e se insere no pênis em o fórnice do prepúcio. Bandas de fibras musculares deixam o retrator do pênis ao nível da borda caudal do escroto e se dispersam no septo escrotal. 19 M. Cremaster Origem: margem livre caudal do oblíquo abdominal interno. Inserção: no espermático a camada parietal da túnica vaginal. Figura: Estruturas de testículos e escroto. A) testículo direito, face lateral. B) Testículo esquerdo, face medial. Fonte: Evans & De Lahunta, 2013 M. Cremaster M. Cremaster Ductos deferentes Bolsa testicular Corpo do epididimio testículo Cauda do epididimio Cabeça do epididimio plexo pampiniforme de venis Tunica pariental vaginal plexo pampiniforme de venis 20 Figura A e B: Músculos da genitália da fêmea, vista caudal. Origem: surge da fáscia caudal ventral para a primeira e segunda vértebras caudais Inserção: circunda o m. constritor da vulva até o ponto onde a uretra entra no trato genital. Fonte: Evans & De Lahunta, 2013 M. Isquiocavernoso M. Constritor da Vulva M. Constritor do Vestíbulo M. Isquiuretral Túber Isquiático M. Esfíncter Externo do Ânus M. Coccígeo M. Levantador do Ânus M. Retococcígeo M. Sacrocaudal Ventral Lateral M. Obturador Interno A M. Coccígeo Túber isquiático Ligamento sacroisquiático M. Levantador do Ânus M. Esfíncter Externo do Ânus ânus Diafragma urogenital M. Constritor do Vestíbulo Vulva M. Constritor da Vulva M. Retrator do clitóris Tecido adiposo na fossa isquiorretal Fáscia Perineal B M. Constritor do Vestíbulo 21 M. Constritor da Vulva Figura: Músculos da genitália da fêmea, vista caudal. M. Constritor da Vulva Origem: surge da fáscia caudal ventral para a primeira e segunda vértebras caudais Inserção: circunda a vulva e vestíbulo até o ponto onde a uretra entra no trato genital. Fonte: Evans & De Lahunta, 2013 Imediatamente caudal ao m. Constrictor vestibuli é o músculo constritor vulvar relativamente fino (m. constrictor vulva), que é o músculo dos lábios. Este músculo é contínuo dorsalmente com o esfíncter anal externo, originando-se da fáscia caudal ventral à primeira e segunda vértebras caudais, e circundando a vulva e o vestíbulo aproximadamente 1 cm caudal ao ponto onde a uretra entra no trato genital. O músculo constritor da vulva funde-se ligeiramente com o constritor vestibular. Os constritores vulvares se fundem abaixo da vulva, cranial à comissura ventral. Eles levantam os lábios dorsalmente antes da intromissão do pênis, permitindo que ele entre na vagina com mais facilidade. Os constritores vestibular e vulvar juntos são homólogos aos músculos bulbospongiosus do homem. Eles ficam superficiais aos bulbos vestibulares. Suas contrapartes no homem são periféricas ao bulbo do pênis. 22 HERNIA PERINEAL EM CÃES A hérnia perineal resulta do enfraquecimento e separação dos músculos e fáscias que formam o diafragma pélvico Ocorre entre os músculos esfíncter externo do ânus e elevador do ânus e, ocasionalmente, entre os músculos elevador do ânus e coccígeo. Imagem :Anatomia cirúrgica dos músculos que compõe o diafragma pélvico do cão Fonte: Mortari & Rahal, 2005 SINAIS CLÍNICOS E DIAGNÓSTICO O diagnóstico baseia-se na história clínica, sinais clínicos, bem como exames físicos, radiográficos e ultra-sonográficos Tenesmo Constipação Aumento de volume perineal Imagens: hérnia perineal em cães Fonte: google fotos PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS O reconhecimento anatômico das estruturas que compõem o períneo é essencial para a realização dos diferentes procedimentos cirúrgicos. O períneo é circundado dorsalmente pela terceira vértebra caudal, pelos ligamentos sacrotuberosos em ambos os lados e pelo arco do ísquio ventralmente (ANDERSON et al., 1998). Alguns métodos de procedimento cirúrgicos são, método tradicional de suturas, transposições do músculo obturador interno, músculo semitendinoso, o glúteo superficial e Colopexia e cistopexia por fixação dos ductos deferentes. Imagem: Demonstração da reconstrução do diafragma pélvico de cão pelo método tradicional de suturas. Fonte: Mortari & Rahal, 2005 EVANS, Howard E.; DE LAHUNTA, Alexander. Miller's anatomy of the dog-E-Book. Elsevier Health Sciences, 2013. IMAOS SAS. 2016. Vet-Anatomy versão 1.21.4. Acesso em 07 de novembro de 2020. Disponível em: Play Store. KÖNIG, Horst Erich; LIEBICH, Hans-Georg. Anatomia dos animais domésticos : texto e atlas colorido [recurso eletrônico] – 6. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2016. MORTARI, AC & RAHAL, SC. 2005. Hérnia perineal em cães. Ciência Rural, Santa Maria, v35, n.5, p.1220-1228 https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-736X2012000200016&lng=en&nrm=iso&tlng=pt www.cirurgia.vet.ufba.br https://sieantigoportaleducacao.com.br https://pt.scribd.com/document/369394433/Anato-II-Aula-14-Orgaos-Genitais MORTARI & RAHAL.Perineal hernia in dogs. Ciência Rural, Santa Maria, v35, n.5, p.1220-1228, set-out,2005. PIERI, Naira C.G et al . 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