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[7290 - 21019]historia_e_desenvolvimento_do_pensamento_contabil

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1UNIDADE 1História e desenvolvimento do pensamento contábil
Objetivos de aprendizagem
 � Aprender sobre a história e a origem do pensamento 
contábil.
 � Saber como aconteceu a evolução da Contabilidade.
 � Compreender os conceitos e as abordagens básicas da 
Contabilidade.
 � Identificar o campo de atuação da Contabilidade e 
quem são seus usuários.
Seções de estudo
Seção 1 História e origem da Contabilidade
Seção 2 O desenvolvimento do pensamento contábil
Seção 3 Conceitos e abordagens básicas da 
Contabilidade
Seção 4 O campo de aplicação da Contabilidade e 
seus usuários
Seção 5 A função da Contabilidade e do contador
Seção 6 As técnicas contábeis
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Nesta primeira unidade, você deverá conhecer a origem do 
pensamento contábil e compreender como se desenvolveu até 
chegar à estrutura atual. Isto é fundamental para a sua formação, 
já que lhe permitirá formar uma base conceitual sólida sobre a 
Contabilidade, bem como estabelecer a devida relação desta com 
as demais disciplinas ao longo do curso.
Seção 1 – História e origem da Contabilidade
A sociedade atual é resultado de um conjunto de conhecimentos 
adquiridos, aprimorados e ressignificados ao longo de anos, e que 
chegaram até nós por meio das tradições e/ou fontes documentais 
de diversas naturezas, ‘relatando’ fatos ocorridos no passado da 
humanidade.
A análise de tais documentos faz pensar que o conhecimento 
acerca da Contabilidade é tão antigo quanto a própria origem do 
homem. 
Deste modo, durante o que se convencionou chamar de 
‘Pré-história’, o homem já controlava suas posses de alguma 
forma e representava o tamanho de sua riqueza por meio de 
desenhos.
Qual a origem da Contabilidade?
A Contabilidade surgiu com as civilizações, para mensurar e 
controlar as posses materiais dos seres humanos.
O livro de Jó é considerado o mais antigo da Bíblia. Marion 
(2003, p.30 e 31) apresenta-nos uma análise daquilo que 
podemos considerar como um exemplo de registro contábil dos 
mais antigos:
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Contabilidade I
Unidade 1
Se abrirmos a Bíblia em seu primeiro Livro, Gênesis, 
entre outras passagens que sugerem a Contabilidade, 
observamos uma “competição” no crescimento da riqueza 
(rebanho de ovelhas) entre Jacó e seu sogro Labão (+- 
4.000 a.C.). Se a riqueza de Jacó crescia mais do que a 
de Labão, para conhecer esse fato, era necessário um 
controle quantitativo, por mais rudimentar que fosse.
Como a Contabilidade se desenvolveu através dos tempos?
Ao observarmos a cronologia da história universal a partir de 
nossos conhecimentos, podemos tentar imaginar como foi esta 
evolução dos tempos em relação à Contabilidade. 
A Pré-História vai até, aproximadamente, 3.500 a.C., e a ‘Idade 
Antiga’ segue avançando até 476 d.C., remontando um período 
de, aproximadamente, 4000 anos. Período este de muitas 
guerras, descobrimentos, inventos e conquistas. Com relação à 
Contabilidade, especificamente, este período e, apresentou uma 
evolução muito lenta até o aparecimento da moeda:
Na época de troca pura e simples de mercadorias, os 
negociantes anotavam as obrigações, os direitos e os bens 
perante terceiros, porém, obviamente, tratava-se de mero 
elenco de inventário físico, sem avaliação monetária. 
(IUDÍCIBUS, 1997, p. 30).
Em 476 de nossa era, inicia o que se convencionou chamar de 
‘Idade Média’, a qual perdurou até 1453 d.C., aproximadamente. 
Então, ocorreu intensa migração dos diversos povos, causada, 
entre outros fatores, pelas guerras. Estas, podemos pensar, 
expressam a preocupação em acumular propriedades e riquezas, 
o que é uma constante, tanto para o homem da Antiguidade 
quanto para o homem contemporâneo. 
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Uma das consequências das Cruzadas (séc. XII – XIII) foi o 
efetivo impulso nas atividades de comércio. Em decorrência, 
ocorreu o aumento gradual da população e o aumento do poder 
aquisitivo dessa população. Nesse contexto de desenvolvimento, 
e à medida que cresciam as posses, aumentava a complexidade 
das ações. Dessa forma, os homens tiveram que aperfeiçoar 
seu instrumento de avaliação da situação patrimonial, e 
isto contribuiu muito para o aprimoramento das técnicas da 
Contabilidade. 
Segundo Silva (1991, p.32), na Itália, no final do séc. XIV, já 
havia registros de profissionais que operavam como contadores, 
então chamados de cadernitas.
Com o irromper da Idade Moderna, que costuma ser datada a 
partir de 1453 d.C, a Contabilidade tomou corpo, impulsionada 
pelos controles advindos das atividades de comércio e simples 
controles de alguns comerciantes. Tal impulso se constata com a 
publicação do livro Summa de Arithmetica, Geométrica, Proportioni 
Et Proportionalitá, publicado pelo frade franciscano Luca Pacioli, 
em Veneza (Itália), no ano de 1494, apenas dois anos após a 
chegada de Colombo à América.
Nesta obra, frei Luca Pacioli escreveu sobre o Método das 
Partidas Dobradas, que consiste no raciocínio em que se baseiam 
os lançamentos contábeis numa equação constante entre débito e 
crédito, ou seja, para cada débito deve haver, como contrapartida, 
um crédito, ou mais de igual valor, e vice-versa. Usados há um 
pouco mais de 500 anos, seus comentários sobre a Contabilidade 
são tão relevantes quanto atuais.
FREI LUCA PACIOLI 
Escreveu Tratactus de Computis et Scripturis 
(Contabilidade por Partidas Dobradas), publicado 
em 1494, enfatizando que a teoria contábil do 
débito e do crédito corresponde à teoria dos 
números positivos e negativos.
As Cruzadas são 
tradicionalmente 
definidas como expedições 
de caráter “militar”, 
organizadas pela Igreja 
Católica para combaterem 
os supostos inimigos do 
cristianismo e libertarem 
a Terra Santa (Jerusalém) 
das mãos daqueles que 
consideravam ‘infiéis’. O 
movimento estendeu-se 
desde os fins do século XI 
até meados do século XIII. 
Os que partiam em tais 
expedições, para serem 
identificados, usavam 
como símbolo, uma cruz 
bordada em suas vestes.
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Seção 2 – O desenvolvimento do pensamento contábil
O trabalho elaborado pelo frei Luca Pacioli é um tratado sobre 
Contabilidade que permanece, ainda hoje, como de grande 
utilidade no meio contábil. Marcou o nascimento da Escola 
Italiana de Contabilidade que, por sua vez, dominou o cenário 
mundial até o início do século XX.
Outro fator de fundamental importância para o desenvolvimento 
do pensamento contábil foi a Revolução Industrial, à qual não 
se pode atribuir com precisão uma data de início, mas é possível 
relacioná-la a um período anterior ao final da Idade Moderna, 
talvez 1789. Segundo Hendriksen e Breda (1999, p.46), 
referindo-se ao desenvolvimento do pensamento contábil:
[...] Sua origem talvez tenha sido um período de bom 
tempo na Inglaterra, que permitiu a ocorrência de uma 
série de boas colheitas, fazendo com que os preços dos 
alimentos caíssem, e com isso a sociedade desfrutasse 
de melhor nutrição e saúde. Ao mesmo tempo, o 
reconhecimento dos fundamentos de higiene pessoal fez 
com que declinasse a incidência da peste, após quatro 
séculos de morte. Com isso, elevaram-se a população e 
a demanda de alimentos. A manufatura desenvolveu-se 
para atender a demanda e invenções começam a 
transformar o local de trabalho.
Efeitos sobre a Contabilidade
Iniciando a Idade Contemporânea em 1789, e juntamente com 
a Revolução Industrial, surgem, a partir do advento do sistema 
fabril e da produção em massa, conceitos de ativos fixos e 
depreciação (conceitos muito importantes para a Contabilidade 
nos dias atuais) à medida que aumentava a necessidade de 
informações gerenciais sobre os custos de produção e os custos a 
serem atribuídos à avaliação dos estoques.
Ainda de acordo com Hendriksen e Breda (1999, p.47):
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[...] A exigência de grandes volumes de capital, demandando 
a separação entre investidor e administrador, significou que 
um dos principais objetivos da Contabilidade passou a ser a 
elaboração de relatórios a proprietários ausentes. [...]
Escola Italiana X Escola Americana
No quadro a seguir, estão resumidas algumas razões para mudança 
de enfoque da Escola Italiana para a Escola Americana:
ALGUmAS RAzõES DA QUEDA DA ESCOLA EUROPEIA 
(especificamente a Italiana)
 
1. Excessivo culto à personalidade: 
grandes mestres e pensadores da 
Contabilidade ganharam tanta 
notoriedade, que passaram a ser 
vistos como “oráculos” da verdade 
contábil.
 
 
 
2. Ênfase à Contabilidade Teórica: 
as mentes privilegiadas produziam 
trabalhos excessivamente teóri-
cos, apenas pelo gosto da teoria, 
difundindo-se idéias com pouca 
aplicação prática.
ALGUmAS RAzõES DA ASCEnSãO DA ESCOLA 
nORtE-AmERICAnA
1. Ênfase ao usuário da informação 
contábil: a Contabilidade é 
apresentada como algo útil para 
a tomada de decisões. Evita-se 
endeusar demasiadamente a 
Contabilidade. Atender os usuários 
é o grande objetivo.
2. Ênfase à Contabilidade Aplicada: 
principalmente a Contabilidade 
Gerencial. Ao contrário dos eu-
ropeus, não havia uma preocupa-
ção com a teoria das contas, ou em 
provar que a Contabilidade é uma 
ciência.
 
 
Quadro 1.1 – Razões da queda da escola europeia e ascensão da escola norte-americana
Tais razões e ênfases de cada escola ocasionaram a queda da Escola 
Europeia (em especial a Italiana) e proporcionaram a ascensão 
da Escola Norte-Americana, com repercussão sobre algumas 
empresas de auditoria que acompanhavam as multinacionais anglo-
americanas.
Essas empresas de auditoria, agora influenciadas pela Escola 
Norte-Americana, difundiram suas práticas através de atividades 
em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Por meio de 
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manuais de procedimentos e treinamentos, formaram profissionais 
que prepararam as normas contábeis em nível governamental, 
influenciando, assim, as empresas menores, incluindo legisladores e 
outros (CARVALHO, 2005. p. 16).
Influência das Escolas Italiana e norte-Americana no Brasil
No Brasil, a primeira escola a ensinar oficialmente a Contabilidade 
foi a Escola de Comércio Álvares Penteado, em São Paulo 
(1902), com influência da Escola Italiana de Contabilidade. Os 
profissionais que se dedicavam à Contabilidade passaram a se 
chamar, evolutivamente, de guarda-livros, conforme Código 
Comercial de 1850; de contador, em 1931; e de Bacharel em 
Ciências Contábeis, após a criação dos cursos superiores de 
Contabilidade. 
Na Lei 2627/40 (Lei das Sociedades por Ações), é possível observar, 
nitidamente, a influência exercida pela Escola Contábil Européia 
(Italiana).
Novas escolas de comércio foram sendo instaladas, após a Álvares 
Penteado, ensinando como registrar as operações econômicas e 
como analisar balanços. 
Outro marco importante foi a criação da Faculdade de Economia e 
Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP), onde se 
instalou o Curso de Ciências Contábeis e Atuariais. Nela, alguns 
egressos da Escola Álvares Penteado se fizeram presentes. 
As empresas multinacionais de origem norte-americana tiveram 
grande influência na formação e desenvolvimento das práticas 
contábeis. Tal influência ficou comprovada já a partir da adoção do 
método didático norte-americano na elaboração do livro contábil 
introdutório, lançado no início da década de 70 (Equipe de 
professores da FAE/USP). Da mesma forma, com a consolidação 
da aprovação da nova Lei das Sociedades por Ações – Lei 6.404/76, 
que teve sua parte contábil inspirada na doutrina norte-americana. 
Na próxima seção, você vai aprender alguns conceitos pertinentes à 
Contabilidade.
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Seção 3 – Conceitos e abordagens básicas da 
Contabilidade
Um conceito aprovado no 1º Congresso Brasileiro de 
Contabilidade, em setembro de 1924, no Rio de Janeiro, diz que:
Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as 
funções de orientação, controle e registro relativo aos 
atos e fatos da administração econômica.
Ao longo dos tempos, a Contabilidade como ciência formou, por 
meio de experimentos de vários escritores e, ainda, da prática, 
diversos conceitos voltados para um mesmo objetivo – seu 
principal objetivo, dizendo melhor –, que é o estudo e controle do 
Patrimônio. Desta forma, Ferrari (2003, p. 02) assinala que:
Contabilidade é, objetivamente, um sistema de 
informação e avaliação, destinado a prover seus usuários 
com demonstrações e análises de natureza econômica, 
financeira, física e de produtividade, com relação à 
entidade objeto de contabilização (Pronunciamento do 
IBRACON aprovado pela CVM).
Assim:
Contabilidade é a ciência que tem por objeto o 
patrimônio das entidades e por objetivo o controle desse 
patrimônio, com a finalidade de fornecer informações a 
seus usuários.
Você sabe o que é uma Pessoa Física e uma Pessoa 
Jurídica? Sabe definir em que momento elas nascem?
Pessoa Física (ou Pessoa Natural) – É qualquer ser humano 
considerado individualmente, sujeito a direitos e obrigações. O 
nascimento da Pessoa Física dá-se:
 � de fato: por meio do parto com vida;
O IBRACOn (Instituto dos 
auditores independentes 
do Brasil) é uma pessoa 
jurídica de direito privado, 
sem fins lucrativos, cujos 
principais objetivos são 
os de fixar princípios de 
contabilidade e elaborar 
normas e procedimentos 
relacionados com auditoria 
interna e externa.
A CVm (Comissão de 
Valores Mobiliários) é 
uma autarquia federal, 
vinculada ao Ministério da 
Fazenda, cujo objetivo é o 
de fi scalizar o mercado de 
capitais no Brasil. 
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 � de direito: por meio de registro no Cartório Civil de 
Pessoas Físicas.
Pessoa Jurídica – É toda entidade resultante de uma organização 
humana, com vida e patrimônio próprios, a qual, de forma 
semelhante às pessoas físicas, está sujeita a direitos e obrigações. 
O nascimento da Pessoa Jurídica dá-se:
 � de fato: por meio dos atos praticados;
 � de direito: no caso das empresas comerciais ou 
industriais, por meio do registro na Junta Comercial do 
Estado. No caso de empresas prestadoras de serviços 
(empresas civis), por meio do registro no Cartório Civil de 
Pessoas Jurídicas.
Seção 4 – O campo de aplicação da Contabilidade e 
seus usuários
Como você pôde observar até aqui, a Contabilidade é uma 
ciência tão antiga quanto a humanidade e surgiu diante da 
necessidade de se controlar o patrimônio que os homens 
passavam a acumular. As características da Contabilidade, como, 
por exemplo, ferramenta de contar, inventariar e demonstrar por 
meio de aspectos quantitativos estão presentes em, praticamente, 
todos os tipos de atividades privadas existentes: no comércio, na 
indústria e na prestação de serviços. Também no meio público, 
em suas diversas esferas de governos: Municipal, Estadual e 
Federal.
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O campo de aplicação da Contabilidade
Diante das informações sobre o campo de aplicação da 
Contabilidade, Ferrari (2003, p. 03) nos diz que:
O campo de aplicação da Contabilidade se estende a 
todas as entidades que possuam patrimônio, sejam físicas 
ou jurídicas, de fins lucrativos, ou não. Tais entidades 
são unidades econômico-administrativas, cujos objetivos 
podem ser sociais e/ou econômicos. 
 
Uma entidade econômico-administrativa também pode 
ser chamada de AZIENDA, palavra de origem italiana 
que, em português, é equivalente a “FAZENDA”, mas 
tem o sentido etimológico de “coisa a fazer”. Daí, por 
exemplo, é que o termo “azienda pública” é equivalente ao 
termo “fazenda pública”.
Também se deve destacar que a Contabilidade aplica-se às 
Pessoas Jurídicas, ou seja,entidades jurídicas com ou sem fins 
lucrativos, e às Pessoas Físicas. 
Os usuários da Contabilidade
Os usuários da Contabilidade são todas as Pessoas Jurídicas ou 
Físicas interessadas na informação patrimonial e econômica da 
entidade, como também na avaliação da capacidade produtiva da 
entidade. Padoveze (2004, p. 72) define:
Por ser um sistema de informação, a Contabilidade tende 
a ter inúmeros usuários das informações geradas pelo 
sistema. O primeiro usuário sempre será o dono ou os 
donos da empresa, ou seja, os indivíduos que detêm a 
posse de seu Capital Social. Logo a seguir podemos dizer 
que há o governo, já que as entidades jurídicas existem 
por sua libertação; é, portanto, o outro grande usuário 
do sistema de informação contábil. Os empregados, os 
fornecedores, os clientes, os bancos, a comunidade social 
onde a empresa está inserida etc. são outros exemplos de 
usuários de informação contábil, através de seus relatórios 
principais, o Balanço Patrimonial e a Demonstração 
de Resultados. Para atender à demanda variada de seus 
diversos usuários, o contador provavelmente terá de 
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Contabilidade I
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elaborar outros relatórios contábeis a partir de seu sistema 
de informação, montado através do registro dos fatos 
administrativos. Um bom plano de contas dará condições 
totais para isso.
Você sabe qual é o símbolo da profissão contábil e qual 
o seu significado?
Caduceu
Mercúrio era um deus da mitologia romana, que 
tinha sobre seu protetorado várias coisas, dentre elas, 
o comércio. Era filho do deus Júpiter (o maior), e o 
mensageiro de todos os deuses, em razão de sua grande 
agilidade (simbolizada pelas duas asas que ladeiam 
seu capacete) e por dispor da confiança da máxima 
divindade. 
O caduceu era um bastão de ouro que Mercúrio recebera 
em troca de instrumentos musicais que inventara (a 
lira e a flauta) e que haviam maravilhado a Apolo (que 
detinha poderes e conhecimentos mágicos e era o titular 
do caduceu). Não só Mercúrio trocou os objetos como 
exigiu de Apolo que lhe repassasse segredos de magia, 
notadamente, da adivinhação. 
O caduceu passou a ser símbolo dos atributos de 
Mercúrio, e este, de tal forma aprofundou-se na 
adivinhação, que passou a conhecer a sorte de outros 
seres pelo jogo de pedras (semelhante ao de búzios). 
Mais tarde, usando o capacete de Hades, Mercúrio 
tornava-se invisível, e, assim, prestou grandes serviços a 
outros deuses, entre outras coisas, derrotando e matando 
o temível gigante Hipólito. Tais vitórias transformaram
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o habilidoso Mercúrio no principal intérprete da vontade 
divina. Por esta razão ele era, também, o mais ocupado 
de todos os deuses da mitologia.
Muitas outras atribuições e protetorados a mitologia 
confere a Mercúrio. Ao tomar o caduceu como seu 
símbolo, ele também se tornou o símbolo de tudo o que 
protegia, inclusive o comércio. Como a Contabilidade 
Comercial foi a ciência mais importante durante 
milênios, é justificável a adoção de Mercúrio como 
patrono da Contabilidade. A própria literatura contábil 
atesta essa predominância - a primeira obra impressa de 
Contabilidade industrial surgiu no início do século XVII 
- e os locais onde se ensinava a Contabilidade eram 
denominados “Escolas de Comércio”. 
Mercúrio era tido como o deus inventor da Escrita 
Contábil. Tal é a plenitude de nossa ação, pois o caduceu 
que estilizamos absorve não só o bastão de ouro, mas, 
também, o capacete e as asas, ou seja, tudo o que 
Mercúrio utilizava para proteger os empreendimentos. 
O caduceu nos sugere a responsabilidade de ampla 
proteção ao patrimônio dos empreendimentos, de modo 
a ensejar a eficácia das células sociais, e, pela soma delas, 
a felicidade das sociedades humanas. 
Essa condição, somada ao respeito às leis, completa a 
simbologia das laterais de nosso anel profissional, de alta 
relevância e características do dever profissional.
Fonte: Extraído do site: http://www.donew.com.br/Origem%20do%20caduceu.htm
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Seção 5 – A função da Contabilidade e do Contador
Nesta seção, você irá estudar a função da Contabilidade e do 
Contador. Acompanhe.
A função da Contabilidade
A Contabilidade tem a função administrativa de controlar o 
patrimônio da entidade, conjunto de bens, direitos e obrigações 
de uma entidade, Pessoa Jurídica ou Pessoa Física, tanto sob 
o aspecto estático quanto o dinâmico. E a função econômica de 
apurar o resultado (rédito), isto é, apurar o lucro ou o prejuízo de 
uma entidade, de Pessoa Jurídica ou de Pessoa Física.
Em termos práticos controlar o patrimônio sob o aspecto 
estático significa controlar sua posição em dado momento 
(fazer o balanço). Controlar sob o aspecto dinâmico significa 
controlar suas mutações qualitativas e quantitativas. 
(FERRARI, 2003, p. 04). 
A função do Contador
A função do contador, de acordo com Marion (2003, p. 25) é:
[...] produzir informações úteis aos usuários da 
Contabilidade para a tomada de decisões. Ressaltemos, 
entretanto, que, em nosso país, em alguns segmentos de 
nossa economia, principalmente na pequena empresa, a 
função do contador foi distorcida (infelizmente), estando 
voltada exclusivamente para satisfazer às exigências do fisco.
Rédito é o lucro, o 
ganho,os resultados, as 
sobras.
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Figura 1.1 Áreas de atuação do contador
Fonte: Marion (2003, p. 25).
Seção 6 – As técnicas contábeis
Técnicas Contábeis são o conjunto de procedimentos utilizados 
pela Contabilidade para registrar, levantar os fatos contábeis, 
apresentar e verificar as informações.
As principais técnicas contábeis são: escrituração, demonstrações 
contábeis ou financeiras, análise das demonstrações contábeis ou 
financeiras e auditoria.
 � Escrituração – É a técnica contábil utilizada para 
registro de todos os fatos administrativos (contábeis) 
ocorridos na entidade, ou seja, fatos que afetam o 
patrimônio da entidade. O registro de cada fato 
administrativo chama-se lançamento. Os lançamentos 
são efetuados em forma de registros em livros próprios 
tais como Livro Diário, Livro Razão etc. Assim, 
escrituração pode ser definida como um conjunto de 
lançamentos.
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 � Demonstrações Contábeis ou Financeiras (ou 
Demonstrações Financeiras) – Constituem quadros 
técnicos que evidenciam a situação patrimonial, 
financeira ou econômica da entidade.
Figura 1.2 – Técnicas contábeis 
Fonte: elaborado pelo autor. 
De acordo com o artigo 176, da Lei 11.638/07, ao fim de 
cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base 
na escrituração mercantil da companhia, as seguintes 
demonstrações financeiras:
 - Balanço Patrimonial (BP);
 - Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
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 - Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados 
 (DLPA);
 - Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC);
 - Demonstração do Valor Adicionado (DVA).
Além destas demonstrações, as companhias abertas 
(sociedades anônimas cujas ações são negociadas na bolsa 
de valores) são obrigadas a elaborar a Demonstração 
das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), a qual 
dispensará a elaboração isolada da DLPA, devido ao 
fato de que as informações da DLPA estão incluídas na 
DMPL.
Juntamente com as demonstrações, as companhias devem 
complementá-las com NOTAS EXPLICATIVAS, as quais 
têm por objeto esclarecer alguns detalhes não explicados 
nas demonstrações (FERRARI, 2003, p. 05).
 � Análise das Demonstrações Contábeis ou Financeiras – 
A Análise das Demonstrações Contábeis ou Financeiras 
inicia onde a Contabilidade termina, visa ao estudo 
da situação econômica e financeira da entidade, bem 
como do seu desempenho operacional,por meio 
da decomposição e comparação das demonstrações 
contábeis. Objetiva a interpretação individual e conjunta 
de índices e quocientes calculados a partir de itens 
extraídos dessas demonstrações.
 � Auditoria – Visa à verificação da fidelidade das 
informações contábeis, detectando erros ou fraudes 
e, por fim, emitindo um parecer ou relatório sobre as 
informações fornecidas pelo sistema contábil e controles 
internos da entidade auditada.
Todo Contador precisa saber desenvolver as Técnicas Contábeis 
apresentadas nesta seção e desenvolvê-las muito bem, pois é 
por meio delas que a Contabilidade demonstra suas aplicações, 
cumpre seus objetivos e finalidade. Durante o curso, no correr 
das disciplinas, você observará o detalhamento progressivo de 
cada técnica contábil apresentada. 
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Dica importante!
 
Para que uma informação seja útil, deve ser precisa, 
atual, causar efeito e ser apresentada de forma clara!
É o que esperamos da Contabilidade...
Síntese
Nesta unidade, apresentada em 6 seções, você estudou a origem e 
evolução do pensamento contábil, conceitos e abordagens básicas 
da Contabilidade, seu campo de aplicação e seus usuários, a 
função da Contabilidade e a função do Contador, bem como as 
técnicas de Contabilidade.
Assim, você obteve conhecimentos básicos sobre Contabilidade, 
o que será fundamental para o entendimento das outras unidades 
desta disciplina.
É indicado que você resolva as atividades de autoavaliação, as 
atividades de avaliação a distância e participe do fórum, para 
que fixe os assuntos ora estudados e possa observar como eles 
têm efetiva importância no desenvolvimento da disciplina 
Contabilidade I.
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Atividades de auto-avaliação
Você terá, ao final de cada unidade, atividades de autoavaliação, cujo 
objetivo é ajudá-lo a desenvolver o seu aprendizado. Primeiro realize 
leitura com bastante atenção e crie o hábito de ler também as unidades 
online no ambiente virtual de aprendizagem, participe das atividades 
e dinâmicas sugeridas pelo professor e, só após realizar suas atividades 
relacionadas, verifique as respostas e comentários do professor, presentes 
ao final deste livro.
Acompanhe com atenção os enunciados e responda:
1) Sabemos que a Contabilidade é muito antiga e tem acompanhado o 
desenvolvimento da humanidade. Descreva quais foram os períodos da 
história e em especial o período em que a Contabilidade tomou corpo.
2) Destaque os elementos que caracterizam a obra que versa sobre o 
Método das Partidas Dobradas, do Frei Luca Pacioli, e discorra sobre a 
importância destes para a Contabilidade.
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Contabilidade I
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3) Diante do desenvolvimento do pensamento contábil, a Revolução 
Industrial trouxe relevantes contribuições para a Contabilidade, descreva 
quais foram.
 
 
4) Foi apresentado, nesta unidade, um conceito definidor da Contabilidade 
aprovado no 1º Congresso Brasileiro de Contabilidade, em setembro de 
1924, no Rio de Janeiro. Elabore, com suas palavras, um conceito que 
defina ‘Contabilidade’, sintetizando seu entendimento a respeito.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
5. Qual é o campo de aplicação da Contabilidade?
6. Quem são os usuários da Contabilidade?
7. Qual a função da Contabilidade?
8. Qual a função do Contador?
9. Assinale a alternativa correta quanto às técnicas de Contabilidade:
a. ( ) Escrituração, Demonstrações Contábeis, Análise das Demonstrações 
Contábeis, Audição Contábil.
b. ( ) Escrituração, Demonstrações Contábeis, Análise das Demonstrações 
Contábeis, Aritmética.
c. ( ) Escrituração, Demonstrações Contábeis, Análise das Demonstrações 
Contábeis, Auditoria. 
Saiba mais
Você poderá aprofundar seus conhecimentos consultando os 
seguintes livros sobre Contabilidade introdutória ou básica: 
ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Curso básico de contabilidade. 
3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de contabilidade. 2. 
ed. São Paulo: Atlas, 1999.
IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade introdutória. 9. ed. 
São Paulo: Atlas, 1998.
contabilidadeI.indb 36 12/09/11 12:17
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Contabilidade I
Unidade 1
8. Qual a função do Contador?
9. Assinale a alternativa correta quanto às técnicas de Contabilidade:
a. ( ) Escrituração, Demonstrações Contábeis, Análise das Demonstrações 
Contábeis, Audição Contábil.
b. ( ) Escrituração, Demonstrações Contábeis, Análise das Demonstrações 
Contábeis, Aritmética.
c. ( ) Escrituração, Demonstrações Contábeis, Análise das Demonstrações 
Contábeis, Auditoria. 
Saiba mais
Você poderá aprofundar seus conhecimentos consultando os 
seguintes livros sobre Contabilidade introdutória ou básica: 
ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Curso básico de contabilidade. 
3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso básico de contabilidade. 2. 
ed. São Paulo: Atlas, 1999.
IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Contabilidade introdutória. 9. ed. 
São Paulo: Atlas, 1998.
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