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Incontinência Urinária nos idosos

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Tutorial 8: Lar de idosos 
1. Estudar a incontinência urinária nos idosos e as consequências em sua qualidade de vida. 
Define-se a Incontinência Urinária (IU) como perda involuntária de qualquer volume de urina. Além da uretra, é possível 
haver extravasamento de urina de fontes extrauretrais, como fístulas ou malformações congênitas do trato urinário 
inferior. Os sintomas estão relacionados ao armazenamento (enchimento vesical), esvaziamento da bexiga (sintomas 
miccionais) e sintomas pós-miccionais. 
A incontinência urinária é uma condição altamente prevalente na população idosa. Considerada uma das grandes 
SÍNDROMES GERIÁTRICAS, compromete a qualidade de vida dos indivíduos afetados, familiares e cuidadores, além de 
acarretar aumento dos custos em saúde e resultar em institucionalizações precoces. A literatura faz referências à 
tendência de isolamento social ao qual estão sujeitos os incontinentes, e há indícios de que esses sentem-se mais 
solitários que os continentes. 
 
• ANATOMIA 
➢ BEXIGA 
A bexiga é um órgão musculoelástico, oco, recoberto por epitélio transicional. Sua função primordial é servir de 
reservatório, sem dor ou extravasamento, para urina que é recebida de forma constante pela filtração glomerular (10 
a 70 ml/h), para posteriormente eliminá-la com controle voluntário. 
Divide-se em CORPO e BASE (colo), os quais estão separados pelos ORIFÍCIOS URETERAIS. Como a base possui 
musculatura mais espessa, costuma ser menos distensível que o corpo durante o enchimento do órgão. 
O epitélio transicional faz referência à “transição” entre o epitélio cilíndrico simples do sistema tubular renal e o 
epitélio estratificado do terço distal da uretra. 
Na bexiga, possui três a sete camadas. A CAMADA SUPERFICIAL é composta por células especiais (“células em guarda-
chuva”), de maior tamanho e forma plana. As células das CAMADAS MAIS PROFUNDAS têm o formato cilíndrico. 
Abaixo do epitélio e de sua membrana basal, está a LÂMINA PRÓPRIA (tecido conjuntivo frouxo) e, em seguida, a 
CAMADA MUSCULAR denominada de músculo detrusor da bexiga. Esse músculo constitui as paredes vesicais e é 
responsável pelo relaxamento e contração do órgão. As camadas externa e interna do músculo apresentam disposição 
longitudinal. A camada intermediária tem disposição circular. Essa musculatura apresenta rica inervação 
PARASSIMPÁTICA. 
O TRÍGONO VESICAL localiza-se na base da bexiga. É limitado superiormente pelos orifícios ureterais e inferiormente 
pela uretra proximal (óstio uretral interno). 
 
➢ URETRA 
Apresenta luz virtual, que permanece ocluída, exceto durante a micção. Esse mecanismo é atribuído ao tônus da 
musculatura uretral, que mantém adequada pressão, associado aos fatores intrínsecos e extrínsecos da uretra, com 
inervação sensorial, autonômica e somática. 
O EPITÉLIO da uretra varia de epitélio escamoso estratificado (próximo ao meato uretral externo) a epitélio 
transicional (próximo à bexiga). Além do epitélio que forma extensas fibras longitudinais, a parede uretral é 
constituída por: Camada circular externa de músculo estriado que representa o esfíncter externo da uretra; Camada 
interna de musculatura lisa que se continua com a musculatura lisa do colo vesical. Sua VASCULARIZAÇÃO é 
proeminente, maior que a necessária para a provisão do órgão e possui papel relevante na pressão de fechamento 
uretral. 
 
• EPIDEMIOLOGIA 
O sexo feminino é o mais acometido (para todas as faixas etárias estudadas) devido a causas anatômicas e que o 
envelhecimento aumenta tanto a prevalência quanto a gravidade dos casos. 30 a 60% das mulheres idosas e 10 a 35% 
dos homens idosos na comunidade e até 80% dos institucionalizados têm incontinência urinária. 
 
• FISIOLOGIA 
O Trato Urinário Inferior é inervado por três fontes: as divisões simpática e parassimpática do sistema nervoso 
autônomo e os neurônios do sistema nervoso somático. A MICÇÃO é um processo complexo e dinâmico cuja fisiologia 
envolve a integração de nervos periféricos, medula e centros encefálicos em córtex cerebral, ponte, bulbo e 
mesencéfalo. Estes CENTROS SUPERIORES dirigem aos órgãos do trato urinário inferior influências neurológicas 
excitatórias e inibitórias e recebem aferências sensitivas desses órgãos, como veremos a seguir. 
Centros controladores em áreas corticais (giros frontal e cingulado) e subcorticais promovem influência inibitória da 
micção em NÍVEL PONTINO e influência excitatória do ESFÍNCTER URETRAL EXTERNO, permitindo o controle voluntário 
da micção. Desta maneira, o esvaziamento vesical pode ser retardado até que se obtenham local e momento 
apropriados. 
O CENTRO PONTINO DA MICÇÃO (CPM) é essencial para a coordenação de todo o processo, graças à modulação dos 
efeitos opostos dos sistemas nervosos simpático e parassimpático no trato urinário inferior. Na FASE DE ESVAZIAMENTO 
VESICAL o CPM envia estímulos excitatórios (SNP) para MEDULA SACRAL e inibitórios (SNS) para COLUNA 
TORACOLOMBAR, enquanto na FASE DE ENCHIMENTO esse processo se inverte. 
a) A INERVAÇÃO SIMPÁTICA DO TUI emerge da medula em nível de T11 a L2, fazendo sinapses nos plexos 
hipogástrico e mesentérico inferior, antes de prosseguir pelo nervo hipogástrico até os receptores beta 
adrenérgicos (corpo vesical) e alfa adrenérgicos (colo vesical e uretra proximal). Fibras nervosas simpáticas 
também dirigem-se a gânglios parassimpáticos na parede do detrusor, exercendo ali efeito inibitório. A ativação 
das eferências simpáticas toracolombares produz liberação de NOREPINEFRINA no TUI, resultando em 
relaxamento do músculo detrusor (receptores β3) e contração do esfíncter uretral interno (receptores α1). 
b) A INERVAÇÃO PARASSIMPÁTICA origina-se de neurônios localizados na coluna intermediolateral dos segmentos 
S2-S4 da medula, sendo conduzida por meio de fibras pré-ganglionares pelo nervo pélvico até os gânglios do 
plexo pélvico. Este dá origem às fibras pós-ganglionares que se dirigem à bexiga. A ACETILCOLINA liberada pela 
ativação desses neurônios produz contração do detrusor pela ativação dos receptores M2 e M3 muscarínicos. 
Na uretra proximal o estímulo parassimpático promove a liberação de ÓXIDO NÍTRICO, o que leva ao 
relaxamento da musculatura lisa do esfíncter uretral interno. A ativação sacral parassimpática produz 
acetilcolina e oxido nítrico que resultam em contração detrusora e relaxamento da uretra proximal. 
c) A INERVAÇÃO SOMÁTICA do esfíncter uretral externo emerge do núcleo de onuf, localizado no corno anterior 
de um ou mais segmentos da medula espinal sacral (S2-S4), e prossegue pelo nervo pudendo, sem conexões 
com gânglios periféricos, até o esfíncter estriado. Há evidências de que o esfíncter uretral externo também 
receba influências simpática e parassimpática a partir de ramos dos nervos hipogástrico e pélvico. Durante a 
FASE DE ENCHIMENTO, a distensão da bexiga ativa neurônios sensitivos na parede vesical. Estes levam impulsos 
aferentes a centros controladores supraespinais (já mencionados anteriormente), produzindo a inibição do 
centro pontino da micção e ativação dos neurônios motores no núcleo de Onuf com consequente contração da 
musculatura estriada do esfíncter uretral externo via nervo pudendo. Simultaneamente ocorre ativação reflexa 
simpática (T11-L2) e, através do nervo hipogástrico, contração da musculatura lisa da uretra. O parassimpático 
é inibido e o detrusor relaxa, permitindo o armazenamento da urina. 
d) Inversamente, durante a FASE DE ESVAZIAMENTO VESICAL impulsos eferentes provenientes do CPM provocam 
inibição das fibras somáticas do núcleo de Onuf e relaxamento voluntário da musculatura estriada do esfíncter 
externo. Estes impulsos promovem também inibição simpática pré-ganglionar e estimulação parassimpática, 
resultando em contração do detrusor por meio dos receptores muscarínicos já descritos anteriormente. 
 
 
 
• IMPACTO DO ENVELHECIMENTO 
Entre as características que deixam o idosos maissuscetível destacam-se: 
a) Aumento nas fibras de colágeno na bexiga, acarretando diminuição da sua elasticidade; 
b) Os receptores de pressão também se alteram, explicando o surgimento de contrações intempestivas durante 
a fase de enchimento vesical; 
c) Hiperatividade do detrusor foi encontrada em 21% de idosos saudáveis e continentes na comunidade; 
d) A uretra torna-se mais fibrosa, menos flexível e com perda de sua densidade muscular, o que pode acarretar 
falha esfincteriana; 
e) Na mulher, o hipoestrogenismo contribui para menor irrigação dos tecidos. A mucosa uretral se atrofia e 
resseca, tornando-se mais sensível a infecções, o que favorece irritação dos receptores de pressão. 
f) Na vagina, as carências hormonais, a diminuição ou mesmo a ausência de atividade sexual, assim como as 
sequelas do parto e das intervenções ginecológicas, interferem na qualidade dos tecidos vaginais, no pH e na 
flora, favorecendo infecções; 
g) O períneo é fragilizado por diversas razões: envelhecimento muscular, carências hormonais, partos, gravidez, 
sequelas de intervenções uroginecológicas ou radioterapia pélvica. Alguns sintomas crônicos, tais como tosse 
e constipação intestinal, podem exercer pressão sobre essa fáscia muscular; 
h) No homem a hipertrofia benigna da próstata constitui o principal fator relacionado com alterações do fluxo 
urinário. A formação de um obstáculo urinário pode se manifestar por jato fraco, gotejamento terminal, 
aumento na frequência e noctúria; 
i) O envelhecimento renal provoca, por sua vez, diminuição do número de néfrons e, por consequência, uma 
redução da capacidade de concentrar urina. Esse fenômeno, junto com a diminuição da secreção de hormônio 
antidiurético, contribui para o aumento da frequência urinária. 
 
• CLASSIFICAÇÃO 
A continência é uma condição multifatorial que depende da integridade não apenas do trato urinário inferior e seu 
controle neurológico, descritos anteriormente, como também de cognição, mobilidade, destreza manual e motivação. 
Além disso, comorbidades clínicas e medicamentos podem influenciar a continência. Enquanto, em indivíduos jovens, 
incontinência normalmente resulta de disfunção do trato urinário inferior de maneira isolada, em idosos é comum a 
sobreposição de diversas causas. 
➢ INCONTINÊNCIA URINÁRIA TRANSITÓRIA 
Caracteriza-se pela perda de urina precipitada por insulto psicológico, medicamentoso ou 
orgânico, que cessa ou melhora após o controle do fator desencadeante. As CAUSAS de 
incontinência 
urinária transitória e 
que são 
potencialmente 
reversíveis podem 
ser resumidas pelo 
mnemônico 
DIURAMID. 
O DELIRIUM, estado 
confusional agudo 
caracterizado por 
flutuação da 
consciência e 
desorientação, é 
extremamente 
prevalente entre 
idosos e a incontinência pode ser seu primeiro 
sinal. As INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO 
INFERIOR (“I”), por causar inflamação da mucosa 
vesical e consequente aumento da aferência 
sensitiva, podem contribuir para bexiga hiperativa 
e incontinência urinária. De maneira similar, a carência de estrógenos em idosas pode levar a URETRITE E VAGINITE 
ATRÓFICA (“U”), gerando irritação local e risco aumentado de infecções, bexiga hiperativa e incontinência urinária. 
Condições que cursem com RESTRIÇÃO DE MOBILIDADE (“R”) embora facilmente compreensíveis, são frequentemente 
subestimadas. Além das causas óbvias como artroses, paresias, imobilizações, outras como hipotensão postural e pós-
prandial, calçados inapropriados e medo de cair podem dificultar a chegada ao toalete e justificar episódios de 
incontinência. O “A” refere-se a condições que cursam com AUMENTO DO DÉBITO URINÁRIO tais como: ingesta 
excessiva de fluidos, diuréticos, distúrbios hidroeletrolíticos (hiperglicemia, hipercalcemia), insuficiência cardíaca 
congestiva, insuficiência venosa periférica, hipoalbuminemia. O “M” corresponde a lista de MEDICAMENTOS que, por 
diversos mecanismos, afetam a continência (Quadro 68.2). É uma das causas mais comuns em idosos. A IMPACTAÇÃO 
FECAL também contribui para sintomas urinários, provavelmente por irritação local ou compressão direta sob a parede 
vesical. O último “D”, por fim, corresponde aos diversos DISTÚRBIOS PSÍQUICOS (depressão, demência, psicose) que 
podem interferir na capacidade do paciente em reconhecer e responder adequadamente à sensação de bexiga cheia. 
Um paciente com depressão grave, por exemplo, pode perder a motivação para procurar um local apropriado para 
urinar. 
 
➢ INCONTINÊNCIA URINÁRIA ESTABELECIDA 
a) INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESTRESSE 
Perda involuntária de urina que ocorre com o aumento da pressão intra-abdominal (tosse, espirro, atividade física) na 
ausência de contrações vesicais. É a principal causa em mulheres jovens e os mecanismos envolvidos são: 
HIPERMOBILIDADE URETRAL decorre do comprometimento do suporte anatômico dos órgãos pélvicos resultando em 
descenso e rotação do colo vesical e uretra proximal com incapacidade de fechamento adequado contra a parede vaginal 
anterior; fatores de risco incluem obesidade, partos vaginais, hipoestrogenismo e/ou cirurgias. A DEFICIÊNCIA 
ESFINCTERIANA INTRÍNSECA é a perda do tônus do esfíncter uretral secundária a lesão neuromuscular (trauma 
cirúrgico) ou atrofia uretral. 
No homem, a incontinência urinária de estresse é incomum. Quando presente, ocorre por DEFICIÊNCIA ESFINCTERIANA 
INTRÍNSECA secundária a cirurgias prostáticas (principalmente a prostatectomia radical) e mais raramente traumas 
pélvicos e lesões neurológicas (trauma raquimedular, espinha bífida). 
 
b) INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE URGÊNCIA 
É o tipo mais comum de incontinência estabelecida em idosos na comunidade. Caracteriza-se pela perda de urina 
precedida ou acompanhada de um desejo imperioso de urinar (urgência). A PERDA URINÁRIA é variável e depende da 
função do esfíncter uretral e da capacidade do paciente em suprimir a urgência. Acredita-se que resulte da 
hiperatividade do detrusor levando a contrações involuntárias deste durante a fase de enchimento vesical. Entre as 
CAUSAS destacam-se os transtornos neurológicos, anormalidades vesicais e idiopática. 
Em idosos, a hiperatividade do detrusor pode ocorrer em pacientes cuja contratilidade vesical está preservada e em 
pacientes com comprometimento da contratilidade da bexiga associado. Essa condição conhecida como 
“HIPERATIVIDADE DO DETRUSOR COM HIPOCONTRATILIDADE” é a mais frequente em idosos frágeis, cursa com 
volumes residuais pós-miccionais elevados e seu reconhecimento é importante para diferenciar outras causas de 
retenção urinária. BEXIGA HIPERATIVA é uma síndrome que inclui urgência urinária com ou sem incontinência, 
frequência elevada (oito ou mais micções em 24 h) e noctúria (dois ou mais despertares para urinar). 
 
c) INCONTINÊNCIA URINÁRIA POR HIPERFLUXO OU TRANSBORDAMENTO 
Incontinência que decorre de inabilidade de esvaziamento vesical devido a hipocontratilidade do músculo detrusor, a 
obstruções uretrais ou ambos. Em homens idosos a causa mais frequente é a obstrução uretral secundária a 
HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA. Na mulher é condição bem menos frequente; quando presente decorre de 
obstruções da via de saída após CIRURGIAS ANTIINCONTINÊNCIA ou PROLAPSOS GENITAIS GRAVES. Em idosos de ambos 
os sexos, impactação fecal e hipocontratilidade vesical secundária a neuropatia autonômica (cistopatia diabética) ou 
medicamentos com ação anticolinérgica também são causas frequentes. 
 
d) INCONTINÊNCIA URINÁRIA MISTA 
É a coexistência de mais de um tipo de incontinência no mesmo paciente. Condição frequente entre idosos, 
especialmente nas mulheres que apresentam hiperatividade do detrusor e deficiência esfincteriana associadas. 
 
e) INCONTINÊNCIA FUNCIONAL 
Tipo distinto de incontinência atribuído a fatores externos ao trato urinário, tais como comprometimento cognitivo, 
fatores ambientais que dificultem a chegada ao toalete, limitações físicase psíquicas. 
 
• ABORGADEM 
A avaliação do paciente com incontinência urinária deve ser sistemática e incluir anamnese detalhada, exame físico e 
avaliação complementar. 
➢ ANAMNESE 
Importantes elementos a se considerar na história incluem características da perda urinária, quantidade, gravidade e 
sintomas associados (frequência, noctúria, urgência, esforço, hesitação). O DIÁRIO MICCIONAL consiste no registro da 
ingesta de líquidos, frequência, volume urinário, episódios de perda e circunstâncias a ela associadas nas 24 h. 
Informações adicionais como dor, hematúria, infecções recorrentes, prolapsos de órgãos pélvicos em mulheres, 
cirurgias prévias, radiação pélvica, suspeita de fístulas devem ser investigadas. Atenção especial às comorbidades 
clínicas e à lista de medicamentos utilizados pelo paciente. 
a) EXAME FÍSICO: O exame físico deve ser completo e incluir: Avaliação cognitiva, da mobilidade e funcionalidade 
do paciente; Exame neurológico detalhado que inclua avaliação de reflexos, sensibilidade, integridade das vias 
sacrais (reflexo bulbocavernoso); Toque retal para avaliação do tônus esfincteriano, presença de massas, 
fecalomas (em ambos os sexos) e avaliação prostática em homens; Exame pélvico, inspeção de prolapsos e 
atrofia genitais em mulheres; Teste de estresse: simples, pode ser realizado no consultório e pode documentar 
incontinência urinária de estresse. A paciente deve estar na posição supina, com a bexiga cheia e tossir 
vigorosamente. Se ocorrer perda simultânea sugere deficiência esfincteriana intrínseca, se a perda ocorrer 
alguns segundos após sugere contração detrusora induzida pela tosse. 
b) EXAMES LABORATORIAIS: Todos os pacientes com queixa de incontinência urinária devem realizar um sumário 
de urina para investigação de sinais de infecção, hematúria e glicosúria. Pacientes selecionados deverão realizar 
dosagem de eletrólitos, glicemia, ureia e creatinina de acordo com a suspeita clínica. 
c) MEDIDA DO VOLUME RESIDUAL PÓS-MICCIONAL: Útil para excluir retenção urinária significativa. Pode ser 
realizada por cateterização vesical ou ultrassonografia. Embora não seja necessária em todos os pacientes, 
aqueles com ALTO RISCO de retenção urinária como os portadores de diabetes, doenças neurológicas, sinais de 
hesitação miccional, antecedentes de retenção urinária e uso de anticolinérgicos devem realizá-la. Um valor 
maior que 200 m ℓ está associado a esvaziamento vesical inadequado e o paciente deve ser encaminhado ao 
especialista. 
d) ESTUDO URODINÂMICO: É um exame caro e invasivo; tem como objetivo avaliar a qualidade das contrações 
vesicais e dos esfíncteres uretrais. Compreende as seguintes etapas: cistometria, medida da pressão de perda 
sob esforço e urofluxometria. 
e) CISTOSCOPIA: Deve ser realizada quando houver suspeita de fístulas ou de outras patologias associadas 
(presença de hematúria, dor ou desconforto pélvico). 
 
• TRATAMENTO 
O manejo terapêutico deve ser individualizado, valorizando-se o tipo de incontinência, as condições médicas associadas, 
a repercussão, as preferências do paciente, a aplicabilidade, os riscos e os benefícios. O primeiro passo do tratamento 
consiste em estabelecer metas e objetivos a serem atingidos visando à melhora global na qualidade de vida do paciente. 
Alguns exemplos dos benefícios que a terapia pode proporcionar são: diminuição de sintomas como frequência, 
urgência e noctúria, diminuição no número de fraldas, absorventes, reinserção social e retardo em institucionalizações. 
 
➢ TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 
MÉTODOS CONSERVADORES: mudanças do estilo de vida e as terapias comportamentais. São tratamentos simples, sem 
efeitos adversos e de baixo custo. Em pacientes de idade avançada se deve priorizar a correção de fatores contribuintes 
como as comorbidades, a deterioração funcional e as iatrogenias medicamentosas. Dentre as intervenções sobre o 
estilo de vida destacam-se: perda de peso, não ingerir líquidos de forma abundante, evitar cafeína, álcool e tabaco, além 
de eliminar as barreiras físicas de acesso ao banheiro. As terapias comportamentais incluem exercícios para os músculos 
pélvicos (exercícios de Kegel), treinamento vesical, diário miccional, biofeedback e eletroestimulação. 
 
 
➢ TRATAMENTO FARMACOLÓGICO 
a) MEDICAÇÕES DE AÇÃO MISTA 
Propiverina: medicamento anticolinérgico usado para o tratamento da urgência urinária, frequência e incontinência de 
urgência, todos os sintomas da síndrome da bexiga hiperativa. É um antagonista muscarínico. 1x ao dia. 
Oxibutinina: medicamento anticolinérgico. 5 mg 12/12 h. Esse medicamento atua na incontinência urinária por quatro 
mecanismos diferentes: Potente ação antimuscarínica e não seletiva para os receptores muscarínicos vesicais; Leve 
ação no relaxamento do músculo liso mediante bloqueio dos canais de cálcio; Propriedades anestésicas locais; 
Propriedades anti-histamínicas. 
Solifenacina: agente antimuscarínico seletivo da bexiga, o qual tem maior especificidade para os receptores M3, quando 
comparados aos receptores M2, e tem maior potência contra os receptores M3 em músculo liso do que contra os 
receptores M3 em glândula salivar. 5 a 10 mg/24 h 
Tolterodina: É uma antagonista do receptor muscarínico com relativa seletividade pelos receptores da bexiga, atuando 
mais sobre estes do que sobre os receptores das glândulas salivares. 2 mg/12 h 
Trospium: Seu mecanismo de ação atua de maneira não seletiva sobre os receptores muscarínicos. Está disponível em 
formulações orais de liberação prolongada e imediata. 20 mg/12 h 
Darifenacina: antagonista altamente seletivo do receptor M3. 7,5 a 15 mg/dia 
Fesoterodina: É um antagonista competitivo do receptor muscarínico. Depois da administração oral, o composto é 
rapidamente convertido no seu metabólito ativo, a 5hidroximetiltolterodina, o qual é responsável por sua atividade 
antimuscarínica. 4 a 8 mg/24 h 
Propantelina: É um composto de amônio quaternário com uma ação antimuscarínica não seletiva. 
b) AGONISTAS DOS BETA-ADRENORRECEPTORES 
Mirabegron: Age ativando os beta-3-adrenorreceptores, relaxando o músculo detrusor e aumentando a capacidade 
vesical. Utilizado na incontinência urinária de urgência e bexiga hiperativa. Reduz a frequência e o número de episódios 
de incontinência urinária. A dose inicial recomendada é 25 mg/dia. Em pacientes com doença renal em estágio terminal 
ou com doença hepática grave, o uso desse medicamento não é recomendado. Os efeitos adversos relatados 
mais comuns são: distúrbios gastrintestinais, incluindo constipação intestinal, boca seca, dispepsia e náuseas. 
Agonista de receptor vaniloide: Estes receptores estão presentes nos neurônios sensoriais aferentes que inervam o 
detrusor e a uretra. Após a dessensibilização das fibras neurais da bexiga, a medicação suprime as contrações 
involuntárias do detrusor. 
c) INCONTINÊNCIA DE ESTRESSE 
Lembrando que a realização dos exercícios de Kegel demonstrou taxas de cura ou melhora aos 3 a 6 meses, de maneira 
que se considera esse tratamento como de primeira linha. 
Alfa-adrenérgicos (efedrina, fenilefrina): Estimulam a contração do músculo liso uretral. Porém, elevada taxa de efeitos 
adversos (arritmias cardíacas e hipertensão). 
Antidepressivos tricíclicos: Utilizam-se por seus efeitos anticolinérgicos e alfa-agonista. 
Duloxetina: É um potente antidepressivo inibidor da recaptação da norepinefrina e da serotonina. Sua capacidade de 
estimular o neurônio motor alfa-adrenérgico pudendo (núcleo de Onuf na medula espinal sacral) aumenta a 
contratilidade do esfíncter estriado uretral. 
A cirurgia é o tratamento de eleição para os pacientes que não responderam ao tratamento não farmacológico e para 
as IUE graves. O tratamento é baseado na utilização de faixas suburetrais de suporte (slings). Podemos usar também os 
esfíncteres artificiais. 
d) INCONTINÊNCIA DE URGÊNCIA 
Anticolinérgicos: São os mais utilizados no tratamento da incontinênciaurinária de urgência (IUU) e constitui a primeira 
linha de tratamento na bexiga hiperativa. Atuam bloqueando os receptores muscarínicos e deprimindo as contrações 
involuntárias do músculo detrusor. Os mais usados são fesoterodina e solifenacina. 
Antidepressivos: Normalmente, as doses empregadas são inferiores às utilizadas na depressão, portanto a toxicidade 
tende a ser menor. A imipramina é a mais estudada. 
Toxina botulínica. A toxina botulínica injetada no músculo detrusor, mediante cistoscopia, pode aliviar os sintomas da 
IU refratária ao tratamento anticolinérgico. Uma limitação importante é a elevada taxa de retenção urinária após o 
tratamento. 
e) INCONTINÊNCIA POR TRANSBORDAMENTO 
O tratamento mais efetivo é a cirurgia que é a melhor forma de tratar as dificuldades causadas por um útero miomatoso 
ou uma hiperplasia benigna de próstata. Uma alternativa à cirurgia para diminuir ou eliminar a urina residual é a 
sondagem intermitente. Até o momento da intervenção cirúrgica ou, no caso de não estar indicada, podem-se utilizar 
os fármacos. Utilizam-se alfa-bloqueadores e agonistas parassimpáticos, porém os dados da eficácia são controvertidos. 
 
2. Estudar a relação entre a doença de Parkinson e os distúrbios miccionais. 
O SISTEMA NERVOSO é responsável pela coordenação precisa dos diferentes órgãos do trato urinário, garantindo a 
continência urinária durante o enchimento da bexiga e o esvaziamento completo da mesma durante a micção. Doenças 
ou traumatismos de diferentes partes do sistema nervoso podem afetar a coordenação dos órgãos do trato urinário e 
acarretar variadas formas de distúrbios da micção. 
Por serem causados por problemas neurológicos, os distúrbios da função vesical nestes pacientes também recebem o 
nome de “BEXIGA NEUROGÊNICA”. Entre as doenças neurológicas que mais frequentemente cursam com distúrbios do 
controle da micção destacam-se os acidentes vasculares cerebrais (derrames), a esclerose múltipla, a doença de 
Parkinson, o traumatismo raquimedular (paraplégicos ou tetraplégicos) e outras. 
 
Em relação a DOENÇA DE PARKINSON, os sintomas urinários podem ser causados ou influenciados por diversos fatores: 
disfunção vésico-uretral decorrente de alteração neurológica própria da doença de Parkinson; alterações cognitivas que 
resultem em perda da percepção dos eventos miccionais; déficit motor incapacitante; e efeitos colaterais de 
medicamentos antiparkinsonianos (maioria tem efeito α-agonista). 
A fisiopatologia dos distúrbios do movimento é atribuída a uma disfunção nos núcleos da base. Acredita-se que estes 
núcleos sejam responsáveis pela modulação e facilitação de vários programas motores e cognitivos de origem cortical. 
Os corpos de Lewy são uma característica histopatológica da DP que pode ainda ser encontrada no locus ceruleo e em 
outras áreas, inclusive em neurônios autonômicos periféricos 
Na doença de Parkinson, pode ocorrer espasticidade do assoalho pélvico, onde os distúrbios de esvaziamento são 
predominantes e, nestes casos, o cateterismo intermitente, associado ou não a anticolinérgicos, deve ser instituído. O 
acometimento do sistema nervoso periférico pela presença de corpos de Lewy no sistema nervoso autonômico em 
pacientes com a DP avançada poderia explicar alterações urinárias esfincterianas e alguns casos de hiporreflexia do 
músculo detrusor da bexiga. 
Lewin e Porter, em 1965, demonstraram que a estimulação elétrica do globo pálido (faz parte dos gânglios da base) em 
gatos induz à inibição das contrações espontâneas da bexiga. Lesões neurológicas afetando esses núcleos resultam em 
diminuição do controle inibitório voluntário sobre o reflexo da micção produzindo HIPERREFLEXIA DETRUSORA, 
justificando as contrações desinibidas do músculo detrusor, desencadeadas a um baixo volume de urina. Esses efeitos 
inibitórios são exercidos por neurônios dopaminérgicos mediados pelos receptores D1, sobre o reflexo da micção. 
Segundo Araki e Kuno, a degeneração dos neurônios dopaminérgicos poderia promover sintomas irritativos urinários 
na DP, devido à perda dos impulsos inibitórios da substância negra sobre o centro pontino da micção, já que os núcleos 
da base, incluindo a substância negra, têm efeitos inibitórios sobre os reflexos da micção. 
 
3. Entender os determinantes do asilamento no idoso na nossa sociedade. 
A necessidade de cuidados além dos domicílios deve-se à instalação de agravos crônicos com suas complicações e à 
indisponibilidade dos familiares no suporte contínuo que idosos dependentes necessitam, seja pela dificuldade em 
permanecer em casa por tempo integral, seja por impossibilidade de contratar profissionais especializados. 
Quanto aos motivos que leva m à institucionalização, encontram-se resultados distintos. No estudo, os fatores mais 
citados por familiares quando decidem institucionalizar o idoso são o número reduzido de integrantes da família, 
ausência de condições físicas, financeiras e psicológicas para prestar o cuidado em domicílio e o desejo do próprio idoso 
em não perturbar seus familiares. Problemas de relacionamento com os familiares, viuvez, múltiplas doenças e 
síndrome demencial também fazem parte. 
As Instituições de Longa Permanência (ILPs) no Brasil, apresentam uma realidade precária, isto é, estão muito abaixo 
das condições mínimas para o envelhecimento bem-sucedido. Quando o idoso passa a residir nestas instituições, ele 
tem uma drástica redução dos ambientes físico e social. Traz isolamento, inatividade física e mental, e, por conseguinte 
uma redução da qualidade de vida. 
 
4. Conhecer a realidade do acesso do idoso aos serviços de saúde. 
ainda que tenha experimentado, com sucesso, uma série de avanços – como a sua difusão para a quase totalidade das 
cidades, o aumento da cobertura populacional e a estruturação da Estratégia Saúde da Família (ESF) –, ainda enfrenta 
problemas, e seu escopo de atuação, diferentemente do observado no discurso oficial das políticas, privilegia o manejo 
de doenças crônicas, com uma perspectiva predominantemente biomédica. 
Assim, em que pese aos avanços e à consolidação das políticas públicas de saúde, especialmente aquelas ligadas à 
APS, permanece o grande desafio à garantia da integralidade no cuidado ao idoso. 
A organização da atenção à saúde do idoso no âmbito da APS não deve privilegiar o diagnóstico e o tratamento de 
doenças, mas, antes, importa que os atores envolvidos ofertem um cuidado a esse grupo populacional, que contemple, 
adicionalmente, a promoção à saúde e ações preventivas e curativas, articuladas, de modo a garantir a integralidade. 
Ainda há escassez de estudos que objetivamente definam integralidade, o que, por consequência, dificulta a sua 
implementação. 
Nessa perspectiva, a integralidade da atenção ao idoso, no âmbito da APS, precisa incorporar, de fato, uma visão 
ampliada do indivíduo. É preciso chamar a atenção dos profissionais sobre a importância da observação de aspectos 
cognitivos, de humor, mobilidade e comunicação como domínios essenciais à saúde, ampliando o escopo de sua 
atuação para além das clássicas doenças crônicas.

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