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Fertilização e Clivagem A fertilização se refere ao momento em que o gameta masculino (espermatozoide) se une com o gameta feminino (ovócito II), formando o zigoto/célula- ovo. Local de fecundação O local adequado de fertilização é na ampola da tuba uterina, região mais dilatada da tuba e próxima ao ovário da mulher. Ocorre nesse momento porque está na maturação adequada do gameta feminino e, após a fecundação, embrião percorrerá até a cavidade do útero sofrendo alterações e chegando no momento correto de implantação. O ovócito secundário é captado na ovocitação pelos movimentos das fimbrias do infundíbulo da tuba uterina e levado até a ampola por contrações musculares e batimentos ciliares da tuba uterina. Como espermatozoide consegue chegar até região da ampola? • Quimiotaxia: sinais químicos secretados pelo ovócito e pela corona radiata guiam os espermatozoides capacitados. • Termotaxia: diferença de temperatura - +2oC- entre região do istmo e a ampola da tuba uterina guiam os espermatozoides capacitados. • Reotaxia: espermatozoides capacitados migram contra a corrente estabelecida pela tuba uterina (direcionada ao útero devido ao movimento que o ovócito faz) (secreções e movimentos celulares). Para que a fecundação seja viável é preciso que o sêmen (fluidos da vesícula seminal e da próstata) tenha pH básico (7–8,3) para proteção contra acidez bactericida vaginal. Após ser depositado na vagina, ao passar pelo canal vaginal, colo do útero, tuba uterina até à ampola, há uma grande redução do número de espermatozoides, o que mostra a importância de uma produção suficiente de gameta masculino no sêmen. Além disso, o percurso até o sítio de fertilização depende da motilidade espermática e das contrações uterinas. Modificações espermáticas O espermatozoide, assim que chega ao trato reprodutor feminino, é incapaz de fertilizar o ovócito secundário. Portanto, precisa passar por duas seleções: capacitação espermática e depois reação acrossômica. Capacitação espermática A capacitação espermática ocorre no trato reprodutor feminino com o contato de secreções. Esse processo tem a duração de 7 horas. No epidídimo, o espermatozoide recebe proteínas de membrana e na hora da ejaculação recebe outras em sua superfície, mas ao chegar no trato reprodutor da mulher há a remoção de uma cobertura glicoproteica e de proteínas do plasma seminal da superfície do espermatozoide. Isso ocorre porque certos componentes da membrana são alterados, como a remoção de colesterol, deixando-a mais fluida. Além disso, o espermatozoide ganha hiperatividade, aumentando o batimento de flagelo (batimento em chicote). Primeira barreira: corona radiata Nesse momento, o espermatozoide precisa passar por entre as células da corona radiata, região rica em ácido hialurônico. O que auxilia ele é o movimento da cauda (espermatozoide capacitado) e a liberação de enzimas – hialuronidase – feita por ele. OBS: a hialuronidase é produzida pelas proteínas transmembranas presentes na cabeça do espermatozoide. Segunda barreira: zona pelúcida Ao atravessar a primeira barreira, os espermatozoides encontram a zona pelúcida que é o local de reconhecimento entre os gametas (espécie- específico). A zona pelúcida é uma camada glicoproteica secretada pelo ovócito (resistente e permeável). Entre os tipos de glicoproteínas se encontram ZP1, ZP2, ZP3 e ZP4. Em relação a essas moléculas, a mais relevante é a ZP3 que é responsável pelo reconhecimento e ligação da membrana plasmática do espermatozoide e também responsável por iniciar a reação acrossômica. Portanto, espermatozoides possuem receptores de ZP3 em sua membrana plasmática e quando encontram zona pelúcia se ligam ao ZP3 presente nela. Após reconhecimento espécie-específico inicia-se reação acrossômica. Reação acrossômica Ocorre a fusão da membrana plasmática do espermatozoide com a membrana externa da vesícula acrossomal, nisso há a liberação de enzimas estocadas no acrossoma. Consequentemente, ocorre a digestão das glicoproteínas da zona pelúcida. OBS: só espermatozoides capacitados passam pela corona radiata e se submetem à reação acrossômica. OBS: após fusão da membrana acrossomal com a membrana do espermatozoide, a parte que delimita a superfície anterior do espermatozoide que sobrou passa a ser a membrana acrossomal interna. Sendo que a cabeça não é totalmente digerida, há uma região equatorial que servirá para reconhecimento do ovócito. - Enzimas liberadas pelo acrossoma auxiliam na passagem do espermatozoide pela zona pelúcida. - Somente após o término da reação acrossômica o espermatozoide consegue atravessar a zona pelúcida. Fusão das membranas plasmáticas As membranas plasmáticas do ovócito e do espermatozoide se fundem e se rompem na área de fusão. A cabeça, a peça intermediária e a cauda do espermatozoide penetram no citoplasma do ovócito, enquanto que a membrana plasmática é incorporada à membrana plasmática do ovócito. - Nessa etapa há o reconhecimento entre a membrana do espermatozoide (proteínas fertilinas) e a membrana do ovócito (proteínas integrinas). Isso permite a fusão. Bloqueio à poliespermia Para assegurar que somente um espermatozoide fertilize o ovócito, dois tipos de bloqueios à poliespermia estão tipicamente presentes: • Bloqueio rápido - Despolarização da membrana do ovócito (por influxo de sódio). - Curta duração (aproximadamente 1 minuto). - Essa despolarização da membrana leva à uma onda de cálcio intracitoplasmática. • Bloqueio lento - O influxo de cálcio faz com que os grânulos corticais do citoplasma do ovócito realizem exocitose do seu produto (enzimas corticais) pela ativação de fusão desses grânulos com a membrana plasmática do ovócito. - Ovócito libera enzimas (reação cortical) que ocasionam modificações químicas e estruturais na zona pelúcida (reação zonal), impedindo que esta estrutura seja reconhecida por outros espermatozoides. - Duradouro. Retomada do metabolismo - Antes da fecundação: ovócito secundário com metabolismo quiescente (parado em metáfase II), sem síntese de DNA, RNA, proteínas e com baixo consumo de oxigênio. - Depois da fecundação: liberação de cálcio no citoplasma (bloqueio lento à poliespermia), retomada do metabolismo, início do desenvolvimento embrionário. O espermatozoide penetra o citoplasma do ovócito e ocorre o término da meiose II, formando o óvulo e o segundo corpo polar. Depois há a formação de pró- núcleo masculino e feminino (começa a descondensar o material genético, são maiores), a aproximação deles e a perda do envoltório nuclear com consequente mistura de material genético. Resultado da fecundação • Induz o término da meiose II (formando óvulo e segundo corpo polar). • Restaura a ploidia no zigoto (n+n=2n). • Variabilidade genética (meiose +combinação cromossômica). • Determinação do sexo cromossômico (XY ou XX). • Ativação metabólica do zigoto. Técnicas de reprodução assistida • Fertilização in-vitro convencional: ovócito colocado na placa de petri junto com espermatozoides que passarão por todo o processo de capacitação e reação acrossômica para realizar fusão. • ICSI (Injeção intracitoplasmática de espermatozoide): espermatozoide colocado dentro do ovócito por uma agulha. Clivagem Durante a clivagem, o zigoto entra em mitoses sucessivas em que as divisões celulares são atípicas visto que ocorrem de maneira rápida, assíncrona e sem período de crescimento e recuperação do volume citoplasmático. Portanto, desencadeia a formação de células cada vez menores chamados blastômeros (zona pelúcida delimita espaço de clivagem mantendo volume aparente igual do embrião). A formação de blastômeros tem por finalidade estabelecer o tamanho típicodas células somáticas por meio dessa ausência de período de crescimento durante o processo de clivagem. Uma vez restabelecida a relação núcleo/citoplasma característica de células somáticas, as clivagens cessam e são substituídas por mitoses (divisão normal). A clivagem é do tipo holoblástica igual em que os zigotos se dividem por inteiro. Tal processo ocorre por dias, durante o trânsito do embrião pela tuba uterina. Há a presença da zona pelúcida envolvendo os blastômeros durante as clivagens. - Quando a quantidade de blastômeros chega a 8 ou mais, embrião passa a ser chamado de mórula. - São células totipotentes (blastômeros e mórula): capacidade da célula sozinha poder formar uma pessoa completa. Mórula - Clivagens sucessivas levam à formação da mórula A mórula passa por um processo chamado “compactação da mórula” em que há o aumento da interação entre os blastômeros e a formação de uma massa compacta de células fortemente aderidas. A compactação da mórula é um pré-requisito para blastulação. Tal procedimento é possível com a expressão de moléculas de adesão celular (como caderinas) e a formação de junções intercelulares (junções oclusivas, gap, aderentes, desmossomos). Blastocisto Após formação da mórula compactada, começa a entrar líquido dentro dessa massa, empurrando blastômeros para a periferia. Com a reorganização de blastômeros, embrião passa a ser chamado de blastocisto (blástula de mamíferos). Os líquidos que empurram blastômeros para periferia são decorrentes da atividade de bomba de sódio e potássio desses blastômeros que jogam íons para o meio e, por osmose, o líquido passa a ser atraído para tal região. O papel da compactação da mórula para a formação do blastocisto está relacionado com a posição das células na mórula para a formação das partes do blastocisto. Então, durante a compactação da mórula, antes mesmo da formação do blastocisto, as células que irão formar trofoblasto e o embrioblasto iniciam sua diferenciação. As células localizadas mais internamente na mórula compactada, irão formar o embrioblasto. Já as células localizadas mais externamente na mórula compactada irão formar o trofoblasto. - Primeira vez que ocorre uma diferenciação de células. - Células passam a ser chamadas de multipotentes. - Formação do blastocisto ocorre em torno do 5o dia, momento em que chega ao útero.
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