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Introdução e Fases da Infecção por HIV

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1 
KATARINA DIAS 
HIV 
INTRODUÇÃO 
O HIV é um retrovírus, ou seja, vírus com duas 
fitas idênticas de RNA que possui uma enzima 
fundamental para o seu funcionamento 
chamada transcriptase reversa, traduzindo o seu 
material genético, de forma “reversa”, em DNA 
dupla-fita, possuindo capsídeo viral (composto 
pelo antígeno p24) e envoltório lipoproteico. 
A Síndrome da Imunodeficiência Humana 
Adquirida, popularmente conhecida como AIDS, 
é causada pelo vírus HIV, resultando numa 
queda progressiva da contagem de linfócitos T 
CD4+ e, com isso, começam a aparecer diversas 
afecções oportunistas, infecções ou até 
neoplasias, com um estado grave de 
imunodeficiência – o número de Linfócitos T 
CD4+ deve estar abaixo de 350 células/mm3 de 
sangue para ser considerada a existência de 
AIDS. 
FISIOPATOLOGIA 
O HIV é um retrovírus, classificado na subfamília 
dos Lentiviridae. Esses vírus compartilham 
algumas propriedades comuns: período de 
incubação prolongado antes do surgimento dos 
sintomas da doença, infecção das células do 
sangue e do sistema nervoso e supressão do 
sistema imune. As células mais atingidas são os 
linfócitos T CD4+. E é alterando o DNA dessa 
célula que o HIV faz cópias de si mesmo. Depois 
de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca 
de outros para continuar a infecção. 
O HIV geralmente entra no hospedeiro pela 
mucosa anogenital. A proteína do envelope 
viral, a glicoproteína 120 (GP 120), liga-se à 
molécula CD4 nas células dendríticas. As células 
dendríticas intersticiais são encontradas no 
epitélio cervicovaginal, bem como no tecido 
tonsilar e adenoidal, que podem servir como 
células-alvo iniciais em infecções transmitidas 
por sexo genital-oral. 
A infecção por HIV recém-adquirida é mais 
comumente devido à transmissão de vírus com 
tropismo para macrófagos do que com tropismo 
para células T CD4 +. 
As células infectadas pelo HIV se fundem com as 
células T CD4 +, levando à disseminação do vírus. 
O HIV é detectável em linfonodos regionais 
dentro de dois dias da exposição da mucosa e no 
plasma dentro de outros três dias. Assim que o 
vírus entra no sangue, ocorre uma disseminação 
generalizada para órgãos como o cérebro, o 
baço e os gânglios linfáticos. 
QUADRO CLINICO 
A infecção por HIV se apresenta em três fases 
clínicas: infecção primária ou aguda, fase crônica 
assintomática/latência clínica e AIDS. 
➔ Infecção primária ou aguda: tempo 
entre o contágio e o aparecimento de 
anticorpos anti-HIV – soroconversão. 
Geralmente, esse tempo de 4 semanas, e, 
durante a soroconversão, desenvolve-se a 
Síndrome Retroviral Aguda (SRA); 
 Caracterizada como conjunto de sinais e 
sintomas semelhantes a diversos quadros 
de virose – febre, mialgia, cefaleia, 
faringite, dor ocular, rash cutâneo, astenia, 
linfadenopatia, náuseas, vômitos, letargia 
– refletindo a resposta imune contra a 
viremia inicial, porém essa fase também 
pode ser assintomática. Nesse momento, 
bilhões de cópias do vírus circulam pelo 
hospedeiro, e assim, o poder transmissivo é 
muito alto. Esse quadro dura de 3 a 4 
semanas e é autolimitado. 
✓ A sorologia anti-HIV nesse 
momento costuma ser negativa, 
sendo importante a pesquisar por 
RNA viral circulante. Ocorre 
aumento na contagem de células 
TCD4+ e resposta imune celular e 
humoral contra o HIV. 
➔ Fase de latência clínica: Resolvida a 
SRA, o paciente entra na latência 
clínica, que dura cerca de 10 anos 
quando não é realizada a terapia. 
 2 
KATARINA DIAS 
✓ O exame físico pode ser normal, 
podendo também ser percebida 
linfadenopatia, algumas pessoas 
podem desenvolver 
Linfadenopatia Generalizada 
Progressiva (LGP). 
✓ Outros possíveis achados essa fase 
são plaquetopenia isolada ou 
anemia normocrômica e 
normocítica e/ou discreta 
leucopenia. Nesse momento, os 
linfócitos TCD4+ continuam a 
aumentar, enquanto ocorre 
redução da carga viral plasmática. 
Mesmo com ausência de 
sintomatologia, os vírus continuam 
a se replicar, principalmente nos 
CD4 de memória. 
A imunodeficiência começa então a progredir, 
com redução na contagem de CD4 e 
manifestações típicas nos indivíduos 
imunocompetentes começam a aparecer com 
maior gravidade e frequência. CD4 < 350: 
começam a aparecer infecções bacterianas e 
micobacterianas do trato respiratório (sinusite, 
pneumonia, tuberculose pulmonar); CD4 entre 
200 e 300: as mesmas manifestações 
supracitadas começam a se manifestar de forma 
atípica. 
➔ AIDS: Caracterizada como intensa 
supressão no sistema imunológico do 
indivíduo, com o surgimento de 
infecções oportunistas e neoplasias. A 
progressão da infecção é marcada por 
febre baixa, sudorese noturna e 
diarreia crônica. 
As infecções oportunistas mais comuns 
pneumocistose, tuberculose pulmonar 
atípica ou disseminada, 
neurotoxoplasmose, retinite por 
citomegalovírus, meningite criptocócica; já 
as neoplasias mais comuns são Sarcoma de 
Kaposi e, nas mulheres jovens, câncer de 
colo uterino. 
OUTRAS MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS 
SÃO: 
respiratórias (principais causadoras de 
morbimortalidade em pacientes infectados pelo 
HIV) – tuberculose, infecção pelo P. jiroveci, 
pneumonia bacteriana recorrente, sinusite, 
traqueobronquite, rodococose, pneumocistose 
pulmonar; dermatológicas – dermatite 
seborreica, foliculite, psoríase, herpes zoster, 
Herpes simplex. 
DIAGNOSTICO 
Os testes para detecção da infecção pelo HIV 
podem ser divididos, basicamente, em quatro 
grupos: 
• testes de detecção de anticorpos; 
• testes de detecção de antígenos; 
• testes de amplificação do genoma do 
vírus; 
• técnicas de cultura viral. 
As técnicas rotineiramente utilizadas para o 
diagnóstico da infecção pelo HIV são as 
baseadas na detecção de anticorpos contra o 
vírus, os chamados testes anti-HIV. Essas 
técnicas apresentam excelentes resultados. 
Além de serem menos dispendiosas, são de 
escolha para toda e qualquer triagem inicial. 
Detectam a resposta do hospedeiro contra o 
vírus (os anticorpos) e não o próprio vírus. 
➔ Testes de detecção de anticorpo: 
• ELISA (ensaio imunoenzimático): essa 
técnica vem sendo amplamente 
utilizada na triagem de anticorpos 
contra o vírus, pela sua facilidade de 
automação, custo relativamente baixo 
e elevada sensibilidade e 
especificidade. 
• Imunofluorescência indireta: é um 
teste utilizado na etapa de confirmação 
sorológica. 
• Western-blot: esse teste é considerado 
“padrão ouro” para confirmação do 
resultado reagente na etapa de 
triagem. Tem alta especificidade e 
 3 
KATARINA DIAS 
sensibilidade, mas, comparado aos 
demais testes sorológicos, têm um 
elevado custo. 
• Testes rápidos: dispensam em geral a 
utilização de equipamentos para a sua 
realização, sendo de fácil execução e 
leitura visual. Sua aplicação é voltada 
para situações emergenciais que 
requerem o uso profilático com 
antirretrovirais, ou seja, em centros 
obstétricos, e no paciente-fonte após 
acidente ocupacional. Esse teste tem 
aplicação, ainda, em locais onde a 
avaliação de custo-benefício justifica 
seu uso e para triagem geral da 
população de risco. Os testes rápidos 
são executados em tempo inferior a 30 
minutos 
OBS=As outras técnicas de biologia molecular 
detectam diretamente o vírus, ou suas 
partículas, e são utilizadas em situações 
específicas, tais como: esclarecimento de 
exames sorológicos indeterminados, 
acompanhamento laboratorial de pacientes e 
mensuração da carga viral para controle de 
tratamento. 
Os anticorpos contra o HIV aparecem, 
principalmente, no soro ou plasma de indivíduos 
infectados, numa média de 6 a 12 semanas após 
a infecção. Em crianças menores de 2 anos, o 
resultado dos testes sorológicos é de difícil 
interpretação, em virtude da presença de 
anticorpos maternos transferidos passivamente 
através da placenta. Nesses casos, em virtude 
dos testes imunológicosanti-HIV não 
permitirem a caracterização da infecção, 
recomenda-se que a avaliação inicial de 
diagnóstico seja realizada por testes de biologia 
molecular para detecção direta do vírus. 
TRATAMENTO DE HIV 
A indicação de uso de terapia anti-retroviral 
(TARV) é um tema complexo, sujeito a 
constantes mudanças e incorporação de novos 
conhecimentos, e por isso definida e revisada 
anualmente por um grupo técnico assessor de 
experts, nomeado em portaria do Ministério da 
Saúde. 
Por essa razão, a terapia anti-retroviral para o 
HIV deve ser prescrita por infectologista, ou 
outro médico capacitado, que definirá, baseado 
nas recomendações do consenso vigente, o 
momento de início e qual a melhor combinação 
a ser instituída. 
Temos três classes de drogas liberadas para o 
tratamento anti-HIV, os Inibidores da 
Transcriptase Reversa, os Inibidores da 
Protease e o inibidor de fusão (o T20). Temos a 
seguir breves informações sobre os anti-
retrovirais de maior uso: 
• Inibidores da Transcriptase Reversa – 
são drogas que inibem a replicação do 
HIV, bloqueando a ação da enzima 
transcriptase reversa, que age 
convertendo o RNA viral em DNA. 
Atualmente temos disponíveis 
substâncias Nucleosídeas (AZT, 3TC, 
d4T, ddI e Abacavir) e Não-
Nucleosídeas (Nevirapina, Delavirdina 
e Efavirenz). 
• Inibidores da Protease – essas drogas 
agem no último estágio da formação do 
HIV, impedindo a ação da enzima 
protease. Essa enzima é fundamental 
para a clivagem das cadeias protéicas, 
produzidas pela célula infectada, em 
proteínas virais estruturais e enzimas 
que formarão cada partícula do HIV. 
Atualmente temos à disposição: 
Indinavir; Nelfinavir , Ritonavir; 
Saquinavir; Amprenavir, 
Lopinavir/Ritonavir. 
▪ As recomendações de TARV no Brasil 
têm por base evidências científicas de 
que a associação de drogas, promove a 
redução da replicação viral e a redução 
na emergência de cepas 
multirresistentes. 
A terapia combinada é o tratamento anti-
retroviral com associação de pelo menos três 
drogas da mesma classe farmacológica (p ex., 
 4 
KATARINA DIAS 
três inibidores da transcriptase reversa), ou de 
classes diferentes (p ex., dois inibidores da 
transcriptase reversa e um inibidor de 
protease). 
 
Define-se falha terapêutica em pacientes 
fazendo uso de terapia anti-retroviral, 
analisando-se três parâmetros: 
• Clínico: surgimento de sintomas 
relacionados com aids ou 
manifestações oportunistas 
• Imunológico: queda > 25% da 
contagem de linfócitos T-CD4+ 
• Virológico: elevação da carga viral 
Além da terapia anti-HIV, para alguns 
pacientes, o serviço especializado poderá 
prescrever quimioprofilaxia e imunização 
para certos processos oportunistas mais 
prevalentes, cuja relação custo-benefício 
tem se mostrado amplamente favorável.

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