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TCC - A elitização do ensino de língua inglesa no Brasil.

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A elitização do ensino de língua inglesa no Brasil 
 
 
 
Aluna: Vitoria Bispo da Silva. 
Professora: Marcia Pereira da Veiga Bucheb. 
 
 
 
 
 
Resumo: O artigo a seguir apresenta o ensino de língua inglesa de acordo 
com as políticas de educação nacional, a influência da cultura pop para a alta 
na procura do ensino privado de língua inglesa, sua aplicação na prática tanto 
pública como privada e também o sistema monetizado por instituições 
privadas, criando assim a exploração e monetização do ensino de língua 
inglesa, qualificando assim o trabalho da LDB e dos Parâmetros Curriculares 
Nacionais como nulos e falhos e inacessíveis para a maioria populacional de 
baixa renda. 
 
Palavras chave: Ensino de língua inglesa, elitização do ensino, Políticas 
de ensino de língua inglesa. 
 
1.Introdução 
Uma pergunta que se faz a todo tempo por vários autores é: “Quem pode 
aprender inglês?” e atualmente ainda se pergunta quem realmente pode ou tem 
acesso ao ensino real da língua inglesa em tempos cada vez mais globalizados e 
conectados ao mundo exterior. 
Este artigo tem como objetivo apresentar a elitização do ensino de língua 
inglesa, passando desde a educação básica até o ensino superior, aspectos sobre 
a desigualdade social gerada no mercado de trabalho e também para estudantes 
em seus anos de período escolar. Desde o ensino básico, a criança na educação 
privada tem acesso ao ensino de inglês mesmo que no nível mais básico, mas na 
educação pública, o inglês se torna obrigatório somente a partir do ensino 
fundamental (6º ano do ensino fundamental), seria essa diferença de tempo de 
introdução ao ensino de uma língua estrangeira uma forma de desigualdade no 
ensino? 
Apresentando também sobre a falta de aplicação clara do governo das 
matrizes educacionais em língua inglesa e o ensino de língua estrangeira em geral 
nas leis, diretrizes e bases educacionais e nos planos nacionais de educação 
nacional, dado o fato em que vivemos em um mundo globalizado no qual a 
influência do inglês deixou de ser apenas artificial, se tornando cada vez mais 
necessária como uma língua de ponte aérea para o mundo afora. Fatores culturais 
como a música, o entretenimento (filmes, séries, feiras culturais), o turismo e o 
comércio exterior fazem com que seja cada vez mais necessário o aprendizado de 
uma língua estrangeira e em sua maior proporção, o inglês é a língua franca mais 
utilizada em todos esses aspectos de consumo e de convívio social. 
O inglês atualmente deixou de ser somente um objeto de aprendizado a 
curto prazo, visto que tudo o que usamos ou o que aprendemos é originado em 
parte do comércio internacional e da relação com o mundo. Como nos 
comunicaremos se não fazemos uso da língua franca atual que é a língua inglesa? 
São perguntas a serem respondidas ao longo do artigo, problematizando 
também a falta de incentivo governamental e também dos planos educacionais 
nacionais em práticas atualizadas. Os resultados reforçam o quão essencial é o 
ensino de língua inglesa, não somente para crescimento e conhecimento pessoais, 
mas também para entendermos mais do mundo em que vivemos, mesmo em um 
país falante de língua portuguesa. 
 
2. O ensino de inglês, segundo a LDB e o PNE e PCNs 
 A educação no Brasil é regida por regras, leis e planos para a educação 
escolar em seus níveis desde o nível básico, composto pela educação infantil, o 
ensino fundamental, o ensino médio, e também o nível superior, que são 
compostos por faculdades, universidades e institutos de pesquisa tecnológica, e, 
como regras e legislação previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
(BRASIL, 1997), o ensino de língua estrangeira é previsto de acordo com a LDB: § 
5º No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto ano, será ofertada a língua 
inglesa. (Brasil, 2017) 
Com mudanças em suas diretrizes, passou-se obrigatória o ensino de língua 
inglesa a partir do sexto ano do ensino fundamental e no ensino médio como 
caráter obrigatório, o ensino de língua inglesa, acrescido de mais uma língua 
estrangeira em caráter optativo, dada a demanda de oferta pela instituição de 
ensino, mas vemos que a realidade do ensino nacional é totalmente outra. 
Conforme citada no texto da LDB, encontrada no Artigo 35-A, como mostra a 
seguir: 
§ 4º Os currículos do ensino médio incluirão, obrigatoriamente, o estudo 
da língua inglesa e poderão ofertar outras línguas estrangeiras, em 
caráter optativo, preferencialmente o espanhol, de acordo com a 
disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos sistemas de 
ensino. 
(BRASIL, 2017) 
De acordo com os Parâmetros Nacionais Curriculares, como já citado na LDB, o 
ensino de língua inglesa deve ser iniciado e incentivado já da educação básica 
(anos iniciais), para assim fazer com que os alunos sejam familiarizados com a 
língua, com a didática do idioma e criando assim uma facilidade de aquisição de 
uma língua estrangeira, mas por vários fatores atuais, dentre falta de profissionais 
interessados, habilitações caras, baixa remuneração, dentre outras, se torna cada 
vez mais difícil encontrar professores de inglês interessados em trabalhar no 
ensino público, facilitando assim a introdução à língua estrangeira. 
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) para o 
ensino de inglês, dá-se o caso de: 
Pensar-se o ensino e a aprendizagem das Línguas Estrangeiras 
Modernas no Ensino Médio em termos de competências abrangentes e 
não estáticas, uma vez que uma língua é o veículo de comunicação de um 
povo por excelência e é através de sua forma de expressar-se que esse 
povo transmite sua cultura, suas tradições, seus conhecimentos. ” 
(BRASIL, 2000, p. 30) 
Embora essa citação tenha sido escrita quando o documento foi lançado, mais de 
10 anos atrás, podemos ver que atualmente, ainda precisa ser revisto e melhorado 
muita coisa em termos de aplicação do ensino de língua inglesa também no ensino 
médio e, para isso, uma reforma no Parâmetro Curricular Nacional seria essencial 
e muito necessária. 
No ensino superior, existiam programas como o Idiomas Sem Fronteiras e o Inglês 
Sem Fronteiras, que incentivava alunos em formação no ensino superior público de 
universidades federais com desejo de adquirir um certificado de língua estrangeira, 
pudessem ter acesso para tal, com direitos a provas de TOEFL (Teste de 
Proficiência em Inglês como Língua Estrangeira) e IELTS (Sistema de Teste 
Internacional de Língua Inglesa), qualificando assim esses alunos a usufruírem de 
bolsas de intercâmbio no exterior pelo mesmo programa, mas por cortes 
governamentais, o programa foi suspenso em 2019. O programa foi um grande 
pioneiro e braço direito para assim corrigir a falta do ensino de língua inglesa na 
educação básica nacional, onde muitos alunos do ensino superior não possuíam 
sequer acesso ao ensino de uma segunda língua estrangeira: “Apesar de o 
secretário resumir o programa ao "pagamento de TOEFL", o IsF foi desenvolvido 
com três linhas de atuação: aplicação de testes de proficiência, oferta de cursos de 
idiomas presenciais e a distância.... (Portal Uol, 2019)” 
O ensino de língua inglesa ofertado pela educação básica não é suficiente para 
que o aluno desenvolva habilidades da língua, muito menos há sequer a chance de 
desenvolver planos de estudos mais elaborados por conta de baixa carga horária e 
oferta no ensino básico público, seja em âmbito estadual ou municipal. 
 
 
3. A popularização da cultura pop e o ensino de língua inglesa. 
 
 Em meados dos anos 90 aos anos de 2010-15, a Cultura pop fez com que o 
ensino de inglês se tornasse cada vez mais acentuado em território nacional, visto 
que a vasta cultura do entretenimento da música, filmes, séries que foram 
produzidos ao longo dessas duas décadas, acelerou de maneira gigantesca o 
consumo de novas tecnologias e também dando acesso ao entretenimento demodo mundial em língua inglesa. 
Mas a cultura pop se define ao que chamamos de boom da cultura norte americana? 
Não exatamente, visto que séries britânicas como Doctor Who (BBC, 2005), que 
faz sucesso até os dias de hoje, mesmo sendo de origem britânica e Sherlock 
(2010-2016) e entre as mais recentes como Black Mirror (Netflix, 2011) e também 
atualmente contando a história da coroa britânica The Crown (Netflix, 2016), 
despertou o interesse de muitos em aprender o inglês e com o passar dos anos, 
isso não é diferente. 
O cenário atual do entretenimento internacional não é somente definido ao 
mercado do cinema, em que produções de Hollywood eram as que mais 
chamavam a atenção do público, mas mundo afora, encontramos cada vez mais 
conteúdo produzido para a língua inglesa do que em outras línguas como espanhol, 
dentre outras, dentre eles países não falantes de língua inglesa produzindo 
conteúdo em inglês. Fenômenos atuais como o K-pop (korean pop) que deram um 
“up” no cenário internacional e mostraram que vieram para ficar e agradam o 
público adolescente, fazem também o uso do inglês como forma de ampliação do 
mercado internacional, mesmo sendo de origem de um país não-falante da língua 
inglesa, a Coreia do Sul. Grupos como NCT (Neo Culture Technology, S.M 
Entertainment, 2016), Monsta X, dentre outros, também possuem lançamentos 
únicos em língua inglesa, agradando também o público internacional e ampliando 
seu leque de possibilidades de mercado no exterior. 
A música tem sido um dos principais propulsores do consumo do mercado cultural 
pop, tendo como influência seus boybands e girlbands como Spice Girls e 
Backstreet Boys, até ao New Kids on the Block e Destiny’s Child, fez com que 
o mercado musical fosse expandido a níveis ultra globalizados, mesmo sem a 
velocidade da internet e a acessibilidade de conteúdo que encontramos ao toque 
de uma simples tela atualmente, mas será que o ensino de inglês teve o mesmo 
avanço no Brasil? Vemos que em dias atuais, a situação econômica nacional não 
se encontra da melhor forma e pela situação de pandemia mundial de Covid-19, a 
crise sanitária atual não é o melhor para viagens e incentivo ao turismo, e, com o 
ensino de língua inglesa cada vez mais estrito ao ensino privado, dificulta a 
acessibilidade ao aprendizado eficaz e útil de uma forma geral, não só sabendo 
como o inglês é a língua mais falada no mundo e usada como língua franca, tem 
seu papel considerado essencial no mercado de trabalho, mas mesmo com sua 
alta procura, nem sempre significa poder arcar com os custos de uma educação 
tão cara, mas muito necessária em tempos modernos. 
 
3.1 A falta de acessibilidade aos cursos de inglês para pessoas de classes 
mais baixas. 
 Sabemos que, cursos extra curriculares são ótimos para o currículo, que nos 
ajudam a encontrar ótimas oportunidades no mercado de trabalho, mas será 
mesmo que essa oportunidade se encontra disponível para todos em todas as 
classes sociais? A resposta atualmente é não. Cursos, escolas de idiomas e ensino 
de língua inglesa feito de forma particular/instituição privada, atualmente possuem 
uma alta procura, mas não significa que todas as pessoas podem ter acesso ao 
mesmo. Dado o fato em que cursos mais populares nacionalmente custam em 
média mensal de 340-660 reais mensais divididos em 2h30m/aula semanais, o 
custo dos materiais sendo relativamente mais caros e renováveis por semestre 
com custo de 330 a 550 por módulo, nem todos possuem situação financeira viável 
para fazer uma qualificação a mais e acrescer em seus currículos, com o 
agravamento da pandemia de Covid-19 e o baixo incentivo à cursos mais 
acessíveis para todos pela maioria das instituições privadas de ensino, o poder 
aquisitivo das população mais pobre caiu cada vez mais, mesmo com todos os 
aparatos e atrativos que possuem uma escola de idiomas ou um curso extra 
curricular, ainda não é possível fazer com que todos tenham acesso adequado sem 
precisar se preocupar financeiramente com essa carga a mais para pagamentos 
mensalmente. 
Não somente pensando no aluno, o profissional que, dependendo de sua formação 
e de seus certificados internacionais de domínio de língua inglesa, faz com que sua 
hora/aula seja mais cara, vê seu trabalho sendo não tão proveitoso por conta da 
monetização de suas habilidades, vendo seu trabalho não sendo tão bem 
remunerado e também não facilitando com que todos os alunos de classe mais 
baixa possam ter acesso, visto que, cursos de idiomas investem em ganhos reais, 
e não na facilitação do ensino e abertura de espaço para classes econômicas e/ou 
sociais mais baixas. 
As políticas educacionais e também cursos/escolas de idiomas procuram 
profissionais mais bem qualificados, com todos os seus certificados de Cambridge 
como o CELTA, CAE, FCE, o que um profissional capacitado e habilitado em 
ensino de língua inglesa precisa de fato para lecionar um segundo idioma, mas 
será mesmo que ele será recompensado por anos de estudo e aplicação também 
de investimento financeiro para tal? 
No Brasil, a média salarial para um professor de inglês é muito abaixo da média da 
maioria dos outros países como Coreia do Sul, onde um professor de inglês ganha 
em média 3.150,00KR₩ (equivalentes a R$16,065 reais em conversão atual de 
moedas), seria uma ótima remuneração, mas estimando que um profissional de 
educação com nível superior (a nível de graduação) no Brasil ganha em média 
R$1800-2200 reais de salário dependendo de sua região e localidade, ainda não é 
suficiente. Entram em questão no ganho salarial os impostos a pagar, custo de vida 
mensal e a remuneração salarial brasileira para um professor ainda continua sendo 
uma das mais baixas do mundo, de acordo com ranking da OCDE (2019) que 
avaliou 48 países, dentre eles o Brasil em 40º lugar neste ranking, o salário de um 
professor no Brasil é um dos piores no mundo, em comparação com Luxemburgo 
que está entre os que melhores são remunerados (US$ 79.551 em início de 
carreira), no Brasil, independentemente do nível, seja ele básico, fundamental ou 
médio, o salário é sempre o mesmo (equivalentes a US$ 13.971, convertendo em 
dólar o ganho anual de um professor), considerando que, o salário-base de um 
professor, era de R$2,557 ao mês como média geral/nacional, o que com certeza, 
leva também ser uma desmotivação para estar em sala de aula, por conta de sua 
baixa valorização como profissional. 
 
4. Repensar o aprendizado do inglês de uma forma geral. 
 Estratégias usadas e metodologias de ensino dados por instituições particulares 
de ensino de inglês nem sempre são aplicadas ao ensino público, já que há menos 
tempo de aula (média de 1h40m de aula por tempo/semana), menos possibilidades 
de exploração e execução de novas atividades, falta de aparatos para aplicação de 
novas tarefas, falta de estímulo tanto dos profissionais (por viver da metodologia de 
educação bancária) e falhas no planejamento geral de ensino não interativo do 
inglês. 
De acordo com esse documento, Pelas Orientações Curriculares para o Ensino 
Médio (OCEMs, 2006), de acordo com esse documento, declara que: 
verifica-se que, em muitos casos, há falta de clareza sobre o fato de que 
os objetivos do ensino de idiomas em escola regular são diferentes dos 
objetivos dos cursos de idiomas. Trata-se de instituições com finalidades 
diferenciadas. Observa-se a citada falta de clareza quando a escola 
regular tende a concentrar-se no ensino apenas linguístico ou 
instrumental da Língua Estrangeira (desconsiderando outros objetivos, 
como os educacionais e os culturais) (BRASIL, 2006, p. 90). 
 
Embora não haja sequer conexão direta ou clareza, cita que, os objetivos do 
ensino de língua inglesa em escolas de ensino regular (público ou particular) são 
diferentes do curso livre de idiomas. A metodologia de uma instituição privada é 
voltada para a aplicação imediata do inglês, aulasdidáticas e livro didático em 
inglês, o que facilita o aluno a se familiarizar com a língua inglesa de forma geral, 
mas no ensino público, aulas de inglês começam por volta do ensino fundamental 
(5ª série/6º ano) e como em maioria nacional, livros didáticos nem sempre são 
distribuídos em tempo para a execução e visualização do aluno com o ensino e/ou 
nunca chegam a existir de fato que o aluno consiga visualizar esse aprendizado, 
que se restringe ao professor aplicando somente atividades em sala de aula, sem 
tempo de aplicação ou execução de novas atividades, o que caracteriza o ensino 
de inglês como “meramente instrumental”. 
Falta de estímulo para trabalhar atividades e ambientação em língua portuguesa 
criam esse comodismo linguístico, tirando assim a capacidade do aluno de 
exercitar as habilidades básicas e necessárias para desenvolvimento da segunda 
língua, como fala, escrita, leitura e escuta, dificultando ainda mais o 
desenvolvimento e interesse na língua inglesa, ou também criando a falta de 
interesse do mesmo, por não haver nada que o estimule a aplicar o que se aprende 
em uso diário. 
Devemos assim repensar o ensino de língua inglesa? Sim, visto que profissionais 
mal remunerados, alunos não estimulados, a falta de estrutura e um ensino 
defasado fazem com que menos profissionais queiram encarar a educação pública 
como forma de ensinar com prazer, mas somente com a obrigação de ensinar por 
necessidade de estar em sala de aula. Há a necessidade de incentivo profissional 
para também haver crescente convencimento tanto dos alunos que são o 
público-alvo do ensino de língua inglesa, independente da faixa etária, tanto para 
os professores que são os transmissores do conhecimento, dando assim espaço 
para novas práticas, novas possibilidades, inovação para o ensino e abordagem de 
ensino, tirando assim um pouco do tradicionalismo educacional, criando assim uma 
estreita educação prazerosa no ensino-aprendizagem para tanto os educadores 
como para os educandos. Hoje, necessitamos cada vez mais de profissionais 
independente de suas áreas de ensino que estejam cada vez mais alinhados com 
o propósito principal da educação que é transmitir o conhecimento, mas não 
deixando de lado a cidadania e seus direitos como aprendiz, futuramente, também 
transmissor desse conhecimento. 
 
4.1. Monetizar/privatizar ou facilitar o acesso? Desafios para o 
desenvolvimento das habilidades em língua inglesa. 
 Cada aluno em sua particularidade possui uma forma diferente para aprender tal 
disciplina ou matéria com facilidade ou dificuldade. Metodologias de ensino atuais 
são as centradas no professor em que, ele como figura transmissor de 
conhecimento, se põe em sala de aula, em posição na qual o aluno se vê "refém" 
da metodologia tradicional bancária, sem ao menos trazer inovações educacionais, 
criando metodologias cansativas, repetitivas, baseando-se em memorização, sem 
prática e uso constante do que se aprende, falta de elaboração exploratória do 
conteúdo abordado, dado o caso em que, sequer há tempo viável para criar 
atividades ativas em que o aluno se torna o centro do aprendizado, não o professor 
como figura que a transmite somente, criando-se um ambiente favorável. Neste 
aspecto, Perrenoud (2000, p.139) ressalta: 
 
“As novas tecnologias podem reforçar a contribuição dos trabalhos 
pedagógicos e didáticos contemporâneos, pois permitem que sejam 
criadas situações de aprendizagem ricas, complexas e diversificadas que 
ajudarão na formação dos alunos.” 
O ambiente atual que encontramos em sala de aula é o oposto do ideal, que seria o 
ambiente em que aluno se sente "pertencido" e também abraçado pela turma em 
que se encontra, dando oportunidade de fala e de ser escutado por quem o ensina 
e com quem se compartilha o que se aprende, seriam fatores primordiais para tirar 
o estigma da escola, onde seria o local de compartilhar e também adquirir o 
conhecimento, se faz atualmente o contrário, onde poucos se mostram 
interessados no que se aprendem, onde há poucas chances de aprendizagem 
mútua e poucos espaços de fala para os educandos e também para conversas 
entre os demais profissionais sem prejuízos aos mesmos. O ambiente de trabalho 
se torna hostil e menos acolhedor para o profissional da educação. 
Como podemos ver a seguir, de acordo com o livro de Paulo Freire, em Pedagogia 
do Oprimido (1996): 
a)o educador é o que educa; os educandos, os que são educados; b)o 
educador é o que sabe; os educandos, os que não sabem: c)o educador é 
o que pensa; os educandos, os pensados; d)o educador é o que diz a 
palavra; os educandos, os que a escutam docilmente; e)o educador é o 
que disciplina; os educandos, os disciplinados; f)o educador é o que opta 
e prescreve sua opção; os educandos, os que seguem a prescrição: g)o 
educador é o que atua; os educandos, os que têm a ilusão de que atuam, 
na atuação do educador; h)o educador escolhe o conteúdo programático; 
os educandos, jamais ouvidos nesta escolha, se acomodam a ele; i)o 
educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional, 
que opõe antagonicamente à liberdade dos educandos; estes devem 
adaptar-se às determinações daquele; j)o educador, finalmente, é o 
sujeito do processo: os educandos, meros objetos. 
Precisamos mudar a linha de pensamento da qual somente o professor é a figura 
principal do ensino, a que possui unicamente o saber e tem o poder unicamente de 
educar, independente de disciplinas, deixando assim o aluno sem espaço e sem 
voz para também transmitir o conhecimento a sua maneira. 
A monetização do ensino faz com que ela seja focada para um público alvo 
específico, com poder econômico maior entre a maioria populacional brasileira, 
vista que de acordo com a Medida Provisória nº 1.021 de 30 de dezembro de 2020, 
o salário mínimo de 2021 é de R$1.100,00 mensais, sendo assim, é impossível 
com que a maioria populacional que é de classe baixa, tenha a possibilidade de 
buscar um curso extra curricular por conta da alta desigualdade social nacional. 
O plano nacional de educação é falho, visto que se as medidas propostas pelos 
parâmetros nacionais e aplicados com afinco em suas escolas fossem levadas a 
sério e houvessem incentivos governamentais para tal, a taxa de aprendizado de 
ensino de inglês, contando também com a sobrecarga de trabalho que esses 
profissionais acumulam, de acordo com a pesquisa feita pelo British Council (2018), 
como apresentamos a seguir: 
“Eles dão aulas para muitas turmas e geralmente lecionam outras 
matérias além do inglês, sendo que a maior sobreposição é com a 
disciplina de língua portuguesa. 69% dos professores se dedicam a mais 
de 6 turmas por semana e 65% lecionam mais de uma disciplina – apenas 
35% se dedicam apenas ao inglês.” 
Professores de inglês ganham pouco, poucos possuem formação adequada para o 
ensino, falta de estímulo salarial e também de oportunidade de expansão de 
carreira fazem com que a falta de interesse de profissionais graduados procure a 
trabalhar na área de ensino seja cada vez menor no cenário atual. 
 
5. Considerações finais: Em um mundo cada vez mais globalizado e, na era 
digital em que vivemos atualmente, informações são transmitidas em segundos e 
de maneira prática com o toque da tela de um smartphone, vemos que ainda há 
muito a ser feito e solucionado, para assim consolidarmos uma educação de 
qualidade de uma língua estrangeira, não só isso, mas melhorando também os 
níveis educacionais e acesso ao aprendizado independentemente do nível 
educacional do aluno, visando assim amplificar, fortificar aprendizados e rompendo 
barreiras no ensino brasileiro. 
Usando artifícios atuais e atrativos para a educação como jogos e o acesso à 
internet, poderiam ser refeitas as atuais políticas e assim criando novas políticas 
públicas de ensino de língua inglesa, dado o fato em que a última atualização 
aconteceu em1997, já passados assim 24 anos, e que, com os tempos modernos 
e a facilidade de uso da internet para ensino fez com que tudo se tornasse então 
mais acessível para a maioria populacional, o governo poderia refazer o Plano 
Educacional, assim modernizando, incentivando tanto profissionais como alunos 
da educação pública a estudarem inglês não somente como complemento 
acadêmico obrigatório, mas fazendo com que a prática se torne constante e 
prolongada, contínua e existente ao longo da sua vida, não somente acadêmica ou 
escolar, mas no ambiente geral e social, gerando frutos não somente para serem 
semeados agora, mas também gerando novos conhecimentos e expandindo seus 
horizontes como um ‘cidadão do mundo moderno’. 
Existem muitas lacunas a serem preenchidas, assim como muito a ser ampliado, 
aplicado e aprimorado para a renovação da política nacional de educação e 
também das Leis e Diretrizes e Bases da Educação brasileira, não só incentivando 
a Educação Básica pública, mas assim também expandindo novamente para o 
ensino superior, assim sendo visto de maneira igualitária, propícia para todos os 
níveis educacionais e assim sanando dúvidas, preenchendo lacunas deixadas 
pelas falhas e falta de aplicação real do que deveria ser imposto pelas PCN, LDB e 
também pelo PNE. 
Podemos assim concluir com este artigo que, embora a língua inglesa é uma 
língua franca e considerada mundial por conta da globalização, o ensino do inglês 
no Brasil é considerada por muitos apenas um idioma comercial por muitos anos e 
que essa realidade persiste até hoje pela elitização do aprendizado e monetização 
do ensino por cursos de idiomas de língua inglesa e que a realidade hoje é 
parecida também, que essa corrida pelo aprendizado e falta de recursos por causa 
da monetização do ensino causa bastante desigualdade, trazendo assim a 
incerteza de que sempre que alguém esteja melhor preparado pode tomar o 
espaço de alguém que sempre foi menos privilegiado, levando sempre em questão 
um pedaço de papel do que suas habilidades adquiridas de maneira autodidata ou 
no mais básico nível que seja. 
 
6. Referências bibliográficas: 
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9.394, de 20 de 
dezembro de 1996. Brasília, 1996. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art2> . 
Acesso em: 28 mar. 2021. 
_____. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCN+ Ensino Médio: 
Orientações Educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. 
Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, 2002. 
Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/linguagens02.pdf> . 
Acesso em: 28. mar. 2021. 
_____. Diário Oficial da União, Medida Provisória n° 1.021, de 30 de dezembro 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art2
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/linguagens02.pdf
de 2020. Disponível em: 
<https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/medida-provisoria-n-1.021-de-30-de-dezembr
o-de-2020-297208167> Acesso em 29. Mar. 2021. 
 
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. 
Parâmetros curriculares nacionais, códigos e suas tecnologias. Língua 
estrangeira moderna. Brasília: MEC, 1999. pp 49-63. Disponível 
em:<https://www.sk.com.br/pcn.html>. Acesso em: 23. mar. 2021. 
 
British Council. Políticas Públicas do Ensino de Inglês. 2020. Disponível em: 
<https://www.britishcouncil.org.br/atividades/escolas/politicas-publicas-ensino-ingle
s>. Acesso em: 29. Mar. 2021. 
___________. O ensino de inglês na educação pública brasileira. 2015. 
Disponível em: 
<https://www.britishcouncil.org.br/sites/default/files/estudo_oensinodoinglesnaeduc
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