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A elitização do ensino de língua inglesa no Brasil Aluna: Vitoria Bispo da Silva. Professora: Marcia Pereira da Veiga Bucheb. Resumo: O artigo a seguir apresenta o ensino de língua inglesa de acordo com as políticas de educação nacional, a influência da cultura pop para a alta na procura do ensino privado de língua inglesa, sua aplicação na prática tanto pública como privada e também o sistema monetizado por instituições privadas, criando assim a exploração e monetização do ensino de língua inglesa, qualificando assim o trabalho da LDB e dos Parâmetros Curriculares Nacionais como nulos e falhos e inacessíveis para a maioria populacional de baixa renda. Palavras chave: Ensino de língua inglesa, elitização do ensino, Políticas de ensino de língua inglesa. 1.Introdução Uma pergunta que se faz a todo tempo por vários autores é: “Quem pode aprender inglês?” e atualmente ainda se pergunta quem realmente pode ou tem acesso ao ensino real da língua inglesa em tempos cada vez mais globalizados e conectados ao mundo exterior. Este artigo tem como objetivo apresentar a elitização do ensino de língua inglesa, passando desde a educação básica até o ensino superior, aspectos sobre a desigualdade social gerada no mercado de trabalho e também para estudantes em seus anos de período escolar. Desde o ensino básico, a criança na educação privada tem acesso ao ensino de inglês mesmo que no nível mais básico, mas na educação pública, o inglês se torna obrigatório somente a partir do ensino fundamental (6º ano do ensino fundamental), seria essa diferença de tempo de introdução ao ensino de uma língua estrangeira uma forma de desigualdade no ensino? Apresentando também sobre a falta de aplicação clara do governo das matrizes educacionais em língua inglesa e o ensino de língua estrangeira em geral nas leis, diretrizes e bases educacionais e nos planos nacionais de educação nacional, dado o fato em que vivemos em um mundo globalizado no qual a influência do inglês deixou de ser apenas artificial, se tornando cada vez mais necessária como uma língua de ponte aérea para o mundo afora. Fatores culturais como a música, o entretenimento (filmes, séries, feiras culturais), o turismo e o comércio exterior fazem com que seja cada vez mais necessário o aprendizado de uma língua estrangeira e em sua maior proporção, o inglês é a língua franca mais utilizada em todos esses aspectos de consumo e de convívio social. O inglês atualmente deixou de ser somente um objeto de aprendizado a curto prazo, visto que tudo o que usamos ou o que aprendemos é originado em parte do comércio internacional e da relação com o mundo. Como nos comunicaremos se não fazemos uso da língua franca atual que é a língua inglesa? São perguntas a serem respondidas ao longo do artigo, problematizando também a falta de incentivo governamental e também dos planos educacionais nacionais em práticas atualizadas. Os resultados reforçam o quão essencial é o ensino de língua inglesa, não somente para crescimento e conhecimento pessoais, mas também para entendermos mais do mundo em que vivemos, mesmo em um país falante de língua portuguesa. 2. O ensino de inglês, segundo a LDB e o PNE e PCNs A educação no Brasil é regida por regras, leis e planos para a educação escolar em seus níveis desde o nível básico, composto pela educação infantil, o ensino fundamental, o ensino médio, e também o nível superior, que são compostos por faculdades, universidades e institutos de pesquisa tecnológica, e, como regras e legislação previstas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1997), o ensino de língua estrangeira é previsto de acordo com a LDB: § 5º No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto ano, será ofertada a língua inglesa. (Brasil, 2017) Com mudanças em suas diretrizes, passou-se obrigatória o ensino de língua inglesa a partir do sexto ano do ensino fundamental e no ensino médio como caráter obrigatório, o ensino de língua inglesa, acrescido de mais uma língua estrangeira em caráter optativo, dada a demanda de oferta pela instituição de ensino, mas vemos que a realidade do ensino nacional é totalmente outra. Conforme citada no texto da LDB, encontrada no Artigo 35-A, como mostra a seguir: § 4º Os currículos do ensino médio incluirão, obrigatoriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofertar outras línguas estrangeiras, em caráter optativo, preferencialmente o espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos sistemas de ensino. (BRASIL, 2017) De acordo com os Parâmetros Nacionais Curriculares, como já citado na LDB, o ensino de língua inglesa deve ser iniciado e incentivado já da educação básica (anos iniciais), para assim fazer com que os alunos sejam familiarizados com a língua, com a didática do idioma e criando assim uma facilidade de aquisição de uma língua estrangeira, mas por vários fatores atuais, dentre falta de profissionais interessados, habilitações caras, baixa remuneração, dentre outras, se torna cada vez mais difícil encontrar professores de inglês interessados em trabalhar no ensino público, facilitando assim a introdução à língua estrangeira. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) para o ensino de inglês, dá-se o caso de: Pensar-se o ensino e a aprendizagem das Línguas Estrangeiras Modernas no Ensino Médio em termos de competências abrangentes e não estáticas, uma vez que uma língua é o veículo de comunicação de um povo por excelência e é através de sua forma de expressar-se que esse povo transmite sua cultura, suas tradições, seus conhecimentos. ” (BRASIL, 2000, p. 30) Embora essa citação tenha sido escrita quando o documento foi lançado, mais de 10 anos atrás, podemos ver que atualmente, ainda precisa ser revisto e melhorado muita coisa em termos de aplicação do ensino de língua inglesa também no ensino médio e, para isso, uma reforma no Parâmetro Curricular Nacional seria essencial e muito necessária. No ensino superior, existiam programas como o Idiomas Sem Fronteiras e o Inglês Sem Fronteiras, que incentivava alunos em formação no ensino superior público de universidades federais com desejo de adquirir um certificado de língua estrangeira, pudessem ter acesso para tal, com direitos a provas de TOEFL (Teste de Proficiência em Inglês como Língua Estrangeira) e IELTS (Sistema de Teste Internacional de Língua Inglesa), qualificando assim esses alunos a usufruírem de bolsas de intercâmbio no exterior pelo mesmo programa, mas por cortes governamentais, o programa foi suspenso em 2019. O programa foi um grande pioneiro e braço direito para assim corrigir a falta do ensino de língua inglesa na educação básica nacional, onde muitos alunos do ensino superior não possuíam sequer acesso ao ensino de uma segunda língua estrangeira: “Apesar de o secretário resumir o programa ao "pagamento de TOEFL", o IsF foi desenvolvido com três linhas de atuação: aplicação de testes de proficiência, oferta de cursos de idiomas presenciais e a distância.... (Portal Uol, 2019)” O ensino de língua inglesa ofertado pela educação básica não é suficiente para que o aluno desenvolva habilidades da língua, muito menos há sequer a chance de desenvolver planos de estudos mais elaborados por conta de baixa carga horária e oferta no ensino básico público, seja em âmbito estadual ou municipal. 3. A popularização da cultura pop e o ensino de língua inglesa. Em meados dos anos 90 aos anos de 2010-15, a Cultura pop fez com que o ensino de inglês se tornasse cada vez mais acentuado em território nacional, visto que a vasta cultura do entretenimento da música, filmes, séries que foram produzidos ao longo dessas duas décadas, acelerou de maneira gigantesca o consumo de novas tecnologias e também dando acesso ao entretenimento demodo mundial em língua inglesa. Mas a cultura pop se define ao que chamamos de boom da cultura norte americana? Não exatamente, visto que séries britânicas como Doctor Who (BBC, 2005), que faz sucesso até os dias de hoje, mesmo sendo de origem britânica e Sherlock (2010-2016) e entre as mais recentes como Black Mirror (Netflix, 2011) e também atualmente contando a história da coroa britânica The Crown (Netflix, 2016), despertou o interesse de muitos em aprender o inglês e com o passar dos anos, isso não é diferente. O cenário atual do entretenimento internacional não é somente definido ao mercado do cinema, em que produções de Hollywood eram as que mais chamavam a atenção do público, mas mundo afora, encontramos cada vez mais conteúdo produzido para a língua inglesa do que em outras línguas como espanhol, dentre outras, dentre eles países não falantes de língua inglesa produzindo conteúdo em inglês. Fenômenos atuais como o K-pop (korean pop) que deram um “up” no cenário internacional e mostraram que vieram para ficar e agradam o público adolescente, fazem também o uso do inglês como forma de ampliação do mercado internacional, mesmo sendo de origem de um país não-falante da língua inglesa, a Coreia do Sul. Grupos como NCT (Neo Culture Technology, S.M Entertainment, 2016), Monsta X, dentre outros, também possuem lançamentos únicos em língua inglesa, agradando também o público internacional e ampliando seu leque de possibilidades de mercado no exterior. A música tem sido um dos principais propulsores do consumo do mercado cultural pop, tendo como influência seus boybands e girlbands como Spice Girls e Backstreet Boys, até ao New Kids on the Block e Destiny’s Child, fez com que o mercado musical fosse expandido a níveis ultra globalizados, mesmo sem a velocidade da internet e a acessibilidade de conteúdo que encontramos ao toque de uma simples tela atualmente, mas será que o ensino de inglês teve o mesmo avanço no Brasil? Vemos que em dias atuais, a situação econômica nacional não se encontra da melhor forma e pela situação de pandemia mundial de Covid-19, a crise sanitária atual não é o melhor para viagens e incentivo ao turismo, e, com o ensino de língua inglesa cada vez mais estrito ao ensino privado, dificulta a acessibilidade ao aprendizado eficaz e útil de uma forma geral, não só sabendo como o inglês é a língua mais falada no mundo e usada como língua franca, tem seu papel considerado essencial no mercado de trabalho, mas mesmo com sua alta procura, nem sempre significa poder arcar com os custos de uma educação tão cara, mas muito necessária em tempos modernos. 3.1 A falta de acessibilidade aos cursos de inglês para pessoas de classes mais baixas. Sabemos que, cursos extra curriculares são ótimos para o currículo, que nos ajudam a encontrar ótimas oportunidades no mercado de trabalho, mas será mesmo que essa oportunidade se encontra disponível para todos em todas as classes sociais? A resposta atualmente é não. Cursos, escolas de idiomas e ensino de língua inglesa feito de forma particular/instituição privada, atualmente possuem uma alta procura, mas não significa que todas as pessoas podem ter acesso ao mesmo. Dado o fato em que cursos mais populares nacionalmente custam em média mensal de 340-660 reais mensais divididos em 2h30m/aula semanais, o custo dos materiais sendo relativamente mais caros e renováveis por semestre com custo de 330 a 550 por módulo, nem todos possuem situação financeira viável para fazer uma qualificação a mais e acrescer em seus currículos, com o agravamento da pandemia de Covid-19 e o baixo incentivo à cursos mais acessíveis para todos pela maioria das instituições privadas de ensino, o poder aquisitivo das população mais pobre caiu cada vez mais, mesmo com todos os aparatos e atrativos que possuem uma escola de idiomas ou um curso extra curricular, ainda não é possível fazer com que todos tenham acesso adequado sem precisar se preocupar financeiramente com essa carga a mais para pagamentos mensalmente. Não somente pensando no aluno, o profissional que, dependendo de sua formação e de seus certificados internacionais de domínio de língua inglesa, faz com que sua hora/aula seja mais cara, vê seu trabalho sendo não tão proveitoso por conta da monetização de suas habilidades, vendo seu trabalho não sendo tão bem remunerado e também não facilitando com que todos os alunos de classe mais baixa possam ter acesso, visto que, cursos de idiomas investem em ganhos reais, e não na facilitação do ensino e abertura de espaço para classes econômicas e/ou sociais mais baixas. As políticas educacionais e também cursos/escolas de idiomas procuram profissionais mais bem qualificados, com todos os seus certificados de Cambridge como o CELTA, CAE, FCE, o que um profissional capacitado e habilitado em ensino de língua inglesa precisa de fato para lecionar um segundo idioma, mas será mesmo que ele será recompensado por anos de estudo e aplicação também de investimento financeiro para tal? No Brasil, a média salarial para um professor de inglês é muito abaixo da média da maioria dos outros países como Coreia do Sul, onde um professor de inglês ganha em média 3.150,00KR₩ (equivalentes a R$16,065 reais em conversão atual de moedas), seria uma ótima remuneração, mas estimando que um profissional de educação com nível superior (a nível de graduação) no Brasil ganha em média R$1800-2200 reais de salário dependendo de sua região e localidade, ainda não é suficiente. Entram em questão no ganho salarial os impostos a pagar, custo de vida mensal e a remuneração salarial brasileira para um professor ainda continua sendo uma das mais baixas do mundo, de acordo com ranking da OCDE (2019) que avaliou 48 países, dentre eles o Brasil em 40º lugar neste ranking, o salário de um professor no Brasil é um dos piores no mundo, em comparação com Luxemburgo que está entre os que melhores são remunerados (US$ 79.551 em início de carreira), no Brasil, independentemente do nível, seja ele básico, fundamental ou médio, o salário é sempre o mesmo (equivalentes a US$ 13.971, convertendo em dólar o ganho anual de um professor), considerando que, o salário-base de um professor, era de R$2,557 ao mês como média geral/nacional, o que com certeza, leva também ser uma desmotivação para estar em sala de aula, por conta de sua baixa valorização como profissional. 4. Repensar o aprendizado do inglês de uma forma geral. Estratégias usadas e metodologias de ensino dados por instituições particulares de ensino de inglês nem sempre são aplicadas ao ensino público, já que há menos tempo de aula (média de 1h40m de aula por tempo/semana), menos possibilidades de exploração e execução de novas atividades, falta de aparatos para aplicação de novas tarefas, falta de estímulo tanto dos profissionais (por viver da metodologia de educação bancária) e falhas no planejamento geral de ensino não interativo do inglês. De acordo com esse documento, Pelas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEMs, 2006), de acordo com esse documento, declara que: verifica-se que, em muitos casos, há falta de clareza sobre o fato de que os objetivos do ensino de idiomas em escola regular são diferentes dos objetivos dos cursos de idiomas. Trata-se de instituições com finalidades diferenciadas. Observa-se a citada falta de clareza quando a escola regular tende a concentrar-se no ensino apenas linguístico ou instrumental da Língua Estrangeira (desconsiderando outros objetivos, como os educacionais e os culturais) (BRASIL, 2006, p. 90). Embora não haja sequer conexão direta ou clareza, cita que, os objetivos do ensino de língua inglesa em escolas de ensino regular (público ou particular) são diferentes do curso livre de idiomas. A metodologia de uma instituição privada é voltada para a aplicação imediata do inglês, aulasdidáticas e livro didático em inglês, o que facilita o aluno a se familiarizar com a língua inglesa de forma geral, mas no ensino público, aulas de inglês começam por volta do ensino fundamental (5ª série/6º ano) e como em maioria nacional, livros didáticos nem sempre são distribuídos em tempo para a execução e visualização do aluno com o ensino e/ou nunca chegam a existir de fato que o aluno consiga visualizar esse aprendizado, que se restringe ao professor aplicando somente atividades em sala de aula, sem tempo de aplicação ou execução de novas atividades, o que caracteriza o ensino de inglês como “meramente instrumental”. Falta de estímulo para trabalhar atividades e ambientação em língua portuguesa criam esse comodismo linguístico, tirando assim a capacidade do aluno de exercitar as habilidades básicas e necessárias para desenvolvimento da segunda língua, como fala, escrita, leitura e escuta, dificultando ainda mais o desenvolvimento e interesse na língua inglesa, ou também criando a falta de interesse do mesmo, por não haver nada que o estimule a aplicar o que se aprende em uso diário. Devemos assim repensar o ensino de língua inglesa? Sim, visto que profissionais mal remunerados, alunos não estimulados, a falta de estrutura e um ensino defasado fazem com que menos profissionais queiram encarar a educação pública como forma de ensinar com prazer, mas somente com a obrigação de ensinar por necessidade de estar em sala de aula. Há a necessidade de incentivo profissional para também haver crescente convencimento tanto dos alunos que são o público-alvo do ensino de língua inglesa, independente da faixa etária, tanto para os professores que são os transmissores do conhecimento, dando assim espaço para novas práticas, novas possibilidades, inovação para o ensino e abordagem de ensino, tirando assim um pouco do tradicionalismo educacional, criando assim uma estreita educação prazerosa no ensino-aprendizagem para tanto os educadores como para os educandos. Hoje, necessitamos cada vez mais de profissionais independente de suas áreas de ensino que estejam cada vez mais alinhados com o propósito principal da educação que é transmitir o conhecimento, mas não deixando de lado a cidadania e seus direitos como aprendiz, futuramente, também transmissor desse conhecimento. 4.1. Monetizar/privatizar ou facilitar o acesso? Desafios para o desenvolvimento das habilidades em língua inglesa. Cada aluno em sua particularidade possui uma forma diferente para aprender tal disciplina ou matéria com facilidade ou dificuldade. Metodologias de ensino atuais são as centradas no professor em que, ele como figura transmissor de conhecimento, se põe em sala de aula, em posição na qual o aluno se vê "refém" da metodologia tradicional bancária, sem ao menos trazer inovações educacionais, criando metodologias cansativas, repetitivas, baseando-se em memorização, sem prática e uso constante do que se aprende, falta de elaboração exploratória do conteúdo abordado, dado o caso em que, sequer há tempo viável para criar atividades ativas em que o aluno se torna o centro do aprendizado, não o professor como figura que a transmite somente, criando-se um ambiente favorável. Neste aspecto, Perrenoud (2000, p.139) ressalta: “As novas tecnologias podem reforçar a contribuição dos trabalhos pedagógicos e didáticos contemporâneos, pois permitem que sejam criadas situações de aprendizagem ricas, complexas e diversificadas que ajudarão na formação dos alunos.” O ambiente atual que encontramos em sala de aula é o oposto do ideal, que seria o ambiente em que aluno se sente "pertencido" e também abraçado pela turma em que se encontra, dando oportunidade de fala e de ser escutado por quem o ensina e com quem se compartilha o que se aprende, seriam fatores primordiais para tirar o estigma da escola, onde seria o local de compartilhar e também adquirir o conhecimento, se faz atualmente o contrário, onde poucos se mostram interessados no que se aprendem, onde há poucas chances de aprendizagem mútua e poucos espaços de fala para os educandos e também para conversas entre os demais profissionais sem prejuízos aos mesmos. O ambiente de trabalho se torna hostil e menos acolhedor para o profissional da educação. Como podemos ver a seguir, de acordo com o livro de Paulo Freire, em Pedagogia do Oprimido (1996): a)o educador é o que educa; os educandos, os que são educados; b)o educador é o que sabe; os educandos, os que não sabem: c)o educador é o que pensa; os educandos, os pensados; d)o educador é o que diz a palavra; os educandos, os que a escutam docilmente; e)o educador é o que disciplina; os educandos, os disciplinados; f)o educador é o que opta e prescreve sua opção; os educandos, os que seguem a prescrição: g)o educador é o que atua; os educandos, os que têm a ilusão de que atuam, na atuação do educador; h)o educador escolhe o conteúdo programático; os educandos, jamais ouvidos nesta escolha, se acomodam a ele; i)o educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional, que opõe antagonicamente à liberdade dos educandos; estes devem adaptar-se às determinações daquele; j)o educador, finalmente, é o sujeito do processo: os educandos, meros objetos. Precisamos mudar a linha de pensamento da qual somente o professor é a figura principal do ensino, a que possui unicamente o saber e tem o poder unicamente de educar, independente de disciplinas, deixando assim o aluno sem espaço e sem voz para também transmitir o conhecimento a sua maneira. A monetização do ensino faz com que ela seja focada para um público alvo específico, com poder econômico maior entre a maioria populacional brasileira, vista que de acordo com a Medida Provisória nº 1.021 de 30 de dezembro de 2020, o salário mínimo de 2021 é de R$1.100,00 mensais, sendo assim, é impossível com que a maioria populacional que é de classe baixa, tenha a possibilidade de buscar um curso extra curricular por conta da alta desigualdade social nacional. O plano nacional de educação é falho, visto que se as medidas propostas pelos parâmetros nacionais e aplicados com afinco em suas escolas fossem levadas a sério e houvessem incentivos governamentais para tal, a taxa de aprendizado de ensino de inglês, contando também com a sobrecarga de trabalho que esses profissionais acumulam, de acordo com a pesquisa feita pelo British Council (2018), como apresentamos a seguir: “Eles dão aulas para muitas turmas e geralmente lecionam outras matérias além do inglês, sendo que a maior sobreposição é com a disciplina de língua portuguesa. 69% dos professores se dedicam a mais de 6 turmas por semana e 65% lecionam mais de uma disciplina – apenas 35% se dedicam apenas ao inglês.” Professores de inglês ganham pouco, poucos possuem formação adequada para o ensino, falta de estímulo salarial e também de oportunidade de expansão de carreira fazem com que a falta de interesse de profissionais graduados procure a trabalhar na área de ensino seja cada vez menor no cenário atual. 5. Considerações finais: Em um mundo cada vez mais globalizado e, na era digital em que vivemos atualmente, informações são transmitidas em segundos e de maneira prática com o toque da tela de um smartphone, vemos que ainda há muito a ser feito e solucionado, para assim consolidarmos uma educação de qualidade de uma língua estrangeira, não só isso, mas melhorando também os níveis educacionais e acesso ao aprendizado independentemente do nível educacional do aluno, visando assim amplificar, fortificar aprendizados e rompendo barreiras no ensino brasileiro. Usando artifícios atuais e atrativos para a educação como jogos e o acesso à internet, poderiam ser refeitas as atuais políticas e assim criando novas políticas públicas de ensino de língua inglesa, dado o fato em que a última atualização aconteceu em1997, já passados assim 24 anos, e que, com os tempos modernos e a facilidade de uso da internet para ensino fez com que tudo se tornasse então mais acessível para a maioria populacional, o governo poderia refazer o Plano Educacional, assim modernizando, incentivando tanto profissionais como alunos da educação pública a estudarem inglês não somente como complemento acadêmico obrigatório, mas fazendo com que a prática se torne constante e prolongada, contínua e existente ao longo da sua vida, não somente acadêmica ou escolar, mas no ambiente geral e social, gerando frutos não somente para serem semeados agora, mas também gerando novos conhecimentos e expandindo seus horizontes como um ‘cidadão do mundo moderno’. Existem muitas lacunas a serem preenchidas, assim como muito a ser ampliado, aplicado e aprimorado para a renovação da política nacional de educação e também das Leis e Diretrizes e Bases da Educação brasileira, não só incentivando a Educação Básica pública, mas assim também expandindo novamente para o ensino superior, assim sendo visto de maneira igualitária, propícia para todos os níveis educacionais e assim sanando dúvidas, preenchendo lacunas deixadas pelas falhas e falta de aplicação real do que deveria ser imposto pelas PCN, LDB e também pelo PNE. Podemos assim concluir com este artigo que, embora a língua inglesa é uma língua franca e considerada mundial por conta da globalização, o ensino do inglês no Brasil é considerada por muitos apenas um idioma comercial por muitos anos e que essa realidade persiste até hoje pela elitização do aprendizado e monetização do ensino por cursos de idiomas de língua inglesa e que a realidade hoje é parecida também, que essa corrida pelo aprendizado e falta de recursos por causa da monetização do ensino causa bastante desigualdade, trazendo assim a incerteza de que sempre que alguém esteja melhor preparado pode tomar o espaço de alguém que sempre foi menos privilegiado, levando sempre em questão um pedaço de papel do que suas habilidades adquiridas de maneira autodidata ou no mais básico nível que seja. 6. Referências bibliográficas: BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996. 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