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INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO OU À AUTOMUTILAÇÃO INFANTICÍDIO ABORTO Aula 2 VIDA INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO OU À AUTOMUTILAÇÃO (Art. 122) Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019) Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019) Classificação doutrinária crime comum crime unissubjetivo crime instantâneo de efeitos permanentes (havendo morte) crime doloso ⚠️ Atenção: Consumação e tentativa: Antes, o crime se consumava com a ocorrência do resultado morte ou lesão corporal grave. Ocorrendo apenas lesão leve, o fato era atípico. Após 2019, se ocorrer lesão corporal leve ou se não houver resultado, responderá pelo caput do Art. 122, consumado. -> Não retroage! - Participação moral e participação material: . induzimento ou instigação: participação moral (criar a ideia ou reforça-la) . auxílio: participação material (fornecer instrumento para a vítima executar a ação suicida) Qualificadoras: § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. - Causas de aumento de pena: § 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) Hipóteses de configuração de crime mais grave: * 🐋 Desafio da baleia azul? § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) OBSERVAÇÕES: - Competência? Tribunal do Júri (Art. 74, §1º, CPP) Autolesão? (princípio da lesividade) Pacto de morte (suicídio conjunto; ambicídio)? Ex: Caso câmara de gás 1ª situação: executor sobrevive e o outro morre – Art. 121 * não havendo morte, responderá por tentativa de homicídio 2ª situação: executor morre e o outro sobrevive – Art. 122 * antes de 2019, quem não praticou os atos executórios só responderia pelo Art. 122 se tivesse ocorrido ao menos o resultado lesão grave; agora, responde independente da ocorrência de qualquer resultado INFANTICÍDIO (Art. 123) Classificação doutrinária crime bipróprio crime material crime unissubjetivo crime instantâneo de efeitos permanentes crime doloso - Limite temporal: durante o parto ou logo após ** A medicina aponta que o puerpério dura de 6 a 8 semanas - Elemento subjetivo: dolo (direto ou eventual) OBS: Mãe descuidada deixa bebê de dois dias cair do berço, vindo este a falecer: homicídio culposo - Mãe atenta contra a vida de filho nascido morto: Art. 17 - Erro sobre a pessoa: Art. 20, §3º - Concurso de pessoas: Art. 30 (“estado puerperal” – elementar) - Competência? Tribunal do Júri OBS: Circunstância agravante Art. 61, II, e (crime contra descendente)? Bis in idem ⚠️ Atenção: Art. 123 X Art. 133, §2º (Abandono de incapaz com resultado morte) Mãe abandona recém-nascido em banheiro e bebê morre em Rio Preto Uma moradora de rua de 36 anos foi presa em São José do Rio Preto (SP), depois de dar à luz e abandonar o recém-nascido dentro de um banheiro da UBS (Unidade Básica de Saúde) central. O bebê morreu. Segundo informações da Guarda Municipal, funcionários da UBS estranharam ao ver a mulher entrar no banheiro masculino. Depois que ela saiu, eles foram até o local e encontraram o bebê abandonado, já sem vida. As pessoas tentaram reanimar o bebê, mas não conseguiram. A Guarda Municipal foi acionada e conseguiu identificar a mulher por meio das imagens da câmera de segurança da unidade de saúde. Ela foi encontrada próxima à UBS e levada para o plantão policial. De acordo com a polícia, a mulher apresentava sinais de embriaguez e confessou que tinha dado à luz e deixado o bebê no banheiro. Ela vai responder por abandono de incapaz com consequência de morte e pode pegar de quatro a 12 anos de prisão. ABORTO (ARTS. 124 A 128) - Bem jurídico tutelado: vida intrauterina OBS:O início da vida (para fins de aborto) se dá com a concepção/fecundação (quando o óvulo é fecundado pelo espermatozóide), mas para fins de proteção pela lei penal, a vida só tem relevância após a nidação (implantação do óvulo já fecundado no útero materno – se dá 14 dias após a fecundação) – há divergência doutrinária. - Elemento subjetivo: dolo (interromper a gravidez) OBS: Atleta grávida continua jogando e perde o bebê - Espécies de aborto: Auto aborto ou aborto provocado com o consentimento da gestante (Art. 124) - crime da gestante * Crime de mão própria 2. Aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante (Art. 125) – crime de terceiro 3. Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante (Art. 126) – crime de terceiro Art. 126, § único: É como se não tivesse havido consentimento. Concurso de crimes (ex: aborto de gêmeos): 1ª situação: sabia da existência dos dois, aplica-se o art. 70, in fine (concurso formal impróprio – cúmulo material – soma das penas – dois abortos) 2ª situação: só sabia de um, responderá apenas por um aborto (não há concurso de crimes) Competência? Tribunal do Júri - Forma “qualificada”: Aborto majorado (Art. 127) *OBS: não se aplica ao Art. 124 (princípio da lesividade) Aborto legal: Art. 128 . Inciso I: Aborto necessário/profilático/terapêutico . Inciso II: Aborto no caso de gravidez resultante de estupro/aborto humanitário Aborto eugênico: ADPF nº54 (julgada em 12/04/2012) - fetos anencéfalos . ausência de vida viável em formação (Não há que se falar em vida, em sentido jurídico, quando não há atividade cerebral - Art. 3º, Lei 9.434/97) . dignidade humana da gestante . inexigibilidade de conduta diversa (excludente de culpabilidade) IMP Atenção: Descriminalização do aborto? HC 124306 (29/11/2016) “[...] é preciso conferir interpretação conforme a Constituição aos próprios arts. 124 a 126 do Código Penal - que tipificam o crime de aborto – para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre. A criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher, bem como o princípio da proporcionalidade. A criminalizaçãoé incompatível com os seguintes direitos fundamentais: os direitos sexuais e reprodutivos da mulher, que não pode ser obrigada pelo Estado a manter uma gestação indesejada; a autonomia da mulher, que deve conservar o direito de fazer suas escolhas existenciais; a integridade física e psíquica da gestante, que é quem sofre no seu corpo e no seu psiquismo, os efeitos da gravidez; e igualdade da mulher, já que homens não engravidam e, portanto, a equiparação plena de gênero depende de se respeitar a vontade da mulher nessa matéria. A tudo isto se acrescenta o impacto da criminalização sobre as mulheres pobres. É que o tratamento como crime, dado pela lei penal brasileira, impede que estas mulheres, que não têm acesso a médicos e clínicas privadas, recorram ao sistema público de saúde para se submeterem aos procedimentos cabíveis. Como consequência, multiplicam-se os casos de automutilação, lesões graves e óbitos. A tipificação penal viola, também, o princípio da proporcionalidade por motivos que se cumulam: (i) ela constitui medida de duvidosa adequação para proteger o bem jurídico que pretende tutelar (vida do nascituro), por não produzir impacto relevante sobre o número de abortos praticados no país, apenas impedindo que sejam feitos de modo seguro; (ii) é possível que o Estado evite a ocorrência de abortos por meios mais eficazes e menos lesivos do que a criminalização, tais como educação sexual, distribuição de contraceptivos e amparo à mulher que deseja ter o filho, mas se encontra em condições adversas; (iii) a medida é desproporcional em sentido estrito, por gerar custos sociais (problemas de saúde pública e mortes) superiores aos seus benefícios. Anote-se, por derradeiro, que praticamente nenhum país democrático e desenvolvido do mundo trata a interrupção da gestação durante o primeiro trimestre como crime, aí incluídos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Canadá, França, Itália, Espanha, Portugal, Holanda e Austrália.” (Relator: Min. Luís Roberto Barroso) ADPF 442 (março/2017) - Não recepção parcial Arts. 124 a 126 . aborto permitido até a 12ª semana de gestação . direitos de liberdade, planejamento familiar, saúde, integridade física e psíquica, direitos sexuais e reprodutivos, ... - garantia de autodeterminação feminina . “Em democracias constitucionais laicas, isto é, naquelas em que o ordenamento jurídico neutro garante a liberdade de consciência e crença no marco do pluralismo razoável e nas quais não se professa nenhuma doutrina religiosa como oficial, como é o caso do Brasil, enfrentar a constitucionalidade do aborto significa fazer um questionamento legítimo sobre o justo” . A criminalização do aborto “é um caso de uso do poder coercitivo do Estado para impedir o pluralismo razoável” OBS: Judiciário x Legislativo Pesquisa Nacional de Aborto (Instituto Anis – Bioética) “[...] aos 40 anos, quase uma em cada cinco das mulheres brasileiras fez um aborto; no ano de 2015 ocorreram cerca de meio milhão de abortos. Considerando que grande parte dos abortos é ilegal e, portanto, feito fora das condições plenas de atenção à saúde, essas magnitudes colocam, indiscutivelmente, o aborto com um dos maiores problemas de saúde pública do Brasil. O Estado, porém, é negligente a respeito, sequer enuncia a questão em seus desenhos de política e não toma medidas claras para o enfrentamento do problema.” - “A frequência de abortos é alta e, a julgar pelos dados de diferentes grupos etários de mulheres, permanece assim há muitos anos. Entre a PNA2010 e a PNA 2016, por exemplo, a proporção de mulheres que realizaram ao menos um aborto não se alterou de forma relevante. Ou seja, o problema de saúde pública chama a atenção não só por sua magnitude, mas também por sua persistência.” - “A julgar pela persistência da alta magnitude, e pelo fato do aborto ser comum em mulheres de todos os grupos sociais, a resposta fundamentada na criminalização e repressão tem se mostrado não apenas inefetiva, mas nociva. Não reduz nem cuida: por um lado, não é capazde diminuir o número de abortos e, por outro, impede que mulheres busquem o acompanhamento e a informação de saúde necessários para que seja realizado de forma segura ou para planejar sua vida reprodutiva a fim de evitar um segundo evento desse tipo.”
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