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Aborto - infanticídio

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Aborto – infanticídio Aborto – infanticídio 
Infanticidio
 (Art. 123, CP) A) Tipo Objetivo. - Percebe-se que a conduta é: 
 1ª) Matar – tirar a vida. 
 2ª) Sob a influência do estado puerperal - Estado que envolve a parturiente durante a 
expulsão da criança do ventre materno, havendo profundas alterações psíquicas e físicas, 
deve haver nexo causal. 
 3º) O próprio filho 
 4º) Durante o parto ou logo após. - “Durante o parto”: remonta à discussão de quando há o 
início do parto. 
Parte da doutrina esclarece que o parto inicia com o período de dilatação do colo do útero, 
seguindo-se a fase de expulsão (rompimento da membrana amniótica), sendo o recém nascido 
impelido para o exterior. - “Logo após”: é o quanto durar o estado puerperal. Critério de 
razoabilidade e provado por perícia. B) Sujeito Ativo e Passivo. - O sujeito ativo do crime é a 
mãe(parturiente) sob a influência do estado puerperal. Trata-se, portanto de crime próprio. - O 
sujeito passivo do crime é o ser humano durante ou logo após o parto (nascente ou recém-nascido). 
C) Tipo Subjetivo. - Este crime somente pode ser praticado na forma dolosa (dolo direto ou 
eventual). D) Consumação e tentativa. - A consumação ocorre com a morte do nascente ou neonato, 
devendo haver a prova de que este estava vivo, sob pena de ocorre crime impossível. - A tentativa é 
possível, já que pode ser fracionado o intercrimines. OBS: Destaques ! 1º) O concurso de pessoas 
é possível ? a) Parturiente, sob a influência do estado puerperal, e terceiro executam o núcleo 
do tipo penal, respondem por qual crime ? Tanto a mãe quanto o terceiro irão responder pelo 
crime de infanticídio em virtude da existência do Art. 30 CP. b) Somente a parturiente executa a 
conduta de matar o próprio filho, com a participação de um terceiro, respondem por qual crime ? 
Tanto a mãe quanto o terceiro irão responder pelo crime de infanticídio em virtude da existência do 
Art. 30 CP. c) Somente um terceiro executa a conduta de matar o filho da parturiente, tendo esta 
apenas auxiliado o terceiro sob influência do estado puerperal, responderão por qual crime ? 
• Corrente 1 – Ambos responderiam, também, pelo crime de infanticídio, por um critério de 
razoabilidade (majoritária). 
• Corrente 2 – Terceiro responde por homicídio e a parturiente por infanticídio (minoritária e 
CEBRASPE) 2º) Erro sobre a pessoa e infanticídio. Ex: Digamos que uma mãe sob a influência do 
estado puerperal vai ao berçário a mata o seu filho sufocado. Porém no outro dia, fica constatado 
que na verdade a gestante acabou errando e matando o filho de outra pessoa. Neste caso como fica a
responsabilização penal da mãe ? Ela responde por homicídio ou por infanticídio ? - Nestes casos de
erro sobre a pessoa envolvendo o crime de infanticídio, desconsideram-se as circunstâncias e 
condições da vítima atingida e lavam-se em consideração as circunstâncias e condições da vítima 
pretendida ou almejada. Ou seja, a mãe neste caso apesar de ter matado um outro recém nascido, 
responde como se tivesse matado o próprio filho, restando tipificado o crime de infanticídio por 
força do Art. 20, § 3º do CP. Há a aplicação do Art.20, parágrafo 3º do Código Penal. 3ª) É possível 
a aplicação da circunstância agravante do Art. 61, II, e) - crime praticado contra descendente - do 
Código Penal ao crime de infanticídio ? - NÃO, pois no caso de infanticídio é elementar do crime a 
circunstância de o crime ser praticado por ascendente (mãe sob influência do estado puerperal) 
contra descendente (o próprio filho). Caso contrário restaria caracterizado o bis in idem, ou seja, 
haveria uma dupla punição pela mesmo fato. 1.3 Aborto. 1.3.1 Aborto provocado pela gestante ou 
com seu consentimento (Art. 124, CP) 
 A) Tipo Objetivo. - Veja que a conduta do agente é a de: 1ª) Provocar aborto em si mesma - 
É o chamado autoaborto. - A própria mulher grávida, por intermédio de meios executivos 
químicos, físicos ou mecânicos, provoca (dá causa, promove), nela mesma, mediante ação 
ou omissão, a interrupção da gravidez, destruindo a vida intrauterina. 2ª) Consentir que 
outrem provoque o aborto. - É o aborto com o consentimento da gestante. - Exigi-se a figura
do provocador, valendo ressaltar que quem executa o aborto na própria gestante responderá 
pelo crime do Art. 126 do Código Penal, havendo uma excetuando-se a teoria monista ou 
unitária. OBS 1: A gravidez há de ser normal para que se possa falar no crime do Art. 
124 do Código Penal. Ou seja, se a gravidez for extrauterina ou molar, não há que se falar 
no crime em análise, tendo em vista que o produto da concepção não atingirá vida própria. 
OBS 2: Se a mulher não está grávida e toma remédios abortivos ? Haveria alguma 
responsabilização penal ? NÃO, pois trata-se crime impossível previsto no Art. 17 do CP 
por absoluta impropriedade do objeto do crime, já que como não existe vida intrauterina, 
não haverá crime contra a vida. OBS 3: Se a mulher toma remédios abortivos, SEM ter o 
conhecimento que estava grávida existe alguma responsabilização penal ? - NÃO, pois 
a mulher não tinha conhecimento de uma elementar do tipo penal incriminador, qual seja, 
conhecimento da existência de uma vida intrauterina, razão pela qual é possível a alegação 
de erro de tipo que sempre exclui o dolo. Além disso, no caso em análise, como não há 
previsão legal de aborto culposo, ainda que houvesse o erro de tipo evitável, não haveria a 
possibilidade de punição por crime culposo de aborto. 
 B) Bem Jurídico Protegido. - O bem jurídico protegido é a vida humana em 
desenvolvimento intrauterina. OBS: Quando há o início e término da proteção pelo tipo 
penal de aborto ? - Há o início da proteção do tipo penal de aborto após a nidação, que é a 
implantação do óvulo já fecundado no útero materno, o que ocorre 14 dias após a 
fecundação. - O término da proteção do crime de aborto se dá com o início do parto, 
podendo haver outro crime. Como já foi estudado o parto inicia-se com o período de 
dilatação do colo do útero, seguindo-se a fase de expulsão (rompimento da membrana 
amniótica), sendo o recém nascido impelido para o exterior. 
 C) Tipo subjetivo. - O crime do Art. 124 do Código Penal somente pode ser praticado na 
forma dolosa, a gestante tem a intenção de interromper a gravidez ou consentir na 
interrupção. - Ou seja, não há previsão legal de punição do crime se ele for praticado de 
forma culposa. 
 D) Consumação e tentativa. - A consumação do crime ocorre com a morte do feto ou a 
destruição do produto da concepção, pouco importando se esta ocorre dentro ou fora do 
ventre materno. Devendo-se ter atenção ao momento da ação e levar em consideração a 
teoria da atividade (Art. 4º,CP). - A tentativa é possível no crime de aborto se o crime não 
vem a se consumar por circunstâncias alheias à vontade do agente. E) Sujeito ativo e 
passivo. - O sujeito ativo do crime é a mulher grávida, sendo um crime de mão própria, 
sendo admitida a participação (atividade acessória), mas NÃO a coautoria pois quem 
executa manobras abortivas na própria gestante com o seu consentimento irá responder por 
outro criem (Art. 126, CP). - O sujeito passivo é o produto da concepção (óvulo, embrião ou
feto). OBS: Se o terceiro provoca o aborto na gestante com o seu consentimento 
teremos uma exceção à teoria monista ou unitária com a responsabilização penal pelo 
crime de aborto praticado com o consentimento da gestante – Art. 126. Neste caso o 
terceiro executa manobras abortivas na gestante com o seu consentimento. 1.3.2 Aborto 
provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante. (Art. 125 , CP) 
 A) Tipo Objetivo. “Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - 
reclusão, de três a dez anos.” - Ele pode ocorre em duas situações: 
1ª) Aborto é provocado por terceiro SEM o consentimento da gestante (dissenso real ou expresso). 
2º) Quando o consentimento é dado por gestante não maior de 14 anos, ou alienada mental, ou ainda
se é obtido mediante fraude, grave ameaça ouviolência (dissenso presumido – Art. 126, parágrafo 
único CP) - Observe que a conduta é interromper, violentamente a gravidez. 
 B) Sujeito ativo e passivo. - O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa, admitindo-se
o concurso de pessoas. - O sujeito passivo é o produto da concepção (óvulo, embrião ou 
feto) e a gestante, sendo o que a doutrina chama de crime com dupla subjetividade passiva.
 C) Tipo subjetivo. - O crime do Art. 125 do Código Penal somente pode ser praticado na 
forma dolosa. 
 D) Consumação e tentativa. - A consumação do crime ocorre com a morte do feto ou a 
destruição do produto da concepção, pouco importando se esta ocorre dentro ou fora do 
ventre materno, sendo aplicável a teoria da atividade. - A tentativa é possível. 1.3.3 Aborto 
majorado pelo resultado (Art. 127, CP). - Percebe-se que haverá referida causa de aumento 
de pena em 2 situações se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para 
provocá-lo, a gestante: 
1ª) A gestante sofre lesão corporal de natureza grave – pena aumentada de 1/3 2ª) A gestante morre 
– pena duplicada. Nas duas situações trata-se de crime preterdoloso. OBS: A causa de aumento 
de pena NÃO se aplica ao crime de autoaborto praticado pela gestante – Art. 124, CP ! 
(Autolesão). 1.3.4 Aborto Legal. (Art. 128 do CP) - Percebe-se que ele ocorre em 2 situações: I – 
Aborto necessário/terapêutico. Possui os seguintes requisitos: 
1º) Aborto praticado por médico. - E se o aborto for praticado por sujeito sem habilitação 
profissional de médico (ex. parteira, farmacêutico), poderá ser alegada que tese de defesa ? Art. 23, 
I, CP – estado de necessidade de terceiro. 
2º) Perigo de vida da gestante. - Na verdade trata-se de perigo de morte que será atestado pelo 
médico, razão pela qual é dispensável inclusive o consentimento da gestante. 
3º) A impossibilidade do uso de outro meio para salvá-la. Não há como deixar de lado o raciocínio 
relativo ao estado de necessidade no chamado aborto necessário. Isso porque, segundo se dessume 
da redação do Art. 128, I do CP, entre a vida da gestante e a vida do feto, a lei opto por aquela. No 
caso, ambos os bens são juridicamente protegidos e um deve perecer para que o outro subsista. A lei
penal, portanto, escolheu a vida da gestante ao invés da vida do feto. OBS: No aborto necessário é 
preciso de autorização judicial ? NÃO. A lei penal e processual penal não preveem nenhum 
tipo de formalização judicial no sentido de obter uma ordem para que seja levada a efeito qualquer 
das modalidades do chamado aborto legal, seja aquela de natureza terapêutica ou profilática, 
prevista no inciso I do Art. 128 do CP ou mesmo o de natureza sentimental ou humanitária, cuja 
previsão expressa está prevista no inciso II do Art. 128 do CP. Quem decidirá se irá praticar o 
aborte legal será o médico. No caso do aborto do inciso I verificando que a vida da gestante corre 
risco, poderá praticar o aborto, documentando a sua decisão em papeletas e prontuários, o quais 
terão o condão de demonstrar, inclusive pela realização de exames, que a vida da gestante corria 
risco em caso de manutenção da gravidez. II – Aborto Sentimental/Humanitário/Ético. - Ele possui 
os seguintes requisitos: 
1º) Que o aborto seja praticado por médico – pessoa que não tem habilitação profissional pratica 
crime neste caso ? SIM, via de regra, pois a lei apenas autoriza que o médico realize o 
procedimento. 
2º) Que a gravidez seja resultante de estupro – o estupro de vulnerável(Art. 217-A,CP) também 
estaria abrangido possibilitando-se o aborto ? SIM pois uma analogia para beneficiar o réu. 
3º) Haja prévio consentimento da gestante ou seu representante legal. - Preferencialmente deve ser 
um consentimento formal (BO, testemunhas) OBS: É necessário sentença condenatória do crime 
sexual ou autorização judicial ? NÃO, pois não há exigência legal neste sentido para que o 
aborto seja realizado pelo médico. Além de não ser exigida autorização judicial, não há necessidade 
que o Ministério Público já tenha oferecido denúncia. Ressalva, entretanto, o autor Rogério 
Greco que é preciso que tenha de alguma forma trazido ao conhecimento oficial do Estado o fato de
ter sido vítima de um crime de estupro. A palavra desta destituída de qualquer formalização, não 
poderia ser levada em consideração. Esse documento, válido para fins de trazer ao médico a 
segurança de que precisa para a realização do aborto, poderia ser um simples boletim de ocorrência 
policial (BO), lavrado por órgão oficial do Estado, como o Institui Médico Legal, ou até mesmo a 
cópia da inicial da ação penal. Caso se comprove que a gestante falseou a verdade, o que já 
ocorreu em casos específicos, a gestante terá que responder pelo crime de aborto, bem como pelo 
crime de denunciação caluniosa eventualmente. E o médico que foi induzido em erro não será 
responsabilizado criminalmente. OBS: O Aborto eugenésico ou eugênico é permitido ? Este 
aborto seria aquele praticado em face de comprovados riscos de que o feto nasça com grave 
anomalias psíquicas ou físicas. - Regra: NÃO é admitido. - Exceção: Aborto de feto anencéfalo. 
Doutrina permite com base no conceito de morte encefálica. O STF no julgamento da ADPF nº 
54 após 8 anos aproximadamente de julgamento, no dia 12 de abril de 2012 decidiu a questão por 
maioria e nos termos do voto do relator, Ministro Marco Aurélio, a fim de declarar a 
inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é
conduta tipificada nos Arts. 124, 126 e 128, I e II do CP. Assim, uma vez diagnosticada a 
anencefalia, poderá a gestante, se for de sua vontade, submeter-se ao aborto, sem que tal 
comportamento seja entendido como criminoso. Vale ressaltar que o Conselho Federal de 
Medicina, a fim de regulamentar a hipótese, editou a Resolução nº 1.989 de 10 de maio de 2012, 
que possui o seguinte teor: Art. 1º Na ocorrência do diagnóstico inequívoco de anencefalia o médico
pode, a pedido da gestante, independente de autorização do Estado, interromper a gravidez. Art. 2º 
O diagnóstico de anencefalia é feito por exame ultrassonográfico realizado a partir da 12ª (décima 
segunda) semana de gestação e deve conter:
 I – duas fotografias, identificadas e datadas: uma com a face do feto em posição sagital; a outra, 
com a visualização do polo cefálico no corte transversal, demonstrando a ausência da calota 
craniana e de parênquima cerebral identificável; 
II – laudo assinado por dois médicos, capacitados para tal diagnóstico. Art. 3º Concluído o 
diagnóstico de anencefalia, o médico deve prestar à gestante todos os esclarecimentos que lhe forem
solicitados, garantindo a ela o direito de decidir livremente sobre a conduta a ser adotada, sem 
impor sua autoridade para induzi-la a tomar qualquer decisão ou para limitá-la naquilo que decidir: 
§1º É direito da gestante solicitar a realização de junta médica ou buscar outra opinião sobre o 
diagnóstico. §2º Ante o diagnóstico de anencefalia, a gestante tem o direito de:
 I – manter a gravidez; 
II – interromper imediatamente a gravidez, independente do tempo de gestação, ou adiar essa 
decisão para outro momento. §3º Qualquer que seja a decisão da gestante, o médico deve informá-la
das consequências, incluindo os riscos decorrentes ou associados de cada uma. §4º Se a gestante 
optar pela manutenção da gravidez, ser-lhe-á assegurada assistência médica pré-natal compatível 
com o diagnóstico. §5º Tanto a gestante que optar pela manutenção da gravidez quanto a que optar 
por sua interrupção receberão, se assim o desejarem, assistência de equipe multiprofissional nos 
locais onde houver disponibilidade. §6º A antecipação terapêutica do parto pode ser realizada 
apenas em hospital que disponha de estrutura adequada ao tratamento de complicações eventuais, 
inerentes aos respectivos procedimentos. Art. 4º Será lavrada ata da antecipação terapêutica do 
parto, na qual deve constar o consentimento da gestante e/ou, se for o caso, de seu representantelegal. Parágrafo único. A ata, as fotografias e o laudo do exame referido no artigo 2º desta resolução
integrarão o prontuário da paciente. Art. 5º Realizada a antecipação terapêutica do parto, o médico 
deve informar à paciente os riscos de recorrência da anencefalia e referenciá-la para programas de 
planejamento familiar com assistência à contracepção, enquanto essa for necessária, e à 
preconcepção, quando for livremente desejada, garantindo-se, sempre, o direito de opção da mulher.
Parágrafo único. A paciente deve ser informada expressamente que a assistência preconcepcional 
tem por objetivo reduzir a recorrência da anencefalia. Art. 6º Esta resolução entra em vigor na data 
de sua publicação. OBS: Destaques ! 1º) Gestante que perde o filho em acidente de trânsito 
poderá ser responsabilizada pelo crime de aborto ? - Se a gestante causa o acidente de forma 
culposa não responderá por crime algum diante da ausência de tipificação penal pelo crime de 
aborto de forma culposa. - Se terceiro causa acidente em uma gestante de forma culposa ele não 
poder ser responsabilizado pelo crime de aborto, mas poderá ser responsabilizado pelo crime de 
lesão corporal culposa produzidas na gestante em virtude da expulsão prematura do feto. 
2º) Agressão à mulher sabidamente grávida e tipificação penal. - Se o agente tem a intenção de 
praticar aborto ? Art. 125, CP. - Se o agente só queria lesionar a gestante mas não provocar o 
aborto ? Art. 129, § 2°, V, CP. 
3º) Análise do voto do HC 124306/RJ de 29.11.2016 que não considera crime o aborto realizado até
o primeiro trimestre da gestação. 1.4 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a 
automutilação (Art. 122 CP) 1.4.1 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio Simples – Art. 122, 
caput, CP. A) Tipo Objetivo. → Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio (1ª Parte do Art. 122, 
caput, CP) - Veja que a conduta do agente é de: 
 a) Induzir - significa criar a ideia na mente da outra pessoa acerca do suicídio (participação 
moral). 
 b) Instigar – significa reforçar uma ideia preexistente da vítima acerca do suicídio, ou seja, a
vítima já tinha uma ideia inicial de suicidar-se e o agente reforça esta ideia (participação 
moral). 
 c) Prestar-lhe auxílio – que consiste na entrega de objetos que venham a ser utilizados pela 
pessoa que irá suicidar-se ou qualquer outro auxílio para que a própria vítima venha a 
executar o ato de tirar a própria vida (participação material), Ex: fornecer a arma municiada 
para a vítima executar o suicídio, fornecer a corda e fazer o nó para que a vítima venha a se 
enforcar. - Neste crime quem pratica os atos de execução do suicídio deve ser a própria 
vítima, pois caso contrário, se outra pessoa executa a vítima com a sua anuência, teremos na 
verdade o crime de homicídio. Ex: No caso de o agente puxar o gatilho da arma para matar a
vítima que queria suicidar-se ou o agente que enforca a vítima que queria suicidar-se. - Das 
condutas do agente pode resultar lesão corporal leve, grave, gravíssima ou morte. Em 
relação a possibilidade de ocorrência de lesão corporal leve, trata-se de uma inovação 
legislativa, pois antes da alteração da Lei nº 13.968, de 2019 se das condutas resultasse 
apenas lesão corporal leve o fato seria atípico. - Nos casos em que o crime não se consuma e
existe lesão leve a pena será 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. Por outro lado, se resultar lesão 
corporal de natureza grave ou gravíssima a pena será de 1 (um) a 3 (três) anos e por fim, se 
resultar morte a pena será 2 (dois) a 6 (seis) anos. Existe então a qualificação do crime em 
razão do resultado. → Induzimento, instigação ou auxílio a automutilação (2ª Parte do Art. 
122, caput, CP) - A automutilação pode ser definida como ato intencional de provocar lesões
no próprio corpo, sem o propósito consciente de cometer suicídio. - O induzimento, 
instigação ou auxílio à automutilação apenas passou a ser considerado crime a partir da 
edição da Lei nº 13.968 de 26 de dezembro de 2019, razão pela qual trata-se de lei penal 
incriminadora que só pode ser aplicável aos fatos praticados a partir da sua vigência, em 
respeito ao princípio da anterioridade penal. - O fundamento para a tipificação desta conduta
reside no número cada vez maior de casos ocorridos especialmente por meio da internet e 
entre jovens, estimulados a participar de jogos que envolvem lesões ao próprio corpo e que 
não raro os levam à morte, a exemplo do jogo Baleia Azul que teve relatos em meados de 
2017 na Rússia. - Cumpre ressaltar que para parte da doutrina, como o autor Rogério 
Sanches, trata-se de crime de menor potencial ofensivo que admite em tese transação penal e
suspensão condicional do processo e que diferentemente do delito anterior, e não seria um 
crime doloso contra a vida, sendo processado e julgado, na forma simples, perante o 
JECRIM. - Porém, para outra parte da doutrina, pelo fato do crime estar inserido nos crimes 
dolosos contra a vida, a competência seria do tribunal do Júri, e não do juiz singular. O 
legislador resolveu por razões de política criminal inserir o crime em análise no rol de 
crimes dolosos contra a vida, o que em tese autoriza a competência para julgamento pelo 
Tribunal do Júri. - Caso incida algumas das causas de aumento de pena do § 3º, 4º e 5º, fica 
afastada a transação penal e a competência do DECRIM. A pena do § 1º continua a admitir a
suspensão condicional do processo, incabível nos demais parágrafos. B) Sujeito ativo e 
passivo → Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio (1ª Parte do Art. 122, caput, CP) - 
O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa. - O sujeito passivo deve ser pessoa 
determinada, bem como deve possuir autoentendimento e autodeterminação, devendo ter 
idade maior ou igual 14 anos. Sabendo-se que o suicídio se dá com a eliminação da própria 
vida, realizada de forma voluntária consciente (capacidade de discernimento), claro que 
apenas a pessoa capaz pode ser sujeito passivo. Ou seja, tratando-se de pessoa incapaz de 
entender o significado de sua ação e de determinar-se de acordo com esse entendimento, 
deixa de haver a supressão voluntária e consciente da própria vida, logo, não há suicídio, 
mas sim estaremos diante de homicídio. - Esta ressalva, sempre enfatizada pela doutrina, 
passou a integrar expressamente o § 7º do Art. 122 do CP após as alterações promovidas 
pela Lei 13.968/2019: § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra 
menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a 
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o 
agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. (Incluído pela Lei nº 
13.968, de 2019) - Aliás, por conta desta lição, o autor Rogério Sanches ressalva que as 
disposições do § 6º do CP possuem erro do legislador, já que passou a estabelecer que § 6º 
Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e
é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou 
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por 
qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito 
no § 2º do art. 129 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) - O autor Rogério 
Sanches esclarece que este parágrafo 6º seria um equívoco do legislador, pois deveria ter 
seguido o mesmo raciocínio do § 7º, já que o correto nestes casos seria imputar ao 
participante do evento o delito de homicídio tentado, e não a lesão corporal dolosa. O 
raciocínio seria que o agente não participou do suicídio, mas sim usou o incapaz como 
instrumento para ceifar a sua vida. - Para a responsabilização pelo crime de induzimento, 
instigação ou auxílio ao suicídio, exigi-se ainda que a conduta seja dirigida a uma ou várias 
pessoas determinadas, não bastando o mero induzimento genérico, dirigido a pessoas 
incertas. É por esta razão porexemplo que obras literárias, filmes ou peças teatrais não 
podem ser consideradas condutas criminosas. → Induzimento, instigação ou auxílio a 
automutilação (2ª Parte do Art. 122, caput, CP). Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo, não 
exigindo nenhuma qualidade especial do agente. - Sendo a vítima menor de 14 (quatorze) 
anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário 
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer 
resistência, se da automutilação resulta morte (obviamente culposa) diz o §7º do Art. 122 do 
CP que o agente responde pelo crime de homicídio, porém, segundo o autor Rogério 
Sanches, consiste em mais um erro do legislador. - Isto porque como pode o agente 
responder por um crime doloso contra a vida, sendo a morte, na hipótese culposa ? - Conclui
o autor que, no caso, em tese deve o agente responder pelo tipo penal do Art. 129,§ 3º do CP
qual seja, lesão corporal seguida de morte. - Vale destacar que o entendimento acima sobre o
induzimento, instigação ou auxílio à automutilação é de parte da doutrina (Rogério 
Sanches), mas pele LEI, nos casos do §6º e §7º envolvendo este crime com a vítima menor 
de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o 
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode 
oferecer resistência se da automutilação resulta morte haveria o crime de homicídio e se 
resulta lesão corporal de natureza gravíssima haveria este crime.
Consumacao e tentativa.
Em relação à consumação do crime de induzimento, instigação e auxílio ao suicídio ocorre com o 
resultado morte, e a tentativa pode ocorrer quando o crime não venha a se consumar por 
circunstâncias alheias à vontade do agente, podendo existir o resultado lesão corporal leve, grave ou
gravíssima. - Em relação à consumação do crime de induzimento, instigação e auxílio a 
automutilação a consumação ocorre quando o agente venha a praticar qualquer ato que ofenda a sua
integridade física, vindo a produzir lesões em si mesma, podendo existir o resultado lesão corporal 
leve, grave ou gravíssima. Por outro lado, a tentativa pode ocorrer quando o crime não venha a se 
consumar por circunstâncias alheias à vontade do agente, nestes casos pode inclusive não haver 
nenhuma automutilação por circunstâncias alheias à vontade do agente. - Vale lembrar que até antes
da edição da Lei nº 13.968 de 26 de dezembro de 2019 se do induzimento, instigação e auxílio ao 
suicídio resultasse apenas lesão corporal de natureza LEVE, o fato era considerado atípico, sendo 
uma norma penal mais benéfica que terá ultratividade, ou seja, será aplicável aos fatos praticados na
sua vigência. 
Induzimento, instigacao ou auxilio a suicidio ou a automutilacao
com causa de aumento de pena.
 Após edição da Lei nº 13.968, de 26 de dezembro de 2019 existem as seguintes causas de aumento 
de pena: § 3º A pena é duplicada: (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) I - se o crime é praticado 
por motivo egoístico, torpe ou fútil; (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) - Motivo egoístico: é o 
motivo mesquinho, que cause repugnância. Ex. Induzir pessoa a suicidar-se para ficar com herança. 
- Motivo torpe: é um motivo que causa repulsa perante a coletividade. - Motivo fútil: é o motivo 
insignificante, desproporcional à prática do ato. - O motivo torpe e o motivo fútil foram alterações 
legislativas trazidas pela Lei 13.968/2019. II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer 
causa, a capacidade de resistência. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) a) Vítima menor – É 
aquela menor de 18 anos e com idade maior ou igual a 14 anos. (Interpretação da condição de 
vulnerável – Art. 217-A CP) b) Vítima tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de 
resistência. - Trata-se de uma diminuição da capacidade de resistência e NÃO eliminação da 
capacidade de resistência, pois neste último caso poderemos ter o crime de homicídio. Ex. Vítima 
embriagada, sob efeito de entorpecentes, deprimida, angustiada, com algum tipo de enfermidade 
grave pode ter uma diminuição da capacidade de resistência para o crime em análise, o que 
justificaria o aumento de pena. - Por sua vez, a lei 13.968 de 26 de dezembro de 2019 trouxe ainda 
as seguintes causas de aumento de pena: § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é 
realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. (Incluído 
pela Lei nº 13.968, de 2019) a) Rede de computadores - compreende tanto redes domésticas, quanto
também profissionais e também a rede mundial de computadores (internet). b) Rede social – 
exemplificativamente o crime seria pratica com a utilização do Facebook, Instagram, ou qualquer 
outra rede social. c) Transmitida em tempo real – exemplificativamente o crime faria uso de 
qualquer tipo de programa que permita a transmissão em ao vivo do crime em análise, a exemplo o 
WhatsApp, ou, Facebook e Instragram. - A justificativa para o aumento de pena até o dobro nas 
situações acima elencadas se dá pela maior potencialidade do crime e maior possibilidade de 
influência na vítima. § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de 
grupo ou de rede virtual. (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019) - Cumpre destacar que esta causa de
aumento de pena não ofende o bis in idem podendo ser cumulada com a causa de aumento de pena 
prevista no §4º do Art. 122 do CP, já que o seu fundamento baseia-se na liderança ou coordenação 
de grupo do sujeito ativo do crime ou ainda liderança ou coordenação de rede social, ou seja, estas 
lideranças podem ocorrer tanto em grupos físicos quanto também grupos virtuais. Em ambos os 
casos existe uma maior repressão penal diante da maior influência que a figura do líder ou 
coordenador exerce sobre a vítima. 1.4.3 Questão. 1ª) Pacto de Morte. - O pacto de morte seria uma 
situação em que duas pessoas voluntariamente instigam uma a outra a se matarem conjuntamente. 
Por exemplo, um casal de namorados resolve praticar o suicídio de forma conjunta. Pode ocorrer as 
seguintes situações concretas: - Se duas pessoas praticam atos de execução e uma deles sobrevive 
qual seria o crime ? Ex: As duas pessoas apontam um revolver para a cabeça da outra vítima e 
ambas puxam o gatilho, 1 vítima morre e a outra sobrevive. Neste caso como a vítima sobrevivente 
praticou atos de execução, ela será responsabilizada pelo crime de homicídio. - Se somente uma 
pessoa pratica atos de execução e a outra não pratica atos de execução e ambas sobrevivem ? Ex: 2 
pessoas se instigam mutuamente para se suicidarem e resolvem entrar dentro de um carro para 
morrerem asfixiadas por gás carbônico. Ocorre que apenas 1 pessoa colocou a mangueira no cano 
de escape do carro e ligou o veículo. No caso de as 2 vítimas sobreviverem como ficará a 
responsabilização penal no caso concreto ? - Neste caso concreto a vítima que praticou atos de 
execução responderá por tentativa de homicídio e a outra vítima que não praticou atos de execução 
responderá pela induzimento de suicídio de forma tentada.

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