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JÉSSICA BARBOSA MARTINS PDC: Microbiologia de Alimentos I - 2° bimestre Jaguariúna - SP 2020 RESUMO A segurança dos alimentos tem estado cada dia mais em pauta, a preocupação com doenças e com um organismo saudável é a busca da maioria das pessoas. Portanto novos métodos devem ser adotados no processo produtivo da cadeia de alimentos, assegurando ao consumidor cada dia menos riscos e contaminação. Alguns alimentos por si só já são altamente tóxicos, por isso o uso da tecnologia nas análises e na redução dessa toxicidade é um dos fatores que também integram o pilar da segurança dos alimentos. Palavras-chave: Segurança.Alimentos.Contaminação. ÍNDICE INTRODUÇÃO 4 Viroses transmitidas por água e alimentos: Hepatite tipo A e E, Poliovírus, Rotavírus, Vírus de Norwalk, vírus H5N1 e H1N1. 6 Hepatite A 6 Hepatite E 6 Poliovírus 6 Rotavírus 7 Vírus de Norwalk 7 Vírus H5N1 7 H1N1 8 Micotoxinas em alimentos 8 Microrganismos deteriorantes e deterioração microbiana de alimentos 9 Microrganismos produtores de alimentos 11 Controle do desenvolvimento microbiano nos alimento 11 Tipos de controle: 12 Métodos de conservação dos alimentos: 12 Categorias de tratamento térmico 12 Método de conservação por adição de aditivos químicos 14 Outros métodos de conservação 14 Noções básicas de segurança alimentar (APPCC – Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle) 14 Realizar análise de riscos 14 Determinar os pontos críticos de controle (PCCs) 15 Estabelecer limites críticos 15 Estabelecer procedimentos de monitoramento 15 Estabelecer ações corretivas 15 Estabelecer procedimentos de verificação 15 Estabelecer manutenção e registros e procedimentos de documentação 15 CONCLUSÃO 16 REFERÊNCIAS 16 1. INTRODUÇÃO O consumo de alimento é algo trivial, já nos acostumamos e portanto em muitas situações nos esquecemos da importância em se enxergar os riscos envolvidos. O cuidado com a higiene é básico, mas por vezes deixado de lado, de forma que grandes contaminações possam se iniciar. Pelo controle efetivo da cadeia produtiva de alimentos é possível que doenças, como viroses e outras deficiências sejam deixadas de lado, protegendo os consumidores que são as principais portas de entrada ao consumir qualquer produto de qualidade duvidosa. Microorganismos podem tanto favorecer como serem os principais deteriorantes dos alimentos, seus estudos na área de ciência dos alimentos proporcionam maior conhecimento e possibilidade de novas áreas produtivas ou mudanças de características em matérias-primas até hoje ainda não pensadas. A qualidade dos alimentos por si só é um pilar que deve ser mantido, porém quando pensamos em segurança alimentar devemos considerar não somente o produto final, mas cada etapa em que ele é submetido, analisando de perto, criando novos sistemas e processos, utilizando materiais adequados e que diminuam os riscos de contaminação. O alimento seguro não é somente voltado a grandes empresas, mas dentro de nossas próprias casas alguns cuidados podem manter nossa saúde. Alguns alimentos causam riscos por conta de suas próprias substâncias, portanto é cada dia mais necessário que a análise seja levada em consideração quando falamos de alimento seguro. 2. Viroses transmitidas por água e alimentos: Hepatite tipo A e E, Poliovírus, Rotavírus, Vírus de Norwalk, vírus H5N1 e H1N1. 2.1. Hepatite A Transmitida pelo vírus RNA, família Picornaviridae, causando a hepatite A (HAV) por água e alimentos contaminados, normalmente por fezes de pessoas infectadas. Não costumam apresentar sintomas, porém quando aparecem, são entre 15 a 50 dias após a infecção, sendo os mais comuns são: cansaço, tontura, enjoo ou vômito, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Tem manifestações clínicas variadas com casos fulminantes em 2 a 8% dos casos, aumentando com a idade variando de 5 a 10% em menores de 6 anos e 70 a 80% em adultos. No entanto já existe a vacina para esse tipo de virose. O contágio pode ser evitado através de medidas sanitárias e higiene pessoal, como lavar as mãos após o uso de sanitários, ao manusear e preparar alimentos, lavando-os bem, principalmente frutas e legumes e cozinhar frutos do mar. 2.2. Hepatite E Causada pelo vírus Hepatite E (HEV), do tipo infecciosa aguda, produzindo necrose no fígado. Sua transmissão se dá por ingestão de água e alimentos contaminados, apesar de ser incomum no segundo caso, sendo rara transmissão direta entre indivíduos. Quando infectada, a pessoa pode ou não desenvolver a doença, com manifestação de 15 a 60 dias conferindo imunidade permanente e tem maior ocorrência entre jovens de 15 a 40 anos e em locais com saneamento básico em condições precárias. Após 30 dias de infecção, passa a ser eliminado nas fezes por cerca de uma semana. Ainda não se possui vacina para essa virose. Seus sintomas incluem icterícia, mal estar, perda de apetite, febre baixa, dor abdominal, náuseas, vômito e urina escura, podendo ocorrer diarréia e dor nas articulações, embora seja incomum. Grávidas têm maior risco de 20% de letalidade. O diagnóstico é feito por meio do teste ELISA, imunofluorescência e PCR. Como medida preventiva está a utilização de água clorada ou fervida no consumo de alimentos cozidos de preparo direto e manter a higiene adequada, como lavar as mãos, evitar consumo direto de alimentos em venda ambulante. 2.3. Poliovírus Popularmente conhecida como poliomielite ou paralisia infantil é um infecção viral, causada pelo vírus poliovírus localizado no intestino, que tem como meio de propagação o contato com objetos, privadas, mãos, ingestão de água contaminada, secreções da faringe e alimentos contaminados. As pessoas infectadas não percebem os sintomas da doença por serem semelhantes aos sintomas gripais, como febre, mal estar, sonolência, dor de cabeça, dor muscular, corpo dolorida, náuseas, vômito, diarréia ou constipação e dor de garganta. Tem maior incidência em crianças de baixa idade por não terem hábitos de higiene desenvolvidos e se inicia na garganta e intestino disseminando-se pela corrente sanguínea e por fim o sistema nervoso. O indivíduo elimina o vírus nas fezes entre 7 a 10 dias antes das primeiras manifestações, continuando, por vezes, em até 3 a 6 semanas. Em 4% dos casos pode causar meningite e em 1% a paralisia que torna difícil o movimento de alguns membros e raramente os músculos respiratórios. Seu controle é feito pela vacinação. 2.4. Rotavírus Pertencem à família Reoviridae, classificados em grupos, subgrupos e sorotipos, de acordo com sua composição antigênica, onde somente 3 tem manifestação em humanos, o que explica a possibilidade de reinfecção, embora existam casos em que se desenvolve certo grau de proteção, tornando a próxima infeção mais leve. Partículas completas tem 3 camadas proteicas concêntricas e cada segmento genômico regula a síntese de uma proteína viral específica. Transmitida por meio de água ou alimentos contaminados em contato com a fezes da pessoa contaminada, é uma infecção que causa gastroenterite aguda, quando não assintomática é acompanhada de diarreia aguda, aquosa sem mucos ou sangue, vômitos, febre e mal estar, coriza, tosse e desidratação em casos mais graves. Seu diagnóstico é feito por exame laboratorial específico na coleta de fezes do paciente e seu tratamento consiste em manter o paciente hidratado quando leves, e internação em casos mais graves. Pode ser evitado pela correta higiene, lavar-se as mãos antes das refeições e após uso de sanitários, usar água tratada e higienizar alimentos corretamente antes do consumo. 2.5. Vírus de Norwalk Recebe esse nome por ter surgido em Norwalk, Ohio, responsável por um surto escolar. Causado pelo norovírus, família caliciviridae, de estrutura redonda, sendo responsável pela gastroenterite, estando entre 505 das queixas intestinais. Seus sintomas incluem náuseas, vômitos em jato, dores abdominais, diarreia, febre, mialgias e dores de cabeça, aparecendo entre 14 a 48h após o contato, dado pelo consumo do alimentocontaminado. A transmissão ocorre por alimentos, principalmente frutos do mar, verduras e carnes mal ou não cozidas e água contaminada, embora existam casos de transmissão por contato pelo ar. É extremamente contagioso e tende a desaparecer após 1 ou 2 dias de infecção por conta própria. O tratamento consiste na ingestão de líquidos, alimentos leves e descanso, evitando-se o contato com pessoas saudáveis para não ocorrer a transmissão. Usar alvejantes químicos em superfícies. 2.6. Vírus H5N1 Vírus RNA pertencente à família Orthomyxoviridae, conhecido como influenza A, encontrado em diversos tipos de aves, em humanos, suínos, cavalos e raramente demais mamíferos. São divididos em subtipos de acordo com a natureza antigênica de sua hemaglutinina (HA) e da neuraminidase. Novas combinações resultantes do rearranjo genético do vírus, permitiu uma disseminação fácil da doença em uma população em que não havia contato com esse subtipo de vírus. A transmissão ocorre em temperaturas mais úmidas, abaixo de 25°C, contato com as fezes contaminadas de aves e pessoas. As aves costumam excretar o vírus por no mínimo 10 dias, sendo estritamente necessário a avaliação prévia de aves comercializadas no mercado. Seus sintomas variam de assintomáticos, doença leve no trato respiratório e pneumonia grave com falência múltipla dos órgãos. Quando apresentam sintomas a queixa costuma ser cefaléia, fadiga, mialgia, odinofagia, tosse e coriza. O Diagnóstico é feito pelo raio-x do tórax e contagem de linfócitos e pacientes devem ser testados ao apresentar pneumonia confirmada radiologicamente, síndrome respiratória aguda sem diagnóstico alternativo apresentado, histórico de viagem para um país com infecção documentada. O tratamento é ministrado por corticóides e antivirais e antibióticos. No entanto a melhor forma de se prevenir é através da vacinação quando existe o alto risco de de contaminação por exposição a aves infectadas, uso de roupas e equipamentos de proteção pelos trabalhadores envolvidos com aves possivelmente contaminadas e administração profilática de antivirais. 2.7. H1N1 Participa dos vírus do tipo Influenza tipo A encontrados quase que exclusivamente em suínos, apesar de ter se mostrado transmissível em humanos por uma nova cepa do vírus, que é um conjunto do vírus humano da gripe, gripe aviária e gripe suína. Sua estrutura possui algumas proteínas diferentes e sofre mutações frequentes assim como todos os membros da família, portanto a vacinação anual é extremamente necessária. A transmissão ocorre quando ocorre o contato direto com animais e objetos contaminados ou de pessoas para pessoas por via aérea ou gotículas de saliva e secreções respiratórias. Entretanto, a ingestão da carne suína não causa a doença devido ao cozimento em temperatura elevada de 71°C. Os sintomas se assemelham a uma gripe comum como coriza, febre, mal-estar, tosse, dor de garganta, falta de apetite e em alguns casos, diarréia, náuseas e vômitos. São mais graves em pacientes idosos, diabéticos e em períodos mais frios, como inverno. Seu diagnóstico é feito por testes laboratoriais e o tratamento está ligado a doses de antivirais quando diagnosticado nas primeiras 48h, sendo prescritos somente em casos de maior risco, como complicações e morte. 3. Micotoxinas em alimentos Encontradas em quase todos os tipos de cereais, oleaginosas e produtos de origem vegetal ou animal, produzidas por fungos quando atingem seu crescimento máximo, podendo permanecer no alimento por anos, mesmo após a morte de fungos produtores. Algumas matérias primas como milho, leite e ovos são mais susceptíveis a essa invasão de fungos potencialmente toxigênicos, sendo a maioria passível de monitoração, salvo algumas exceções, como alimentos termoprocessados que devem ser testados em estágio de matéria-prima por análises químicas. A contaminação em produtos animais ocorre como tecido residual de micotoxinas ingeridas pelo próprio animal em rações contaminadas, como por exemplo a presença de aflatoxinas em animais leiteiros. Produtos embutidos, cárneos e derivados do leite podem ser monitorados logo após a manufatura, mas a deterioração, no momento de sua exposição à venda, fica fora do controle do fabricante. Em produtos refrigerados a deterioração se torna mais visível e os ovos e laticínios que podem conter toxinas são facilmente encontrados por análises químicas. O clima tropical favorece a presença de aflatoxinas, o que leva a indústria e cooperativas, principalmente de amendoim a buscarem novos métodos de diminuir a presença desta toxina, uma vez que representa a maior incidência de contaminação. Por serem encontradas em baixas concentrações nos alimentos e a sua variedade de estruturas químicas, é importante o uso de métodos analíticos sensíveis e confiáveis, diferentes do método padrão. A extração e limpeza confiáveis garantindo o sucesso da análise e demandam a maior parte do tempo total e dependem da matriz e da estrutura da toxina. Como métodos principais temos: ● Extração líquido-líquido: se baseia na diferença de solubilidade das toxinas em fase aquosa e em solventes orgânicos; ● Extração por fluído supercrítico: utiliza-se um fluido como CO2 para extrair o composto da matriz, porém tem alto custo. ● Extração em fase sólida: a toxina fica retida em cartuchos preenchidos com diversos tipos de materiais, sílica gel, fase reversa, troca iônica, carvão ativado e anticorpos específicos para cada micotoxina. Os principais métodos de separação para análise são: ● Cromatografia de camada delgada: mais simples e barata, possibilitando analisar qualitativamente vários compostos em conjunto e pode ser usado como método semi-quantitativo. ● Cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massas: referência na análise de micotoxinas, não é necessário limpeza da amostra e várias podem ser analisadas simultaneamente. Para as aflatoxinas, o método mais comum é o HPLC (cromatografia líquida de alta eficiência) em colunas de fase normal ou reversa separando e purificando a toxina dependendo da sua polaridade, por detecção UV ou fluorescência. Doenças mais comuns envolvendo micotoxinas em humanos são relacionadas a cereais com alterações organolépticas, sendo mais identificadas, a aflatoxina, sterigmatocistina, ocratoxina A, zeralenona, toxina T-2 e vomitoxina. Em animais, dos 100 fungos toxigênicos conhecidos, 30 tem ocorrências em bovinos produtores de leite e carne, suínos e aves, devido às composições das rações. As doenças causadas por micotoxinas se dividem em 3 categorias: ● Micotoxicose aguda primária: se manifesta quando os indivíduos consomem uma dose moderada de micotoxinas, causando sintomas como hemorragias, hepatite, nefrite, necrose de mucosas digestivas e morte em algumas situações de interação com outras micotoxinas. ● Micotoxicose crônica primária: ocorre quando o consumo é moderado a baixo e é representado por redução da eficiência reprodutiva, ganho de peso e da taxa de crescimento. ● Doenças micotóxicas secundárias: resultam da ação de baixos níveis de micotoxinas que não causam micotoxicose porém expõe o indivíduo a doenças infecciosas através da imunodepressão e da quebra de resistência orgânica. 4. Microrganismos deteriorantes e deterioração microbiana de alimentos Para que haja a multiplicação de microrganismos deteriorantes é necessário que algumas condições sejam favoráveis, como algumas características próprias dos alimentos, fatores intrínsecos que incluem a atividade de água, pH, potencial de oxirredução, nutrientes disponíveis, inibidores antimicrobianos naturais e a sua própria estrutura, e fatores extrínsecos relacionados ao ambiente de exposição, temperatura, umidade relativa e atmosfera gasosa. Além disso, os materiais das embalagens, exposição a luz, higiene do processo e qualidade da matéria prima também influem nessa multiplicação. Alimentos frescos possuem alta atividade de água, portanto tem sua deterioração acelerada. Cada microrganismo possui valores mínimos, ótimos e máximos de atividadede água para se desenvolverem. A maioria das bactérias tem mínimo de 0,91, leveduras 0,88 e o bolores acima de 0,80. No caso do pH, alimentos com ácido cítrico, fosfórico ou tartárico têm seu crescimento valores de pH mais baixos dos que os constituídos por ácidos acético e lático. A maioria costuma se multiplicar em faixas próximas a 6,6 e 7,0, porém bolores tem maior capacidade do que as leveduras de suportar variações, estando as bactérias em último lugar, excluindo-se as lácticas que se desenvolvem bem em baixos valores de pH. O potencial de oxirredução e relaciona com a capacidade de um alimento em ser receptor ou doador de elétrons, como por exemplo a presença de oxigênio que torna o alimento de potencial positivo, e quando há sua falta, algumas carnes, alimentos com ácido ascórbico e açúcares redutores em vegetais tem potencial negativo. Portanto microrganismos aeróbios, como a maior parte dos bolores, algumas leveduras oxidativas e a maior parte das bactérias deterioradoras (Pseudomonas, Moraxella, Acinetobacter, Flavobacterium, etc) tem potencial de oxirredução entre +350 e +500 mV, enquanto que os anaeróbios tem esse potencial inferior a -150 mV, como é o caso de bactérias Clostridium. Apesar disso, bactérias da família Enterobacteriaceae e láticas podem se multiplicar em potenciais negativos ou positivos, sendo denominadas anaeróbias facultativas. Os alimentos frescos, como vegetais, possuem potencial entre +300 e +400 mV, carnes apresentam potencial de -200 mV, porém ao serem moídas esse potencial pode chegar a +200 mV. Queijos apresentam valores variáveis dependendo das condições de fabricação e ficam entre -20 e -200 mV. As bactérias podem alterar quimicamente e sensorialmente um alimento, promovendo o surgimento de odores desagradáveis pela produção de compostos voláteis, aparecimento de pigmentos pela oxidação de compostos coloridos, alterações na textura pela quebra de pectina nos vegetais ou amolecimento de carnes pelas proteases e a coagulação do leite por enzimas ou acidez. Carboidratos simples, como monossacarídeos quando em sua forma anaeróbia formam, lactato, acetato, formato, propionato, ácido acético, butirato, etanol, propanol, deacetil, acetoína, dextranos, entre outros. Já os polissacarídeos, destacando-se o amido, celulose e pectinas podem provocar podridão mole. No caso das proteínas, alimentos que propiciem microrganismos que produzam proteases e peptidases, com liberação de peptídeos e aminoácidos livres, serão mais facilmente deteriorados, sendo seus principais produtores, as bactérias dos gêneros Clostridium, Bacillus e Pseudomonas. Outras enzimas que podem ser produzidas, as descarboxilases produzindo aminas livres, são responsáveis por defeitos sensoriais, principalmente no caso dos odores, pela liberação de amônia. Aminoácidos como cisteína e metionina produzem o odor de ovo podre. Lipídeos podem ser degradados ácidos graxos, glicerol, hidroperóxidos, aldeídos e cetonas, dando o aspecto de rancificação, produtos sólidos criam presença de limo em sua superfície como é o caso de carnes que são afetadas pelas Pseudomonas e produtos líquidos há um aumento na viscosidade. Os fungos costumam se desenvolver em ampla atividade de água, pH e temperaturas, portanto deterioram produtos ácidos como frutas, sucos , alimentos com umidade intermediária como na panificação, cereais, bebidas e produtos fermentados. Os bolores são aeróbios com metabolismo oxidativo a partir de carboidratos, produzindo enzimas hidrolíticas que atuam em polissacarídeos, como amido e pectina, e espécies Alternaria, Aspergillus, Penicillium, Mucor e Rhizopus produzem proteinases e lipases. Um dos principais defeitos gerados por fungos são os micélios e representam matéria-prima de baixa qualidade ou falha de processo, quando em produtos industrializados. Fungos geralmente causam deterioração de grão e cereais armazenados, e frutas e hortaliças quando patogênicos.Em baixo teor de umidade pH ácido ou alta presença de carboidratos, promovem o desenvolvimento de bolores do gênero Penicillium, Cladosporium, Trichothecium e Aspergillus e espécies halófilas como o Sporendonema expizoun que formam pontos pretos ou castanhos nas superfícies de peixes salgados e parcialmente desidratados, como o bacalhau. Leveduras apresentam características fisiológicas similares aos fungos, portanto deterioram produtos ricos em carboidrato, com baixo pH e atividade de água menor que 0,94, sendo os vegetais os preferidos das leveduras. Espécies como Pichia, Hansenula, Debaryomyces, Candida e Trichsporon usam ácidos orgânicos e álcoois para seu crescimento, elevam o pH e porpriciam desenvolvimento de microorganismos como baixa resistência a ácidos como Clostridium botulinum em alimentos enlatados. Costumam tolerar variações de pH entre 1,5 e 10, porém a maioria se desenvolve bem entre 3,5 e 6, encontrados em sucos de frutas e bebidas, como as Zigosaccharomyces e especialmente as espécies Z. bailii e Z. rouxii que são agentes de deterioração de sucos de frutas, molhos, refrigerantes e catchup. Por ser um produto ácido, tratamentos térmicos como a pasteurização podem pevenir essa deterioração, uma vez que tem baixa ou moderada resistência ao calor. 5. Microrganismos produtores de alimentos Alguns microrganismos alteram as características originais de um alimento, transformando-o de forma benéfica. As mesmas que deterioram podem ser utilizadas na indústria para alterar propriedades sensoriais, criando novas opções de transformação das matérias-primas. ● Bactérias: São utilizadas na fermentação e produzem embutidos cárneos como salame, picles e alguns derivados do leite como iogurte e queijos, quando do gênero Lactobacillus. Também são responsáveis pela produção de probióticos, encontrados no leite fermentado e são produzidos pelo gênero Bifidobacterium. ● Fungos: por si só já são conhecidos na gastronomia, como a grande variedade de cogumelos comestíveis, porém pelo processo de produção de CO2 em seu metabolismo, é possível induzir ar aos alimentos pra que eles cresçam, como pães e bolos. O fermento nada mais é do que um fungo. ● Leveduras: assim como os fungos e bactérias, atuam na fermentação dos alimentos, principalmente dos açúcares livres que são transformados em álcool e dão origem a maioria das bebidas alcóolicas, como os vinhos, champanhes e cervejas, como é o caso da do gênero Saccharomyces cerevisiae. 6. Controle do desenvolvimento microbiano nos alimento O controle dos microrganismos visa prevenir ou retardar o surgimento de alterações indesejáveis nos alimentos, e também entender o seu controle, de forma que seja possível eliminar os riscos à saúde do consumidor que estes microorganismos poderiam causar. Este controle pode ser feito através de filtração, de embalagens à vácuo, do uso de temperaturas elevadas e do frio, da desidratação, do uso de conservantes químicos, da irradiação do alimento, do uso de altas pressões. Também pode-se combinar dois ou mais destes métodos. Do ponto de vista microbiano, existem princípios básicos para conservação dos alimentos: ● Preservação ou retardamento da decomposição microbiana: dificulta o acesso de microrganismos aos alimentos, impedindo o crescimento e a atividade de microorganismos presentes. Exemplo: baixas temperaturas. ● Prevenção de injúrias provocadas por insetos ou outros animais, causas mecânicas, etc. que serviriam de porta de entrada para os microorganismos. 6.1. Tipos de controle: ● Por remoção: pode ser realizada pelos processos de lavagem, centrifugação e filtração. Esses processos são normalmente usados como etapa auxiliar na linha de produção ou processamento. ● Por manutenção em condições desfavoráveis: alimentos embalados à vácuo ou aqueles cujo ar do espaço livre tenha sido substituído por CO2 ou NO3, apresentam condições anaeróbias que impedem o desenvolvimento de microrganismos aeróbios. 6.2. Métodos de conservação dos alimentos: ● Conservação usando altas temperaturas: é um dos métodos mais eficientes e um dos mais utilizados.O calor pode ser aplicado em condições úmidas (vapor ou água) ou em condições secas (estufa com ar quente e seco). A determinação de qual tipo de tratamento térmico será usado varia de acordo com o tipo de microrganismo, a forma em que ele se encontra e o ambiente durante o tratamento. ● Calor úmido: muito mais eficiente que o calor seco para destruir os microrganismos, pois causa desnaturação e coagulação das proteínas vitais, enquanto que o calor seco causa oxidação dos constituintes orgânicos da célula, e isso leva mais tempo do que a desnaturação.Células vegetativas das bactérias são mortas em 5-10 minutos à 50-60 ºC, esporos dos fungos são mortos em 5-10 minutos à 70-80 ºC. O calor úmido pode ser na forma de vapor, água fervente ou água aquecida, a temperaturas abaixo do seu ponto de ebulição. ● Calor seco: são necessárias temperaturas muito altas e tempo de exposição maior do microrganismo. Vidrarias de laboratório requerem um tempo de 2h de exposição à 160-180 ºC. Existem fatores que afetam a termorresistência dos microrganismo, são eles: água, gordura, sais, carboidratos, pH, proteínas e outras substâncias, número de microrganismo, fase de crescimento, temperatura de crescimento, compostos inibitórios, relação tempo/temperatura. 6.3. Categorias de tratamento térmico ● Pasteurização Tem como finalidade a destruição de todos os microrganismos causadores de doença e não esporulados e a destruição ou redução do número de microrganismos deteriorantes. Os microrganismos que sobrevivem à pasteurização são os termófilos e termodúricos. ● Esterilização Destruição de todas as células vegetativas e esporuladas. ● Conservação pelo emprego de baixas temperaturas Quanto menor for a temperatura, menor será a velocidade de reações bioquímicas ou a atividade microbiana, portanto, pode-se considerar que tanto o congelamento como a refrigeração são os melhores métodos de conservação para qualquer tipo de alimento. Os microrganismos que estão envolvidos no processo de conservação por baixas temperaturas são os psicrófilos (temperatura de crescimento entre 0 e 20 ºC, com ótimo entre 10 e 15 ºC) e os psicrotróficos (se desenvolvem entre 0 e 7 ºC, com produção de colônias ou turvação do meio de cultura entre 7 e 10 dias). As baixas temperaturas são classificadas em: frias (encontradas nos aparelhos domésticos de refrigeração na temperatura de 5 a 7 ºC; e temperaturas ambientes entre 10 e 15 ºC. Adequadas para armazenar certos vegetais e frutas); de refrigeração (0 a 7 ºC); de congelamento (-18 ºC ou abaixo disso. Praticamente cessa o crescimento de microrganismos, salvo raras exceções). ● Conservação pelo controle de umidade Tem como princípio a redução da atividade de água do alimento. Os métodos são: secagem natural, instantaneização, concentração ou evaporação, liofilização. Estes métodos muitas vezes estão associados à adição de sal ou açúcar. ● Ação do sal nos microrganismos Adicionar sal no alimento pode retardar ou prevenir o crescimento microbiano, dependendo da quantidade. O sal tem como propriedades: aumentar a pressão osmótica causando plasmólise dos germes; reduzir a atividade da água; ao ionizar-se libera íons cloro (Cl-) que são tóxicos aos germes; interfere na ação proteolítica enzimática. Os microrganismo são classificados frente ao NaCl como: ● Ligeiramente halofílico: 2-5% de NaCl. Exemplos: Pseudomonas, Moraxella, Acinectobacter e Flavobacterium. ● Moderadamente halóficos: 5-20% de NaCl. Exemplos: Bactérias Gram + das famílias Bacilaceae e Microccoceae. ● Extremamente halófilos: 20-30% de NaCl. Os gêneros Halobacterium e Halococcus são responsáveis pela deterioração vermelha em carnes e peixes fortemente salgados. ● Halotolerantes: capazes de crescer em meios isentos de sal e com mais de 5% de sal. Exemplos: Microccaceae e Baciliaceae. Os fungos Aspergillus, Penicillium e Sporendomena Expizoum são importantes deteriorantes de pescados salgados. Bactérias patogênicas têm crescimento totalmente inibido em concentrações acima de 10% de NaCl, com exceção da S. aureus que nessa concentração não produz toxina. ● Fermentação Envolve a transformação do alimento através do processo fermentativo e é muito utilizado para a obtenção de vários produtos como queijos maturados, leites fermentados, picles e outros que têm sua vida de prateleira maior que sua matéria-prima de origem. A classificação da fermentação se faz em função do material a fermentar, do produto da fermentação e do agente da fermentação. 6.4. Método de conservação por adição de aditivos químicos Aditivos ou conservadores são substâncias que impedem ou retardam as alterações dos alimentos provocadas por microrganismos ou enzimas. 6.5. Outros métodos de conservação ● Radiação: tipo alfa e beta. Tem como vantagem a esterilização dentro de qualquer tipo de embalagem sem danificá-la e sem aumentar a temperatura. A radiação ultravioleta é um desnaturante proteico. ● Defumação: tem como fundamento o emprego de fumaça para inibir o crescimento microbiano. O aldeído fórmico formado a partir da queima da madeira tem ação bactericida. 7. Noções básicas de segurança alimentar (APPC – Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle) O sistema APPCC trata dos aspectos ligados à Legislação e à Vigilância Sanitária de Alimentos baseia-se numa investigação sistemática para identificar, avaliar e controlar os perigos advindos do processamento de alimentos nas linhas de produção, distribuição e consumo. Para controlar alimentos crus altamente perigosos e alimentos processados que possam conter substâncias venenosas ou microorganismos agentes de infecções alimentares e/ou que possam permitir o crescimento microbiano, é necessário identificar as fontes potenciais e pontos específicos de contaminação por análise de cada etapa na cadeia alimentar. 7.1 Realizar análise de riscos A idéia é desenvolver uma lista de riscos que possam afetar a saúde do consumidor, como o nível de competência dos trabalhadores, transporte de alimentos, resfriamento de volume, descongelamento de alimentos potencialmente perigosos, alto grau de manipulação e contato, adequação da preparação e equipamento de manutenção a disposição, armazenamento e método de preparação 7.2 Determinar os pontos críticos de controle (PCCs) Qualquer ponto em que um risco possa ser evitado ou eliminado é considerado um PCC, baseando-se em práticas que se não aplicadas corretamente trarão risco a saúde do consumidor, como cozinhar, refrigerar, reaquecer, etc. 7.3 Estabelecer limites críticos É a garantia de que um perigo físico, químico ou biológico possa ser identificado em um PCC, mantendo-se os parâmetros necessários á segurança do alimento dentro dos níveis aceitáveis. 7.4 Estabelecer procedimentos de monitoramento Nessa etapa é documentado e padronizado todos os pontos que devem ser avaliados ao se considerar e analisar os PCCs, para verificar se estão sendo cumpridos dentro do limite crítico estabelecido, portanto deve ficar a cargo de alguém com alto grau de responsabilidade. 7.5 Estabelecer ações corretivas Quando os limites críticos não estiverem dentro dos padrões estabelecidos, é necessário que haja um plano de correção para que se torne viável uma situação que está fora de controle, pelo melhor caminho até os limites estabelecidos. 7.6 Estabelecer procedimentos de verificação Diferente do plano de monitoramento, essa etapa busca verificar o sistema como um todo e seu funcionamento, analisando os resultados finais, através de medições, fluxo e avaliações. Geralmente é realizada por uma empresa de consultoria e é a etapa que permite a inclusão da melhoria contínua. 7.7 Estabelecer manutenção e registros e procedimentos de documentação Devem ser simples e de fácil acesso para a inclusão e conclusão de informações que comprovem o cumprimento geral das normas e dos pontos estabelecidos anteriormente, portanto é onde se encontram registros de tempo, temperatura, vazão, fluxogramas, formulários, registros de treinamentos e os limites críticos. 8.CONCLUSÃO A microbiologia dos alimentos tem grande importância não somente para entendermos sua estrutura, mas também para verificar situações relacionadas à segurança alimentar. No mundo todo percebemos a dificuldade em se lidar com doenças causadas por microorganismos e buscando entender cada vez mais a natureza de cada uma delas, podemos criar um futuro onde seja mais fácil de contornar algumas situações. A percepção de novos métodos de consumo e possibilidade de utilização de agentes vistos como negativos para uso benéfico traz uma gama de novas ideias a serem exploradas. Desde que o alimento é produzido em sua forma natural, reações microbiológicas acontecem dentro de suas estruturas, sendo portanto, necessário conhecer a fundo essas reações a fim de preservar, inocular agentes e evitar ou minimizar perdas. Muitos dos alimentos que chegam até a mesa do consumidor, vem de agentes que quando empregados em uso positivo podem resultar em alimentos únicos, como a maioria dos queijos e bebidas alcóolicas conhecidas. Sendo assim, a segurança alimentar tem papel fundamental nesse controle, por ser via de entrada do organismo, é necessário que se busque alternativas cada dia menos invasivas e métodos que permitam que os alimentos cheguem à mesa sem gerar preocupações relacionadas à saúde. Também é importante que a produção e toda a cadeia alimentícia se comprometa a manter certos padrões de fabricação, cumprimento de normas e novas formas de verificação e análise. REFERÊNCIAS http://www.cives.ufrj.br/informacao/hepatite/hepE-iv.html https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4960608/mod_resource/content/0/ContaminacaoExtr inseca2019.pdf http://www.cives.ufrj.br/informacao/polio/polio-iv.html https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/infeccao-por-rotavirus http://portalsinan.saude.gov.br/rotavirus https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/rotavirus-sintomas-transmissao-e-prevencao https://www.netinbag.com/pt/health/what-is-the-norwalk-virus.html https://www.asae.gov.pt/?cn=541054135472AAAAAAAAAAAA https://parasitologiaclinica.ufsc.br/index.php/info/conteudo/doencas/viroses/gastroenterite-vir al-norwalk/ http://www.cives.ufrj.br/informacao/hepatite/hepE-iv.html https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4960608/mod_resource/content/0/ContaminacaoExtrinseca2019.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4960608/mod_resource/content/0/ContaminacaoExtrinseca2019.pdf http://www.cives.ufrj.br/informacao/polio/polio-iv.html https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/infeccao-por-rotavirus/#:~:text=Rotav%C3%ADrus%20%C3%A9%20uma%20infec%C3%A7%C3%A3o%20que,homem%20e%20causam%20gastrenterite%20aguda http://portalsinan.saude.gov.br/rotavirus https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/rotavirus-sintomas-transmissao-e-prevencao https://www.netinbag.com/pt/health/what-is-the-norwalk-virus.html https://www.asae.gov.pt/?cn=541054135472AAAAAAAAAAAA https://parasitologiaclinica.ufsc.br/index.php/info/conteudo/doencas/viroses/gastroenterite-viral-norwalk/ https://parasitologiaclinica.ufsc.br/index.php/info/conteudo/doencas/viroses/gastroenterite-viral-norwalk/ https://www.jornaldepneumologia.com.br/detalhe_artigo.asp?id=1156 https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/gripe-h1n1-gripe-suina/ https://saude.abril.com.br/medicina/o-que-e-a-gripe-h1n1-sintomas-diagnostico-vacina-e-trat amento/ https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/h1n1 http://www.medicinanet.com.br/gripe_suina.htm https://www.abia.org.br/vsn/temp/z2018918ArtigoparaazeitesDeterioracaomicrobiana dosalimentos11Set2018....pdf https://www.jornaldepneumologia.com.br/detalhe_artigo.asp?id=1156 https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/gripe-h1n1-gripe-suina/ https://saude.abril.com.br/medicina/o-que-e-a-gripe-h1n1-sintomas-diagnostico-vacina-e-tratamento/ https://saude.abril.com.br/medicina/o-que-e-a-gripe-h1n1-sintomas-diagnostico-vacina-e-tratamento/ https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/h1n1 http://www.medicinanet.com.br/gripe_suina.htm
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