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ANÁLISE DO FILME A GUERRA DOS ROSES

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ANÁLISE DO FILME A GUERRA DOS ROSES 
 
 
 
 O filme trata sobre a separação de um casal bem sucedido, entre um advogado de sucesso e 
sua esposa dedicada que após 30 anos de casamento iniciou seu primeiro empreendimento na área 
de alimentação. O casal estava sendo representado por um advogado sem equilíbrio para exercer tal 
função, criando assim vários conflitos. 
 História de um casal de classe que cresceu com o esforço de ambos, que buscaram a formação 
de uma família, segurança afetiva e material. Acredito que o egoísmo do marido se deu ao ver o 
sucesso da esposa, se tornando o gatilho para as guerras e indiferença do casal, criando assim 
rejeições ao avaliar documentos e ao fazer projetos sem a opinião das pessoas. Um dos fatores 
determinantes que progrediram a lide foi as escolhas baseadas no egoísmo e na desconstrução 
paternal dos indivíduos e de seus filhos. 
 O relacionamento parecia transcorrer como na maioria dos relacionamentos sólidos e antigos, 
com algum desgaste. Até o momento em que se rompe a parceria amorosa e numa série de atuações, 
de ambos os lados, entram em um jogo de agressividade descontrolada, chegando ao final trágico da 
morte de ambos, a agressividade extrema se manifestando pela violência. 
 O jovem casal Oliver e Barbara, se encontra em um evento no qual disputam uma pequena 
estátua japonesa e desta primeira aproximação se origina a relação do casal que terminará em 
casamento. Esta disputa inicial aponta a trajetória desse relação marcada pela competição, numa 
rivalidade narcísica do outro com o seu parceiro, desde o seu princípio. 
 O filme retrata muito da realidade que encontramos na mediação, nos consultórios de terapeutas 
de casal, como revela Lidia Rosemberg em seu artigo. A autora afirma que “O casamento só acaba 
quando o ressentimento é mais forte que a esperança de ser feliz”. Isso apareceu no filme de forma 
crescente. As renúncias, dedicação que não foi reconhecida pelo parceiro, a luta por um lugar de poder 
no casamento e os sentimentos de descaso, tudo não sendo falado, que se avolumaram e tornaram a 
relação baseada em mágoas e ressentimentos. O momento que a agressividade manifesta foi 
deflagrada, parece ter sido o ponto em que os sujeitos percebem que não há mais esperança em ser 
feliz. 
 O advogado do casal em certo momento afirma que “Nos conflitos relacionais familiares não há 
vencedores, somente diferentes níveis de perda.” Em outro ponto, ele diz que “Divórcio civilizado é 
uma contradição em si.” As falas são importantes pois são reflexão que condensam exatamente o que 
o filme ilustra. Um casal que ao se desfazer precisa destruir o outro, no sentido literal da palavra, sem 
se dar conta do grau de destruição que provoca em si mesmo. A perda e o acúmulo de situações 
agressivas parecem ser insuportáveis demais para serem elaboradas. Assim, eles passam ao ato. E 
no filme o advogado contribui para que o conflito continue. 
 Quando as expectativas não são atendidas e o parceiro não consegue abrir mão dela, quando a 
frustração não é simbolizada e, sim, alimentada, os ressentimentos e mágoas se acumulam e a 
parceria amorosa se desfaz. Um ou os dois parceiros podem se sentir rejeitados e acreditar que a 
relação lhe trouxe prejuízos. Quando isso ocorre o processo de separação é mais delicado e pautado 
pela agressividade. 
 Quando o casal decide separar-se. Começa a luta pela posse da casa e dos bens, como pano 
de fundo de uma disputa de velhos rivais narcísicos, reatualizada e reiniciada desde o ponto inaugural 
do primeiro encontro. 
 Numa sociedade marcada pelo patriarcado, o casamento formal, heterossexual com fins de 
constituição da família, continua sendo uma referência e um valor importante, mas convive com outras 
formas relacionamento conjugal. Mesmo com toda essa pluralidade, vemos que quando o desejo de 
se separar parte da mulher, é difícil para um homem lidar com isso. A decisão é vista como rejeição 
afetiva e parece ser uma ferida narcísica para o homem. 
 Há nesse ponto de vista uma interseção importante entre a constituição emocional, social e 
cultural, concluem os autores. Muitas vezes, o homem parte para a violência, como forma de lidar com 
a perda e os afetos envolvidos. O patriarcado deixou uma inscrição estrutural no homem moderno que 
ainda vive e sofre suas consequências. O sentimento de rejeição, por ser ferida narcísica precisa ser 
reparado. E o sujeito não conseguindo pela via simbólica passa ao ato e a violência surge. 
 O filme entendido à luz dos textos sugeridos, nos mostra que não se pode falar em culpa numa 
separação. Há a responsabilidade de cada um, a forma como estruturaram a relação, como lidaram 
com as expectativas e demandas depositadas. O filme mostra que ninguém se casa querendo se 
separar, mas que as bases dos problemas que se desenvolvem no decorrer do tempo estão lá desde 
o começo. 
Culturalmente e estruturalmente a mulher aprendeu a lidar com a falta. Na relação amorosa ela tende 
a insistir, porque ” a mulher percebe a relação como sendo de borracha, maleável, que pode ser 
esticada ou encolhida”, diz Lidia Rosemberg. Já para o homem, em geral, é rígida e “sua ruptura pode 
ser irreparável”, diz ela. faz com que a mulher lide melhor com as crises e dificuldades. Enquanto 
mediadores precisamos buscar construir recursos para o distanciamento, para que não haja um 
envolvimento pessoal por parte do mediador, visto que mediar é um processo de relação dialógica. 
 A proposta do processo dialógico é levar os envolvidos na relação, por meio de perguntas, a 
uma reflexão. Uma forma de humanizarmos a relação, é possibilitar igualmente às pessoas perguntas 
que as farão refletir e se ouvirem. O foco dessa abordagem está no processo e não no resultado. O 
que é emergente na história dos Roses é a urgência da simbolização dos afetos para que haja uma 
retificação subjetiva que restaure o diálogo, o que não foi propiciado pelo advogado que contribuiu 
ainda mais para o acirramento da disputa, ao descobrir na lei prerrogativas para favorecer um dos 
envolvidos no conflito. 
 No filme A Guerra dos Roses houve um abandono ao humano por parte do advogado, resultando 
numa preocupação única com os bens a serem disputados. Houve uma valorização na disputa, em 
privilegiar uma das partes apenas e daí emergiu a falta de diálogo como causa e toda uma 
complexidade de emoções: raiva; ódio; ressentimento; e egoísmo. 
 O mediador deve ir na contramão do trabalho feito pelo advogado no filme. É importante que o 
mediador explore o início da relação, quando eles disputaram a estatueta, explorar o inicio da 
agressividade, sua relação com as frustrações e expectativas. Implicar cada parte envolvida no conflito 
que está vivendo e como perpetuar o conflito pode trazer consequências na vida de cada um. É 
importante desbastar as mágoas e ressentimentos para entender se os ressentimentos e mágoas 
suplantaram o envolvimento entre eles. Caso seja confirmado que os ressentimentos são maiores, 
direcionar o trabalho no sentido de responsabilizar cada um na parte que lhe cabe na problemática e 
na solução mais saudável para as partes. 
 Dessa forma, as perguntas reflexivas abririam caminhos para uma possibilidade de diálogo, de 
se reposicionar e enxergar a história segundo outro ângulo. Nesse sentido, o mediador exerceria a 
função de facilitador do diálogo, aquele que possibilita a conversa e a redefinição do conflito, a partir 
dos próprios envolvidos no processo. 
 O filme leva à conclusão que se a maneira como casal procurou resolver o problema foi o que 
constituiu o problema, o direcionamento dado pelo advogado o agravou e impossibilitou uma mediação 
que pudesse gerar, a partir delas mesmas, situações alternativas que lhes permitissem sair do ciclo 
vicioso.Para que a transformação de uma relação ocorra é necessário que o mediador partir do 
levantamento das histórias dos personagens, a fim de que pudessem pensar e reavaliar o passado e 
o presente.

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