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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI APOSTILA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPÍRITO SANTO SUMÁRIO 1 EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO ............................................................................. 4 2 INTRODUÇÃO AOS VÁRIOS CONCEITOS DE EDUCAÇÃO ........................... 6 3 A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ............................................ 7 4 EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE ........................................................................ 8 5 CHINESES, EGÍPCIOS E HEBRAICOS ........................................................... 10 5.1 E o que você diria da educação egípcia? ........................................................... 11 5.2 E os hebreus? ..................................................................................................... 11 6 EDUCAÇÃO DOS POVOS CLÁSSICOS: OS GREGOS ................................. 12 7 EDUCAÇÃO DOS POVOS CLÁSSICOS: OS ROMANOS .............................. 13 8 EDUCAÇÃO CRISTÃ E NÃO-CRISTÃ ............................................................. 15 9 AS UNIVERSIDADES MEDIEVAIS .................................................................. 17 10 A EDUCAÇÃO DO SÉCULO XVI ...................................................................... 18 11 EDUCAÇÃO NOS SÉCULOS XVII E XVIII ...................................................... 20 12 EDUCAÇÃO NO SÉCULO XIX ......................................................................... 23 13 EDUCAÇÃO NO SÉCULO XX .......................................................................... 24 14 EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI ............................................................................ 26 15 PERÍODO MODERNO ...................................................................................... 27 16 AS REVOLUÇÕES BURGUESAS NO SÉCULO XVIII ..................................... 28 17 JEAN - JACQUES ROUSSEAU: O “PAI” DA PEDAGOGIA CONTEMPORÂNEA 30 18 DUAS EXPERIÊNCIAS CONCRETAS ENTRE O SÉCULO XVIII E XIX .......... 31 19 O ENSINO MÚTUO .......................................................................................... 31 20 A PEDAGOGIA DE PESTALOZZI .................................................................... 33 21 SOCIEDADE INDUSTRIAL E EDUCAÇÃO: ENTRE AS PROPOSTAS POSITIVISTAS E AS SOCIALISTAS ........................................................................ 35 22 A ESCOLA DE ESTADO E O DEBATE EDUCACIONAL ................................. 38 23 A ESCOLA NOVA ............................................................................................. 39 24 A EDUCAÇÃO NO SOCIALISMO ..................................................................... 41 25 A CONTRIBUIÇÃO DE GRAMSCI PARA A CONCEPÇÃO MARXISTA DE EDUCAÇÃO .............................................................................................................. 42 26 A SEGUNDA METADE DO SÉCULO: RENOVAÇÃO E VOZES ANTIPEDAGÓGICAS ................................................................................................ 44 27 QUEM FOI JOHN DEWEY ............................................................................... 46 28 QUEM FOI JEAN-JACQUES ROUSSEAU ....................................................... 47 29 QUEM FOI JOHANN HEINRICH PESTALOZZI ............................................... 49 30 OS JESUÍTAS E O INÍCIO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA .............................. 50 30.1 Duas Fases da Educação Jesuítica ........................................................... 51 30.2 Período de Consolidação (1570-1759) ...................................................... 51 31 O PERÍODO IMPERIAL E A EDUCAÇÃO ........................................................ 52 32 A EDUCAÇÃO NO PERÍODO REPUBLICANO ................................................ 53 33 A EDUCAÇÃO NA PRIMEIRA REPÚBLICA ..................................................... 54 34 A EDUCAÇÃO NA SEGUNDA REPÚBLICA ..................................................... 55 35 ESTADO NOVO X REDEMOCRATIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO.......................... 56 36 ESTADO NOVO E EDUCAÇÃO ....................................................................... 57 37 REDEMOCRATIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO: A QUARTA REPÚBLICA ............... 58 38 A DITADURA MILITAR E CONSEQUÊNCIAS NA EDUCAÇÃO ...................... 60 39 A NOVA REPÚBLICA ....................................................................................... 61 40 NOVA REPÚBLICA: HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL ...................... 63 41 UMA NOVA TENDÊNCIA: A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA .................. 63 42 A TEORIA PEDAGÓGICA HISTÓRICO‐CRÍTICA ............................................ 65 43 EDUCAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 ..................................................... 66 44 LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL .......................... 68 45 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E A LEI 9.394/96 ................................... 69 46 ESCOLAS LUCRATIVAS E NÃO-LUCRATIVAS .............................................. 70 47 QUANTIDADE E QUALIDADE NO SERVIÇO EDUCACIONAIS ...................... 72 48 O LEGADO EDUCACIONAL AO LONGO DO SECULO XX: ABORDAGEM HISTÓRICA ............................................................................................................... 75 49 PERSPECTIVAS PARA A EDUCAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL ....................... 78 50 A LEI Nº 9.394/96 (LDB) E A REALIDADE EDUCACIONAL ATUAL ................ 79 51 EDUCAÇÃO INFANTIL ..................................................................................... 80 52 ENSINO FUNDAMENTAL ................................................................................ 82 53 ENSINO MÉDIO ............................................................................................... 83 54 A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) .............................................. 85 55 EDUCAÇÃO INCLUSIVA .................................................................................. 87 56 A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO BRASIL ................................................... 88 57 PROCESSO EDUCACIONAL BRASILEIRO .................................................... 89 58 SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO ......................................................... 90 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 93 4 1 EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO A História da Educação no Brasil é o estudo da evolução da Educação, do ensino, da instrução e das práticas pedagógicas no Brasil. Como um processo sistematizado de transmissão de conhecimentos, evolui em rupturas marcantes e fáceis de serem observadas. De início, a História da educação brasileira é indissociável da Companhia de Jesus. As negociações de Dom João III junto a esta ordem missionária católica pode ser considerado um marco. Fonte: www.pt.slideshare.net.com A História da Educação no Brasil inicia-se no período colonial, quando começam as primeiras relações entre Estado e Educação, por meio dos jesuítas que chegaram em 1549, chefiados pelo Padre Manoel da Nóbrega. Em 1759, com as reformas pombalinas, houve a expulsão dos jesuítas, passando a ser instituído o ensino laico e público, e os conteúdos basearam-se nas Cartas Régias. Muitas mudanças ocorreram até que se chegasse à pedagogia dos dias de hoje. Até os dias de hoje muito tem se mexido no planejamento educacional, mas a educação continua a ter as mesmas características impostas em todos os países do http://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Ensino http://pt.wikipedia.org/wiki/Instru%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedagogia http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_de_Jesus http://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_de_Jesushttp://pt.wikipedia.org/wiki/Dom_Jo%C3%A3o_III http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Cat%C3%B3lica_Romana http://www.pt.slideshare.net.com/ http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Hist%C3%B3ria_da_Educa%C3%A7%C3%A3o&%3Baction=edit http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil_Col%C3%B4nia http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado http://pt.wikipedia.org/wiki/Jesu%C3%ADtas http://pt.wikipedia.org/wiki/1549 http://pt.wikipedia.org/wiki/Manoel_da_N%C3%B3brega http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Reformas_pombalinas&%3Baction=edit http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Reformas_pombalinas&%3Baction=edit http://pt.wikipedia.org/wiki/Ensino_laico http://pt.wikipedia.org/wiki/Ensino_laico http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Carta_r%C3%A9gia&%3Baction=edit 5 mundo, que é a de manter o "status quo" para aqueles que frequentam os bancos escolares. A partir de agora, e ao longo do desenvolvimento dessa disciplina, você vai começar a trilhar os caminhos dos grandes educadores da história humana. Vai se defrontar com um mundo de ideias, conceitos e tentativas de soluções para os problemas. O conhecimento oferecido pela História da Educação será útil para fundamentar a sua prática como educador, respaldando o seu fazer pedagógico. E poderá se constituir em importante instrumento de transformação, conquistas e compromisso. Pois, como você sabe, conhecimento é poder. Sem ele todo o poder se perde, tornando-se em vão. A História da Educação tem início no final do século XIX. E a partir de 1880 surgem publicações e cursos em Universidades e Escolas Normais da Europa. No Brasil, a disciplina História da Educação aparece em 1927, a partir da reorganização do ensino proposta por Francisco Campos. Sendo uma das disciplinas básicas do curso de Pedagogia, sua importância é indiscutível na medida em que fundamenta a prática e fornece subsídios às discussões em torno da problemática educacional, transformando-se no alicerce da formação do futuro pedagogo. O estudo dessa disciplina revela-se como indispensável à análise das situações do presente, pois trata do desenvolvimento das ideias a respeito da educação nas sociedades. No entanto, a história descrita na maioria dos livros refere-se ao que podemos considerar como “história oficial”, visto que relata apenas a ação do Estado, a ação ou pensamento das elites educacionais e ainda a ação das reformas pedagógicas. Atualmente, podemos registrar a existência de uma incipiente tendência, presente em teses de doutoramento e em dissertações de mestrado, que pretende dar conta das experiências de educação popular em nosso país. Através de uma visão de conjunto da História da Educação, objetiva-se conduzir os educandos à aquisição de conhecimentos e modos de entendimento da realidade educacional, possibilitando uma forma permanente de vivência e de atenção ao fenômeno educativo e à prática docente. 6 2 INTRODUÇÃO AOS VÁRIOS CONCEITOS DE EDUCAÇÃO A palavra educação tem sua origem nos verbos latinos Educare e Edurece. Educare tem o significado de alimentar, transmitir informações a alguém. Edurece tem o significado de extrair, desabrochar, desenvolver algo que está no indivíduo. Licurgo, personagem tido por muitos como lendário, afirmava que a educação espartana deveria ser a primeira e fundamental função pública a ser cumprida não somente pelo governo, mas também pela própria sociedade. Seu objetivo era estritamente militarista, devido a sua característica guerreira. Procure lembrar-se das aulas de filosofia. Assim, você poderá entender melhor esses dois verbos latinos. A máxima socrática “conheça-te a ti mesmo” concebe a educação como Edurece, pois Sócrates pregava a introspecção, através da maiêutica. O seu ideal educativo consistia na felicidade humana, obtido através da alegria espiritual, mediante o domínio completo da alma sobre o corpo. Já no Cristianismo, Santo Tomás preconizava a importância da participação ativa do aluno na aprendizagem, bem antes de Pestalozzi e da “escola nova”. Seu método fazia um apelo à faculdade de pensar e de raciocinar dos alunos e leitores. Segundo Santo Tomás de Aquino, “só Deus é o verdadeiro agente da educação, da mesma forma que é a causa principal do ensino, pois a doutrina humana, que o mestre procura comunicar, não pode ser compreendida pelo aluno senão em virtude da luz da razão que Deus infunde na sua mente”. Durante o Iluminismo, a chamada “época das luzes”, o filósofo Rousseau escreveu um clássico da pedagogia Emílio, no qual expunha suas ideias e estabelecia as normas ideais para a educação da criança, desde o nascimento até a juventude. Segundo ele, a educação é essencialmente um processo com que se estimula o desabrochar e o desenvolvimento das capacidades e virtudes humanas. Já Pestalozzi surgiu como reformador das teorias educacionais de Rousseau, as quais teriam como objetivo a aquisição de ideias precisas e a capacidade de exprimi-las de forma adequada e sintética. Influenciados pelos iluministas, a “escola nova” floresce em 1889, com Adolphe Ferreira. Sua característica fundamental refere- se à filosofia naturalista, visando fins meramente terrenos, e acentuadamente práticos e utilitários, nos quais os interesses sociais quase sempre prevalecem sobre os pessoais. 7 Fonte: www.folhadoprogresso.com.br John Dewey, filósofo americano, afirmava que educação é uma reconstrução ou reorganização da experiência, que esclarece e aumenta o sentido desta e também nossa aptidão para dirigirmos o curso das experiências subsequentes. Acredito que você já tenha percebido como o conceito de educação varia, de época para época. E que os ideais educativos são determinados pelos fatores históricos, políticos e sociais de seu tempo. As mudanças que ocorrem nas relações sociais, pressionadas pelo aumento demográfico e a transformação nas áreas econômica e tecnológica indicam novas técnicas que deverão promover a evolução do processo educacional. 3 A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO A educação não é algo isolado, abstrato, mas está relacionada estreitamente com a sociedade e a cultura de cada época, as quais produzem ideais e tipos humanos que a educação trata de realizar. É necessário, portanto, relacionar a educação e as concepções sociais e culturais de cada momento histórico. A educação não nasce com o homem. E sim é adquirida no decorrer de sua vida. Ela pode, como processo social, reforçar a coesão social, atuando como força conservadora; ou, então, estimular ou libertar as possibilidades individuais de auto http://www.folhadoprogresso.com.br/ 8 direção e escolha entre alternativas divergentes, em determinados momentos em que se afrouxam os meios sociais coercitivos. Entre esses dois extremos há, portanto, um meio-termo que deve ser, do ponto de vista da sociedade e do indivíduo, a meta ideal de todo processo educacional. Durante o período medieval, os jesuítas, como Inácio de Loyola, conceberam, sob a influência da doutrina cristã-católica, fins bem definidos para a vida humana: educacionais. Ou seja, aqueles relativos à preparação do homem para cumprir os fins próprios da vida humana, os quais foram localizados em outra vida, supra terrena ou de além-túmulo, que consistiria numa bem-aventurança pela contemplação de Deus. Com a Renascença, começa, no século XV, a nova fase da educação. Uma nova forma de vida, uma nova concepção do homem e do mundo baseada na personalidade humana livre e na realidade presente. Vai possibilitar uma educação mais despojada, mais prazerosa e criativa, dando início a um domínio da natureza, desenvolvendo técnicas, artes e estudos. Percorrendo as diversas épocas da história do homem e do mundo, você passará pelo Iluminismo, estilo de época que procurará libertar o pensamento da repressão dos monarcas terrenos e do despotismo sobrenaturaldo clero. A Revolução Francesa tentou plasmar o educando a partir da consciência de classe, que era o centro do conteúdo programático. Educadores como Fröebel, Rousseau, Locke, Herbart e outros desenvolveram grandes ideias a respeito da educação e inovadoras pedagogias, a fim de resolver os problemas educacionais. Procure conhecê-las e encontrará um valioso subsídio para seu estudo e aprendizado. Compreendendo como os homens construíram sua história no passado, você poderá contribuir para construir a história do futuro. 4 EDUCAÇÃO NA ANTIGUIDADE Vamos nos inteirar um pouco da cultura e educação antigas; esse conhecimento vai oferecer a você oportunidades de relacionar e identificar fatores que influenciam a educação nos nossos tempos. Essas civilizações antigas têm como fundamento educacional a religiosidade. A educação oriental afirmou principalmente os valores da tradição, da meditação, destacando-se o taoísmo, o budismo, o hinduísmo e o judaísmo. 9 A educação no Oriente antigo, apesar de diversificada em relação a cada povo, ainda mantinha determinadas afinidades com a educação primitiva, como o sentido místico dos povos primitivos. A educação, portanto, era identificada com a atividade religiosa, sendo considerada um desdobramento da função sacerdotal. Fonte: www.pt.slideshare.net Outra característica da educação primitiva era o sentido rigidamente tradicionalista, considerando a atividade educativa, não como instrumento de progresso, mas como um processo de adaptação passiva das novas gerações ao tradicional e imutável estilo de vida dos grupos sociais a que pertenciam. A doutrina pedagógica mais antiga é o taoísmo, que é uma espécie de panteísmo, cujos princípios recomendam uma vida tranquila, pacífica, sossegada, quieta. Baseando-se no taoísmo, Confúcio (551- 479 a.C.) criou um sistema moral que exaltava a tradição e o culto aos mortos. Nos sistemas chinês, hindu, egípcio e hebreu, a educação centralizou-se no conhecimento de uma linguagem tecnicamente complexa, de difícil dominação, e na posse da sabedoria do passado contida em sua literatura. A conduta das massas, na maioria dos povos orientais, ficava a cargo da classe educada do sacerdócio. Ao indivíduo não se permite nenhuma variação das formas estabelecidas. A conduta é prescrita nos mais minuciosos detalhes. O resultado desse domínio de autoridade é uma sociedade estável, porém estacionária. A civilização, material e http://www.pt.slideshare.net/ 10 espiritualmente, não é progressiva. A educação simplesmente procura recapitular o passado, resumir no indivíduo a vida do passado, de modo que ele não a possa modificar nem avançar além dela. 5 CHINESES, EGÍPCIOS E HEBRAICOS Passe a prestar mais atenção aos filmes que retratam a cultura chinesa. Não é verdade que a educação no período agrícola era determinada pelo regime matriarcal? A mãe iniciava os filhos no trabalho agrícola e nas tarefas domésticas. Já no período dos príncipes feudais, a educação se fazia, até os sete anos, na casa paterna e depois o indivíduo passava a viver com um nobre que lhe ensinava as artes da guerra e as maneiras da paz. Ao contrário do que preconizava a teoria, os adolescentes terminavam sua educação nos rituais de iniciação, com a tomada do barrete, que facilitava sua entrada na vida pública. Na época imperial, com a constituição de um Estado forte e unitário, a educação tomou novos rumos. A doutrina de Confúcio, grande pensador e reformador, trouxe para esse período contribuições notáveis. Suas ideias foram de caráter profundamente humano e regulavam todos os pormenores da vida, a qual tratava de conduzir do modo mais elevado possível. Nesta época imperial, a educação chinesa era constituída por dois grandes setores: a da massa do povo e a dos funcionários mandarins. A primeira, de caráter elementar, dada no lar, e a segunda, de tipo superior, constituía uma preparação para os exames de mandarim. 11 Fonte: www.pt.slideshare.net 5.1 E o que você diria da educação egípcia? A civilização egípcia, uma das mais antigas do mundo, desenvolve-se no vale do rio Nilo, onde se fixaram os primeiros povoadores, os camitas, originários da Ásia. A vida social dos egípcios obedecia ao sistema de classes. A classe privilegiada era a dos sacerdotes, detentores da riqueza e do saber, e, indiretamente, do poder político, que estava sob sua dependência. Em seguida, por ordem decrescente, havia os escribas, os soldados e, depois, os trabalhadores, agricultores e operários. A educação egípcia era muito influenciada por esse sistema de classes sociais, constituindo, praticamente, privilégio dos sacerdotes e das classes letradas, entre as quais se incluíam os médicos, os arquitetos e os escribas. Toda a educação era dominada pelo espírito de religião e misticismo. 5.2 E os hebreus? Foram os que mais conservaram as informações sobre sua história. A educação hebraica era rígida, minuciosa desde a infância; pregava o temor a Deus e a obediência aos pais. O método que utilizava era a repetição e a revisão: o Catecismo. Foi principalmente através do Cristianismo que os métodos educacionais dos hebreus http://www.pt.slideshare.net/ 12 influenciaram a cultura ocidental. 6 EDUCAÇÃO DOS POVOS CLÁSSICOS: OS GREGOS E os gregos? Recorda-se da filosofia grega? Os fatores sociais, políticos e econômicos da época influenciaram a educação, propiciando um florescimento cultural jamais visto anteriormente. A introdução de novidades como a escrita, a moeda, a lei e a polis (cidade) transformaram a visão que o homem tem de si. A descoberta da individualidade liberta o homem dos desígnios divinos e o torna capaz de construir o seu próprio caminho e, no debate público, de gerir os destinos comuns da cidade. Com a culminação da nova organização política, a polis, aparecerão, concomitantemente, os filósofos- educadores. Para facilitar a compreensão desse conteúdo, faremos um breve quadro que identifica os acontecimentos culturais, políticos e científicos, na tentativa de superar a fragmentação do conhecimento. Fonte: www.pt.slideshare.net É com os gregos que a escola se configurará tal como a conhecemos hoje. E os primeiros educadores surgiram com os sofistas, mestres ambulantes, os quais, mais tarde, agruparam os alunos e formaram as primeiras escolas de Retórica. Ensinavam a arte de discutir e de falar como meio de vencer na política ou na http://www.pt.slideshare.net/ 13 advocacia. O ideal educativo não era a virtude, mas a habilidade. Céticos, uma vez que não acreditavam na existência de uma verdade objetiva, individualistas e utilitaristas. Essa mentalidade não agradava a seus contemporâneos e por isso não gozavam de boa reputação como educadores. Surge um filósofo preocupado com o conhecimento da verdade e do bem: Sócrates. Ele afirmava que a obrigação que o homem deve assumir é a de conhecer- se a si mesmo. O ideal educativo era a felicidade humana que só poderia ser alcançada pela prática da virtude, o mesmo que sabedoria. Sócrates se utilizava da maiêutica (em grego significa parto), método que consistia em duas partes: a primeira, a ironia (em grego significa perguntar), que é destrutiva, pois conclui pela descoberta da própria ignorância, destruindo certos conceitos; a segunda, dar à luz, a maiêutica – propriamente dita – é o “dar à luz” a novas ideias é portanto, construtiva. E assim, através de seu famoso preceito “conhece-te a ti mesmo”, poderá o indivíduo chegar à sabedoria, o que vale dizer, à virtude e à felicidade. Acompanhando seu mestre, Platão discorre pelo mundo das ideias: o mundo inteligível, que só é alcançado pelo conhecimento e o mundo sensível, o mundo dos sentidos, das aparências e dos erros. Platão idealizou suas teorias educacionaisatravés dessa filosofia. A sua pedagogia era aristocrática, pois fazia da educação um privilégio de duas classes: a dos racionais e a dos sentimentais. É função da educação determinar o que cada indivíduo está apto por natureza a fazer, e, então, prepará-lo para esse serviço. Platão expõe sua filosofia no livro A República, o mais importante tratado de educação. 7 EDUCAÇÃO DOS POVOS CLÁSSICOS: OS ROMANOS Além das semelhanças com o mundo grego, você verá também certas características próprias, como acentuação do poder volitivo – aquele que parte da própria vontade –, do hábito e do exercício, com atitude realista ante a intelectual e idealista grega. Durante a primeira fase de sua história, o conteúdo da educação romana era a aprendizagem prática para os deveres da vida agrícola e pastoril, visto que, os romanos formavam ainda uma comunidade campestre. A aprendizagem tinha, assim, um sentido inteiramente familiar. O lugar da escola era ocupado pelo lar. O poder 14 paterno, enaltecido nas suas funções, tornou a família a unidade social, mesmo em muitos aspectos legais. Deu grande importância à moral do lar bem como à legal e social. Nenhum outro povo usou tão eficazmente o exemplo das personalidades de importância de sua história para a formação do caráter da juventude de cada geração. Assim, a característica fundamental do método da educação romana era a imitação. Após a helenização de Roma, a influência dos gregos helênicos sistematiza o ensino escolar. Este período coincidiu com o período de expansão nacional fora da Península Itálica, assumindo uma cultura cosmopolita. Começaram as traduções do grego para o latim com publicações introduzidas nas escolas romanas, o acolhimento das escolas de retórica e o envio de jovens à Grécia para estudos de retórica. A cultura e a literatura gregas seduziram principalmente as classes superiores, não se estendendo às grandes massas do povo. Para essa classe privilegiada, fundaram-se bibliotecas e universidades. Porém, aos poucos, essas influências gregas foram se perdendo e a educação se tornou formal e irreal. Consequentemente, a vida romana tornou-se corrupta, o governo despótico e a nova educação ministrada pela primeira Igreja Cristã vieram, gradualmente, substituir a velha. Fonte: www.pt.slideshare.net A história da Educação registra alguns ilustres educadores: Catão, pedagogo nacionalista, notabilizou-se pela reação que opôs à influência grega na cultura romana; Cícero, inspirado em Platão, estabelecia que o fim da educação era formar o homem e o profissional, isto é, o orador, baseando-se, para isso, nas peculiaridades individuais. O seu ideal de formação geral era humanitas, que era a tradução de http://www.pt.slideshare.net/ 15 Paidéia. Quintiliano foi o primeiro professor oficial de Roma. Estabeleceu as normas da formação do orador. Preferiu o ensino público ao familiar. Aconselhou que o ensino se fundamentasse no interesse do aluno, cujas peculiaridades psíquicas o mestre deveria conhecer. 8 EDUCAÇÃO CRISTÃ E NÃO-CRISTÃ A civilização ocidental vem sempre buscando os teóricos gregos, na tentativa de explicações do mundo e do homem. Isso ocorreu na Renascença, no século XIII e em nossos dias. A educação grega preconizava como fim último a virtude, o bem supremo. Predominava o ensino intelectualizado, enquanto os romanos primavam pelo poder volitivo do hábito e do exercício. Nesta aula, você perceberá como os ideais gregos, principalmente através de Platão e Aristóteles, com a Patrística e a Escolástica, modificaram o cenário medieval. O Cristianismo se desenvolverá intelectualmente e institucionalmente até alcançar o apogeu com a Escolástica e o surgimento das primeiras Universidades. PATRÍSTICA - designação genérica da filosofia cristã nos primeiros séculos logo após o seu surgimento. Era a filosofia dos padres da Igreja, da qual se originaria, mais tarde, a escolástica. A Patrística surge quando o Cristianismo se difunde e consolida como religião filosófica da doutrina cristã, especialmente na medida em que se opõe ao paganismo e às heresias que ameaçam sua própria unidade interna ESCOLÁSTICA - termo que significa originariamente doutrina da escola e que designa os ensinamentos de filosofia e teologia ministradas nas escolas eclesiásticas e universidades na Europa durante o período medieval, sobretudo entre os séculos IX e XVII. As sucessivas invasões bárbaras comprometeram significativamente a educação no período medieval (Idade Média). Sua restauração só foi possível após a queda do Império do Ocidente e o controle político de Carlos Magno em 800 d.C. Com o domínio do Cristianismo, a educação tomou novos rumos e a instrução da doutrina da Igreja e a prática do culto substituíram o elemento intelectual. Uma disciplina rígida 16 de conduta substituiu o treino físico e retórico. O Cristianismo ofereceu soluções para o problema social e educativo grego, aplicando o princípio de amor ou caridade cristã, em que se harmonizavam o indivíduo e os fatores sociais. Nos primeiros momentos do Cristianismo, a educação esteve reduzida ao ensino catequista, convertendo-se no mais importante centro de cultura religiosa e sacerdotal da época. Fonte: www.pt.slideshare.net Em seguida, surgiram as escolas episcopais, sendo a mais famosa a de Santo Agostinho (354 - 430 d.C.), bispo de Hipona, da qual fazia parte o ensino de teologia e serviço eclesiástico. Após as invasões bárbaras, surgiram as escolas paroquiais ou presbiterais, as escolas das igrejas rurais. O seu objetivo era receber jovens na qualidade de leitores e ensinar-lhes os salmos e as lições da Escritura. O mais surpreendente educador desse período primitivo da Igreja foi Santo Agostinho. Influenciado pelo neoplatonismo e pelo estoicismo, a sua pedagogia teve um acentuado valor na formação humanística e na formação ascética. Segundo Santo Agostinho, o fim supremo a que se devem aspirar é o reino dos valores éticos, aos quais podem ascender também os ignorantes e humildes que tenham pureza no coração, amor e boa vontade. No final da Idade Média, surge a Escolástica. Seu objetivo principal era a http://www.pt.slideshare.net/ 17 sistematização do saber num todo harmonioso e orgânico. Contribuiu muito para a criação das universidades e dominou o trabalho destas instituições durante três ou quatro séculos. A Escolástica procurava apoiar a fé na razão; revigorar a vida religiosa e a Igreja pelo desenvolvimento intelectual. A educação escolástica visava desenvolver o poder de formular as crenças num sistema lógico e de expor e defender tais definições de crenças contra todos os argumentos que pudessem ser levantados contra ela. Ao mesmo tempo, empenhou-se em evitar o desenvolvimento de uma crítica de espírito perante os princípios fundamentais já estabelecidos pela autoridade. Seu principal representante foi Santo Tomás de Aquino. Segundo este filósofo- educador, só Deus é o verdadeiro agente da educação, da mesma forma que é a causa principal do ensino, pois sua doutrina humana, que o mestre procura comunicar, não pode ser compreendida pelo aluno senão em virtude da luz da razão que Deus infunde na sua mente. 9 AS UNIVERSIDADES MEDIEVAIS O surgimento das universidades deu-se no século XII. E não foi uniforme, mas espontâneo, e por várias formas. A primeira das universidades medievais, as quais pela sua configuração social e jurídica eram essencialmente diferentes das universidades antigas, foi a de Paris, constituída no início do século XIII, pelo desenvolvimento da Escola Catedralícia de Notre Dame. Nessa época, foi fundada também a Universidade de Bolonha, originada de uma escola Catedralícia e de outras escolas municipais e monásticas. Os professores e os alunos formavam corporações, “universitas”, expressãoque passou a designar a escola por eles constituída, gozando essas corporações de vários privilégios, com direito a foro especial, a isenção de impostos e do serviço militar. Os alunos residiam em “colégios” e formavam “nações”, de acordo com a sua naturalidade. Os estudos se iniciavam nas Faculdades das Artes e se completavam nas outras Faculdades de Teologia, de Direito Canônico, de Medicina etc. As universidades e as escolas humanistas, embora nominalmente sob a organização do Estado, ou independentes, estavam realmente sob o controle da Igreja. A partir da criação das Universidades de Paris (Notre Dame) e da Itália 18 (Bolonha), surgiram outras nelas inspiradas, como a Montpellier, na França; em Oxford, na Inglaterra; em Salermo, Pádua e Nápoles, na Itália; em Coimbra, em Portugal; em Salamanca, na Espanha e em muitos outros lugares. Fonte: www.cultura.culturamix.com 10 A EDUCAÇÃO DO SÉCULO XVI A Idade Média – período compreendido entre o início do século V até meados do século XV – não pode ser considerada como mil anos de trevas, pois, hoje, ainda nos orientamos por determinados valores surgidos com célebres pensadores como Santo Tomás de Aquino (1227-1274), Santo Anselmo (1033- 1109), Santo Agostinho (354-430), Abelardo (1079- 1142), Averroés (1126-1198), Guilherme de Ockam (1300- 1349) e muitos outros que contribuíram com os seus conhecimentos, independentemente de estarem ou não sob influência da Igreja. Temos de reconhecer que muitas ideias inovadoras floresceram e muitas outras foram para a fogueira da Inquisição, justamente por defenderem essas ideias. O termo Renascimento surge para designar o período que antecede a Idade Moderna. http://www.cultura.culturamix.com/ 19 Fonte: www.slideplayer.com.br Prosseguindo seus estudos, você conhecerá o milagre humano, o Renascimento, o período de transição da Idade Média para a Idade Moderna. Não vamos nos alongar, pois esperamos que você procure mais literatura sobre o assunto. Nos propomos apenas a fazer uma introdução para que você possa entender os processos educacionais modernos. No Renascimento, foram revividos todos aqueles intelectuais da antiguidade, desaparecidos no período medieval. O advento da nova classe comerciante emergente, a burguesia, saída dos burgos formados nas cercanias das cidades por antigos servos que, com seu trabalho, compravam sua liberdade e a de suas cidades, desobrigando-se da obediência aos senhores feudais, faz surgir um novo homem, cujo valor se encontra não mais na família ou na linhagem, mas no prestígio resultante do seu esforço e capacidade de trabalho. Como você vai ver, esse é o terreno onde germinaram as novas ideias. Os fatores que contribuíram para o despontar do Renascimento foram: a decadência da Escolástica; a descoberta das obras da antiguidade, até então desconhecidas ou conhecidas apenas em traduções imperfeitas; a descoberta da imprensa por Gutenberg, em 1445, na Alemanha; a tomada de Constantinopla pelos turcos, o enriquecimento da Europa e a proteção dispensada às artes e às letras pelos príncipes e homens de fortuna. E quais foram as consequências desses fatores para a educação? http://www.slideplayer.com.br/ 20 Resultou na reformulação dos ideais e dos conteúdos das obras educacionais. Toda ação educativa deveria consistir, essencialmente, num esforço de se traduzir, no estilo de vida individual e social, a inspiração formativa que se atribuía à literatura antiga, tornando-se os homens tanto mais perfeitos quanto mais latinizados. Quanto ao conteúdo, era a educação humanista constituída, principalmente, dos estudos linguísticos baseados nas antiguidades clássicas, consubstanciados na Filologia, a nova ciência que foi um produto da época e cujo estudo deveria conduzir à eloquência. Além dessas consequências já conhecidas, o Renascimento propiciou a chamada Reforma Protestante, que veio a tornar ainda mais radical a cisão contra a unidade espiritual do Ocidente. Acrescidos a essas consequências, a quebra da disciplina eclesiástica e a corrupção moral e religiosa, interesses políticos estimulados pela cobiça dos bens da Igreja e a própria agitação social, provocada pela pregação luterana, aceleraram esse movimento de Reforma. O seu maior representante foi Martinho Lutero (1483- 1546), monge alemão da ordem dos agostinianos. A essência da doutrina luterana é o racionalismo individualista, segundo o qual toda a verdade religiosa tem como único fundamento a consciência individual, formada no livre exame das Escrituras. Na segunda metade do século XVI e no século XVII, verificou-se uma intensificação das atividades educativas da Igreja. Isso foi, principalmente, consequência do Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563. 11 EDUCAÇÃO NOS SÉCULOS XVII E XVIII A pedagogia do século XVII sofreu uma influência das duas correntes filosóficas, a empírica com Francis Bacon (1561-1626) e a racionalista com John Locke (1632- 1704). O primeiro apregoava que o conhecimento era proveniente da experiência, das percepções sensoriais. Dessa forma, cumpre empregar o método indutivo, pelo qual os fatos particulares são objeto de agrupamento, de experimentação e comprovação, para chegar aos conceitos gerais, isto é, ao conhecimento. O primeiro dos inovadores realistas foi Wolfgang Ratke (1571-1635), que cuidou de introduzir na educação teórica a prática das ideias de Bacon. Outro educador, John 21 Locke, acreditava que a inteligência humana, devidamente preparada por um treino adequado, poderia conduzir o homem à conquista de todas as verdades, o que lhe permitiria estabelecer-se da melhor forma de vida. Atribui-se a Locke o desenvolvimento de um novo conceito de educação intelectual, o conceito de educação como disciplina. Outro famoso educador era João Amós Comênio (também conhecido como Comenius). Sua pedagogia prescrevia que o ensino levasse em conta a evolução mental do aluno. Para atender a essa exigência, deveria a escola desenvolver primeiramente a intuição sensível, depois a memória, as ideias abstratas, e, por último, a capacidade de julgar. Fonte: www.pt.slideshare.net No século XVIII, o naturalismo pedagógico, resultante do iluminismo procurou libertar o pensamento da repressão dos monarcas terrenos e do despotismo sobrenatural do clero. É nesta época que se percebe a preocupação com a educação infantil. A criança não é mais uma miniatura do adulto, ela vive num mundo próprio que precisa ser compreendido. Iluminados - pessoas ligadas ao “Movimento das Luzes”. Provenientes do movimento filosófico “Iluminismo”, também conhecido como “Século das Luzes”, na França, Alemanha e Inglaterra do século XVIII. http://www.pt.slideshare.net/ 22 Iluminismo - se caracterizava pela defesa da ciência e da racionalidade crítica, contra a fé, a superstição e o dogma religioso. É mais do que movimento filosófico tendo uma dimensão libertária, artística e política. Os iluministas consideravam que o homem poderia se emancipar através da razão e do saber, ao qual todos deveriam ter livre acesso. Para Rousseau, toda a educação da criança devia surgir a partir do desenvolvimento livre da sua própria natureza. A criança não é um adulto em miniatura, tem uma natureza que lhe é própria, com interesses e tendências peculiares, que devem ser explorados como ponto de partida, a fim de se criar ambiente propício ao seu desenvolvimento. Segundo o educador naturalista, toda criança já nasce boa. A sociedade é que a corrompe. Não se deve usar as coações sociais, os hábitos afastados da lei natural. O único instrumento que pode dar resultado é a liberdade bem regulada. A educação deveria ser tão fortemente social quanto individual, baseando-se nas diferenças individuais e preparando a criança para a vida. A partirde Rousseau, a educação passa a gravitar em torno da criança, e os maiores pedagogos que se seguiram, Jean Henri Pestalozzi (1746-1827), Johann Friedrich Herbart (1776-1841) e August Wilhelm Friedrich Fröebel (1782-1852) são marcados por esse naturalismo romântico. Pestalozzi foi o maior gênio, a figura mais nobre da educação e fundador da primeira escola primária popular. Suas ideias repercutiram na educação e na pedagogia moderna de modo extraordinário. Sofreu influência de Emmanuel Kant (1724-1804), Herbart, Johann Fichte (1762-1814) e Fröebel. Como Rousseau, Pestalozzi não expôs suas idéias pedagógicas por forma sistemática. Segundo o educador, a educação tem finalidade própria: a humanização do homem, o desenvolvimento de todas as manifestações da vida humana levada à maior plenitude e perfeição. Não deve a educação mover-se em atmosfera abstrata, irreal, mas há de partir das circunstâncias reais, imediatas do homem. Reconhece constantemente o valor da educação religiosa, só que, para ele, sem caráter dogmático e confessional. 23 12 EDUCAÇÃO NO SÉCULO XIX Fonte: www.dhynes.pbworks.com A Revolução Industrial iniciada nos fins do século anterior se desenvolve com mais intensidade e exige uma mão-de-obra especializada. Daí surge a necessidade de que a educação se estenda a todos. Nos fins do século XVIII, surgem, na Alemanha, grandes filósofos e escritores preocupados com a educação, pertencentes às correntes idealista e neohumanista da pedagogia. Também influenciado por Pestalozzi, a educação com base na psicologia começará a despontar através de Herbart (1776-1841). O ponto fundamental estabelecido em sua obra educacional é a base da unificação do desenvolvimento e da vida mental. Derivou da filosofia sua concepção de educação como derivou da ética a finalidade. O objetivo da educação é ético. O trabalho único e total da educação pode ser resumido no conceito – moralidade; esta é a primeira sentença da Representação Estética. Segundo Herbart, a função imediata da instrução é proporcionar ideias ao espírito, estabelecer suas exatas relações, combiná-las ou impregná-las com a boa vontade ou simpatia que conduzirão à ação moral. A influência herbartiana revela-se mais uma forte acentuação da importância da instrução, e consequentemente da técnica escolar, especialmente da exposição da lição, do que no espírito geral como no caso de pestalozzianismo. Realmente, ele http://www.dhynes.pbworks.com/ 24 resumiu seu sistema e indicou sua influência ao dar ênfase ao professor e ao processo de instrução que acabou por influenciar os novos educadores do século XX. É preciso também dar ênfase ao objetivo da educação, que segundo Herbart, seria o ético. O valor da liberdade interna seria a harmonia entre a volição ou desejo e a compreensão e convicção de outro. Segundo o educador, a moralidade depende da boa vontade e do conhecimento. Outro educador que se destacou nesse período foi o idealizador dos jardins de infância, Fröebel (1782-1852). Considerava que o desenvolvimento da criança dependia de uma atividade espontânea (o jogo), uma atividade construtiva (trabalho manual) e um estudo da natureza. Valorizava a expressão corporal, o gesto, o desenho, o brinquedo, o canto e a linguagem. Dá um significado mais profundo à utilização dos dons e às atividades concretas da escola. Acentua os princípios de auto atividade como método pelo qual se processa o desenvolvimento. Segundo Fröebel, a educação não é uma preparação para um estado futuro. A vida em que a criança pretende entrar não é a vida do adulto, mas a vida que o rodeia. A educação encontra seu significado no processo, não em alguma condição remota que só existe através da imaginação. O objetivo da educação é o desenvolvimento, o processo da educação é o desenvolvimento. A escola para Fröebel é o lugar onde a criança deve aprender as coisas importantes da vida, os elementos essenciais da verdade, da justiça, das relações causais e outras semelhantes; não as estudando, mas vivendo-as. Fröebel afirma que a escola tem uma função social, ao lado da função individual: o desenvolvimento das energias do menino e da consciência do grupo e da coletividade. A escola, porém, há de parecer-se o mais possível com a vida; nela devem reinar também a atividade e a liberdade. 13 EDUCAÇÃO NO SÉCULO XX O pensamento educacional do presente é, largamente, uma síntese das ideias herbartianas e froebelianas, nas quais as últimas estão mais de acordo com o pensamento filosófico, psicológico e científico dominante. Procura resumir os movimentos dos últimos tempos e reorganizar e relacionar os princípios essenciais de cada movimento, num todo harmonioso. Existe uma tendência cada vez maior de 25 universalizar a educação pela cooperação de todos os países, cooperação que, respeitando o sentido nacional, chegue a estabelecer uma educação pública de alcance universal. Destaca-se no mundo contemporâneo a tendência pedagógica reformadora, sintetizada no movimento da “educação nova”. É uma tentativa de mudar o rumo da educação tradicional, intelectualizada e livresca. Por escolas novas entendem-se as escolas inspiradas nas primeiras escolas inglesas que se iniciam na Europa por volta de 1890; as escolas experimentais, do tipo pedagógico e técnico que se originaram nos EUA, principalmente por influência da “escola universitária” de John Dewey (1859-1952), em 1896; as escolas ativas, de caráter essencialmente metodológico, inspiradas pelos criadores dos métodos de educação como Maria Montessori (1870-1952), Ovide Decroly (1871-1932), ambas em 1907 ou a de Miss Parkhurst, de 1918; as escolas de ensaio e reforma, de tipo oficial, que abarcam várias instituições dentro de um sistema escolar. Os métodos que primeiro surgiram na educação nova acentuaram o caráter individual do trabalho escolar, como o método montessoriano até alcançar um método mais coletivo, como é o caso de Decroly. Assim, a evolução do método caminhou do aspecto individual ao coletivo e social. Os principais métodos da escola nova são: Métodos de trabalho individual: Montessori, Mackinder, Plano Dalton; Métodos de trabalho individual-coletivo: Decroly, Sistema de Winnetka, Plano Howard; Métodos de trabalho coletivo: o de projetos, o de ensino sintético, técnica Freinet; Métodos de trabalhos por grupos: de equipes, Cousinet, Plano Jena; Métodos de caráter social: as cooperativas escolares, a autonomia dos alunos, comunidades escolares. O mundo atual convive com uma multiplicidade de movimentos educacionais, influenciados pelos gregos antigos, os iluministas, naturalistas, pragmatistas, racionalistas, entre outros. A sociedade atual vivencia essa diversidade de movimentos pedagógicos, buscando através de inovadores métodos de ensino a solução dos problemas humanos. 26 14 EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI Diante de tantas crises paradigmáticas, o mundo traz à tona algumas reflexões pedagógicas, advindas das ocorrências sociais, políticas, econômicas e ambientais que foram iniciadas no final dos anos 80. Fonte: www.pensamentoliquido.com.br Vivemos a civilização do conhecimento, da ciência e da tecnologia queagoniza, pede socorro diante do cenário de violências e barbárie que se instala nos corações dos homens. E qual seria o papel da educação nesse contexto? Qual seria o papel da educação na era da informação? Quais são as perspectivas para esse terceiro milênio? Convivemos com o tradicional e o novo com as teorias idealistas, realistas, sociais, existenciais e caminhamos para uma educação universal, sustentável e planetária. As novas tecnologias que surgem, vem permitindo a difusão do conhecimento através, principalmente, da internet. Convivendo com essas tecnologias, outras perspectivas, tais como holismo e a complexidadedo real, sustentadas por Pierre Weil, Edgar Morin, Basarab Nicolescu, entre outros, defendem uma educação que pretende restaurar a totalidade do sujeito, valorizando a sua iniciativa, a sua criatividade, valorizando o micro, a complementaridade, a convergência, a complexidade. http://www.pensamentoliquido.com.br/ 27 15 PERÍODO MODERNO Duas instituições educativas, em particular, sofreram uma profunda redefinição e reorganização na Modernidade: a família e a escola, que se tornaram cada vez mais centrais na experiência formativa dos indivíduos e na própria reprodução (cultural, ideológica e profissional) da sociedade. As duas instituições chegaram a cobrir todo o arco da infância – adolescência, como “locais” destinados à formação das jovens gerações, segundo um modelo socialmente aprovado e definido. A família, objeto de uma retomada como núcleo de afetos e animada pelo “sentimento da infância”, que fazia cada vez mais da criança o centro-motor da vida familiar, elaborava um sistema de cuidados e de controles da mesma criança, que tendiam a conformá-la a um ideal, mas também a valorizá-la como mito, um mito de espontaneidade e de inocência, embora às vezes obscurecido por crueldade, agressividade etc. Os pais não se contentavam mais em apenas pôr filhos no mundo. A moral da época impõe que se dê a todos os filhos, não só ao primogênito, e no fim dos anos seiscentos também as filhas, uma preparação para a vida. A tarefa de assegurar tal afirmação é atribuída à escola. Ao lado da família, à escola: uma escola que instruía e que formava que ensinava conhecimentos, mas também comportamentos, que se articulava em torno da didática, da racionalização da aprendizagem dos diversos saberes, e em torno da disciplina, da conformação programada e das práticas repressivas (constritivas, mas por isso produtoras de novos comportamentos). Mas, sobretudo, uma escola que reorganizava suas próprias finalidades e seus meios específicos. Uma escola não mais sem graduação na qual se ensinavam as mesmas coisas a todos e segundo processos de tipo adulto, não mais caracterizada pela “promiscuidade das diversas idades” e, portanto, por uma forte incapacidade educativa, por uma rebeldia endêmica por causa da ação dos maiores sobre os menores e, ainda, marcadas pela “liberdade dos estudantes”, sem disciplina interna e externa. Com a instituição do colégio (no século XVI), porém, teve início um processo de reorganização disciplinar da escola e de racionalização e controle de ensino, através da elaboração de métodos de ensino/educação que fixavam um programa minucioso de estudo e de comportamento, o qual tinha ao centro a disciplina, o internato e as “classes de idade”, além da graduação do ensino/aprendizagem. 28 Também é dessa época a descoberta da disciplina: uma disciplina constante e orgânica, muito diferente da violência e autoridade não respeitada. A disciplina escolar teve raízes na disciplina religiosa; era menos instrumento de exercício que de aperfeiçoamento moral e espiritual, era buscada pela sua eficácia, como condição necessária do trabalho em comum, mas também por seu valor próprio de edificação. Enfim, a escola ritualizava o momento do exame atribuindo-lhe o papel crucial no trabalho escolar. O exame era o momento em que o sujeito era submetido ao controle máximo, mas de modo impessoal: mediante o controle do seu saber. Na realidade, o exame agia, sobretudo como instrumento disciplinar, de controle do sujeito, como instrumento de conformação. 16 AS REVOLUÇÕES BURGUESAS NO SÉCULO XVIII A educação no século XVIII foi marcada pelas revoluções burguesas ocorridas na Europa, pois a concepção burguesa de mundo e a própria configuração socioeconômica decorrente dessas revoluções requeria a expansão da escola. Vejamos como isso aconteceu. De um lado, a sociedade europeia assistia ao nascimento da fábrica e, portanto, de novas relações de trabalho que passaram a ter as cidades como palco, suplantando o modo de vida feudal, concentrado no campo. A nova forma de produção, mecanizada, rápida, baseada na ciência, na divisão social do trabalho, ia deixando para trás a antiga aprendizagem artesanal que vigorou desde a Idade Média como única forma popular de instrução. O nascimento da fábrica gerou espaço para o surgimento da moderna instituição escolar pública. Além disso, começou a declinar a influência católica na educação, processo crescente no século XIX, e um sinal dessa tendência foi a supressão da ordem dos jesuítas. A esse conjunto de mudanças inauguradas pela revolução industrial, que consolidou o modo de produção capitalista no mundo Ocidental, damos o nome de mudanças estruturais, isto é, que ocorreram na base produtiva da sociedade. E foram essas mudanças que engendraram uma nova concepção de vida em sociedade, na qual a educação ocupava lugar importante. Além disso, podemos afirmar que no século XVIII desenvolve-se uma imagem nova da pedagogia moderna: laica, racional, científica, orientada para valores sociais 29 e civis, crítica em relação a tradições, instituições, crenças e práticas educativas, empenhada em reformar a sociedade, sobretudo a partir da vertente educativa, conforme escreveu esse mesmo autor. Trata-se de uma pedagogia crítico-racionalista que, elaborada segundo ideais burgueses, se espalha por toda a Europa. Essa é a pedagogia do Iluminismo. Mas ele próprio adverte para o fato de que o século XVIII não pode ser compreendido em sua integridade somente pelo Iluminismo, ou seja, existiu também a oposição a essa corrente, conforme assinalamos a respeito da resistência católica na Itália. Fonte: www.slideplayer.com.br É importante observarmos que, no século XVIII, as teorias mais avançadas sobre educação foram elaboradas na França, país que, em contraste com sua efervescente criação filosófica, foi pouco ativo nas iniciativas práticas para transformar a escola. A seguir, abordaremos esses dois aspectos da educação da época: A elaboração das teorias inovadoras no século XVIII, que tiveram como principal berço o solo francês; As iniciativas práticas pela expansão escolar nesse século. http://www.slideplayer.com.br/ 30 17 JEAN - JACQUES ROUSSEAU: O “PAI” DA PEDAGOGIA CONTEMPORÂNEA É consenso entre os estudiosos que Rousseau foi uma das personalidades mais destacadas da história da educação, a figura que a influenciou de modo decisivo e radical, o autor que executou a virada mais explícita da sua história moderna. Diferentemente de Comenius, Pestalozzi ou Fröebel, não foi propriamente educador, mas suas ideias pedagógicas influenciaram decisivamente a educação moderna. Para Manacorda (1989), ele revolucionou totalmente a abordagem da pedagogia, privilegiando a interpretação “antropológica”, isto é, focalizando o sujeito, a criança, e dando um golpe feroz na abordagem epistemológica, centrada na reclassificação do saber e na sua transmissão à criança, mas não deixou de ser contraditório ao conceber a educação tal como está exposta na sua obra-prima, Emílio ou Da Educação. As frequentes contradições, a rejeição à sistematização conceitual e a permanente vinculação entre as ideias e conflitos pessoais vividos pelo autor tornam difícil uma exposição sintética de sua obra. Entretanto, é possível destacar os temas dominantes de seu pensamento: relações entre natureza e sociedade, moral fundada na liberdade, primazia do sentimento sobre a razão, teoria da bondade natural do homem e doutrina do contrato social. Dois aspectos ocupam o centro da reflexão filosófica de Rousseau: em primeiro lugar, não é a razão, mas o sentimento o verdadeiro instrumento do conhecimento; em segundo lugar, não é o mundo exterior o objeto a ser visado, mas o mundo humano. Ambos os aspectos implicam na passagem da atitude teórica para o plano da valorizaçãomoral. Dessa forma, o traço mais significativo de seu pensamento passa a residir nos caminhos práticos que ele procurou apontar para o homem alcançar a felicidade, tanto no que se refere ao indivíduo quanto no que se relaciona à sociedade. No primeiro caso, formulou uma pedagogia, que se encontra em Emílio; no segundo, teorizou sobre o problema político e escreveu o Contrato Social. Assim, política e pedagogia estão estreitamente ligadas em Rousseau: uma é pressuposto e complemento da outra, e juntas tornam possível a reforma integral do homem e da sociedade, reconduzindo-a para a recuperação da condição natural. 31 18 DUAS EXPERIÊNCIAS CONCRETAS ENTRE O SÉCULO XVIII E XIX A expansão escolar na Europa vinha ocorrendo desde longa data, mas de forma lenta e desigual. A partir do século XVI, com as reformas religiosas iniciadas na Alemanha, países ao leste deram uma arrancada inicial nessa direção. Já na França, o impulso se deu muito mais tarde, com a revolução burguesa de 1789. A Inglaterra, por sua vez, começou a vivenciar a pressão por educação escolar com o processo de revolução industrial que requeria trabalhadores pelo menos alfabetizados. Esse processo acelerou a universalização da escola, o que exigiu novos métodos de ensino, pois a escola deixava de ser destinada a poucas crianças e jovens. Dessa forma, a própria didática sofreu profundas mudanças no século XIX, na medida em que passou a ser elemento fundamental no processo de expansão da escolarização e não foi por acaso que os dois fatos novos da pedagogia – o ensino mútuo e as escolas infantis – nascessem exatamente na Inglaterra industrializada. É importante compreendermos que a expansão escolar, iniciada séculos antes, irá se consolidar na segunda metade do XIX, quando, finalmente, o interesse pela instrução como elemento de valorização de uma nação se torna evidente aos olhos dos governantes Esses números confirmam a nossa análise segundo a qual a consolidação da escola e a sua expansão para as camadas populares resultaram de uma longa trajetória de lutas. A propósito, observemos no excerto citado, a respeito da alta escolaridade nos EUA, que o contingente alfabetizado era referente à “população branca”, uma vez que no sul daquele país, no final do século XIX, eclodiram fortes obstáculos que se expressaram na violência contra a escola para negros e contra os seus professores. 19 O ENSINO MÚTUO No final do século XVIII, enquanto a França vivia os turbulentos anos da revolução, firmava-se na Inglaterra uma nova iniciativa educacional promovida por particulares: o chamado ensino mútuo ou monitorial, no qual adolescentes instruídos diretamente pelo mestre, atuando em tarefas como auxiliares ou monitores, ensinavam, por sua vez, outros adolescentes, supervisionando a conduta deles e administrando os materiais didáticos. 32 A sistematização didática rigorosa e a difusão tendo em vista um plano nacional de instrução popular começou por obra do pastor anglicano Andrew Bell (1753-1832), que a partir de 1789 dirigiu, na Índia, uma escola para os filhos de soldados europeus, e de Joseph Lancaster (1778- 1836), membro do grupo religioso “quaker”, que abriu em Londres uma escola para crianças pobres. As duas iniciativas deram origem ao conflito de interpretações. Lancaster propunha uma educação religiosa aconfessional (sem vínculo com uma determinada crença), enquanto o anglicano Andrew Bell defendia uma educação no espírito da Igreja oficial, anglicana, e que acabou prevalecendo. Apesar das rivalidades, a iniciativa do ensino mútuo espalhou-se rapidamente por obra de Lancaster, tanto na Inglaterra como em todo o mundo de língua inglesa: em 1806 já existiam centros de ensino mútuo em Nova Iorque, na Filadélfia, em Boston e, em seguida, em Serra Leoa, na África do Sul, na Índia e na Austrália. Em 1811, na Inglaterra contavam-se quinze escolas com trinta mil alunos. Embora sem sucesso, também o Brasil importou o método lancasteriano, adotado pelo Estado oficialmente a partir de 1820. Fonte: www.emaze.com Voltemos, porém, à Inglaterra, onde, do ensino elementar masculino, logo o método se estendeu para o feminino, para a educação de adultos e para as escolas de nível superior. Percebemos, assim, que se tratava de uma tendência inglesa baseada na iniciativa privada que emergia perante a tendência alemã e napoleônica http://www.emaze.com/ 33 baseada na iniciativa estatal do absolutismo esclarecido. Ou seja: a difusão da educação escolar em um país pioneiro na revolução industrial não foi empreendida por uma política estatal e nem mesmo dotada das condições ideais, como professores formados, salas por grupos etários, etc., mas sim pela iniciativa privada e pelo método de ensino mútuo, o que demonstra que na história da educação a universalização foi um processo difícil. O ensino mútuo instruía até mil alunos com um só mestre, frente aos cinquentas, em média, instruídos nas classes tradicionais. Os alunos, divididos em colunas segundo o mérito e o aproveitamento, eram confiados a monitores supervisionados por um mestre que, além de vigiar essas divisões, examinava duas ou três vezes por semana cada classe, assistindo às repetições dirigidas pelos monitores. A nova prática do ensino mútuo teve a vantagem de associar leitura e escrita, mas não modificou os antigos procedimentos didáticos com sua sequência de silabar e soletrar. Por outro lado, a disciplina de inspiração “meio militar e meio industrial” era acompanhada por um sistema contínuo de avaliação do aproveitamento, além do comportamento. A competição era o princípio ativo dessas escolas que solicitavam a participação do aluno, embora extrínseca a este, e não aplicavam punições físicas, mas mantinham o grave defeito do excesso de espírito militarista e de mecanicidade na didática, ou seja, a iniciativa privada na expansão escolar revelou-se tão austera quanto a estatal. Apesar desses defeitos, o ensino mútuo, com todos os seus limites, foi uma resposta prática ao perpétuo medo dos conservadores, o medo de que a instrução pudesse perturbar o Estado. 20 A PEDAGOGIA DE PESTALOZZI No século XIX, denominado como “século das pedagogias”, além de Fröebel (idealizador dos jardins de infância) e de Herbart (um dos pioneiros da psicologia científica), que difundiram a pedagogia alemã na Europa, temos a figura singular de Pestalozzi. Esse educador revive em primeira pessoa o drama da educação (os projetos, as dificuldades, as derrotas), reativa uma noção espiritual de educação (animada pelo amor), mas também se engaja na problemática social e política da própria educação, construindo um modelo complexo e problemático, inquieto e agudíssimo de 34 pedagogia. Fonte: www.es.slideshare.net.com Sua pedagogia exerceu influência nos meios anglo-saxões e protestantes, ou seja, em toda a Europa setentrional, desde a Inglaterra até a Holanda, a Escandinávia e a Prússia. Para Cambi, a sua pedagogia está no cruzamento entre posições setecentistas (a ideia da educação da humanidade; o governo iluminado; a adesão aos ideais revolucionários, embora condenando o extremismo) e comportamentos românticos (a atenção ao povo, a visão orgânica da sociedade, o papel do sentimento e a referência à formação espiritual). Enquanto inovadores ingleses experimentavam o ensino mútuo, Pestalozzi atuava na Suíça seguindo a trilha de Rousseau, mas diferente deste, especialmente pelo seu operoso filantropismo e sua capacidade de traduzir os princípios em prática. Sua ambição foi a de juntar aquilo que Rousseau separara, isto é, o homem natural e a realidade histórica, e o fez fechando-se dentro dos limites de uma sociedade predominantemente pré-industrial. Dirigindo um instituto para órfãos, em 1798, Pestalozzi desenvolveu os princípios fundamentaisdo seu ensino: o método intuitivo e o ensino mútuo. Quanto ao ensino mútuo, as crianças mais velhas deveriam ensinar as mais novas. Leitura, escrita e cálculo alternavam-se com trabalho manual. No centro do seu pensamento pedagógico inserem-se três teorias: 1) A da educação que deve seguir a natureza, retomada de Rousseau, segundo a qual o homem é bom e deve apenas ser assistido no seu desenvolvimento; http://www.es.slideshare.net.com/ 35 2) A da formação espiritual do homem como unidade de “coração”, “mente” e “mão” (ou arte), que deve ser desenvolvida por meio da educação moral, intelectual e profissional, estreitamente ligadas entre si; 3) A da instrução, à qual Pestalozzi dedicou a mais ampla atenção e segundo a qual, no ensino, é necessário sempre partir da intuição, do contato direto com as diversas experiências que cada aluno deve concretamente realizar no próprio meio. 21 SOCIEDADE INDUSTRIAL E EDUCAÇÃO: ENTRE AS PROPOSTAS POSITIVISTAS E AS SOCIALISTAS Por volta da metade do século XIX, com a consolidação da sociedade industrial, que engendrou as contradições entre burguesia e proletariado, nasce a Sociologia, área de conhecimento surgida com o propósito de interpretar essa nova situação histórico-social. De forma resumida, podemos afirmar que uma teoria legitimadora dessa situação (positivismo) e uma contestadora (socialismo) irão balizar as interpretações a partir de então. Esses dois modelos ideológicos e epistemológicos que interpretam a oposição de classe que está no centro dessa sociedade irão se contrapor e influenciar a educação. Quanto ao socialismo, é a posição teórica da classe antagonista, que remete aos valores negados pela ideologia burguesa (a solidariedade e a igualdade, a participação popular no governo) e delineia estratégias de conquista do poder baseadas nas contradições insanáveis da sociedade burguesa, principalmente entre capital e trabalho. Conforme escreveu Engels, os socialistas logo compreenderam que os representantes da burguesia não colocariam “o mundo fora dos eixos com a sua fórmula mágica de liberté, egalité, fraternité”, por isso, passaram a estabelecer a crítica radical à burguesia e ao mundo que ela edificara à sua imagem e semelhança. O positivismo desenvolveu-se primeiro na França com Auguste Comte (1798- 1857), mas foi com Èmile Durkheim (1855-1917), expoente da sociologia positivista, que essa corrente teórica se difundiu na área educacional. Para Durkheim, a educação é um aprendizado social e um meio para conformar os indivíduos às normas e valores coletivos por parte das sociedades. No início do século XX, escrevendo artigos e verbetes para um dicionário pedagógico sobre “Educação, Infância e Pedagogia”, ele desenvolveu um projeto 36 pedagógico adequado às exigências da sociedade, valorizando os aspectos laicos e racionais da formação juvenil e priorizando a educação moral promovida em idade infantil pelo “espírito de disciplina” ligado a um “sistema de mandamentos” e desenvolvido depois numa ideia precisa de dever. Segundo Cambi, com Durkheim, “estamos bem além das afirmações genéricas de positivistas e também claramente orientados para uma consciência da riqueza e complexidade do fenômeno educativo que o coloca, com pleno direito, no limiar da reflexão pedagógica contemporânea”. Foi Durkheim quem definiu a educação como ação exercida pelas gerações adultas sobre as que não estão ainda maduras para a vida social. Mas é necessário considerar também que para Durkheim, “nem todos somos feitos para refletir”, cabendo a cada indivíduo receber um tipo de educação adequado às expectativas de sua classe social, pois à educação caberia a função de adaptar, de formar cada um para exercer funções sociais e profissionais conforme a sua classe social. Quanto às ideias socialistas, tiveram início bem antes, pois nasceram exatamente no momento em que a sociedade industrial se consolidava, inaugurando a contradição social entre burguesia e proletariado. Inicialmente, o proletariado teve Charles Fourrier e Robert Owen como seus representantes teóricos na corrente conhecida como socialismo utópico. Depois, Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), elaboraram o “socialismo científico” em obra que fixou princípios pedagógicos conscientemente opostos aos elaborados pela reflexão burguesa e pelo positivismo em particular. Segundo Cambi, isso não impede, porém, que entre os dois modelos antagonistas venham a se criar interferências e superposições, fusões e entrelaçamentos, especialmente considerando o clima político do final do século XIX, com a atuação da socialdemocracia. Já para Manacorda, o marxismo não rejeita, mas incorpora os ideais de laicidade, universalidade, estatalidade, gratuidade e de coeducação, acrescentando-lhes a assunção do trabalho e a renovação cultural, ao mesmo tempo em que estabeleceu a crítica rigorosa sobre a não realização desses ideais pelos governos burgueses. 37 Fonte: www.slideplayer.com.br Nos escritos de Marx e de Engels está contida uma perspectiva pedagógica, às vezes de forma explícita, como elaboração de propostas sobre instrução, outras vezes de forma implícita e destinada a desenvolver temas da filosofia marxista, reunidos em torno do problema antropológico e da análise dos mecanismos sociais e ideológicos do mundo capitalista moderno. De forma abreviada, vamos expor a concepção de educação dos dois autores que, desde o Manifesto do Partido Comunista (1848), deixam claro que para eles educação significa três coisas: formação intelectual, educação física e instrução tecnológica. Após se exilarem de seu país de origem (Alemanha) por razões políticas, Marx e Engels viveram na Inglaterra na época em que a revolução industrial mudava inteiramente a base produtiva da sociedade e, com ela, todas as relações sociais. Naquele momento, a mão de obra infantil nas fábricas era uma das formas de exploração do trabalho, o que levou Marx a examinar relatórios de inspetores governamentais constatando a ausência da escola para as crianças trabalhadoras. Foi do sistema fabril, que suscitava a distinção entre a condição de vida de crianças trabalhadoras e crianças da burguesia, que Marx e Engels formularam o princípio geral que rege a sua concepção de educação, isto é, o de que a atividade laborativa deve ser aliada à formação intelectual de todas as crianças, dos 9 aos 17 anos. Além disso, a teoria de Marx e Engels afirma uma constante relação entre http://www.slideplayer.com.br/ 38 educação e sociedade, que se manifesta na função ideológica da primeira. No século seguinte, essa interpretação exerceria maior influência no meio educacional, constituindo-se, em alguns casos, como divisor de águas em relação à interpretação idealista anteriormente dominante, e segundo a qual é por meio da educação que se transforma a sociedade. A concepção de Marx e Engels, ao condicionar a possibilidade de transformação social ao fim da contradição entre capital e trabalho, permitiu desnudar a escola de seus aspectos idealistas e relativizar o seu papel na medida em que ela passou a ser encarada como uma instituição legitimadora da ideologia dominante. Vivendo numa época em que a escola transitava da influência religiosa para a estatal, os dois autores não transigiram: a escola, segundo eles, deveria ser inteiramente laica e livre da influência da Igreja e do Estado. Nesse aspecto, defenderam que a sua criação e manutenção deveriam ficar a cargo do Estado, mas não a sua direção, o que constitui um traço bastante atual se levarmos em conta os debates de hoje sobre gestão e autonomia escolar. 22 A ESCOLA DE ESTADO E O DEBATE EDUCACIONAL O século XX, marcado por duas guerras mundiais apenas na sua primeira metade, pela Revolução Russa de 1917, pela Guerra Fria que dividiu o mundoem dois blocos antagônicos – socialismo e capitalismo – e, ainda, que assistiu à derrocada da União Soviética e dos demais regimes que seguiam a orientação do chamado “socialismo real”, foi um século de contradições, de conflitos, mas também um século de inovações. Foi um século que aprofundou a luta por direitos, cujo início marcou a época contemporânea: direitos do homem, do cidadão, da criança, da mulher, do trabalhador, das etnias, das minorias, dos animais e da natureza, e cujo processo, desde 1789, vem se expandindo. Trata-se, sobretudo, “do século das crianças e das mulheres, das massas e da técnica”. Quanto ao debate educacional, foi orientado por duas grandes correntes teóricas: a Escola Nova e a concepção marxista. Esses dois pensamentos, embora identificados, respectivamente, com o capitalismo e o socialismo, ora se afastam, ora confluem. O século, segundo ele, assistiu e ainda assiste a um fecundo diálogo, direto ou a distância, entre pensadores liberal-democráticos ou burgueses e pensadores e pedagogos socialistas: diálogo em que há momentos de encontro e momentos de 39 choque. Ainda segundo o autor, nenhuma das duas correntes foi integralmente aplicada, pois se é lícito afirmar que os regimes socialistas não conseguiram concretizar as teses de Marx sobre educação, o mesmo se pode dizer sobre os países capitalistas, que também falharam na concretização das teses burguesas. Antes de abordarmos as duas concepções e suas propostas, é preciso termos claro que, ao começar o século XX, a chamada escola tradicional estava consolidada no mundo ocidental, sendo que para isso, o Estado havia disputado o espaço ocupado pela Igreja Católica, embora nas primeiras décadas do século, em países como a Itália, ainda prosseguisse o conflito entre Estado e Igreja pela hegemonia da educação. Desse modo, em linhas gerais, podemos afirmar que as grandes tendências iniciais do século eram: A afirmação da autoridade do Estado sobre o aparelho escolar; As críticas à “velha escola”, isto é, à escola de Estado construída a partir das revoluções burguesas. 23 A ESCOLA NOVA Quando a escola de Estado, isto é, a escola pública, estava no auge de sua consolidação no mundo ocidental, sofreu a crítica contundente ao seu método de aprendizagem e objetivo. Essa crítica, seguida de novas práticas pedagógicas, vinha ocorrendo desde o final do século XIX com a introdução dos métodos ativos, mas teria no século XX o seu amadurecimento com a Escola Nova. 40 Fonte: www.pt.slideshare.net A Escola Nova foi a corrente pedagógica de maior influência na história da educação do século XX, e John Dewey (1859-1952) o seu maior teórico. As suas ideias encontraram ampla aceitação no mundo todo, inclusive no Brasil, onde Anísio Teixeira foi seu mais destacado seguidor. Mas, o que devemos entender por Escola Nova? Talvez pudéssemos começar citando o próprio Dewey em sua obra Experiência e educação (1937), quando escreveu que “o nascimento do que se chama nova educação e escolas progressivas é em si um produto do descontente respeito à educação tradicional. Com efeito, é uma crítica desta última”. Conforme assinalamos, experiências de “ativismo pedagógico” ocorridas na Europa desde o século XIX (Decroly, Claparède, Ferrière, Maria Montessori, Tolstoi) já sinalizavam a necessidade de renovação da escola, quer do ponto de vista do método, quer do conteúdo, ou seja, a sua finalidade vinha sendo posta em questão à medida que o capitalismo amadurecia. Mas, independentemente das escolas novas europeias, desenvolviam-se nos EUA muitas escolas inovadoras, nascidas do espírito experimental que marcou as reformas desse país, uma vez que as tendências para a prática já vinham caracterizando o sistema educacional norte-americano. A primeira delas foi a famosa escola primária anexa à Universidade de Chicago, criada por Dewey em 1896 e cujo funcionamento baseava-se nas atividades dos alunos, desde a economia doméstica, tecelagem e fiação até atividades mais elevadas de literatura, geografia e história. Dewey rompeu com o plano tradicional de estudos e com a classificação dos alunos pelo desenvolvimento físico e mental, agrupando-os pelos interesses e aptidões. Essa experiência durou só quatro anos, mas dela surgiram algumas das ideias e métodos característicos da educação norte-americana. Quando se trata de analisar o pensamento de Dewey, a polêmica se instaura. De um lado, ele é acusado de ter empobrecido os processos formativos pela valorização excessiva das atividades manuais. De outro, é criticado pela sua visão da escola como um território neutro da sociedade, onde se efetua o experimento-chave para a sua progressiva democratização, ao passo que ela é, de fato permeada por todas as contradições sociais. http://www.pt.slideshare.net/ 41 24 A EDUCAÇÃO NO SOCIALISMO Enquanto a Escola Nova tornava-se referência pedagógica nos países capitalistas, o marxismo influenciava a educação na Rússia pós-revolucionária e, depois, nos países que se alinharam à União Soviética. Essas duas correntes representativas dos blocos antagônicos, porém, não foram aplicadas inteiramente em concordância com seus princípios fundamentais. Em outras palavras: nem foi construída uma rede de escolas novas capaz de substituir a velha escola nos países capitalistas, nem a pedagogia marxista se concretizou fielmente de acordo com as formulações de seus criadores. No primeiro caso, vimos que Dewey alertava para o fato de que o caminho da nova educação não poderia ser facilmente seguido como o velho caminho Fonte: www.pt.slideshare.net Conforme suas palavras no trecho que transcrevemos, o maior perigo que ameaçava o futuro da nova educação era a ideia de que fosse um caminho fácil. Quanto aos países do socialismo real, a começar pela Rússia revolucionária, buscaram seguir os princípios da pedagogia marxista, que pode ser definida pelos seguintes aspectos: http://www.pt.slideshare.net/ 42 Uma conjugação entre educação e sociedade, segundo a qual toda prática educativa carrega valores e interesses ideológicos ligados à estrutura econômico-política da sociedade; Um vínculo estreito entre educação e política, tanto no nível de interpretação das vá- rias doutrinas pedagógicas, quanto em relação às estratégias educativas voltadas para o futuro, que recorrem, ou devem recorrer, à ação política; A centralidade do trabalho na formação do homem e o papel prioritário que ele deve assumir na escola caracterizada por finalidades socialistas; O valor de uma educação integralmente humana de todas as pessoas (homem omnilateral), libertadas de condições de submissão e de alienação; Oposição a toda forma de espontaneísmo e de naturalismo ingênuo, enfatizando, pelo contrário, a disciplina eo esforço. Mas, as dificuldades para se edificar a nova escola foram de toda ordem, inclusive as altíssimas taxas de analfabetismo que vigoravam na Rússia em 1917, denotando a ausência de escolaridade no país e, portanto, a gigantesca tarefa que caberia à revolução de construir uma escola de acordo com os princípios marxistas. Com isso, percebemos que naquele país não havia ocorrido a consolidação da escola de Estado durante o século XIX, tal como ocorrera nos países europeus ocidentais, até porque a Rússia não realizara a sua revolução burguesa. Caberia, portanto, à revolução socialista de 1917 construir a escola para todos. 25 A CONTRIBUIÇÃO DE GRAMSCI PARA A CONCEPÇÃO MARXISTA DE EDUCAÇÃO Dentro da tradição marxista, foi Antônio Gramsci (1891-1937) quem elaborou um modelo pedagógico mais rico, repensando os princípios do marxismo (a relação estrutura-superestrutura, a dialética, a crítica da ideologia) e a sua visão de história (como luta de classes para a emancipação humana e como sucessão de modelos
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