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TRANSTORNO DE HUMOR Antes de saber de fato a classificação dos transtornos de humor, é importante entender que o humor significa o estado de espírito de uma pessoa, no qual influencia o comportamento de uma pessoa e colore sua percepção de ser no mundo, vai estar bastante relacionado com a disposição, energia e motivação. Ao longo do tempo o humor pode sofrer variações, podendo estar para cima ou para baixo -sendo constante, nem sempre vamos ter/estar com o mesmo humor-, mas é importante analisar como se existe uma linha determinado limites, o que seria chamado de limites da funcionalidade. OBS. O fato de uma pessoa deprimida não significa que ela é uma pessoa depressiva. 1. O que são os Transtornos de Humor? Os transtornos do humor – às vezes chamados de transtornos afetivos – constituem uma categoria importante de doença psiquiátrica, consistindo em transtorno depressivo, transtorno bipolar e outros transtornos. Os transtornos de humor incluem mudanças no nível de atividade, nas capacidades cognitivas, na fala e nas funções vegetativas (p. ex., sono, apetite, atividade sexual e outros ritmos biológicos). Esses transtornos quase sempre resultam em comprometimento do funcionamento interpessoal, social e ocupacional. Analisando os transtornos de humor seguindo os limites da funcionalidade, podemos observar a eutimia que seria um humor normal. Quando observamos uma queda no humor ultrapassando assim o limite funcional de uma pessoa podemos caracterizar como a hipotimia, que seria uma diminuição no tono afetivo {um período depressivo} e ainda podemos ver outra variação desse limite, mas ao contrário da hipotimia seria uma pessoa tão pra cima que também ultrapassa esse limite da funcionalidade, que seria caracterizado como hipertimia. Obs. Além desses três estados do humor, podemos também encontrar um paciente que a linha de base do humor é um pouco abaixo, mas não ultrapassar esse limite da funcionalidade, esse paciente ainda está dentro da normalidade conseguindo trabalhar, estudar e etc, mas sempre com um esforço mais, esse paciente seria uma pessoa distímica. {e segundo o Kaplan geralmente pessoas com transtornos de humor antes do seus ''limites máximos’’ apresentam distimia}. 2. Qual a epidemiologia dos transtornos de humor? Os transtornos do humor são comuns. Sendo mais prevalente o transtorno depressivo maior com uma taxa de 15,5%, é mais frequente em mulheres, as hipóteses para essa disparidade seria diferenças hormonais,os efeitos do parto, estressores psicossociais diferentes para mulheres e para homens e modelos comportamentais de impotência aprendida. Apresenta uma idade média de 40 anos, mas 50% de todos os pacientes tendo início entre os 20 e os 50 anos, pode também estar associado a estado civil tendo uma prevalência em pessoas sem relacionamentos interpessoais íntimos e naquelas que são divorciadas ou separadas. A depressão é mais comum em áreas rurais do que em áreas urbanas e pode estar associada com outras comorbidades p.ex. abuso ou dependência de álcool, transtornos de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno de ansiedade social. O transtorno bipolar tem incidência anual menor que 1%, devido às formas leves que passam despercebidas, tem uma prevalência igual em mulheres e homens, porém episódios maníacos são mais comuns em homens e episódios depressivos são mais comuns em mulheres. Tem uma idade média de 30 anos, sendo a idade de início do transtorno bipolar I é mais precoce do que a do depressivo maior, variando da infância (a partir dos 5 ou 6 anos) aos 50 anos. pode também estar associado a estado civil tendo uma prevalência de pessoas divorciadas e solteiras do que entre as casadas. Uma incidência mais alta do que a média de transtorno bipolar I é encontrada entre os grupos socioeconômicos mais altos; entretanto, ele é mais comum em pessoas que não têm curso superior do que naquelas com diploma universitário, o que também pode refletir a idade de início relativamente precoce para o transtorno, pode estar associada com outras comorbidades p.ex. uso de substância e transtornos de ansiedade. 3. Qual a subdivisão dos transtornos de humor? ➔ Transtorno depressivo: O humor é polarizado para depressão ou irritável com anedonia (prejuízo na capacidade de sentir alegria ou prazer). Pode ser subdividido em: 1. Depressão melancólica: Apresenta sintomas típicos e graves, caracteriza-se por perda de prazer ou interesse em atividade normalmente agradáveis, humor depressivo não reativo a estímulos prazerosos e de qualidade distinta da tristeza normal (diferente do luto), sentimento de culpa, insônia terminal, acentuada diminuição no apetite, perda de peso e retardo ou agitação psicomotora. Diagnóstico feito com no mínimo 4 sinais e sintomas apresentados, costuma acometer pacientes mais velhos, sem distúrbios pré-mórbidos de personalidade ou fatores desencadeantes. 2. Depressão atípica: Aumento do apetite, ganho de peso, hipersônia, falta de energia marcante, reatividade de humor (capacidade de se alegrar frente a eventos positivos) e padrão persistente de sensibilidade à rejeição interpessoal. Responde a inibidores da monoamino-oxidase. 3. Depressão sazonal: Episódios depressivos em determinadas estações do ano, mais comumente no início do outono e do inverno. Ocorre predominantemente em mulheres com sintomas atípicos (hipersônia, hiperfagia, letargia, ganho de peso e avidez por carboidratos}. Tratamento é feito com fototerapia e antidepressivos. 4. Depressão puerperal (pós-parto): Desenvolve-se nas primeiras 4 semanas após o parto, via de regra em primíparas - primeira gravidez-. Tratamento medicamentoso incisivo ou com ECT -eletroconvulsoterapia-. 5. Depressão psicótica: Depressão grave, na qual ocorrem sintomas psicóticos apresentando delírios e/ou alucinações. As alucinações geralmente são auditivas {vozes acusatórias}, mas também podem ser visuais. O tratamento deve ser incisivo com antidepressivos de amplo espectro de ação, em doses altas, frequentemente requer associações com antipsicóticos. ➔ Transtorno bipolar: Apresenta estados de mania, hipomania e depressão. Um episódio maníaco é um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável que dura pelo menos uma semana, ou menos se o paciente tiver de ser hospitalizado. A hipomania é uma forma atenuada de episódio maníaco que muitas vezes passa despercebida, sem receber atenção médica ou psicológica. O indivíduo está mais disposto que o normal, fala muito, conta piadas, faz muitos planos, não se ressente com as dificuldades e os limites da vida. Episódio depressivo marcado por sono excessivo, sentimento de culpa, sonolência, etc. Obs. Tanto a mania como a hipomania estão associadas com autoestima inflada, necessidade de sono diminuída, distratibilidade, grande atividade física e mental e envolvimento excessivo em comportamento prazeroso. 1. Transtorno bipolar I: Estado de humor elevado, expansivo ou irritável é a característica de um episódio maníaco. O estado de humor eufórico muitas vezes é contagiante e pode até causar uma negação contratransferencial da doença por um médico inexperiente. Embora pessoas não envolvidas possam não reconhecer a natureza incomum do estado de humor do paciente, os que o conhecem identificam-no como anormal. Os pacientes agem de maneira impulsiva e, ao mesmo tempo, com um sentido de convicção e propósito. Estão frequentemente preocupados com ideias religiosas, políticas, financeiras, sexuais ou persecutórias que podem evoluir para sistemas delirantes complexos. Algumas vezes, sofrem regressão e brincam com sua urina e suas fezes. Obs. Em adolescentes a mania costuma ser diagnosticada de forma errônea como transtorno da personalidade antissocial ou esquizofrenia. 2. Transtorno bipolar II: As características clínicas de transtorno bipolar II são as do transtorno depressivo maior combinadas com as de um episódio hipomaníaco. O transtorno bipolar II está associado com mais problemas conjugais e com uma idade de início mais precocedo que o bipolar I. As evidências também apontam que pacientes com transtorno bipolar II têm risco mais alto tanto de tentar quanto de completar o suicídio do que os que apresentam transtorno bipolar I e transtorno depressivo maior. Obs.A dependência de álcool com frequência coexiste com transtornos do humor. Pacientes com transtorno depressivo maior, assim como aqueles com transtorno bipolar, têm probabilidade de satisfazer os critérios diagnósticos de um Transtorno por uso de álcool. 4. Qual o diagnóstico dos transtornos de humor? ➔ Transtorno depressivo maior: Pelo menos 5 dos critérios abaixo, sendo obrigatório a presença do critério 1 ou do critério 2. ● Critério A: Cinco (ou mais) dos sintomas a seguir estiveram presentes simultaneamente no período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior. Ao menos um dos sintomas é humor deprimido ou perda de interesse ou prazer. 1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, humor irritável no caso de crianças e adolescentes; 2. Desinteresse ou anedonia (falta de prazer em todas ou quase todas as atividades) na maior parte do dia; 3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta; 4. Insônia ou hipersonia; 5. Agitação ou lentidão psicomotora quase todos os dias; 6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias; 7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada quase todos os dias; 8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão quase todos os dias; 9. Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida. ● Critério B: Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo; ● Critério C: O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica; ● Critério D: A ocorrência do episódio depressivo maior não é mais bem explicada por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado ou transtorno psicótico não especificado; ● Critério E: Nunca houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco. ➔ Transtorno bipolar: O paciente precisa apresentar pelo menos 3 dos seguintes critérios: ● Critério A: Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia, com duração mínima de uma semana e presente na maior parte do dia, quase todos os dias. ● Critério B: Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia ou atividade, três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) estão presentes em grau significativo e representam uma mudança notável do comportamento habitual 1. Autoestima inflada ou grandiosidade. 2. Redução da necessidade do sono. 3. Falar mais que o habitual. 4. Fuga de idéias ou sensação de pensamento acelerado. 5. Mais distraído que o habitual. 6. Aumento da agitação psicomotora. 7. Envolvimento em atividades com potencial para consequências dolorosas. ● Critério C: A perturbação do humor é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização a fim de prevenir dano a si mesmo ou a outras pessoas. ● Critério D: O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento, outro tratamento) ou a outra condição médica) 5. Quais são as peculiaridades de uma anamnese psiquiátrica e exame físico? Na anamnese não observa-se muita diferença comparada a uma anamnese normal, sendo assim você seguirá todos os pontos de uma anamnese tradicional, sendo: 1. Identificação; 2. Queixa principal; 3. História da moléstia atual; 4. Interrogatório sistemático; 5. Antecedentes patológicos; 6. Antecedentes familiares; Algumas coisas da anamnese geral vão ter que ser vistas com mais detalhes, sendo: 7. Hábitos de vida; 8. História psicossocial; 9. Medicamentos em uso; O que se encontra de novo em uma anamnese psiquiátrica: 10.História psiquiátrica prévia.(avaliar desde de criança até a idade atual os sintomas psiquiátricos que esse paciente apresentou) Dentro do exame físico encontra-se o exame psíquico no qual você irá avaliar as funções mentais desse paciente (OBS. ALGO QUE VOCÊ DEVE FAZER EM QUALQUER PACIENTE, mesmo que não ocorra isso) ● Exame psíquico: Durante o exame do estado mental avalia-se o aspecto geral do paciente (aparência, higiene e atitude), o nível de consciência, a psicomotricidade, orientação, atenção, memória, sensopercepção, pensamento, humor, afeto, volição e autopagnosia. 1. Nível de consciência: pode ser classificado em vigil, aquele paciente que não apresenta alteração na consciência, obnubilação, aquele paciente que apresenta pequena sonolência, sonolência, aquele paciente que adormece se não houver estímulos, torpor, paciente que só desperta com estímulo forte e em coma, que seria o paciente inconsciente. 2. Psicomotricidade: Avalia desde a chegada do paciente até a sala do consultório. São avaliadas as alterações de movimentos espontâneos ou induzidos realizados pelos pacientes. 3. Orientação: É a capacidade do indivíduo de se localizar no tempo e no espaço e da situação em que se encontra. Pode ser classificado em autopsíquica, que é uma identificação pessoal, e alopsíquica, que é uma identificação do que está fora de si. Obs. pacientes internados é mais fácil de estar desorientado, seja um paciente psíquico ou não. 4. Atenção: Pode ser classificada em euprossexia, que é uma paciente com a atenção normal, hipervigilância, que é um paciente que tem uma atenção aumentada para o ambiente, hipervigilância, que é um paciente que tem uma atenção diminuída para o ambiente, hipertenacidade, que é um paciente que tem uma atenção aumentada por um estímulo, e hipotenacidade, que é um paciente que tem uma atenção diminuída para um estímulo. 5. Memória: é a função mental que permite fixar (capacidade de gravar fatos), conservar (guardar para toda a vida), evocar (trazer a consciência) e reconhecer (detectar algo que já foi fixado). Pode ser classificada em memória imediata, duração de segundos, memória recente, duração de minutos, e memória remota que seria duração de minutos a décadas. 6. Sensopercepção: É a função mental na qual o paciente percebe e sente subjetivamente a realidade objetiva. Envolve 3 fases: um evento sensorial; a captação do evento pelos órgãos do sentido e a percepção com significado do evento (por exemplo, ter consciência de estar vendo um objeto). As principais alterações da sensopercepção são a ilusão e a alucinação. 7. Pensamentos: Durante a anamnese se avalia a forma, o curso e o conteúdo do pensamento, através do discurso do paciente. O curso do pensamento é o ritmo em que ele é expresso, a sua velocidade.A forma do pensamento é a maneira que o pensamento é anunciado, é a capacidade de manter uma coerência no que está dizendo. No conteúdo é avaliado o objeto de pensamento do paciente. 8. Afetividade: Avalia-se o humor e o afeto desse paciente. O humor é o que o paciente diz estar sentindo e o afeto seria a forma como ele se expressa. O humor pode ser classificado em eutímico, que é um paciente normal, em hipertímico, que é um humor exaltado, e hipotímico, que é um humor rebaixado. 9. Volição: É determinada pela vontade que o paciente tem de alcançar algum objetivo determinado e consciente, podendo ser um plano de vida, como um sonho a ser alcançado ou um objetivo mais imediato como ir ao mercado fazer compras. O paciente pode se apresentar normobulimíco, hiperbulímico ou hipobulímico, quando tem volição normal, aumentada ou diminuída, respectivamente. 10. Autopagnosia: É o grau de compreensão que o paciente tem sobre a doença que está enfrentando.
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