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1 Família, Genograma e Ecomapa: Livro – Tratado de Medicina da Família e Comunitária (símbolos e códigos padronizados). O que é família: não existe um único conceito de família, e ele vem mudando ao longo do tempo tanto juridicamente quanto sociocultural. Tem função básica de proteção, cuidado e interdependência dos indivíduos participantes, e estes geralmente residem no mesmo lar. As mudanças na sociedade influenciam na mudança no conceito de família, dependendo amplamente nos aspectos culturais. É necessário não realizar julgamentos e discriminações, atentando-se à importância do contexto familiar no processo saúde-doença. Espaço indispensável para a garantia da sobrevivência, do desenvolvimento e da proteção integral dos filhos e demais membros. KALOUSTIAN, 1997. Na perspectiva sociológica, a família é definida como uma das cinco maiores instituições humanas, uma vez que especificam os papeis sociais e comportamentais dos indivíduos. COHEN, 1980 “Família em um contexto amplo, são duas ou mais pessoas que vivem em uma mesma casa (usualmente), têm um vínculo emocional ou afetivo e desempenham tarefas sociais interrelacionadas.” (Lippincott, 1999) “Família são relacionamentos em que pessoas vivem juntas, comprometidas, formam uma unidade econômica, cuidam dos mais jovens, identificam-se entre si e no grupo a que pertencem.” (Nelson, 1998) IBGE – conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica, ou normas de convivência, residente na mesma unidade domiciliar, ou pessoa só que reside em uma unidade domiciliar. Jurídica – Compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa. Tipos: há muitos tipos, mas estes são os mais conhecidos e difundidos. Tipos: Família biológica - consanguínea; Família nuclear – homem, mulher, filhos; Família ampliada – família nuclear e parentes diretos; Família adotiva – membro que não pertence a família biológica; Família de um só pai – apenas um dos pais e filhos; Família homossexual - formada por casais homossexuais; Família estendida - família nuclear e ampliada, pode conter amigos. Discussão do tema Família: iniciou-se na década de 60, no contexto pós-guerra com a OMS estudando a importância da família, e a questão humanitária. No Brasil iniciou-se a discussão de todas as políticas públicas somente na década de 90, após a constituição de 1988 e após a ditadura; começou a discussão acerca de um plano viável para saúde pública influenciado pelo sucesso do modelo de saúde cubano (baseado na medicina de família). Ocorreu a implantação do PACS, e do PSF (estratégia preferencial atual desde 2006), que hoje são conhecidos como estratégias de reorientação do modelo de atenção primária. Abordagem familiar na ESF: estratégia prioritária de expansão; alteração do modelo voltado para as doenças e hospitalização (modelo biomédico) para ações de promoção de saúde e prevenção de doenças inserindo a família em seu ambiente. A UBS é tradicional em que deve- se procurar o atendimento em caso de necessidade (território amplo); a USF é uma unidade básica inserindo a estratégia de saúde da família, com uma equipe multiprofissional/multidisciplinar e com o agente comunitário de saúde (próprio da comunidade, morador da área de abrangência) sendo responsável por um número de famílias 2 conhecendo o perfil epidemiológico e a vida dessas pessoas com território adscrito/delimitado na abordagem familiar, podendo ocorrer visitas domiciliares com integralidade e responsabilização ao longo do ciclo de vida. Existe território definido, cadastramento da clientela adscrita, integralidade e responsabilização e equipe multiprofissional. A família deve ser estendida de forma integral com dinâmica familiar, funcionamento, funções e características sociais, culturais, demográficas e epidemiológicas. Atendimento das famílias: além do atendimento individual de consulta, há visitas domiciliares de todos os profissionais, educação em saúde (grupos de orientação), acolhimento (além da demanda programada, existe demanda espontânea com encaixes) e instrumentos de abordagem familiar (delinear as estruturas internas e externas da família; genograma e ecomapa). Instrumentos para abordagem familiar: Genograma/heredograma: É um instrumento de avaliação familiar, que consiste na coleta e registro de dados e que integra a história biomédica e psicossocial do paciente e sua família. Baseado na teoria sistêmica familiar e idealizado por Murray Bowen em 1954; é um modo de representar múltiplas gerações; Conveniência de múltiplas informações em um espaço pequeno; Pode ser utilizado como recurso de ensino com a própria família; Demonstra: sexo, casamento e separação, relacionamento, filhos, aborto e morte. Traz as questões internas e de hereditariedade com representação gráfica da família. Objetiva auxiliar sendo instrumento na avaliação, planejamento e intervenção familiar. Composição estrutural: sexo (bola ou quadrado), idade, nome e antecedentes; 1º o homem e depois a mulher; filhos: por ordem de idade; indivíduo índice é quando se está estudando uma pessoa ou que ela é o centro do estudo. Composição funcional: interações entre os membros, demonstrando as relações de afeto ou desafeto. Utiliza símbolos e códigos padronizados e quando pronto, permite observar de forma clara quais membros constituem a família, tenham eles vínculos consanguíneos ou não. Ecomapa: diagrama das relações existentes ou não entre a família e a comunidade; permite avaliar as redes de apoio sociais disponíveis e a atualização destes pela família. É dinâmico pois demonstra o fluxo ou a falta de recursos sociais, culturais e econômicos em um determinado momento do ciclo vital da família. A partir da década de 50 a saúde apropriou- se dessa ferramenta. Construção: família/indivíduo no centro; relações ao entorno. Ferramenta inicialmente utilizada pela área do serviço social para estabelecer o sistema social de apoio adequado para as famílias. Trata-se de uma representação gráfica que identifica todos os sistemas envolvidos e relacionados com a pessoa e com a família, relacionando essa pessoa e sua família com o meio em que vivem. O objetivo é estabelecer de uma maneira mais clara e visualizável as relações do indivíduo com o seu meio, com a sua comunidade e com os seus recursos de rede, a fim de ajudar a estabelecer soluções para as dificuldades no manejo do cuidado. Observações finais: Na ESF, frequentemente a equipe se depara com situações em que apenas a compreensão de uma doença, ou uma abordagem tecnicista não é suficiente para proporcionar cuidado integral à família. Atuar no contexto da pessoa, a partir da abordagem familiar, é corresponsabilizar-se por seu cuidado, permitindo e fornecendo instrumentos para que esse indivíduo ou família tenham autonomia e empoderamento para construir sua saúde.