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J Bras Nefrol 2009;31(1):18-24
RESUMO
Introdução: O treinamento muscular periférico (TMP) pode promover a redução dos sintomas relacionados à patologia de base e ao
tratamento, além da melhoria funcional. Este estudo avalia os efeitos do TMP na capacidade funcional e na qualidade de vida (QV) de
pacientes em hemodiálise. Método: Ensaio clínico. Estudaram-se sete indivíduos com idade entre 29 e 84 anos, portadores de DRC.
Os pacientes foram avaliados antes do protocolo e após, por meio do Teste de Caminhada de 6 minutos (TC6M), de questionário de
QV SF-36 e pelo Teste de 1RM para extensores de joelho. Foram aplicados duas vezes por semana durante cinco meses. A carga
utilizada foi de 50% da obtida no teste de 1RM para força e, para resistência, utilizaram-se 30% da carga obtida no teste. Foram
trabalhados todos os grupos musculares de membros inferiores (MI), além dos abdominais e glúteos com exercícios isométricos,
isotônicos e isotônicos livres de carga. Resultados: A média das cargas tolerada por MID: 4,71±3,03 vs 6,07±2,62 vs 8,42±3,30kg; MIE
4,85±3,13 vs 6,21±2,82 vs 8,57±3,99kg, p<0,05. O QQV teve maior média nos domínios: limitação por aspecto físico e vitalidade. No
TC6M, não foi verificado melhora. Conclusão: O TMP, durante a hemodiálise, é capaz de promover aumento de força muscular de MI,
além de alterar positivamente domínios referentes à QV. Como desfechos secundários, foram observados redução da dor em MI, das
câimbras e da necessidade de medicação para controle destes sintomas.
Descritores: Fisioterapia. Treinamento muscular periférico. Qualidade de vida. Teste de caminhada de 6 minutos. Doença renal crônica.
Hemodiálise.
ABSTRACT
Introduction: Peripheral muscle training (PMT) can promote the reduction of symptoms related to the basic pathology and treatment,
as well as improve functional capacity. This study evaluates the effects of PMT in functional capacity and quality of life (QOL) of patients
on hemodialysis. Method: Clinical study. Seven subjects with CKD from 29 to 84 years of age . Patients were evaluated before and after
the protocol, using the 6 minutes Walk Test (6MWT), the QOL SF-36 questionnaire, and the 1RM test for the knee extensors. The tests
were applied 2 times per week for 5 months. A load of 50% was used for the test of 1RM strength, and resistance of 30% of the total
weight obtained in the test was used. We worked all the muscle groups of the lower-extremity, as well as abdominasl and gluteals using
isometric, isotonic and load-free isotonic exercises. Results: The mean values for the right lower-extremity was: 4.71 ± 3.03 vs. 6.07 ±
2.62 vs. 8.42 ± 3.30 kg; left lower-extremity 4.85 ± 3.13 vs 6.21 ± 2.82 vs 8.57 ± 3.99 kg, 0.05. The QQL presented a higher average
in the following areas: limitation of physical appearance and vitality. No improvement was verified for the 6MWT. Conclusion: The PMT
during hemodialysis can facilitate an increase in muscle strength of lower-extremities, in addition to areas relating to a positive change
in QOL. Secondary outcomes included reduction of pain in lower-extremity, cramps, and the need for medication to control these
symptoms.
Keywords: Physical therapy. Peripheral muscle training. Quality of life. 6 Minute walk test. Chronic kidney disease. Hemodialysis.
Efeito do Treinamento Muscular Periférico na Capacidade Funcional e
Qualidade de Vida nos Pacientes em Hemodiálise
Effect of Peripheral Muscle Training on Functional Capacity and Quality
of Life in Patients on Hemodialysis
Luciana Borngräber Corrêa, Rejane Neves de Oliveira, Francine Cantareli, Laura Severo da Cunha
Estudo realizado para Monografia da Especialização em Fisioterapia Hospitalar no Hospital Moinhos de Vento em Porto Alegre, em 2008.
Artigo Original
Recebido em 25/11/08 / Aprovado em 03/02/09
Endereço para correspondência: 
Luciana Borngräber Corrêa
R. Des. Alves Nogueira 223 ap 501
90470-110, Bela Vista, Porto Alegre, RS, Brasil
E-mail: lcorreafisio@hotmail.com
19
J Bras Nefrol 2009;31(1):18-24
INTRODUÇÃO
A doença renal crônica (DRC) é considerada um
grande problema de saúde pública por suas elevadas taxas
de morbimortalidade1. De acordo com o censo da Socie-
dade Brasileira de Nefrologia (SBN), a prevalência no
Brasil tem aumentado a cada ano, de 59.153 pacientes
mantidos em tratamento dialítico em 2004, chegando a
73.605 pacientes em 20072.
A DRC é uma perda lenta, progressiva e irrever-
sível da função renal, provocando alterações físicas que
podem limitar as atividades da vida diária3. A diálise é
capaz de prolongar a vida desses pacientes, entretanto,
não evita alguns prejuízos determinados pela condição
patológica de base e pelo próprio tratamento1.
Essa doença acumula substâncias tóxicas no san-
gue, causando sintomas como a fadiga precoce, com-
prometimento mental, déficit circulatório periférico, alte-
rações da sensibilidade e disfunções musculares5,6, con-
sequentes da anemia4, neuropatia periférica14, entre outros.
As alterações apresentadas na estrutura e na fun-
ção muscular podem se manifestar pela atrofia, fraqueza
muscular proximal, predominantemente nos membros
inferiores, dificuldade na marcha, câimbras, astenia e
diminuição da capacidade aeróbia7,8.
A fisioterapia, através de suas técnicas de atuação
nas disfunções osteomioarticulares, neurológicas e
cardiorrespiratórias, contribui de forma significativa na
prevenção, no retardo da evolução e na melhoria de várias
complicações apresentadas pelo paciente renal9.
Alguns estudos têm mostrado que um programa de
treinamento de exercícios físicos tem modificado a mor-
bidade e sobrevida dos pacientes urêmicos crônicos, tra-
zendo-lhes benefícios metabólicos, fisiológicos e psico-
lógicos10,13. Os programas de exercícios existentes para
esses pacientes, em sua maioria, não são realizados
durante a hemodiálise (HD)11. No entanto, os estudos
mostram que exercícios realizados durante a hemodiálise,
quando devidamente orientados, são indicados a esses
pacientes31,37.
O questionário de qualidade de vida SF-36 é um
instrumento genérico de avaliação de qualidade de vida
relacionada à saúde, que foi desenvolvido com o objetivo
de medir, genericamente, o estado de saúde subjetivo.
Este tem demonstrado viabilidade de uso em estudos
nacionais e internacionais, tendo propriedades satisfató-
rias de confiabilidade e validade3,23.
No estudo Soares e cols1, foi utilizado o instru-
mento para avaliar a qualidade de vida nos pacientes que
realizaram fisioterapia durante a HD. Observou-se que o
domínio “dor” apresentou uma tendência à melhora após
o tratamento fisioterapêutico. 
O teste de caminhada de 6 minutos (TC6M) tem se
mostrado como um bom indicador na performance
funcional na população com DRC, porém é pouco
utilizado em pacientes em tratamento dialítico12-13. Essa
população, em diálise, apresenta diminuição na capaci-
dade funcional (C.F), ocasionando baixa tolerância do
exercício. Essa diminuição da CF está relacionada à ure-
mia, anemia, fraqueza muscular, sedentarismo, entre ou-
tros10,14. No entanto, o TC6M vai avaliar a capacidade
aeróbica; o estado funcional do sistema cardiovascular
e/ou respiratório desses pacientes 15,16.
Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar os
efeitos do treinamento muscular na capacidade funcional
e na qualidade de vida em pacientes com DRC em HD.
METODOLOGIA
Pacientes e Métodos
Foram estudados 18 pacientes renais crônicos em
hemodiálise, com idade entre 29 e 84 anos, no serviço de
Nefrologia do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre.
Excluíram-se os pacientes que se encontravam internados, os
que foram internados durante o tratamento fisioterapêutico e os
que apresentavam dificuldade de realizar as atividades
propostas. Assim, foram avaliados sete pacientes, cinco eram do
sexo masculino, submetidos a três sessões semanais de
hemodiálise, por no mínimo de seis meses. Todos os pacientes
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. 
Os participantes foram avaliados antes do protocolo de
treinamento e após por meiodo questionário de qualidade de
vida (QQV SF-36), teste de caminhada de 6 minutos (TC6M) e
pelo teste de 1RM para extensores de joelho. 
O atendimento fisioterapêutico foi realizado 45 minutos
depois que o paciente havia iniciado a diálise e 45 minutos antes
de finalizar a sessão de hemodiálise, tendo duração de 30 minutos
cada sessão, duas vezes na semana, durante cinco meses.
Questionário de Qualidade de Vida (SF-36)
O instrumento utilizado para avaliar a qualidade de vida
foi o questionário genérico de qualidade de vida SF-36,
traduzido e validado no Brasil por Ciconelli18. A aplicação do
instrumento foi realizada durante a HD.
O SF-36 é composto por 36 itens que avaliam capacidade
funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade,
aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental. Os
resultados de cada componente variam de 0 a 100, sendo 0 (zero)
o mais comprometido e 100 (cem) nenhum comprometimento.
Teste de Caminhada de 6 minutos
O Teste de caminhada foi realizado de acordo com as
diretrizes da American Thoracic Society19. Foram realizados em
Treinamento Muscular Periférico com Doentes Renais Crônicos20
J Bras Nefrol 2009;31(1):18-24
uma pista plana de 30 metros, sendo o paciente orientado a
caminhar durante 6 minutos, de um extremo ao outro da pista,
com a maior velocidade possível. O teste foi realizado antes da
sessão de hemodiálise.
Foram avaliados no início, nos 3 minutos e 6 minutos de
teste, os sinais vitais: pressão arterial, frequência cardíaca e
frequência respiratória. Durante o teste, foi utilizado um
oxímetro (marca Onix) de dedo para monitorização contínua da
saturação de oxigênio.
O nível de dispneia foi avaliado através da percepção
subjetiva de esforço (escala modificada de Borg)17. Esta escala
é graduada de 0 a 10, onde 0 representa nenhum sintoma e 10
representa sintoma máximo
O paciente foi orientado a interromper o teste quando
sentisse muito cansaço, dispneia, taquicardia, tonturas ou outros
sintomas de desconforto. Em caso de saturação de oxigênio com
níveis abaixo de 85%, o teste também era interrompido. 
Teste de 1RM e Trabalho de Força
Todos os pacientes foram submetidos ao total de 3 (três)
testes de 1 Repetição Máxima (RM), ao longo da pesquisa, para
o grupo muscular extensores de joelho. A cada 12 (doze)
sessões, era repetido o teste para determinar o ganho de força
muscular.
A partir dos resultados dos testes de 1RM, foram
utilizados 50% da carga para trabalho de força e 30% para o
trabalho de resistência. No trabalho de força, estabeleceram-se
três séries de dez repetições e, para o trabalho de resistência, uma
série de 25 repetições. Entre a transição de cada exercício, dava-
se um minuto de descanso para o paciente. Foi realizado
alongamento passivo no início e no término da sessão, com
duração de duas séries de 20 segundos para os grupos musculares
flexores de joelho, adutores, plantiflexores e alongamento de Wil-
lians. Em um segundo momento, realizaram-se exercícios de
fortalecimento, para todos os grupos musculares do membro
inferior (MI), além do abdominal e glúteo, com paciente em
decúbito dorsal e cabeceira elevada a mais ou menos 45°. 
O trabalho de flexão de quadril foi feito com um MI
flexionado e o outro membro em extensão, através de exercícios
ativos com carga, ativos livres e ativo-assistido. O exercício de
tríplice flexão foi trabalhado com um MI flexionado e o outro
membro de forma ativa realizando o movimento ou com os dois
membros trabalhando ao mesmo tempo, de forma ativa, sem carga.
Para exercícios de quadríceps, deu-se apoio na região da
fossa poplítea do membro trabalhado, de forma ativa, com
carga. Os exercícios para isquiotibiais foi feito com uma bola de
500g colocada acima da fossa poplítea ou com uma bola suíça
com os MsIs a 90° de flexão de quadril e joelho.
Para o trabalho de adutores de quadril, inicialmente, foi
utilizada a bola de 500g, progredindo para o membro a ser
trabalhado em extensão de forma ativa, ativa-assistida ou com
faixa elástica. O grupo muscular abdutor de quadril iniciou com
os MsIs em flexão com a faixa elástica ao redor dos joelhos,
evoluindo para o membro a ser trabalhado em extensão de forma
ativa ou com faixa elástica.
Para os plantiflexores e dorsiflexores, foi colocada uma
bola sob o tornozelo e utilizado faixa elástica. O trabalho de infra-
abdominal foi realizado com os MsIs em flexão e foi imposta uma
resistência manual nos joelhos. E, para extensão de quadril,
realizou-se exercício de ponte com ou sem bola entre as pernas.
O trabalho de resistência foi realizado para o grupo
muscular de extensores de joelho. Os materiais utilizados foram
caneleiras, faixas elásticas, bola de 500g e bola suíça de 45cm
Análise Estatística
O programa estatístico utilizado foi SPSS versão 11.0.
Para avaliar a comparação entre as distâncias percorridas no
TC6M antes e depois do tratamento fisioterapêutico, foi
utilizado o teste t de Student. Para avaliar qualidade de vida SF-
36, foi utilizado o teste t de Student e, para o teste de 1RM, foi
utilizado o teste Whithin subjects. Considerou-se estatistica-
mente significante quando p <0,05.
RESULTADOS
As características gerais dos pacientes estão
descritas na Tabela 1, sendo a amostra constituída por
cinco (71,42%) pacientes do sexo masculino.
A principal causa de DRC foi hipertensão arterial
sistólica presente em quatro indivíduos (57,14%) e as de-
mais causas foram distribuídas entre: rim policístico
(14,28%), bexiga neurogênica (14,28%) e nefrite IgA
(14,28%).
A tabela 2 representa a análise das variáveis
relacionadas ao questionário de vida SF-36 no pré-
treinamento e pós-treinamento. As médias das dimensões,
com maiores valores obtidos depois da intervenção,
foram a limitação por aspectos físicos (75 ± 25), dor
(59,28 ± 35,41), estado geral de saúde (59,71 ± 26,94) e
vitalidade (65,71 ± 24,22). No entanto, mesmo com o
aumento das médias em algumas dimensões, estas não
apresentaram significância estatística.
Seis dos sete pacientes completaram o TC6M,
sendo que um parou aos 3 minutos, por relatar muito can-
saço físico. Três tiveram um aumento na distância
Variáveis Média Desvio Padrão Min. Max.
Idade (anos) 54,71 19,69 29 84
Altura (m) 1,63 0,071 1,52 1,7
Peso (kg) 69,97 14,05 44,50 90,60
Peso seco (kg) 67,70 13,71 42,50 88,30
IMC 26,02 3,72 19,26 31,35
Tempo Diálise
(anos) 4,95 4,60 2 5
Tabela 1. Características da Amostra.
IMC: Índice de Massa Corparal
21
J Bras Nefrol 2009;31(1):18-24
percorrida contra quatro dos sete que apresentaram uma
diminuição na distância percorrida quando comparada
com a distância feita antes da intervenção, como mostra a
tabela 3. 
A média da distância prevista para o TC6M foi de
551,22±106,32m e a média obtida na distância percorrida
pós-intervenção foi de 395±104,68m, a qual apresentou
significância estatística com p=0,014 (p<0,05). A
comparação entre as médias da distância percorrida pré-
intervenção e pós-intervenção está demonstrada na tabela 4.
As tabelas 5 e 6 referem-se ao teste de 1RM do
membro inferior direito (MID) e membro inferior
esquerdo (MIE).
DISCUSSÃO
A DRC traz consequências para quase todos os
sistemas do corpo humano11. O sistema musculoesque-
lético é um dos que mais apresenta alterações na estrutura
e na função muscular, provocando déficit na capacidade
física e na redução das atividades aeróbicas26. O impacto
da DRC na disfunção do sistema muscular resulta em
diversos fatores como a atrofia, pela mudança na taxa de
síntese e degradação de proteínas9. Além disso, a má
nutrição provoca perdas musculares9, ocasionando fra-
queza muscular, com predomínio em membros inferio-
res26.
Tabela 2. Valores obtidos para cada domínio do questionário SF-36, antes e após a intervenção
Componentes Dimensões do SF-36 Média inicial Média final P*
do SF-36
Capacidade funcional 65 59,28 0,364
Aspectos físicos 67,14 75 0,622
Saúde Física Dor 59,14 59,28 0,992
Estado geral de saúde 51,28 59,71 0,121
Vitalidade 56,42 65,7 0,129
Saúde Mental Aspectos sociais 89,28 69,640,125
Aspectos emocionais 80,95 71,25 0,626
Saúde mental 74,28 73,71 0,911
Valor do p<0,05
Tabela 3. Comparação do TC6M antes e depois do treinamento
Distância – TC6M
Sujeitos Pré - Treino Pós- Treino
1 536,70 420
2 497,24 470
3 454,00 475
4 479,45 480
5 243,80 180
6 355,00 360
7 337 390
Tabela 4. Comparação da distância no TC6M antes e após a
intervenção
Média DP p*
Distância percorrida 
pré-intervenção 414,74 105,07
0,387
Distância percorrida
pós-intervenção 395 104,68
TC6M: Teste de Caminhada de seis minutos. * p < 0,05
Tabela 5. Média Geral dos 3 testes de 1RM MID
Média Desvio Mín Max p*
Padrão
F- 1 4,7143 3,0394 2 10 0,000
F- 2 6,0714 2,6208 3 10
F- 3 8,4286 3,3094 4 14
F-1: Teste de Força 1, F-2: Teste de Força 2, F-3: Teste de Força
3 *p < 0,05
Tabela 6. Média Geral dos 3 testes de 1RM MIE
Média DP Min Max P
F-1 4,85 3,13 1 10
F- 2 6,21 2,82 2 10 0,001
F- 3 8,57 3,99 4 16
F-1: Teste de Força 1, F-2: Teste de Força 2, F-3: Teste de Força
3 *p < 0,05 
Treinamento Muscular Periférico com Doentes Renais Crônicos22
J Bras Nefrol 2009;31(1):18-24
A avaliação aplicada para qualidade de vida deu-se
através do questionário de qualidade de vida SF-36, antes
e depois da TMP. Os resultados obtidos neste estudo
demonstraram que as médias, que aumentaram após o
TMP, foram os valores das dimensões aspectos físicos,
dor, estado geral de saúde e vitalidade, porém não apre-
sentaram significância. 
Em outros estudos27-30, os achados foram dife-
rentes dos descritos neste trabalho, o qual apresentou os
maiores valores nos escores nas dimensões limitação por
aspectos físicos e vitalidade. No entanto, estudos mostram
que os pacientes submetidos a treinamento físico apre-
sentam resultados significativos no domínio Vitalidade31. 
Os resultados do presente estudo evidenciaram
comprometimento em diferentes dimensões, sendo que os
menores valores médios foram observados no aspecto
físico e vitalidade27-30. 
Por outro lado, em estudo feito em holandeses, a
capacidade funcional foi semelhante à deste trabalho,
apresentando menor escore, porém, na dimensão vitali-
dade, foi diferente, uma vez que, neste estudo, houve um
aumento nessa dimensão28. 
Estudos têm revelado que pacientes em HD são
profundamente sem condicionamento, demonstrando
alterações em sua qualidade de vida, devido a vários fato-
res, entre eles, a diminuição da atividade física, fraqueza
muscular, anemia, disfunção ventricular, controle meta-
bólico e disfunção hormonal20, 21. Estudos evidenciaram
que o exercício físico em pacientes durante a hemodiálise
pode melhorar as desordens musculares, proporcionando
aos mesmos melhora na força de membros inferiores e na
qualidade de vida23,31,32. 
Desta forma, os estudos que realizaram treinamen-
to físico durante a HD e avaliaram a QV mostraram que a
atividade física pode contribuir para uma melhora da QV
de pacientes com DRC11,23. Estes resultados confirmam
um estudo que salienta que há grandes evidências de que
pessoas que têm um estilo de vida mais ativo tendem a ter
autoestima maior e percepção de bem-estar psicológico
positiva, aumentando assim sua QV23.
Além da avaliação da qualidade de vida, também
foi avaliada a capacidade funcional, através do TC6M e
da comparação entre a distância pré-intervenção e a dis-
tância pós-intervenção, sendo que, estatisticamente, não
apresentou significância (p=0,387); já, entre a distância
pós-intervenção e a distância desejada, houve significân-
cia estatística (p=0,014).
Este estudo realizou treinamento de força, com sete
pacientes com DRC em HD, durante 5 meses, sendo a
distância média percorrida (pré-intervenção) no TC6M de
414,74±105,07m, valor abaixo do encontrado na litera-
tura12,13,33, os quais são semelhantes a 517±189,4, 522,1±
46,2m, 520±101m.
Em estudo de Parson e cols13, foi realizado
treinamento aeróbio durante a HD e o TC6M, aplicado
antes e depois de 20 semanas da intervenção. Observou-
se que ocorreu um aumento de 14% na distância obtida,
tendo sido, assim, estatisticamente significativo. Em
outro estudo34, houve um aumento de 9% na distância
percorrida após três meses de exercícios aeróbios, rea-
lizados também durante a HD.
Em estudo de Headley e cols33, foi realizado
treinamento de força, durante 12 semanas com dez
pacientes com DRC em HD, com objetivo de verificar o
efeito do programa de treinamento muscular na CF.
Observaram um aumento significativo na distância
percorrida de 522,1±46,2m para 546,5±54,2m. Isso
mostra a importância e os benefícios de um programa de
exercícios para melhora da CF.
O resultado obtido no presente trabalho para o
TC6M, na pré-intervenção e pós-intervenção, é diferente
do encontrado na literatura, não apresentando signifi-
cância, provavelmente devido ao tamanho da amostra11.
No entanto, é importante ressaltar que, quando compa-
rado o pós-teste com a distância prevista percorrida, hou-
ve significância, apresentando um aumento na distância
percorrida. Porém esse resultado não foi encontrado na
literatura revisada 
Os resultados dos testes de 1RM deste trabalho
mostraram um aumento significante na força muscular
(FM), após cinco meses de treinamento muscular para o
grupo muscular extensores de joelho. Para os extensores
de joelho direito, p<0,001; enquanto que, para o esquerdo,
p=0,001. 
Os resultados obtidos são semelhantes aos do estudo
randomizado com 49 indivíduos que participaram de um
treinamento durante 12 semanas e que teve como resultados
significativos o aumento de FM geral (p= 0,002), do índice
de massa corporal (IMC) e da vitalidade (p=0,02), quando
comparados ao grupo controle35. Outro estudo, com 18
participantes, após três meses de treinamento aeróbio e de
FM, apresentou resultado significativo no teste de 1RM
para o grupo extensores de joelho21. 
Em um estudo com 24 indivíduos que realizaram
seis meses de treinamento aeróbio, verificou-se um au-
mento nas fibras musculares, no contato de capilares por
fibra muscular, diminuição na atrofia muscular do mús-
culo gastrocnêmio, depois de realizada a biópsia36. Resul-
tado semelhante foi encontrado no estudo com sete parti-
cipantes que, depois de um treinamento de seis meses,
apresentaram modificações morfológicas no músculo
vasto lateral significativas10. 
Dos estudos que apresentaram dados sobre ava-
liação da força muscular, 83,3% relataram aumento na
mesma (variando em média de 15,5% a 82%) após período
de treinamento de três meses11. Os regimes de treinamento
23
J Bras Nefrol 2009;31(1):18-24
nestes trabalhos foram de intensidade leve a moderada,
variando de 50% de 1RM 5 a 85% de 3 RM. Tais fatos
permitem pressupor que, mesmo em menores intensidades
de treinamento, pode ocorrer ganho de FM na maioria dos
indivíduos, o que reduziria o impacto negativo gerado pela
diminuição da atividade física nesta população11.
CONCLUSÃO
Este estudo mostrou que o treinamento muscular
periférico, quando aplicado durante a hemodiálise como
rotina das intervenções a que os pacientes são sub-
metidos, proporciona melhora na qualidade de vida, nas
dimensões aspectos físicos, dor, estado geral de saúde e
vitalidade. No entanto, as outras dimensões não apresen-
taram melhora.
Além da qualidade de vida, observou-se que, após
o treinamento, quando comparadas as distâncias pós-in-
tervenção e prevista, os pacientes caminharam uma dis-
tância maior, mostrando que, com a intervenção, mesmo
não sendo aeróbia, é possível ter ganho na capacidade
funcional.
O TMP trouxe benefícios aos pacientes com um
ganho de força muscular após cinco meses de treinamen-
to, todos os pacientes tiveram aumento na carga traba-
lhada. Também foi observado, de acordo com relatos,
melhora nos sintomas secundários, como a dor em mem-
bros inferiores, câimbras, fadiga, e diminuição na medi-
cação para essas consequências. 
REFERÊNCIAS
1. Soares A, Zehetmeyer M, Robuske M. Atuação da Fisioterapia
durante a hemodiálise visando a qualidade de vida do paciente
renal crônico. Rev Saude UCPEL. 2007;1:7-12. 
2. Sociedade Brasileirade Nefrologia. Diretrizes brasileiras de
doença renal crônica [internet]. [acesso em 17 ago 2008].
Disponível em:
www.sbn.org.br/Censo/2007/SBN_Censo_Dialise_2007.doc.
3. Martins MRI, Cesarino CB. Atualização sobre programas de
educação e reabilitação para pacientes renais crônicos
submetidos à hemodiálise. J. Bras. Nefrol. 2004;26:45-50.
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