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Material produzido por Rebecca N. S. Barbosa FILTRAÇÃO GLOMERULAR O corpúsculo renal é formado pelo conjunto do glomérulo e cápsula de Bowman O glomérulo se encontra na primeira rede capilar do néfron, sendo um enovelado de capilares fenestrados, revestidos por lâmina basal, formando uma estrutura esférica que é englobadas pela cápsula de Bowman. Compondo a camada visceral da cápsula de Bowman, são encontradas algumas células, os podócitos, que abraçam esses capilares do glomérulo. Os podócitos são compostos de um corpo celular com dois ramos grandes chamados processos primários que, por sua vez, se ramificam em estruturas digitiformes chamadas pedículos ou pedicelos. É interessante ressaltar que a maior parte da energia que o podócito utiliza advém de glicólise, fazendo com que eles se tornem indiferentes a situações como jejum. Material produzido por Rebecca N. S. Barbosa Ademais, entre as interdigitações formadas pelos pedicelos e a lâmina basal do capilar encontra-se uma membrana chamada de diafragma da fenda de filtração. Ele existe porque as fenestras dos capilares permitem passagem de moléculas de grande tamanho e até mesmo células, o que não é de interesse do corpo. Ou seja, o diafragma serve como um filtro que controla essa passagem pelas fenestras. A permeabilidade seletiva e pressões efetivas de filtração afetam a filtração glomerular A filtração glomerular - que acontece dentro da corpúsculo renal - ocorre do lúmen do capilar, no polo capilar, para ao espaço intracapsular, em direção ao polo tubular. Existem dois fatores determinantes da filtração glomerular: a permeabilidade seletiva e as pressões efetivas de filtração. A permeabilidade seletiva refere-se ao controle da passagem de substâncias durante a filtração. Ela é determinada pela estrutura podocitária, devido aos diafragmas das fendas de filtração, e pelas glicoproteínas que revestem o interior do endotélio e a membrana basal. Essas glicoproteínas funcionam como uma camada aniônica (carga negativa) repelente às proteínas, que também possuem carga negativa. Isso garante que as proteínas permaneçam dentro do vaso. Em relação às pressões efetivas de filtração, temos a pressão hidrostática do sangue (PhidroB) e pressão hidrostática da cápsula de Bowman (PhidroC) e a pressão oncótica do sangue (PoncoB). A PhidroB encontra-se em torno de 55 e 60 mmHg. Já a PhidroC encontra-se em torno de 15 e 18mmHg, pelo fato do Material produzido por Rebecca N. S. Barbosa líquido filtrado ser logo despejado no túbulo proximal, fazendo com que a pressão exercida sobre a cápsula seja mais baixa. A PoncoB é de em torno de 30 e 32 mmHg e a pressão oncótica da cápsula de Bowman não existe (0 mmHg), já que não passam proteínas para o espaço capsular. A pressão líquida de filtração glomerular (PLFG) é o cálculo de todas as pressões, considerando a direção da filtração glomerular: PLFG = PhidroB - (PhidroC + PoncoB) Isso significa que ela representa as pressões que “empurram” o filtrado na direção do polo tubular, subtraindo as pressões que estão opostas, na direção do polo capilar. Aplicando a equação aos valores supracitados, temos que PLFG = 10mmHg, um resultado positivo que nos indica que - em situações fisiológicas - a pressão de saída é sempre maior que a de entrada, por tanto, a filtração sempre está acontecendo. A taxa de filtração glomerular (TFG) é uma medida de filtração do sangue conforme ele passa pelos capilares do glomérulo Em torno de 20-25% do débito cardíaco - volume de sangue ejetado pelo ventrículo esquerdo por minuto - é enviado para os rins, e, deste volume, cerca de 20% da porção plasmática é filtrada. Considerando essas proporções podemos concluir que são formados cerca de 180L de filtrado por dia. Existem dois mecanismos de controle de estabilidade da TFG: o mecanismo miogênico e o balanço tubuloglomerular O mecanismo miogênico é uma resposta miogênica ao aumento da pressão arterial (PA). Funciona de tal modo que, conforme ocorre a distensão da parede da arteríola aferente devido a PA aumentada, a força de contração do músculo da parede da arteríola amplifica, mantendo seu diâmetro. Esse mecanismo é importante, pois, sem ele, o aumento da PA e consequente distensão da arteríola aferente representaria um aumento indesejado da TFG devido ao maior volume de sangue chegando no glomérulo. O balanço tubuloglomerular refere-se ao controle das proporções entre as arteríolas aferentes e eferentes para alterar a TFG para mais ou para menos, de acordo com a necessidade. Material produzido por Rebecca N. S. Barbosa O Sistema Nervoso Autônomo Simpático age tanto nas arteríolas aferentes quanto nas eferentes, mas as arteríolas aferentes respondem melhor aos estímulos simpáticos. Numa situação de fuga, por exemplo, é interessante para o corpo diminuir a TFG. Isso é feito através da vasoconstrição da arteríola aferente, que diminui a taxa de fluxo da corrente sanguínea na direção do glomérulo e, por consequência, a TFG. Outro exemplo de sistema que tem influência no balanço tubuloglomerular é o Sistema Renina- Angiotensina-Aldosterona (SRAA), em especial as angiotensinas II, que também tem ação nas arteríolas aferentes e eferentes. Contudo, neste caso, são as arteríolas eferentes que respondem melhor aos seus estímulos. Quando o SRAA é deflagrado por um quadro de pressão arterial baixa por período prolongado, ocorre uma vasoconstrição das arteríolas eferentes. Isso faz com que o sangue passe mais tempo no glomérulo, aumentando a TFG. O relaxamento das paredes (vasodilatação) de uma das arteríolas cria uma proporção entre as arteríolas aferentes e eferentes igual ao que seria se tivesse havido vasoconstrição da arteríola oposta. Ou seja, uma vasodilatação da arteríola eferente cria efeito igual ao da vasoconstrição da arteríola aferente e a vasodilatação da arteríola aferente, igual ao da vasoconstrição da arteríola eferente. Não há um sistema específico que promova a vasodilatação. Antes, ela decorre da ação de secreções locais, essencialmente, e de uma maneira bem mais rara. Material produzido por Rebecca N. S. Barbosa A mácula densa funciona como um quimiorreceptor que gera um feedback tubuloglomerular A mácula densa é um conjunto de células diferenciadas que se encontra na parede da porção distal da alça de Henle ou proximal do túbulo contorcido distal. Elas ficam em contato com o glomérulo, funcionando como quimiorreceptores que captam as mudanças na concentração de NaCl do filtrado. A sensibilização da mácula densa às mudanças na concentração de NaCl geram feedbacks tubuloglomerular. Um aumento na TFG significa uma maior quantidade de líquido sendo filtrada num determinado período de tempo. Uma das consequências deste aumento é um crescimento na concentração de NaCl devido a diminuição da capacidade de reabsorção de íons do filtrado. A detecção feita pela mácula densa deste crescimento na concentração gera uma resposta de redução na secreção de adenosina e inibição na secreção de NO, dois potentes vasodilatadores. Essa resposta gera um feedback tubuloglomerular de vasoconstrição da arteríola aferente, reduzindo TFG. Já quando a mácula densa detecta o caso contrário - diminuição da concentração de NaCl devido a reabsorção mais eficiente quando há queda da TFG -, a resposta é aumento na secreção de adenosina e liberação da secreção de NO. Logo, essa resposta gera um feedback tubuloglomerular de relaxamento muscular da arteríola aferente, elevando a TFG. Material produzido por Rebecca N. S. Barbosa FORMAÇÃO DE URINA As reabsorções e secreções mudam nas diferentes porções do néfron Logo depois que o filtrado é formado no corpúsculo renal, ele entra no túbulo contorcido proximal (TCP). Esse TCP é um região ondeacontece grande quantidade de reabsorções e secreções vitais. São reabsorvidos diversos compostos orgânicos - em especial a total reabsorção da glicose -, íons, aminoácidos e muita H2O. A próxima porção de néfron é alça de Henle, que é separada em ramo descendente (delgado) e ramo ascendente (delgado e espesso). O ramo descendente, tal qual o TCP, também permite reabsorção de muita H2O. Já o ramo ascendente espesso promove a reabsorção ativa de diversos íons, onde se destacam o Na+, Cl- e K+. Todavia, não ocorre reabsorção de H2O devido ao fato do ramo ascendente da alça de Henle ser impermeável à molécula. Conseguinte à alça de Henle existe o túbulo contorcido distal (TCD) e, logo depois, o ducto coletor. Nesses dois tubos a presença de secreção e absorção é variável e depende da necessidade do organismo. Necessidade, essa, que é sinalizada por vias hormonais. Material produzido por Rebecca N. S. Barbosa Osmolaridade é a medida de concentração de um soluto numa determinada solução e é definida em Osm/l (osmol por litro). O líquido extracelular (LEC) tem uma osmolaridade universal pelo corpo de 300 mOsm/l. No entanto, no rim essa história muda. No córtex renal encontramos uma osmolaridade parecida com a do LEC do resto do corpo, ao passo que conforme analisamos em direção a medula, vemos um aumento gradativo nesse nível de osmolaridade, podendo chegar até cerca de 1200 mOsm/l. Os fatores que determinam a hiperosmolaridade da medula renal são as relações do ramo ascendente da alça de Henle, do TCD e do ducto coletor medular com o interstício medular O transporte ativo de Na+ e cotransporte de K+, Cl-, entre outros íons na alça de Henle determina em grande parte essa hiperosmolaridade, bem como o transporte ativo de diversos íons nos TCD e a difusão passiva de grandes quantidades de ureia nos ductos coletores medulares. Material produzido por Rebecca N. S. Barbosa O mecanismo de contracorrente é aquele que garante a hiperosmolaridade da medula e faz o controle da osmolaridade da urina. O mecanismo de contracorrente é complexo, por isso, é de interesse didático separá-lo em diferentes pontos: - Parte espessa da alça de Henle ascendente: Nessa porção da alça, ocorre reabsorção ativa de íons que se concentram no interstício. Por tanto, conforme o filtrado sobe a alça, menor a concentração de íons. Essa diferença na concentração entre o início e o final da alça forma um gradiente de osmolaridade no filtrado, que vai de 300 mOsm/l até 100 mOsm/l. Por conseguinte, ocorre também uma elevação gradual na osmolaridade do interstício ao redor da alça. Isso significa que, em comparação, o interstício se torna hiperosmótico. (É importante notar que a diferença entre as duas osmolaridades não ultrapassa 200 mOsm/l.) - Ramo descendente da alça de Henle: Ora, se o interstício se torna hiperosmótico e as estruturas do néfron estão próximas entre si, essa hiperosmolaridade vai, também, afetar o ramo descendente da alça de Henle. Devido ao fato de que, diferente do ramo ascendente espesso, o ramo descendente é permeável a H2O, a hiperosmolaridade do interstício vai prover reabsorção de H2O do filtrado. - Os capilares peritubulares: O que impede que a hiperosmolaridade do interstício se equilibre em consequência da reabsorção de H2O supracitada são os capilares peritubulares que rapidamente captam a H2O do interstício, fazendo manutenção da osmolaridade medular. Por mais que haja uma captação de íons do interstício pelos capilares, ela não é o bastante para tornar o processo de manutenção ineficiente. Isso se deve a própria osmolaridade do sangue, que de certa forma regula a captação dos íon do interstício para o capilar. Material produzido por Rebecca N. S. Barbosa - O TCD e ducto coletor: Como já mencionado, a reabsorção nessas duas porções é dependente de hormônios e sinalizadores. No caso de uma baixa ingestão de líquido, por exemplo, o hormônio antidiurético (ADH) é liberado, favorecendo a expressão de aquaporinas (AQP) tipo 2, 3 e 4 nas células do TCD e ducto coletor. Essa ação aumenta a reabsorção de H2O. Ademais, quando essa H2O a mais chega nos capilares peritubulares, ela diminui a captura de íons do interstício pelos capilares. O resultado é uma urina hiperosmótica. Já no caso de uma alta ingestão de líquido, o ADH não é liberado e as AQP2-4 não são expressas, fazendo com que a reabsorção de H2O seja menor. Isso faz com a que a urina formada tenha uma osmolaridade bem mais baixa.
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