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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto Departamento de Química Métodos Instrumentais Relatório – Experimento I Determinação de cafeína em chá mate por HPLC Isabela Ferreira de Lima; nºUsp: 11215998 Maria Caroline dos Santos; nºUsp: 11370881 Victória dos Santos Souza; nºUsp: 11297295 Ribeirão Preto 2021 1 INTRODUÇÃO A cromatografia líquida de alta eficiência é uma das técnicas de separação mais utilizadas e sofisticadas na atualidade. A técnica cromatográfica, condiciona a separação de vários componentes de amostras analíticas possibilitando posterior determinação a partir da sistematização de dados e gráficos que o método instrumental estabelece. O sistema de separação cromatográfico HPLC implica em vantagens importantes na separação de analitos, justificando a sua larga utilidade nas indústrias, tais como a exatidão na quantificação, versatilidade na alteração do sistema como por exemplo nas diferentes colunas que podem ser usadas na separação de analitos de interesse (variando fase móvel e estacionária) e sensibilidade do método que está diretamente relacionada com o detector utilizado. Entretanto, existem desvantagens econômicas importantes, pois o sistema requer alto investimento, principalmente no que diz respeito ao detector que é membro fundamental/indispensável da instrumentação, contudo, inerente a sensibilidade da técnica HPLC. A determinação e quantificação da cafeína por HPLC é um excelente exemplo de aplicação da técnica que aborda especificidades importantes na distribuição do sistema. A cafeína se encontra em grãos de café, folhas de chá mate e semente de cacau por exemplo, possuindo uma larga utilidade terapêutica. A cafeína é conhecida também como 1,3,7-trimetilxantina, sendo um alcaloide com massa molecular de 194,19 g/mol, a figura 1 expressa sua estruturação química. Figura 1. Estrutura química da cafeína (1,3,7-trimetilxantina) Contudo, utilizaremos uma coluna cromatográfica de fase reversa (detalharemos posteriormente) e, obviamente, como sendo uma cromatografia em coluna, a fase estacionária é percolada pela fase móvel que força a passagem, com a amostra, para determinação dos analitos sob pressão na coluna cromatográfica. Analisaremos o mecanismo que pauta essas interações e suas implicações. Por fim, após a passagem pela coluna, os analitos e a fase móvel transmitem um sinal para o detector que sistematiza essas informações em um cromatograma (sinal em função do tempo de retenção 𝑇 ). Utilizaremos e discutiremos o detector de arranjo de diodos que detecta em comprimento de onda de 254nm. 2 OBJETIVO Determinação da concentração da cafeína em chá mate utilizando a técnica instrumental de HPLC, a partir da construção da curva analítica e suas determinações quantitativas. 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 MATERIAIS 6 Balão volumétrico de 10 ml; 2 Béquer de 10 ml; 1 Béquer de 250ml; 1 Vidro de relógio; 1 Pipeta volumétrica de 0,50 ml 1 Pipeta volumétrica de 1,00 ml; 1 Pipeta volumétrica de 2,00 ml; 1 Pipeta volumétrica de 3,00 ml; 1 Microsseringa de vidro; 1 Membrana de filtração com poros de 0,45µm; 1 Proveta de 250 ml; 1 Proveta de 500ml ; 2 tubos Eppendorf de 2 ml; 1 Bastão de vidro médio; 1 Chapa de aquecimento; 1 termômetro de 100°C; 1 balança analítica; Água ultrapura; Solução padrão de cafeína 0,500 mg/ml; Sachês de chá mate. 3.1.2 EQUIPAMENTO HPLC com detector de arranjo de Diodos (λ=254nm); Coluna C18 – FE: octadicilsilano (5,0µm, 4,6 x 150 mm); Pré coluna. 3.2 MÉTODOS 3.2.1 Preparo da fase móvel 3.2.2 Desgaseificação da fase móvel 3.2.3 Preparo das soluções padrão Medir separadamente nas provetas (500ml). Metanol 500ml e na outra 500 ml de solução aquosa ácida pH 3,5. Depois adicionar os solventes ao frasco HPCL. Borbulhar gás Hélio, para a dispersão do gás oxigênio. Ilustração Partindo da solução padrão (concentração 0,5 mg ml-1), preparar 5 soluções diluídas em balões volumétricos de 10ml As seguintes concentrações diluídas 0,025; 0,05; 0,075; 0,100 e 0,125 mg ml devem ser preparadas com a solução de metanol. Portanto, os seguintes volumes devem ser adicionados para termos estas concentrações: 0,5;1,0;1,5;2,0;2,5. Em seguida, injetar cada uma dessas soluções no HPLC, em triplicata, sempre em ordem crescente de concentração. 3.2.4 Preparo da amostra de chá 3.2.5 Condicionamento da coluna cromatográfica 3.2.6 Injeção das soluções padrão e curva analítica Pesar a massa de um sachê de mate Inserir o sachê no béquer com 200ml de água (ultrapura) á 80°C. Durante 10 min, mexendo esporadicamente com o bastão de Depois, aguarde que o extrato atinja a temperatura ambiente, ou acelere colocando-a o béquer em cima de uma bacia com Pipetar 3,0 ml do extrato em um balão volumétrico de 10 ml e completar o mesmo com a fase móvel. Filtrar o extrato com a microsseringa de vidro contendo a membrana porosa. Recolher o filtrado em eppendorf e injetar (triplicata) no HPLC. Ligar o HPLC e o computador Iniciar o bombeamento da fase móvel, aumentando a vazão da fase móvel lentamente até chegar a 1 ml/min. Depois acordar a estabilização da pressão no sistema. Iniciar a injeção das soluções padrões de cafeína diluídas por ordem crescente Depois plotar gráficos com cada solução padrão. Área (eixo y) versus concentração mg/ml(eixo x) 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Inicialmente, torna-se importante mencionar os parâmetros que iremos trabalhar e as especificidades do sistema que analisamos o analito. Nós utilizamos uma coluna de fase reversa, a qual se caracteriza pela menor polaridade da fase estacionária e maior polaridade da fase móvel. Coluna C18 – FE: octadicilsilano (5,0 µm, 4,6 x 150 mm), enquanto que a fase móvel é composta por metanol: solução aquosa ácida pH = 3,5 (50:50 v/v). Iniciando com a determinação dos volumes, com a solução padrão de cafeína de concentração 0,0500 mg/mL. Preparamos 5 amostras para diluição no balão de 10,0 mL. Nossa tarefa inicial seria determinar os respectivos volumes paras as concentrações de 0,025; 0,050; 0,075; 0,100 e 0,125 mg/mL. Determinamos os volumes utilizando a relação 𝐶 . V = C . V . Exemplificando, 0, 025 mg/mL . 10 mL = 0, 500 mg/mL .V V = 0,500 mL Desse modo, para 0,025 mg/mL𝑉 = 0,500 𝑚𝐿 ; 0,050 mg/mL𝑉 = 0,0100 mL; 0,075 mg/mL𝑉 = 1,50 mL; 0,100 mg/mL𝑉 = 2,00 𝑚𝐿; 0,125 mg/mL𝑉 = 2,5 𝑚𝐿. Tabela 1. Áreas resultantes nos cromatogramas apresentados para cada solução padrão preparada Concentração da solução (mg/mL) Área (𝒕𝒓=4,9 min) 0,0250 838471 0,0500 1732475 0,0750 2529330 0,100 3259818 0,125 4187939 Figura 2. Curva analítica obtida a partir das áreas e respectivas concentrações Com base no tempo de retenção da cafeína das soluções padrão (𝑡 =4,9 min) e analisando o cromatograma da amostra de chá, identificamos o pico da cafeína em t =4,899 com respectiva área das amostras triplicata. Desse modo, com a equação da curva analítica y = 3E+07x + 41723, torna-se possível deduzir o valor de concentração de cafeína na amostra. 4.1) Determinando a concentração de cafeína mg/mL nas amostras 1, 2 e 3 (diluídas) a partir da curva analítica obtida pela regressão linear dos valores de área e concentração da solução padrão 1. Amostra 1: área identificada para a cafeína = 46262 46262 = 3 * 10 x + 41723 x = 1,51 mg/mL (1,51 mg/mL) (10 mL) = C (3 mL) C =𝟓, 𝟎𝟑 . 𝟏𝟎 𝟒 mg/mL 2. Amostra 2: área identificada para a cafeína = 1612199 1612199 = 3 * 10 x+ 41723 x = 0,0523 mg/Ml (0,0523 mg/mL) (10 mL) = C (3 mL) C = 0,174 mg/mL 3. Amostra 3: área identificada para a cafeína = 1635108 1635108 = 3 .10 x + 41723 x = 0,0531 mg/mL (0,0531 mg/mL) (10 mL) = C (3 mL) C = 0,177 mg/mL y = 3E+07x + 41723 R² = 0,9986 0 500000 1000000 1500000 2000000 2500000 3000000 3500000 4000000 4500000 0 0,05 0,1 0,15 Ár ea Concentração (mg/mL) Média das concentrações calculadas: ∁ = 5,03 . 10 + 0,174 + 0,177 3 = 𝟎, 𝟏𝟏𝟕 𝐦𝐠/𝐦𝐥 Desvio padrão: 𝜎 = (5,03 . 10 − 0,117) + (0,174 − 0,117) + (0,177 − 0,117) 3 = 0,0825 Coeficiente variância 𝐶𝑉 = 0,0825 0,117 . 100 = 70% Contudo, observamos um valor de CV relativamente alta, isso se explica pela discrepância de resultados obtida na análise da primeira amostra se compararmos com a amostra 2 e 3. Entretanto, podemos observar que as amostras 2 e 3 apresentam resultados de concentrações precisos entre elas e se analisarmos acerca desses dois valores obtemos um desvio padrão de 0,0015 e o coeficiente de variação igual a 0,855%. Portanto, nesse contexto teríamos obtido valores mais precisos e confiáveis. 4.2) Determinando a concentração de cafeína mg/g em relação a massa do mate do sachê Inicialmente, temos uma massa de 2,1843 g colocada em um béquer com 200 mL de água. Calculando a concentração nesses 200 mL de água obtemos uma concentração de 0,0109 g/mL C = 2,1843 g 200mL = 0,0109 g/mL Agora, calculando a concentração que será obtida na diluição no balão de 10 mL, encontramos a seguinte concentração (0,109 mg/mL) (10 mL) = C (3 mL) C = 0,0363 g/mL 4.3) Cromatogramas obtidos com a injeção da solução padrão de cafeína 0,025 mg/mL. Variando a composição da fase móvel. Essa etapa de análise se pauta na observação do que aconteceria com o fator de retenção cromatográfico se aumentássemos ou diminuíssemos a proporção de methanol na fase móvel. De imediato, notamos que se a proporção de metanol é aumentada o sinal é obtido mais rapidamente e, portanto, detectado mais brevemente. Isso acontece pelo fato de estarmos trabalhando com uma coluna do tipo reversa, onde a fase estacionária (octadecilsilano) possui um caráter mais apolar ou menos polar do que a fase móvel. Desse modo, o analito interage menos com a coluna cromatográfica e mais com a fase móvel e acaba sendo detectado mais rapidamente. Ou seja, os analitos eluem mais cedo e o fator de retenção diminui (figura 3) Figura 3. Diferenças no fator de retenção alterando a proporção da fase móvel (a) Metanol: solução aquosa (pH = 3,5) 45:55 (v/v) (b) Metanol: solução aquosa (pH = 3,5) 40:60 (v/v) (c) Metanol: solução aquosa (pH = 3,5) 35:65 (v/v) (d) Metanol: solução aquosa (pH = 3,5) 30:60 (v/v) Apresentemos na figura 3 o momento da retenção para cada proporção de metanol e solução aquosa e notamos diferenças na velocidade de eluição para cada variação de fase móvel. Como observamos anteriormente, quanto mais polar for a fase móvel mais rapidamente o sinal do analito sera detectado, isso porque o não haverá uma interação mais significativa com a fase estacionário (que é mais apolar). Por isso, diminuindo a proporção de metanol a fase móvel tende a ser menos polar possibilitando uma maior interação com a fase estacionária (apolar) e consequentemente aumenta o fator de retenção do analito que interage com a fase estacionária. É o que acontece com a fase móvel (d), observe que o sinal dentre as quatro eluições acontece de forma mais demorada, enquanto que o analito (d) é o que possui maior fator de retenção porter a fase móvel menos polar (possuir menor quantidade de metanol) condicionando uma maior interação do analito com a coluna. De forma geral, notamos que o fator de retenção aumenta com a diminuição de methanol em fase móvel como se observa no cromatograma. O sinal (a) apresenta o outro extremo, com sua maior proporção de metanol e consequente eluição mais rápida, enquanto que as fases móvel (b) possui maior polaridade e por isso elui mais brevemente que o analito (c) que se torna menos polar nessa proporção. 4.4) Melhor comprimento de onda para analisar a cafeína O detector UV para a cafeína possui um limite máximo de absorção no comprimento de onda entre 271 e 275 nm. Contudo, a quantificação se torna mais eficiente em torno dessa faixa de comprimento de onda. Trazendo um pouco desse comportamento de detecção máxima da cafeína nesse comprimento de onda, podemos analisar o cromatograma como base de observação (figura 4) Figura 4.Cromatograma da absorção da cafeína em dois comprimentos de onda Como análise inicial, podemos dizer que o comprimento de onda igual 272 nm seria o ideal para a análise do analito (cafeína). Podemos nos pautar, na área aparente da linha vermelha na figura 4 que é nitidamente maior e, portanto, há uma maior quantificação do analito. Outro fator importante para essa afirmação seria o alargamento do pico da linha vermelha que aparenta ser menor. Como sabemos, quanto mais achatado, isto é, mais fino se torna o pico maior é a eficiência da separação. Contudo, quanto maior o número de etapas de equilíbrio, melhor se torna a separação, e por isso o pico fica mais estreito. Observamos que o pico em 272 nm é mais fino porque o valor da base W entre os dois comprimentos de onda são bem parecidos, entretanto a linha vermelha afunila seu tamanho na extremidade quantificando uma maior área e um valor de 𝑤 menor (metade do pico). Para ilustrar essa ideia e também mencionar a importância do número de pratos teóricos na análise quantitativa de eficiência cromatográfica, fizemos uma tentativa de medida da largura do pico para calcularmos o número de pratos teóricos N. Lembrando que, quanto maior for o número de pratos mais eficiente se torna a separação cromatográfica. 4.4.1) Comprimento de onda272 nm 𝑁 = 16 ( 𝑇 𝑊 ) 𝑁 = 16 ( 9,3 0,2 ) N= 34.596 4.4.2) Comprimento de onda 254 nm 𝑁 = 16 ( 9,3 0,4 ) N = 8.649 Contudo, notamos um maior número de pratos teóricos em 272 nm, esse dado é um parâmetro muito importante para analisarmos a eficiência de uma separação. Portanto, o melhor comprimento de onda para separação da cafeína seria 272 nm. Figura 5. Pico da cafeína em comprimento de onda 272 nm Figura 5 se torna interessante nessa análise, pois ela nos mostra exatamente o fator de retenção da cafeína que está em torno de 272 nm. 4.5) Mecanismo que envolve a separação Sabemos que há um equilíbrio de sorção do analito entre as fases estacionária e móvel e sendo líquido-líquido entre as fases. A cromatografia de partição de fase ligada se enquadra no mecanismo de separação da fase reversa neste experimento, pois se baseia em um equilíbrio líquido-líquido o qual a fase estacionária está ligada a uma superfície sólida e o soluto possui afinidade com a fase estacionária. Contudo, na superfície ocorre adsorção física. Outra informação importante seria que a cromatografia de fase liga como mecanismo, o suporte para a maioria dos empacotamentos de fases ligadas são preparadas com silica rígida ou com composições de silica. Caracteristica importante do suporte da nossa fase estacionária. 5 CONCLUSÃO Diante do experimento realizado, observamos que numa cromatografia HPLC a cafeína demonstra uma melhor interação com uma fase mais polar e que o melhor comprimento de onda para a análise da cafeína, nos parâmetros do equipamento utilizado, é de 272 nm; visto que nesse comprimento de onda é encontrado maior número de pratos teóricos, significando uma melhor eficiência. Analisando os cálculos obtidos a partir dos dados coletados, vimos que o desvio padrão encontrado a partir da concentração das 3 amostras foi relativamente baixo, mesmo existindo um valor de concentração (amostra 1) que se desmonstre mais discrepante em relação aos outros. Oresultado do desvio padrão se apresenta ainda menor quando recalculado sem o valor de concentração da amostra 1. Como o desvio padrão é um parâmetro para dizer o nível de precisão, concluímos que o experimento realizado em questão foi preciso, com dados satisfatórios. REFERÊNCIAS SKOOG, HOLLER, NIEMAN, Princípios de Análise Instrumental, 5ª Edição, Editora Bookman, São Paulo-SP, 2002. SKOOG, WEST, HOLLER, CROUCH, Fundamentos de Química Analítica, Tradução da 8ª Edição norte-americana, Editora Thomson, São Paulo-SP, 2006.
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