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Sistema digestório

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BIANCA ABREU-MD4 1 
 
 
 
 
 
Objetivos 
1. Caracterizar o fígado: 
1.1. Anatomia 
1.2. Histologia 
2. Vascularização 
2.1 Sistema porta 
3. Inervação 
4. Descrever a metabolização dos macronutrientes: 
4.1 Proteínas 
4.2 Carboidratos 
4.3 lipídios 
5. Descrever as principais funções do fígado: 
5.1 Gliconeogênese 
5.2 Formação dos corpos cetônicos 
5.3 Formação do colesterol 
5.4 Reciclagem de hormônios 
5.5 Formação dos sais biliares 
6 Descrever a circulação entero-hepática 
7 Descrever a metabolização do álcool 
8 Descrever a metabolização dos medicamentos (de modo geral) 
8.1. Metabolização 
8.2. Absorção 
8.3. Excreção 
9. Caracterizar: (sem fisiopatologia) 
9.1 Esteatose 
9.2 Cirrose 
9.3 Hepatites 
Obs.: ler sobre “filtragem forçada’’ 
 
 
 
 
 
 
 
 
BIANCA ABREU-MD4 2 
 
O fígado é o segundo maior órgão do corpo, sendo o maior a pele; e a maior glândula do corpo, pesando 
cerca de 1,5 kg, ou seja, aproximadamente 2,5% do peso corporal do adulto. No feto maduro é 
proporcionalmente duas vezes maior (o equivalente do 5% do peso corporal) e também atua como órgão 
hematopoético. Com exceção da gordura, todos os nutrientes absorvidos pelo sistema digestórios são 
levados ao fígado por meio do sistema venoso porta. Além da atividade metabólica, o fígado armazena 
glicogênio e secreta bile, um líquido amareloacastanhado ou verde que auxilia na emulsificação das 
gorduras 
Ele situa-se, principalmente, no quadrante superior direito do abdômen, onde é protegido pela caixa 
torácica e pelo diafragma. O fígado, fisiologicamente, situa-se profundamente às sétima e décima primeira 
costelas no lado direito e cruza a linha mediana em direção à papila mamária esquerda. Ele ocupa a maior 
parte do hipocôndrio direito e epigástrio e se estende ao hipocôndrio esquerdo. O fígado se desloca com a 
movimentação do diafragma e na postura ereta, situa-se mais baixo devido à gravidade. A grande 
mobilidade facilita sua palpação. A maior parte (2/3) do fígado se encontra à direita, enquanto que o 
restante (1/3) à esquerda. 
E é revestido por uma cápsula de tecido conjuntivo delgada, que se espessa no hilo, por onde penetram a 
veia porta hepática e a artéria hepática, bem como por onde saem os ductos hepáticos direito e esquerdo 
e os linfonodos. Estes vasos e ductos também são circundados por tecido conjuntivo ao longo de toda a 
sua extensão, até o término ou origem nos espaços porta entre os lóbulos hepáticos. Neste ponto, forma-se 
uma delicada rede de fibras reticulares que suporta os hepatócitos (células epiteliais do fígado) e células 
endoteliais dos capilares sinusóides. Em humanos, não há camada de tecido conjuntivo, o que torna difícil o 
estabelecimento de limites exatos entre diferentes lóbulos. O fígado contém de 3 a 6 espaços porta por 
lóbulo, cada um contendo um ramo da veia porta, um ramo da artéria hepática, um ducto (sistema de 
ductos biliares) e vasos linfáticos. 
 
O fígado contribui com o metabolismo proteico por meio de: desaminação de aminoácidos; formação de 
ureia como meio de eliminar a amônia sanguínea; produção de proteínas plasmáticas (como a albumina e 
outras proteínas carreadoras); e interconversão de aminoácidos e conversão de aminoácidos em outros 
intermediários importantes ao corpo. 
BIANCA ABREU-MD4 3 
 
Além disso, atua no metabolismo de carboidratos: armazenamento de glicogênio; conversão de galactose e 
da frutose em glicose; gliconeogênese; e formação de diversos compostos bioquímicos importantes a partir 
de produtos intermediários do metabolismo dos carboidratos. 
Por fim, atua para destoxificar o sangue: destoxificação física -> o fígado remove ativamente substâncias 
do sangue porta provenientes do intestino e de outros locais do corpo, como bactérias colônicas que podem 
atravessar a parede intestinal e escapar de linfonodos, que podem ser potencialmente prejudiciais ao 
entrarem em contato com a circulação sistêmica; e destoxificação bioquímica -> os hepatócitos expressam 
numerosas enzimas do citocromo p450 e outras enzimas que podem converter xenobióticos, como 
fármacos e toxinas, em metabólitos menos lipofílicos e inativos, podendo ser, subsequentemente, 
excretados na bile e eliminados do corpo. 
Face diafragmática: é convexa, lisa, anterior, superior e apenas uma parte posterior com formato de cúpula, 
onde se relaciona com a concavidade inferior do diafragma, que a separa das pleuras, pulmões, pericárdio e 
coração. Existem recessos subfrênicos (extensões superiores da cavidade peritoneal) entre o diafragma e a 
porção anterossuperior da face diafragmática. Os recessos subfrênicos são separados em direito e esquerdo 
pelo ligamento falciforme, que se estende entre fígado e a parede anterior do abdome. O recesso sub-
hepático faz parte do compartimento supracólico da cavidade peritoneal imediatamente abaixo do fígado. O 
recesso hepatorrenal (bolsa de morison) é uma extensão posterossuperior do recesso sub-hepático, situado 
entre a parte direita da face visceral do fígado e rim + glândula adrenal direitos. Contém líquido peritoneal . 
A face diafragmática é coberta por peritônio visceral, exceto posteriormente (área nua do fígado), onde está 
em contato direto com o diafragma. A área nua do fígado é demarcada pelas lâminas anterior (superior) e 
posterior (inferior) do ligamento coronário. A lâmina anterior (superior) do ligamento coronário é contínua à 
esquerda com a lâmina esquerda do ligamento falciforme; enquanto que a lâmina posterior (inferior) é 
contínua à direita com o omento menor. Essas lâminas se encontram à direita para formar o ligamento 
triangular direito e divergem à esquerda a fim de revestir a área nua triangular. Próximo ao ápice do fígado, 
as lâminas anterior e posterior do ligamento coronário se encontram e formar o ligamento triangular esquerdo. 
A veia cava inferior atravessa um profundo sulco (sulco da veia cava) na área nua do fígado. 
Face visceral: é relativamente plana, ou mesmo côncava (póstero-inferior). Também é coberta por peritônio, 
exceto na fossa da vesícula biliar e na porta hepática/hilo (fissura transversal por onde saem e entram os 
vasos, sendo eles: veia porta, artéria hepática e vasos linfáticos; o plexo nervoso hepático e os ductos hepáticos. 
Ao contrário da face diafragmática lisa, a face visceral tem muitas fissuras e impressões viscerais. Ocorrem 
duas fissuras sagitais: fissura sagital direita, um sulco contínuo formado anteriormente pela fossa da vesícula 
biliar e posteriormente pelo sulco da veia cava; e fissura umbilical/sagital esquerda, um sulco contínuo 
formado anteriormente pela fissura do ligamento redondo e posteriormente pela fissura do ligamento venoso. 
O fígado se divide em dois lobos anatômicos (direito e esquerdo) e dois lobos acessórios devido às reflexões 
do peritônio a partir da superfície hepática, as fissuras (formadas por essas reflexões), os vasos que servem 
ao fígado e à vesícula biliar. 
1. Lobo hepático direito: ocupa o hipocôndrio direito e está separado do lobo esquerdo, em sua face 
diafragmática, por um plano mediano definido pela fixação do ligamento falciforme e fissura sagital 
esquerda; 
2. Lobo hepático esquerdo: situado na região epigástrica e no hipocôndrio esquerdo. Na face visceral, as 
fissuras sagitais direita e esquerda passam em cada lado dos dois lobos acessórios, que são parte do 
BIANCA ABREU-MD4 4 
 
lobo hepático anatômico direito: o lobo quadrado, anterior e inferiormente; e o lobo caudado posterior 
e superiormente. 
3. Lobo quadrado: situa-se na face visceral do lobo direito, limitado pela borda inferior do fígado, pela veia 
porta do fígado, pela fossa da vesícula biliar e pela fissura do ligamento redondo; 
4. Lobo caudado: situa-se na face dorsal do lobo direito, acima da veia porta, entre o sulco da veia cava 
inferior e a fissura do ligamento venoso 
Não há demarcação interna distinta, ou seja, o parênquima hepático parece contínuo. Porém, há uma divisão 
funcional de partesindependentes: a parte direita e a parte esquerda do fígado, ou também lobos portais, 
cujos tamanhos são semelhantes, apesar de a parte direita ser um pouco maior. Cada parte recebe seu 
próprio ramo primário da artéria hepática e veia porta, além de ser drenada pelo seu próprio ducto hepático. 
Essa divisão se baseia na divisão primária da tríade portal em ramos direito e esquerdo. O plano que separa 
as partes hepáticas direita e esquerda é a fissura porta principal, onde está a veia hepática média. Na face 
visceral, o plano é demarcado pela fissura sagital direita; enquanto que na face diafragmática, o plano é 
demarcado por uma linha imaginária (linha de cantlie), a qual segue da fossa da vesícula biliar até a VCI 
Ademais, pode ser, ainda, subdivido em quatro divisões e em 8 segmentos hepáticos, sendo cada um deles 
servido independentemente por um ramo secundário ou terciário da tríade portal. As partes direita e esquerda 
do fígado são subdivididas verticalmente em divisões medial e lateral pelas fissura portal direita e fissura 
umbilical, nas quais estão as veias hepáticas direita e esquerda. Cada uma das quatro divisões recebe um 
ramo secundário da tríade portal. 
A divisão medial da parte esquerda do fígado (divisão medial esquerda) é parte do lobo anatômico direito; a 
divisão lateral esquerda corresponde ao lobo anatômico esquerdo. Um plano hepático transverso no nível das 
partes horizontais dos ramos direito e esquerdo da tríade portal subdivide três das quatro divisões (com 
exceção da divisão medial esquerda), criando seis segmentos hepáticos, que recebem ramos terciários da 
tríade. A divisão medial esquerda também é contada como um segmento hepático, de modo que a parte 
principal do fígado tem sete segmentos (segmentos II a VIII, numerados em sentido horário), que também 
recebem um nome descritivo. O lobo caudado (segmento i) é suprido por ramos das duas divisões e é drenado 
por suas próprias veias hepáticas menores. 
O fígado, como os pulmões, tem irrigação dupla: uma venosa dominante e uma arterial menor. A veia porta 
traz 75 a 80% do sangue para o fígado. O sangue porta, que contém aproximadamente 40% mais oxigênio 
do que o sangue que retorna ao coração pelo circuito sistêmico, sustenta o parênquima hepático (células 
hepáticas ou hepatócitos). 
A veia porta conduz praticamente todos os nutrientes absorvidos pelo sistema digestório para os sinusoides 
hepáticos. A exceção são os lipídios, que são absorvidos pelo sistema linfático e passam ao largo do fígado. 
O sangue da artéria hepática, que representa apenas 20 a 25% do sangue recebido pelo fígado, é distribuído 
inicialmente para estruturas não parenquimatosas, sobretudo os ductos biliares intra-hepáticos. 
A artéria hepática é um ramo do tronco celíaco, divide-se em artéria hepática comum (do tronco celíaco até 
a origem da artéria gastroduodenal) e artéria hepática própria que se origina da artéria gastroduodenal até 
a bifurcação da artéria hepática. Na porta hepática, ou perto dela, a artéria hepática e a veia porta se dividem 
em ramos direito e esquerdo; esses ramos primários suprem as partes direita e esquerda do fígado, 
BIANCA ABREU-MD4 5 
 
respectivamente. Nas partes direita e esquerda do fígado, as ramificações secundárias simultâneas da veia 
porta e da artéria hepática suprem as divisões medial e lateral, com três dos quatro ramos secundários 
sofrendo ramificações adicionais (terciárias) para suprirem independentemente 7 dos 8 segmentos hepáticos 
Sistema Venoso Aferente: entre as divisões estão as Veias Hepáticas Direita, Intermédia e Esquerda, que são 
Intersegmentares em sua distribuição e função, drenando partes dos segmentos adjacentes. As Veias 
Hepáticas, formadas pela união das Veias Coletoras que, por sua vez, drenam as Veias Centrais do Parênquima 
Hepático, abrem-se na Veia Cava Inferior logo abaixo do Diafragma. A fixação dessas Veias à Veia Cava 
Inferior ajuda a manter o Fígado em posição; 
Sistema Venoso Eferente: a Veia Porta Hepática representa a confluência das Veias Esplênica, Mesentérica 
Superior e Mesentérica Inferior e, portanto, drena o Baço, o Estômago, o Pâncreas, o Intestino Delgado e o 
Colo. Ascende anteriormente à Veia Cava Inferior como parte da Tríade Portal no Ligamento Hepatoduodenal. 
Em nível microscópico, o sangue perfunde o fígado por uma série de capilares sinusóides, os quais consistem 
em cavidades de baixa resistência, que recebem suprimento sanguíneo tanto dos ramos da veia porta do 
fígado quanto da artéria hepática. Em repouso, muitos desses sinusóides estão colapsados, ao passo que, à 
medida que o fluxo sanguíneo porta para o fígado aumenta coincidentemente com a ingestão e a absorção 
de uma refeição, eles são gradualmente recrutados para possibilitar a perfusão do fígado com um volume 
muito maior por unidade de tempo, mas apenas com elevação mínima da pressão. 
O fígado também possui uma organização morfológica que sustenta suas funções. Essa organização baseia-
se na denominada tríade hepática de ramos da veia porta hepática, da artéria hepática e dos ductos biliares. 
O sangue flui para um ramo da veia porta no centro das áreas portais, as quais estão ligadas, por cordões 
anastomosados de hepatócitos cuboides, a uma vênula central que, por sua vez, drena na veia hepática. De 
modo semelhante, ramos da artéria hepática seguem seu percurso próximo aos ductos biliares e 
provavelmente desempenham um importante papel no suprimento de energia e nutrientes às células epiteliais 
dos ductos biliares, sustentando suas funções de transporte. 
 
A veia centrolobular possui uma parede delgada formada apenas por células endoteliais, suportadas por uma 
quantidade esparsa e fibras colágenas. À medida que a veia central progride ao longo do lóbulo, recebe mais 
e mais sinusoides, aumentando gradualmente de tamanho. Ao final, deixa o lóbulo hepático em sua base e 
se funde à veia sublobular, de maior diâmetro. As veias sublobulares gradualmente convergem e se fundem, 
formando duas ou mais grandes veias hepáticas que desembocam na veia cava inferior. 
A Veia Porta Hepática se 
ramifica repetidamente e 
envia pequenas Vênulas 
Portais (Interlobulares) 
aos Espaços Porta
As Vênulas Portais 
(Interlobulares), por sua 
vez, ramificam-se em 
Vênulas Distribuidoras, 
que correm ao redor da 
periferia do Lóbulo 
A partir das Vênulas 
Distribuidoras, pequenas 
Vênulas desembocam 
nos Capilares Sinusóides 
Os Capilares Sinusóides, 
por sua vez, convergem 
para o centro de cada 
Lóbulo para formar a 
Veia Central ou 
Centrolobular
BIANCA ABREU-MD4 6 
 
 
Esta direção do fluxo sanguíneo explica parcialmente por que o comportamento das células periféricas 
(perilobulares) difere das células centrais (centrolobulares). Essa dualidade de comportamento dos 
hepatócitos é particularmente evidente em determinadas patologias, em que alterações podem ser observadas 
nas células periféricas ou nas células centrais do lóbulo. 
 
Os nervos do fígado são derivados do plexo hepático, o maior derivado do plexo celíaco. O plexo hepático 
acompanha os ramos da artéria hepática e da veia porta até o fígado. Esse plexo é formado por fibras 
simpáticas do plexo celíaco e fibras parassimpáticas dos troncos vagais anterior e posterior. As fibras nervosas 
acompanham os vasos e os ductos biliares da tríade portal. Além da vasoconstrição, sua função não é clara, 
Organização estrutural 
O parênquima, que consiste em placas organizadas de hepatócitos que, no adulto, têm geralmente a espessura 
de uma célula e são limitados por capilares sinusoidais. Em indivíduos de até 6 anos de idade, as células 
hepáticas estão dispostas em placas com espessura de duas células 
O estroma de tecido conjuntivo, que é contínuo com a cápsula fibrosa de Glisson. Vasos sanguíneos, nervos, 
vasos linfáticos e ductos biliares seguem o seu trajeto no estroma do tecido conjuntivo 
Os capilares sinusoidais (sinusoides), que são os canais vasculares entre as placas de hepatócitosOs espaços perissinusoidais (espaços de Disse), que se localizam entre o endotélio sinusoidal e os hepatócitos. 
O fígado pode ser visto como uma unidade funcional composta de três elementos fundamentais: o lóbulo 
clássico, o lóbulo porta e o ácino hepático 
O lóbulo clássico é a maneira tradicional de descrever a organização do parênquima hepático, sendo 
relativamente fácil de identificar. A organização morfofuncional do lobo fundamenta-se na distribuição dos 
ramos da veia porta e da artéria hepática no órgão e na via que o sangue proveniente de ambas segue até 
alcançar e perfundir as células hepáticas. O lóbulo hepático clássico é formado por massa de tecido com 
formato aproximadamente hexagonal. O lóbulo clássico consiste em pilhas de placas anastomosadas de 
A Artéria Hepática se ramifica 
repetidamente e forma as 
Arteríolas Interlobulares, 
localizadas nos Espaços Porta 
Algumas dessas Arteríolas irrigam 
estruturas do Espaço Porta e 
outras formam Arteríolas que 
desembocam diretamente nos 
Sinusóides Hepáticos, provendo 
uma mistura de Sangue Arterial e 
Venoso Portal nesses Capilares 
O sangue flui da periferia ao 
centro do Lóbulo Hepático. Desse 
modo, Oxigênio e Metabólitos, 
assim como Substâncias Tóxicas e 
não Tóxicas absorvidas no 
Intestino, alcançam primeiro as 
Células Periféricas e, em seguida, 
as Células Centrolobulares
BIANCA ABREU-MD4 7 
 
hepatócitos, com uma célula de espessura, intercaladas por um sistema anastomosado de vasos sinusoides 
que perfundem as células com uma mistura de sangue porta e arterial. No centro do lóbulo, há uma vênula 
relativamente grande, a vênula hepática terminal (veia central do lóbulo), para a qual drenam os sinusoides. 
As placas de células, bem como os sinusoides, irradiam-se a partir da veia central para a periferia do lóbulo. 
Nos ângulos do hexágono, estão as áreas porta (canais porta), que consistem em um estroma de tecido 
conjuntivo frouxo caracterizado pela existência das tríades porta. Esse tecido conjuntivo é contínuo com a 
cápsula fibrosa do fígado. 
O canal porta é margeado pelos hepatócitos mais externos do lóbulo. Nas margens do canal porta, entre o 
estroma de tecido conjuntivo e os hepatócitos, há um pequeno espaço denominado espaço periportal (espaço 
de Mall). Acredita-se que tal espaço constitua um dos locais de origem da linfa no fígado. Há geralmente 
uma quantidade muito pequena de tecido conjuntivo interlobular. 
O lóbulo porta enfatiza as funções exócrinas do fígado. A principal função exócrina do pâncreas consiste na 
secreção biliar. Por conseguinte, o eixo morfológico do lóbulo porta é o ducto biliar interlobular da tríade 
porta do lóbulo clássico. Suas margens externas são linhas imaginárias traçadas entre as três veias centrais 
que estão mais próximas daquela tríade porta. Essas linhas definem um bloco aproximadamente triangular 
de tecido, que inclui as porções dos três lóbulos clássicos que secretam a bile que drena para o seu ducto 
biliar axial. Esse conceito possibilita uma descrição da estrutura parenquimatosa hepática comparável com a 
de outras glândulas exócrinas. 
O ácino hepático constitui a unidade estrutural que fornece a correlação entre a perfusão sanguínea, a 
atividade metabólica e a existência de doença O ácino hepático tem formato de um losango e representa a 
menor unidade funcional do parênquima hepático. O eixo curto do ácino é definido pelos ramos terminais da 
tríade porta que se situa ao longo da borda entre dois lóbulos clássicos. O eixo longo do ácino é uma linha 
traçada entre as duas veias centrais mais próximas do eixo curto. Por conseguinte, em uma vista bidimensional, 
o ácino hepático ocupa partes de lóbulos clássicos adjacentes. Isso possibilita descrição da função secretora 
exócrina do fígado comparável com a do lóbulo porta. 
Os hepatócitos em cada ácino hepático são descritos como dispostos em três zonas elípticas concêntricas 
circundando o eixo curto: 
• A zona 1 está mais próxima do eixo curto e do suprimento sanguíneo a partir dos ramos da veia 
porta e da artéria hepática; corresponde à periferia dos lóbulos clássicos 
• A zona 3 é a mais distante do eixo curto e a mais próxima da veia hepática terminal (veia central) 
; corresponde à parte mais central do lóbulo clássico que circunda a veia hepática terminal 
• A zona 2 fica entre as zonas 1 e 3, mas não tem limites bem definidos. 
O zoneamento é importante na descrição e na interpretação dos padrões de degeneração, regeneração e 
efeitos tóxicos específicos no parênquima hepático com relação ao grau ou à qualidade da perfusão vascular 
das células hepáticas. Em consequência do fluxo sanguíneo sinusoidal, o gradiente de oxigênio, a atividade 
metabólica dos hepatócitos e a distribuição das enzimas hepáticas variam nas três zonas. A distribuição do 
dano hepático em consequência de isquemia e exposição a substâncias tóxicas pode ser explicada quando se 
utiliza essa interpretação zonal. As células da zona 1 são as primeiras a receber oxigênio, nutrientes e toxinas 
do sangue sinusoidais e as primeiras a sofrer alterações morfológicas após oclusão do ducto biliar (estase 
biliar). Essas células também são as últimas a morrer se a circulação estiver comprometida, e as primeiras a 
se regenerar. Por outro lado, as células da zona 3 são as primeiras a exibir necrose isquêmica (necrose 
BIANCA ABREU-MD4 8 
 
centrolobular) em situações de perfusão reduzida e as primeiras a apresentar acúmulo de gordura. São as 
últimas a responder a substâncias tóxicas e à estase biliar. Variações normais na atividade enzimática, no 
número e no tamanho das organelas citoplasmáticas e no tamanho dos depósitos de glicogênio citoplasmático 
também são observadas entre as zonas 1 e 3. As células na zona 2 apresentam características funcionais e 
morfológicas e respostas intermediárias entre as das zonas 1 e 3. 
Espaço de Disse: é um espaço que contém uma camada de tecido conjuntivo frouxo situada entre o endotélio 
dos capilares sinusóides e a membrana basal dos hepatócitos. Ele é altamente permeável à troca bidirecional 
de solutos entre o fluxo sanguíneo sinusoidal e os hepatócitos. Essa troca é fisiologicamente importante, não 
apenas devido ao grande número de macromoléculas (como: lipoproteínas, albumina, fibrinogênio) secretadas 
dos hepatócitos ao sangue, mas também porque o fígado capta e cataboliza muitas moléculas grandes 
No espaço de disse (espaço perissinusoidal), são encontradas células de ito (células estreladas hepáticas), as 
quais são armazenadoras de lipídeos e contêm inclusões lipídicas ricas em vitamina a. No fígado saudável, 
desempenham diversas funções: como captação, armazenamento e liberação de retinoides; síntese e secreção 
de várias proteínas da matriz extracelular e proteoglicanos; secreção de fatores de crescimento e citocinas; 
e regulação do diâmetro do lúmen sinusoidal em resposta a diferentes fatores reguladores (prostaglandinas, 
tromboxano a2, etc.). 
Curiosidade! No fígado cronicamente doente as células de lto proliferam e adquirem características de 
miofibroblastos, com ou sem as inclusões lipídicas. Sob tais condições, essas células são observadas próximo 
aos hepatócitos lesionados e são muito importantes no desenvolvimento da fibrose, inclusive da fibrose 
secundária à doença alcoólica do fígado. Com a suprarregulação de produção da matriz extracelular (colágeno), 
este colágeno é depositado no espaço de disse e compromete a função hepática. 
Células de kupffer: além das células endoteliais, os sinusóides hepáticos contêm células derivadas da linhagem 
de macrófagos conhecidos como células de kupffer. Estas células se encontram na superfície luminal das 
células endoteliais, ou sejam revestem o epitélio sinusoidal ao lado da corrente sanguínea, e constituem cerca 
de 15% da população celular do fígado. Muitas estão localizadas na região periférica do lóbulo hepático, onde 
são muito ativas na fagocitose. Suas principais funções são: metabolizar hemáciasvelhas, digerir hemoglobina, 
secretar proteínas relacionadas com processos imunológicos e destruir bactérias que eventualmente 
penetrem o sangue portal a partir do intestino grosso 
Hepatócitos: são células poliédricas, com seis ou mais superfícies com diâmetro que varia de 20 a 30 mm. 
Possuem citoplasma acidófilo/eosinofílico, devido, principalmente, ao grande número de mitocôndrias e à 
presença de retículo endoplasmático liso. Os hepatócitos apresentam diferentes características estruturais, 
histoquímicas e bioquímicas de acordo com sua localização a distâncias variáveis dos espaços porta. 
Como visto anteriormente, a superfície da cada hepatócito está em contato com a parede do capilar sinusóide 
por meio do espaço de disse, e com a superfície de outros hepatócitos. Quando dois hepatócitos se encontram, 
delimitam espaços tubulares entre si conhecido como canalículos biliares, que constituem a primeira porção 
do sistema de ductos biliares. Os canalículos são delimitados apenas pela membrana plasmática dos 
hepatócitos e contêm poucos microvilos em seu interior. As membranas celulares próximas a esse canalículos 
são firmemente unidas por junções de oclusão. 
BIANCA ABREU-MD4 9 
 
 
Junções comunicantes do tipo gap ocorrem frequentemente entre os hepatócitos e são importantes na 
comunicação intercelular, participando do processo de coordenação das atividades fisiológicas dessas células. 
Os canalículos biliares formam uma rede complexa que se anastomosa progressivamente ao longo das placas 
celulares do lóbulo hepático e terminam no espaço porta. 
Sendo assim, a bile flui na direção contrária do sangue, ou seja, do centro do lóbulo hepático à periferia. Na 
periferia, a bile adentra os dúctulos biliares (canais de hering), constituídos por células cúbicas. Em seguida, 
os canais de hering dessembocam nos ductos biliares do espaço porta. Os ductos biliares, por sua vez, são 
formados por epitélio cúbico ou colunar e contêm uma bainha de tecido conjuntivo. Esses ductos 
gradualmente aumentam e se fundem, formando o ducto hepático que, subsequentemente, deixa o fígado. 
1. O hepatócito contém um ou dois núcleos arredondados, com um ou dois nucléolos cada. Alguns 
núcleos são poliploides, contendo múltiplos do número haploide de cromossomos. Núcleos poliploides 
são caracterizados pelo seu tamanho maior, que é proporcional à ploidia; 
2. Contém abundantes retículo endoplasmático liso e rugoso; 
No hepatócito, o retículo endoplasmático rugoso forma agregados que se dispersam no citoplasma, 
denominados corpos basofílicos. Nessas estruturas, em polirribossomos, são sintetizadas diversas proteínas, 
como albumina e fibrinogênio. No retículo endoplasmático liso, distribuído difusamente pelo citoplasma, 
ocorrem importantes processos. Esta organela é responsável pelos processos de oxidação, metilação e 
conjugação requeridos à inativação ou detoxificação de diversas substâncias para posterior excreção pelo 
organismo. 
Um dos principais processos que acontecem no retículo endoplasmático liso é a conjugação da bilirrubina 
tóxica e hidrofóbica com o glucuronato pela enzima glucuroniltransferase, para formar o glucoronato de 
bilirrubina, não tóxico e solúvel em água, o qual é excretado na bile pelos hepatócitos 
A bilirrubina resulta, principalmente, da quebra da hemoglobina e é formada pelo sistema fagocitário 
mononuclear (como as células de kupffer), sendo transportada aos hepatócitos, quando bilirrubina ou 
glucuronato de bilirrubina não são excretados, podem ocorrer várias doenças caracterizadas por icterícia. 
Curiosidade! Uma das causas mais frequentes de icterícia (pigmentos biliares no sangue) em recém-nascidos 
é o estado subdesenvolvido do retículo endoplasmático liso de seus hepatócitos (hiperbilirrubinemia neonatal). 
O tratamento atual para esses casos é a exposição à luz azul de lâmpadas fluorescentes comuns, 
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procedimento que transforma a bilirrubina não conjugada em um fotoisómero solúvel em água que pode ser 
excretado pelos rins. 
3. O hepatócito frequentemente contém glicogênio. Este polissacarídeo é visualizado no microscópio 
eletrônico sob a forma de agregados no citosol, frequentemente associados ao retículo 
endoplasmático liso. A quantidade de glicogênio no fígado varia de acordo com o ritmo circadiano e 
depende do estado nutricional do indivíduo. O glicogênio hepático é um depósito de glicose, que é 
mobilizado nos casos de hipoglicemia, contribuindo, assim, à manutenção da glicemia; 
4. Cada hepatócito contém aproximadamente duas mil mitocôndrias; 
5. Contém gotículas lipídicas, cuja quantidade é variável; 
6. Os lisossomos dos hepatócitos são importantes na degradação e renovação de organelas 
citoplasmáticas; 
7. Os peroxissomos são abundantes nos hepatócitos e contêm enzimas em seu interior. Possuem as 
funções de: (1) oxidação de ácidos graxos em excesso; (2) quebra do peróxido de hidrogênio gerado 
pela oxidação dos ácidos graxos (pela atividade da enzima catalase); (3) quebra de purinas em 
excesso (ampcíclico, gmpcíclico) com consequente formação de ácido úrico e (4) participação na 
síntese de colesterol, ácidos biliares e alguns lipídeos utilizados na síntese de mielina; 
8. Os complexos de golgi dos hepatócitos também são numerosos (até 50 por célula). As funções 
dessa organela incluem: (1) formação de lisossomos e a (2) secreção de proteínas plasmáticas (como: 
albumina e proteínas do sistema complemento), glicoproteínas (como a transferrina) e lipoproteínas 
(como o vldl). 
Obs.: Regeneração Hepática→ apesar de ter um ritmo lento de renovação celular, o fígado apresenta uma 
capacidade de regeneração extraordinária. em alguns animais, a perda de tecido hepático por remoção 
cirúrgica ou pela ação de substâncias tóxicas dispara um mecanismo pelo qual os hepatócitos começam a se 
multiplicar, continuando até que a massa original de tecido tenha sido restaurada. em humanos, essa 
capacidade é consideravelmente restrita, mas sua importância reside no fato de que partes de um fígado 
podem ser utilizadas em transplantes cirúrgicos. 
Destacam-se como principais funções do fígado: metabolismo de diversos nutrientes (proteínas, lipídeos e 
carboidratos); papel imunológico; síntese proteica e de outras moléculas; armazenamento de vitaminas e fe+2; 
degradação hormonal; inativação de drogas, fármacos e toxinas. O fígado metaboliza uma enorme variedade 
de compostos, não só endógenos (como sais biliares, bilirrubina e hormônios), mas também exógenos (como 
drogas e toxinas). 
Fígado e Destoxificação 
O fígado atua como porteiro, ao limitar a entrada de substâncias tóxicas, na corrente sanguínea, e como 
lixeiro, ao remover os produtos metabólicos potencialmente tóxicos, produzidos em outras partes do corpo e 
convertê-los em formas químicas que podem ser excretadas. 
O fígado executa essas funções, em parte, devido a seu suprimento sanguíneo atípico. Ao contrário dos 
demais órgãos, a maior parte do sangue que chega ao fígado é venoso e provém do intestino trazido pela 
veia porta. Como tal, o fígado está em local estratégico para receber não apenas os nutrientes absorvidos, 
mas também as moléculas absorvidas que são potencialmente nocivas, como os fármacos e as toxinas 
bacterianas. 
Dependendo da eficiência com que essas moléculas são removidas pelos hepatócitos e submetidas ao 
chamado metabolismo da primeira passagem, somente algumas dessas moléculas atingem a circulação 
sistêmica ou, até mesmo, nenhuma molécula chega ao sangue. Essa é a principal razão pela qual nem todos 
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os agentes farmacêuticos são capazes de atingir concentrações sanguíneas terapêuticas, quando 
administrados por via oral. 
O fígado tem dois níveis de defesa para a remoção e a metabolização ou destoxificação das substâncias que 
chegam ao fígado pela circulação porta. O primeiro nível é físico. Ao entrar no fígado, o sangue passa por 
entre as células da linhagem macrofágica, conhecidas comocélulas de Kupffer. São fagócitos particularmente 
importantes para a remoção do material particulado do sangue porta, inclusive bactérias colônicas que podem 
entrar na circulação, mesmo em condições normais. O segundo nível de defesa é bioquímico. Os hepatócitos 
são dotados de grande variedade de enzimas que metabolizam e modificam as toxinas endógenas e as 
exógenas, a fim de que os produtos resultantes dessas ações sejam, de modo geral, mais solúveis em água 
e menos suscetíveis à reabsorção intestinal 
As reações metabólicas envolvidas são divididas em duas classes. As reações de fase I (oxidação, hidroxilação 
e outras reações, catalisadas pelas enzimas do complexo citocromo P-450) são seguidas pelas reações de 
fase II, que conjugam os produtos resultantes com outra molécula, como ácido glicurônico, sulfato, 
aminoácidos ou glutationa, a fim de promover sua excreção. Os produtos dessas reações são excretados na 
bile ou retornam à corrente sanguínea para serem, por fim, excretados pelos rins 
Papel do Fígado na Excreção 
 Os rins desempenham papel importante na excreção de catabólitos hidrossolúveis. Apenas os catabólitos 
hidrossolúveis relativamente pequenos podem ser excretados pelo processo da filtração glomerular. Os 
catabólitos hidrossolúveis maiores e as moléculas ligadas a proteínas plasmáticas, que incluem metabólitos e 
xenobióticos lipofílicos, hormônios esteroides e metais pesados, não podem ser filtrados pelos glomérulos e 
são potencialmente nocivos quando se acumulam no organismo. Por essa razão, é preciso que exista 
mecanismo que elimine essas substâncias do corpo. Esse mecanismo existe e envolve o fígado, que se 
encarrega de excretar tais substâncias na bile. 
Essas substâncias se ligam, com grande afinidade, a um conjunto de transportadores localizados na membrana 
basolateral dos hepatócitos e, no interior dos hepatócitos, elas são metabolizadas no compartimento 
microssômico e no citosol. Por fim, as substâncias destinadas à excreção biliar atravessam a membrana 
canalicular dos hepatócitos com o auxílio de conjunto diferente de transportadores. As características da bile 
permitem a solubilização até mesmo das substâncias lipofílicas, que podem, então, ser excretadas para o 
intestino e, por ali, deixar o corpo nas fezes. 
O fígado tem um papel essencial em manter a glicemia mais ou menos constante e dentro da faixa de 
normalidade. Quando os níveis de glicose estão altos, o fígado capta a glicose por meio de um processo de 
difusão facilitada (mecanismo independente da regulação pela insulina), e que ocorre através dos 
transportadores glut-2 presentes na membrana basolateral dos hepatócitos. Muita da glicose captada é 
convertida em glicogênio (glicogênese), que funciona como reserva de glicose. Se os níveis glicêmicos estão 
baixos, o glicogênio armazenado é convertido em glicose (glicogenólise) que, por sua vez, é liberada para o 
plasma através dos mesmos canais glut-2. No fígado, ocorre também o processo de gliconeogênese, isto é, a 
conversão de aminoácidos, glicerol e alguns carboidratos simples (como o lactato) em glicose. 
Captação da glicose: em todas as células a glicose é transportada através de transportadores, de uma área 
de maior concentração para uma de menor, por difusão facilitada (exceção feita a célula intestinal e túbulo 
renal, realizada por cotransporte ativo de na+ /glicose, em que o transporte ativo do na+ fornece energia para 
absorver a glicose contra diferença de concentração) que é possível a proteína transportadora de glicose 2 
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(glut 2) da membrana. A velocidade de transporte da glicose é acentuadamente aumentada pela insulina. A 
quantidade de glicose passível de se difundir para o interior da maioria das células na ausência de insulina 
é insuficiente para o metabolismo energético, com exceção dos hepatócitos e neurônios. Logo, nestas células 
o transporte de glicose não é dependente da insulina. 
Fosforilação da Glicose: logo após sua entrada nas células, a glicose se liga a um radical fosfato pela enzima 
glicocinase no fígado e pela enzima hexocinase, na maioria das outras células. A fosforilação da glicose é 
quase inteiramente irreversível, exceto nas células hepáticas, nas células do epitélio tubular renal e do epitélio 
intestinal; nessas células existe outra enzima, a glicose fosfatase, que, quando é ativada, é capaz de reverter 
a reação. Na maioria dos tecidos do corpo, a fosforilação tem como finalidade manter a glicose no interior 
das células, pois impede sua difusão de volta para fora, exceto nas células especiais, principalmente, nas 
células hepáticas que contêm a enzima glicose fosfatase. Depois de sua captação para o interior da célula, 
a glicose pode ser usada imediatamente para liberar energia ou pode ser armazenada sob a forma de 
glicogênio 
Glicogênese: representa a transformação da glicose em glicogênio. A glicose-6-fosfato pode se tornar glicose-
1- fosfato; essa substância é convertida em uridinadifosfatoglicose que, finalmente, é convertida em glicogênio. 
Alguns compostos menores (ácido lático, glicerol, ácido pirúvico e alguns aminoácidos desaminados) também 
podem ser convertidos em glicose ou em compostos muito próximos e, em seguida, em glicogênio. 
 
Glicogenólise: representa a quebra do glicogênio armazenado na célula para formar, novamente, a glicose. A 
glicogenólise não ocorre pela reversão das mesmas reações químicas que formam o glicogênio; ao contrário, 
cada molécula de glicose sucessiva em cada ramo do polímero de glicogênio se divide por meio de fosforilação 
catalisada pela enzima fosforilase. O processo tanto no fígado quanto no tecido muscular é igual até atingir 
a molécula glicose-1-fosfato 
o Como o Fígado realiza o controle da Glicemia, quando o mesmo faz o processo de Glicogenólise é 
para liberar Glicose no sangue, logo a molécula de “Glicose-6-Fosfato” é convertida em Glicose por 
meio da Enzima Glicose6-Fosfatase e por meio do Transportador GLUT2 vai para a Corrente 
Sanguínea; 
o O Músculo realiza o processo de Glicogenólise quando precisa produzir ATP e não há Glicose para 
isso. Logo, o Glicogênio é quebrado até “Glicose-6-Fosfato” e direcionado à Glicólise. 
Em condições de repouso, a Fosforilase está na forma inativa, de modo que o Glicogênio permanece 
armazenado. Regulação: (1) Ativada por Glucagon, Adrenalina, Ca+2 e AMP; (2) Inibida por Insulina, ATP e 
Glicose. 
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Glicólise: consiste na clivagem da Glicose para formar 2 Ácidos Pirúvicos. O modo mais importante de liberar 
energia da molécula de Glicose é iniciado pela Glicólise. Os produtos finais da Glicólise são então oxidados 
para fornecer energia. A Glicólise ocorre mediante 10 Reações Químicas Sucessivas: 
 
1. Glicose é primeiro convertida em frutose-1,6-difosfato; 
2. Depois é fracionada em duas moléculas de gliceraldeído-3-fosfato e cada uma delas é então 
convertida por mais cinco etapas adicionais em ácido pirúvico. 
Importante! Metabolismo muscular: para obtenção de energia sob a forma de atp, a glicose é convertida a 
piruvato através da glicólise. Durante o metabolismo aeróbio normal, o piruvato é então oxidado pelo oxigênio 
molecular a co2 e h2o. Durante um curto período de intenso esforço físico, a distribuição de oxigênio aos 
tecidos musculares pode não ser suficiente para oxidar totalmente o piruvato. Nestes casos, a glicose é 
convertida a piruvato e depois a lactato, através da via da fermentação láctica, obtendo os músculos atp, 
sem recorrer ao oxigênio. Este lactato se acumula no tecido muscular e difunde-se posteriormente para a 
corrente sanguínea. Quando o esforço físico termina, o lactato é convertido a glicose através da 
gliconeogênese, no fígado. 
Gliconeogênese: consiste na síntese de nova Glicose a partir de: (1) Aminoácidos (provenientes do Tecido 
Muscular); (2) Glicerol (proveniente do Tecido Adiposo); e (3) Lactato (proveniente das Hemácias e do 
Músculo). O processo é ativado em Período de Jejum a LongoPrazo e é realizado pelo Fígado e Rins. 
Vamos começar a entender o processo a partir do Piruvato que é direcionado à Mitocôndria para se 
transformar em Acetil Coenzima A e ir para o Ciclo de Krebs. Quando há muita Acetil CoA, não há necessidade 
de converter mais Piruvato, então o mesmo é convertido em Oxaloacetato (uma das moléculas que participam 
do Ciclo de Krebs) por meio da Enzima Piruvato Carboxilase para sair da Mitocôndria e voltar ao Citosol para 
produzir Glicose. Porém, a Membrana Mitocondrial é impermeável ao Oxaloacetato, então há a necessidade 
de converte-lo em Malato, por meio da Enzima Malato Desidrogenase e assim, sair da organela. 
Em sequência, é transformado novamente em Oxaloacetato, agora fora da Mitocôndria, e convertido em PEP 
por meio da Enzima Fosfoenolpiruvato Carboxiquinase e por diversas reações reversíveis chega à Frutose-1,6-
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Bisfosfato que precisa da Enzima Frutose-1,6-Bisfosfatase para ser transformado em Frutose-6-Fosfato. Por 
fim, a molécula de Glicose-6-Fosfato, para ser convertida em Glicose precisa da Enzima Glicose-6-Fosfatase. 
Mas onde entram o Lactato, os Aminoácidos e os Gliceróis? 
o Lactato: é uma das moléculas que forma o Piruvato; 
o Aminoácidos: atuam no Ciclo de Krebs, logo ajudam a formar as moléculas de Oxaloacetato e Malato; 
o Glicerol: auxilia na formação da molécula de DHAP 
Regulação 
o Glucagon e Adrenalina incentivam a produção de Lactato e Glicerol; 
o Glucagon e cortisol induz a síntese de Lipídeos; 
o Insulina, AMP e ADP inibem a Gliconeogênese 
Diferenças da glicólise para a gliconeogênese: a maioria de suas reações é similar, porém não são apenas 
inversões uma da outra. Na glicólise, as reações são reversíveis, porém algumas reações são irreversíveis (as 
q só tem 1 seta) e a célula não consegue revertê-las. Nesse momento a célula precisa fazer um desvio para 
formar a glicose a partir do piruvato.. 
 
Conversão do Ácido Pirúvico em Acetilcoenzima A: o próximo estágio na degradação da glicose é a conversão 
em duas etapas das 2 moléculas de ácido pirúvico em 2 moléculas de acetilcoenzima a, na mitocôndria, 
segundo a reação: 1 Ácido Pirúvico + 1 Coenzima a → Acetil-coa + 2 CO2 + 4 H+ . Nessa conversão, não se 
forma atp, mas até seis moléculas de atp são formadas quando os quatro átomos de hidrogênio liberados 
são posteriormente oxidados. 
Metabolismo dos Lipídeos: os lipídios absorvidos no trato gastrointestinal deixam o intestino através do 
sistema linfático, sob a forma de quilomícrons (união de triglicerídeos de origem exógena, colesterol livre, 
fosfolipídios e proteínas). Estes quilomícrons entram na corrente sanguínea passam pelos capilares de vários 
tecidos, especialmente do tecido adiposo, do músculo esquelético e do coração e sofrem a ação da enzima 
lipase lipoproteica, presente na superfície das células endoteliais. Essa enzima hidrolisa os triglicerídeos e 
fosfolipídios dos quilomícrons à medida que entram em contato com a parede endotelial, liberando assim 
ácidos graxos e glicerol que são captados pelos adipócitos e fibras musculares para serem usados como 
combustível ou novamente sintetizados em triglicerídeos. 
A parte da molécula que resulta deste processo é denominado remanescente dos quilomícrons, o qual é 
captado e metabolizado pelo fígado, sendo o receptor hepático responsável pela captação dessas estruturas 
o receptor de ldl relacionado a proteínas (lrp). 
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O fígado também sintetiza e secreta lipoproteínas (principal fonte de triglicerídeos e colesterol para outros 
tecidos) na forma de vldls, a partir de lipídios e colesterol absorvidos pela dieta, ou pela síntese de novo. Os 
vldls sofrem ação da enzima lipase lipoproteica, que remove triglicerídeos da molécula, formando o idl e, 
posteriormente, o ldl. O colesterol é transportado dos tecidos ao fígado pelas hdl, onde é absorvido pela 
enzima lipase hepática, liberando apolipoproteínas, colesterol e triglicerídeos ao fígado; entretanto, esse 
colesterol pode ser novamente reciclado para a forma de ldl ou vldl a partir da ação da enzima cetp (proteína 
transportadora de éster de colesterol). 
Assim, o fígado é caracterizado por ser o órgão responsável pela homeostasia do colesterol, não só pela sua 
capacidade de sintetizar colesterol a partir da enzima hmg-coa redutase, mas principalmente porque a 
conversão hepática de colesterol em ácidos biliares, a partir da ação da enzima 7α-hidroxilase, é a via mais 
importante de eliminação do colesterol do organismo humano. As principais funções do fígado no metabolismo 
dos lipídios são: 
1. Degradar os ácidos graxos em pequenos compostos que podem ser usados como fonte de energia; 
2. Sintetizar triglicerídeos, principalmente a partir de carboidratos, mas em menor extensão, também 
de proteínas; 
3. Sintetizar outros lipídios a partir dos ácidos graxos, em especial colesterol e fosfolipídios. 
 
Hidrólise de triglicerídeos em ácidos graxos + glicerol: é a primeira etapa na utilização de triglicerídeos como 
fonte de energia. Tanto os ácidos graxos como o glicerol são transportados no sangue para os tecidos ativos, 
onde vão ser oxidados para liberar energia: 
Glicerol: quando penetra no tecido ativo, é transformado em glicerol-3-fosfato que entra na via glicolítica 
para a metabolização da glicose e então é utilizado como fonte de energia; 
Ácidos graxos: antes que os ácidos graxos possam ser empregados como energia, eles devem ser processados 
nas mitocôndrias, pois a sua degradação e oxidação só ocorrem lá: 
1. Transporte dos ácidos graxos para as mitocôndrias. Processo mediado por transportador que usa a 
carnitina como substância carreadora; 
2. Chegando lá, se separam da carnitina e sofrem o processo de beta-oxidação para a degradação dos 
ácidos graxos. Essa β-oxidação pode ocorrer em todas as células do corpo, porém com mais rapidez 
nos hepatócitos: 
a. Ácido graxo se combina com a coenzima a (coa) para formar a acil-coa graxo; 
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b. Posteriormente (reações 2,3,4), o carbono beta do acil-coa graxo sofre sucessivas oxidações ao se 
ligar a uma molécula de oxigênio; 
c. Por fim (reação 5), há a liberação de acetil-coa no líquido celular ao mesmo tempo que outra 
molécula de coa se liga à extremidade da porção restante da molécula de ácido graxo, formando, 
assim, nova molécula de acetil-coa graxo; 
3. Acetil-coa pode entrar no ciclo do ácido cítrico (de krebs) e ser oxidada para liberar energia. No 
ciclo de krebs, une-se ao oxaloacetato e forma o citrato. O citrato, no citosol, é transformado 
novamente em acetil-coa e oxaloacetato, através da enzima citratoliase (altamente estimulada por 
insulina). 
O oxaloacetato é transformado em malato pela enzima malato desidrogenase e é transportado de volta ao 
interior da mitocôndria e permite que siga contínua a lipogênese, pois é o precursor do citrato, como dito 
anteriormente; 
Já o acetil-coa gerado entra em uma via metabólica que produzirá ácidos graxos, sendo ela: acetil-coa ao se 
juntar com co2 gera maloni-coa, que logo perde sua coenzima a e começa a ser transportada por uma 
proteína carregadora de acila (acp). Este acp retorna ao início do ciclo mais seis vezes, ao final de todas 
estas vias é formando o palmitato, que é um éster precursor dos ácidos graxos saturados de cadeia longa. 
Síntese de triglicerídeos a partir de carboidratos: sempre que a quantidade de carboidratos ingerida é maior 
do que a que pode ser usada de imediato como fonte de energia ou do que pode ser armazenada sob forma 
de glicogênio, o excesso é rapidamente transformado em triglicerídeos e armazenado, desse modo, no tecido 
adiposo. 
Nos seres humanos, a maior parte da síntese de triglicerídeos ocorre no fígado, mas quantidades diminutas 
também são sintetizadas pelo próprio tecido adiposo. Os triglicerídeos, formados no fígado, são transportados 
em sua maior parte pelos vldl’s ao tecido adiposo, onde são armazenados. Sua síntese ocorre a partirdo 
seguinte processo: 
1. Conversão da acetil-coa em ácidos graxos, usando a malonil-coa e nadph como intermediários. Essa 
conversão ocorre durante a degradação normal da glicose pelo sistema glicolítico; 
2. Depois de sintetizadas, as cadeias de ácidos graxos se ligam ao glicerol (a-glicerolfosfato) para formar 
triglicerídeos; 
Lipólise: é o processo enzimático pelo qual o triacilglicerol, armazenado em gotículas lipídicas celulares, é 
clivado hidroliticamente para gerar glicerol e ácidos graxos livres. 
Lipogênese: é o processo pelo qual o glicerol é esterificado com ácidos graxos livres para formar triglicérides. 
80% do colesterol sintetizado pelo fígado é convertido em sais biliares, que são secretados na bile, o restante 
é transportado nas lipoproteínas e carreado pelo sangue para as células dos tecidos por todo o corpo. Os 
fosfolipídios também são sintetizados no fígado e transportados nas lipoproteínas. Depois que a gordura é 
sintetizada no fígado, ela é transportada nas lipoproteínas para o tecido adiposo (armazenamento). 
A síntese de colesterol ocorre no citosol e no retículo endoplasmático de todas as células nucleadas do 
organismo a partir da acetil-CoA. Em teoria, todas as células dos mamíferos, excetuando eritrócitos maduros, 
têm a capacidade de sintetizar colesterol. Contudo, a síntese endógena ocorre primariamente, em mamíferos, 
em nível de fígado e intestino (cerca de 10% do total do colesterol sintetizado no organismo), sendo que os 
tecidos extra-hepáticos contribuem com uma fração menor. A via da biossíntese do colesterol se processa 
em quatro fases. 
Na primeira, acontece a conversão do acetilcoenzima A (acetil-coA) em mevalonato, um composto com seis 
carbonos (C-6), em três passos: 
1. Duas moléculas de acetil-coA condensam, por ação da enzima tiolase, formando acetoacetil-coA. 
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2. O acetoacetil-coA condensa com uma terceira molécula de acetil-CoA para formar o β-hidroxi-β-
metilglutaril-CoA (HMG-CoA), reação catalisada pela HMG-CoA sintetase. 
3. O HMG-CoA é depois reduzido a mevalonato pela HMG-CoA redutase. 
 
o Na segunda fase, ocorre a conversão do mevalonato em unidades isoprenoides ativadas através da 
adição de três grupos fosfato ao mevalonato, provenientes de três moléculas de ATP, em três passos 
sucessivos. 
o Na terceira fase, forma-se o esqualeno (C-30), através da condensação de seis unidades 
isoprenoides (C-5). 
o Na quarta e última fase, ocorre a ciclização do esqualeno para formar os quatro anéis do núcleo 
esteroide do colesterol, ao nível do retículo endoplasmático. 
Metabolismo Proteico: as Funções Hepáticas mais importantes no Metabolismo Proteico: 
3. Desaminação dos aminoácidos: é necessária antes que possam ser usados como energia e convertidos 
em carboidratos ou lipídios; 
4. Formação de ureia para remoção da amônia dos líquidos corporais, pois são continuamente formadas no 
intestino por bactérias, sendo então absorvidas ao sangue. Logo, se o fígado não formar a ureia, a 
concentração plasmática da amônia se elevará rapidamente, resultando em coma hepático e morte; 
5. Síntese de proteínas: todas as proteínas plasmáticas (ex. Albumina, lipoproteínas, glicoproteínas, 
protrombina, fibrinogênio), com exceção das gamaglobulinas, são formadas pelos hepatócitos. Isso 
representa 90% de todas as proteínas plasmáticas. 
 
Metabolismo dos Corpos Cetônicos: os corpos cetônicos são produtos da transformação de lipídios em glicose, 
apresentam grupo funcional cetona, são sintetizados na matriz mitocondrial dos hepatócitos (fígado) a partir 
de um excesso acetil coa causado pelo excesso de lipólise causado por uma baixa glicemia, ou seja, jejum 
prolongado que aumenta a lipólise. 
A cetogênese (síntese de corpos cetônicos) acontece na mitocôndria dos hepatócitos. O fígado está fazendo 
gliconeogênese para a produção de glicose, com isso está utilizando oxaloacetato e o acetil coa não poderá 
se combinar com o mesmo para a formação de citrato e iniciar o ciclo de krebs, tendo-se então um excedente 
de acetil coa. No fígado dentro da mitocôndria o acetil coa acumulado sofrera ação das tiolases e se juntarão 
para a formação dos corpos cetônicos (ácido acetoacético ou acetoacetato). Estes corpos cetônicos sairão 
da mitocôndria e serão lançados na corrente sanguínea aonde irão para os tecidos neural (cérebro) e muscular 
que são consumidores do mesmo para produção de energia. O beta-hidroxibutirato como combustível aos 
tecidos extra-hepáticos é levado pela corrente sanguínea e é convertido em acetoacetato. 
Importante! Esta é uma fonte de energia importante para algumas células durante jejum prolongado, por 
exemplo, as células nervosas, que não possuem aparato celular para utilização de lipídios como fonte de 
energia (não realizam beta-oxidação). Assim, na ausência de glicose, só dispõem desta fonte de acetil coa 
para utilização no ciclo de krebs. 
As hemácias também dependem de glicose, mas não podem utilizar corpos cetônicos, pois não possuem 
mitocôndria. A produção de corpos cetônicos não é um processo patológico, mas sim fisiológico, a não ser 
em caso da produção muito grande de corpos cetônicos, cetose no plasma sanguíneo que é um efeito 
patológico, por exemplo, no diabético a falta de insulina que causara cetonúria que é a liberação de corpos 
cetônicos pela urina, principalmente, e também pelas vias aéreas e suor. Como os corpos cetônicos possuem 
grupo funcional ácido liberam íons h + em solução aquosa, então quando em grande quantidade no plasma 
sanguíneo abaixa o ph do sangue que em seus valores normais varia de 7,36 a 7,44 sendo no sangue arterial 
o ph normal de 7,41. Quando o ph abaixa muito para valores inferiores a 7,36 que é o limite aceitável começa 
a ocorrer a desnaturação de enzimas e proteínas o que leva a uma acidose metabólica. 
Síntese dos ácidos biliares: 
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1. Começa nos hepatócitos, que transportam ativamente solutos, para os canalículos biliares, através 
da membrana apical; 
2. A etapa inicial de síntese (etapa limitadora da velocidade), na formação dos ácidos biliares, consiste 
na hidroxilação do colesterol na posição 7 do núcleo esteroide por meio da enzima colesterol-7α-
hidroxilase (cyp7a1); 
3. O colesterol possui um grupo 3-hidroxi que está na orientação β, este sofre epimerização, sendo 
convertido na posição α. 
Após essas reações iniciais, as vias subsequentes divergem para produzir os dois ácidos biliares principais dos 
seres humanos: 
1. O 7α-hidroxicolesterol pode sofrer a ação de uma desidroxilase c27 e de várias outras enzimas 
peroxissomais, que encurtam a cadeia lateral alquila e acrescentam um grupo carboxila para produzir o 
ácido quenodesoxicólico, um ácido biliar com 2 hidroxilas; 
2. Na via alternativa, o produto da reação sofre ação da 12α-hidroxilase (cyp8b1), que acrescenta um 
terceiro grupo hidroxila na posição 12 do núcleo esteroide, e, em seguida, ocorre a atividade da 
desidroxilase c27 produzindo, finalmente, o ácido cólico, um ácido biliar com três hidroxilas. 
Obs1: alterações na expressão da cyp8b1, embora não sejam limitadoras de velocidade para a formação de 
bile, resultam em mudanças da razão entre ácido cólico e ácido quenodesoxicólico e, portanto, podem alterar 
as propriedades funcionais da bile resultante. Todos os grupos hidroxila nos ácidos biliares maduros se 
encontram na forma de α-epímeros e, portanto, estão orientados para o mesmo lado da molécula. O colesterol 
é uma molécula plana, insolúvel e um dos principais constituintes das membranas. Em contrapartida, os ácidos 
biliares são moléculas torcidas, que são altamente hidrossolúveis quando ionizadas 
Obs2: a síntese dos ácidos biliares pode ser supra-regulada ou infraregulada, dependendo das necessidades 
do organismo. Por exemplo, quando os níveis de ácidos biliares estão reduzidos no sangue que flui para o 
fígado, a síntese pode aumentar em até 10 vezes. De modo inverso, o fornecimento de ácidos biliares suprimeacentuadamente a síntese dessas substâncias pelos hepatócitos. Os mecanismos que controlam essas 
alterações da síntese dos ácidos biliares estão associados a modificações na expressão das enzimas 
envolvidas, e já se sabe que os ácidos biliares são capazes de ativar diretamente fatores de transcrição 
específicos que medeiam tal regulação 
1. Os aminoácidos inicialmente perdem o seu grupo amino para a molécula de α-cetoglutarato, 
formando um αcetoácido. Nessa reação, o α-cetoglutarato, ao receber o grupo amina, forma a 
molécula de glutamato; nesse momento, o glutamato vai novamente formar a molécula de α-
cetoglutarato e, nesse processo, perde o seu grupo amina ganho durante a formação do α-cetoácido 
a partir dos aminoácidos. Essa transferência de grupos amino entre aminoácidos, glutamato, α-
cetoglutarato e α-cetoácido é catalisada pela enzima aminotransferase, sendo necessária a presença 
do piridoxal-fosfato (plp) como cofator enzimático. 
2. O glutamato pode sofrer 2 processos: 
Transaminação: o glutamato doa o seu grupo amino para a molécula de oxalacetato, que perde uma 
ligação carbonila e recebe o grupamento amino do glutamato, formando a molécula de aspartato, a qual 
está pronta para participar do ciclo da ureia. Entretanto, para que o ciclo se complete, outra molécula 
de glutamato deve sofrer processo de: 
Desaminação: o glutamato reage com o nadp ou nad+ e uma molécula de h2o e, nessa reação, ocorre a 
liberação de nh4 + (ou nh3 + e h+ ) da molécula de glutamato, enquanto que a h2o doa um hidrogênio 
(h+ ) para o nadp ou nad+ , formando nadph ou nadh, e o seu outro hidrogênio é liberado na matriz 
mitocondrial. 
BIANCA ABREU-MD4 19 
 
3. Com a liberação de nh4 + pelo processo de desaminação e pela formação de aspartato através da 
transaminação, o ciclo da ureia tem o seu início: 
a. Ocorre a reação da amônia (nh3 +) com o gás carbônico (co2), dando origem à molécula de 
carbamoil fosfato; essa reação é catalisada pela enzima carbamoil-fosfato-sintetase. Nesse 
processo, ocorre a quebra de duas moléculas de atp em adp, sendo que uma delas fornece o 
fosfato necessário para compor a molécula de carbamoil-fosfato, e o outro atp fornece a 
energia necessária para que essa reação possa acontecer; 
b. O carbamoil-fosfato agora reage com uma molécula de ornitina, formando a citrulina; esse 
processo é catalisado pela enzima ornitina transcarbamilase, e a energia necessária para esse 
processo advém da perda de fosfato pelo carbamoil-fosfato. A molécula de citrulina recém-
formada possui um grupo nh2 ligado a uma carbonila, que teve origem no carbamoil-fosfato, e 
o restante de sua cadeia carbônica cuja origem veio da ornitina. Até agora, todas as reações 
descritas ocorreram na mitocôndria, e a molécula de citrulina, para dar prosseguimento ao ciclo 
da ureia, passa para o citoplasma celular; 
c. Já no citoplasma, a citrulina reage com a molécula de aspartato, originando o argininosuccinato, 
sendo catalisada pela enzima arginina-succinato-sintetase. Nesse processo ocorre a quebra do 
atp em amp e pirofosfato (duas moléculas de fosfato inorgânico); como o atp não foi clivado 
diretamente em adp, mas sim em amp, a contabilidade energética dessa reação passa a ser 
de duas moléculas de atp; 
d. Parte do argininosuccinato é removida e forma a molécula de furamato, a qual sai do ciclo da 
ureia e passa a ter outros destinos metabólicos, como por exemplo a entrada no ciclo dos 
ácidos tricarboxílicos (ciclo do ácido cítrico ou ciclo de krebs), e a molécula de arginina, que 
continua no ciclo da ureia. A arginina então, a partir enzima arginino-succinato-liase, forma duas 
moléculas: o produto final dessa cascata metabólica, a ureia; e a molécula de ornitina, a qual 
recomeça o ciclo ao reagir com o carbamoil-fosfato para formar a citrulina 
As características circulatórias do fígado também são notáveis pelo fato de que algumas substâncias circulam 
continuamente entre o fígado e o intestino, em um circuito conhecido como circulação êntero1hepática. Com 
efeito, essa circulação envolve a passagem de solutos através de três ambientes diferentes: a veia porta do 
fígado e os sinusóides nos quais ela desemboca, o sistema biliar e o lúmen intestinal. Por conseguinte, o 
requisito para um soluto que entra na circulação êntero-hepática é que ele seja transportado nos hepatócitos 
e secretado na bile e, em seguida, reabsorvido em taxa apreciável (seja ativa ou passivamente) a partir do 
lúmen intestinal. De modo mais notável, isso ocorre com os ácidos biliares que são utilizados durante a 
digestão e a absorção dos lipídeos, que serão descritos mais detalhadamente adiante; todavia, certas 
substâncias e seus metabólitos também podem circular por essa via, alterando sua farmacocinética. A 
importância fisiológica desse circuito é que ele permite que a taxa de secreção ultrapasse de maneira 
acentuada a taxa de síntese ou de entrada. 
Pela circulação êntero-hepática, os ácidos biliares conjugados que foram reabsorvidos ativamente → passam 
através do sangue portal de volta para os hepatócitos, onde são eficientemente captados pelos 
transportadores basolaterais que podem ser dependentes ou independentes de Na+. (A captação basolateral 
de ácidos biliares para dentro do hepatócito é um processo complexo que envolve transportadores 
dependentes de Na+ (NTPC) e transportadores independentes de Na+ (OATPs), assim como difusão não iônica 
de ácidos biliares não conjugados). 
De modo semelhante, os ácidos biliares que são desconjugados no cólon retornam também para os 
hepatócitos → onde são reconjugados para serem secretados na bile. Assim, é produzida uma reserva de 
ácidos biliares primários e secundários, e a síntese diária corresponde a uma pequena parte que escapa da 
captação e é perdida nas fezes. 
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A única exceção a essa regra é o ácido litocólico, que preferencialmente passa por sulfatação no hepatócito, 
em vez de ser conjugado com a glicina ou a taurina. A maior parte dos conjugados sulfatados é eliminada do 
corpo após cada refeição, pois esses conjugados não são substratos para o asbt, evitando, assim, o acúmulo 
de moléculas potencialmente tóxicas. 
Após o consumo, o etanol é absorvido sem alteração pelo estômago e pelo intestino delgado. Depois é 
distribuído para todos os tecidos e fluidos do corpo em proporção direta ao nível sanguíneo. Menos de 10% 
são eliminados sem alteração pela urina, suor e respiração. A quantidade exalada é proporcional ao nível 
sanguíneo. Grande parte do álcool no sangue é biotransformada em acetaldeído no fígado por três sistemas 
enzimáticos: álcool desidrogenase (adh); o sistema microssômico de oxidação do etanol (meos); e o sistema 
catalase. 
Cada um destes três passos produz metabólitos específicos e resultam na produção de acetaldeído, um 
produto tóxico que pode causar desnaturação de proteínas, peroxidação lipídica e alterações da exocitose por 
ligação à tubulina, reduz também o nível de glutationa, aumenta o efeito tóxico de radicais livres, interfere 
com a cadeia de transporte de elétrons causando alterações estruturais na mitocôndria, e inibe os 
mecanismos de reparação do dna. 
Álcool desidrogenase (adh): é o principal sistema enzimático envolvido no metabolismo do álcool (bebedores 
sociais). A adh está localizada no citosol dos hepatócitos. Em altos níveis sanguíneos de álcool, o sistema 
microssômico de oxidação do etanol participa no seu metabolismo. Álcool é transformado pela adh em 
acetaldeído, o qual pela enzima aldeído desidrogenase (aldh) é oxidado em acetato, utilizado na cadeia 
respiratória mitocondrial. Esta última reação está associada com o elevado fornecimento energético 
proveniente do nadh. Logo, a disponibilidade de nad e a atividade mitocondrial limitam o uso desta via, mais 
utilizada por bebedores sociais, com isso, a metabolização de grandes quantidades de etanol altera a relação 
nadh/nad, inibindo a metabolização de ácidos graxos, a síntese de proteínas e aumenta a peroxidaçãolipídica 
e a formação de radicais livres. A oxidação alcoólica pela adh causa redução de nad+ a nadh, com uma 
consequente redução na nad e um aumento no nadh. Nad+ é necessária para oxidação dos ácidos graxos no 
fígado e para a conversão do lactato em piruvato. A sua deficiência é a principal causa do acúmulo de gordura 
no fígado (esteatose hepática) dos alcoólatras. 
Sistema microssômico de oxidação do etanol (meos): quando o consumo de álcool supera determinado limite, 
e especialmente se é frequente, entra em funcionamento um sistema enzimático denominado meos cuja 
atividade é desempenhada pelo citocromo p450 e envolve os cyp, em especial o cyp2e1, localizado no retículo 
endoplasmático liso: (1) produz espécies reativas de o2 (ero’s) e (2) causa peroxidação lipídica das membranas 
celulares. A indução dos cyp pelo álcool explica o aumento da suscetibilidade dos alcoólatras a outros 
compostos metabolizados pelo mesmo sistema enzimático, que incluem drogas, anestésicos, carcinógenos e 
solventes industriais. Observe, entretanto, que quando o álcool está presente no sangue em altas 
concentrações, ele compete com outros substratos cyp2e1 e atrasa o catabolismo das drogas, potencializando 
os efeitos depressivos dos narcóticos, sedativos e drogas psicoativas no snc. As ero’s são responsáveis pela 
ativação de fatores de transcrição redox-sensíveis, como nfκβ, promovendo um perfil pró-inflamatório. 
Via catalase: é de menor importância, já que metaboliza não mais do que 5% do etanol no fígado. Utiliza 
peróxido de hidrogênio como um substrato. É uma via de recurso tóxica, sendo a formação de água oxigenada 
responsável pela destruição de ácidos nucleicos constituintes dos cromossomos indispensáveis à multiplicação 
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celular. 1. Ocorre, inicialmente, oxidação do nadph através da enzima nadph-oxidase formando h2o2; 2. A h2o 
2 sob a influência da catalase, promove a oxidação do etanol. 
Álcool e danos hepáticos: cada uma destas vias referidas, produz uma perturbação metabólica específica e 
tóxica e todos as três resultam na produção de acetaldeído, um metabolito cuja hepatoxicidade é elevada. 
Neste sentido, o acetaldeído é considerado a toxina chave na doença hepática alcoólica, provocando danos 
celulares, inflamação, remodelação da matriz extracelular e fibrinogênese dos hepatócitos. As mulheres são 
mais acometidas. Uma razão é que as mulheres apresentam maior proporção de gordura corporal, logo menor 
quantidade de água e, consequentemente, menor volume de distribuição; e a outra razão é traduzida pelo 
facto das mulheres exibirem menor capacidade de metabolização da enzima álcool desidrogenase gástrica, 
o que leva ao aumento da absorção do etanol e dos seus níveis sanguíneos. 
Obs.: Japoneses: Há muitas formas desta enzima (aldeído desidrogenase) sendo que uma destas formas está 
ausente em 50% dos japoneses e provavelmente outras populações do Sul da Ásia. Sintomas como cefaléia, 
náuseas, rubor facial e taquicardia são experimentados por pessoas que não possuem esta enzima. Acredita-
se que tais sintomas sejam consequência do acúmulo do acetaldeído. 
Mulheres: Primeiramente, é importante ressaltar que as mulheres enfrentam riscos particulares à saúde por 
uso de álcool, sendo mais vulneráveis aos efeitos dessa substância devido a diferenças na composição 
biológica entre os gêneros. Em comparação aos homens, elas têm relativamente menos água (o que faz com 
que o álcool fique mais concentrado), geralmente pesam menos e possuem níveis menores de enzimas 
responsáveis pelo metabolismo do álcool. 
Isso faz com que, quando consumidas as mesmas quantidades de bebidas alcoólicas que os homens, elas 
apresentem níveis mais elevados de álcool no sangue e demorem mais tempo para metabolizá-lo, ou seja, os 
efeitos ocorrem mais rapidamente e tendem a ser mais duradouros. Com isso, elas têm maior probabilidade 
de ter problemas relacionados ao álcool com níveis de consumo mais baixos e/ou em idade mais precoce do 
que os homens. 
Existem evidências de a toxicidade do etanol estar associada a maior produção de intermediários reativos de 
oxigênio (estresse oxidativo), principalmente em nível microssomal, via indução da CYP2E1. Esta indução está 
associada à proliferação do retículo endoplasmático dos hepatócitos, acompanhada pela maior oxidação do 
NADPH e geração de H2O2. 
A geração de radicais livres pode ainda mediar dano hepático por lesão direta ou mediante ativação de 
mediadores, como o fator nuclear kappa B (NFkB), responsável por estimular a produção de citocinas, tais 
como TNF-a. Com a ingestão crônica de álcool, observa-se maior permeabilidade intestinal a endotoxinas, que 
estimulam as células de Kupffer, que, por sua vez, produzem ainda mais citocinas como resposta às 
endotoxinas circulantes. Em condições normais, o TNF-a não é tóxico para o fígado. Acredita-se que o consumo 
de álcool sensibilize os hepatócitos ao TNF, possivelmente pela redução da glutationa mitocondrial e acúmulo 
de s-adenosilhomocisteína. 
A associação de aumento de citocinas com a sensibilização dos hepatócitos induz à morte celular, que libera 
IL-8 e IL-18 e mantém o estado pró-inflamatório. 
Um mecanismo adicional é a formação de complexo acetaldeído-proteína que funcionaria como neoantígeno 
que, ao serem apresentados na superfície dos hepatócitos junto com os anticorpos anti-TNF, estimulariam a 
resposta imune. O acetaldeído quando associado a IL-6, TNF-a e TGF-b estimula a diferenciação das células 
de ito em fibroblastos, que induziria a maior produção de colágenos. Assim, nos alcoolistas uma resposta 
BIANCA ABREU-MD4 22 
 
fibrótica provocada pelo excesso de colágeno associado à resposta inflamatória e à regeneração 
desorganizada dos hepatócitos seria responsável pela progressão da lesão hepática induzida pelo álcool para 
modalidade mais avançada (cirrose alcoólica).; 
Apresentam-se classificadas geralmente em duas categorias: hepatocelular e colestática (obstrutiva). Nas 
doenças hepatocelulares (como a hepatite viral ou a doença hepática alcoólica), inflamação e necrose 
hepáticas predominam como característica do dano celular. Nas doenças colestáticas (como a colelitíase, 
obstrução maligna, cirrose biliar primária e muitas doenças induzidas por fármacos), sobressai a inibição do 
fluxo biliar 
Cirrose hepática: a cirrose é uma das 10 maiores causas de morte no mundo ocidental. Suas principais causas 
são infecções virais crônicas e esteato-hepatite alcoólica e não alcoólica (nash), doenças autoimunes que 
afetam os hepatócitos e/ou canalículos biliares e sobrecarga de ferro. A cirrose é definida como um processo 
difuso caracterizado por fibrose e pela conversão da arquitetura hepática normal em nódulos estruturados 
anormais. Suas principais características por definição não são focais, mas envolvem a maioria (se não todo) 
o fígado afetado e incluem: 
 septos fibrosos na forma de faixas delicadas ou cicatrizes largas ao redor de múltiplos nódulos adjacentes. 
A fibrose disseminada é geralmente irreversível enquanto a doença persistir ou se as alterações vasculares 
relacionadas à doença são disseminadas, porém com a cessação da lesão causal pode ocorrer regressão da 
fibrose. 
Nódulos parenquimatosos, com diâmetros variando de 3 mm em (micronódulos) a 1 cm (macronódulos), são 
circundados por septos fibrosos. 
Os hepatócitos nesses nódulos têm duas origens: 
1. Hepatócitos preexistentes, que no momento do estabelecimento da cirrose já apresentavam sinais 
replicativos de senescência 
2. Hepatócitos recém-originados capazes de replicação, que são derivados de células progenitoras 
encontradas nas adjacências do canal de hering e dos pequenos canalículos biliares — o ninho de 
células-tronco hepatobiliares. Essas células progenitoras também dão origem às reações ductulares, 
encontradas na periferia da maioria dos nódulos cirróticos, onde o parênquima encontra a cicatriz 
estromal, e são acompanhados por células endoteliais em proliferação,miofibroblastos e células 
inflamatórias. 
A classificação da cirrose é de acordo com a sua etiologia. Depois que todas as categorias de cirrose de 
causa conhecida forem excluídas, ainda restam cerca de 10% dos casos, que são chamados de cirrose 
criptogênica. 
Características clínicas: pode começar assintomática mas quando os sintomas aparecem, são tipicamente 
inespecíficos e incluem: anorexia, perda de peso, fraqueza e, na doença avançada, debilitação franca. 
Insuficiência hepática incipiente ou manifesta pode desenvolver-se, usualmente precipitada pela carga 
metabólica imposta ao fígado, como pela infecção sistêmica ou hemorragia gastrointestinal. 
A maioria dos casos de cirrose fatal envolve um dos seguintes mecanismos: insuficiência hepática progressiva; 
complicação relacionada com hipertensão portal; desenvolvimento de carcinoma hepatocelular; 
BIANCA ABREU-MD4 23 
 
Fisiopatologia→ 3 processos são essenciais: morte dos hepatócitos deposição de matriz extracelular 
reorganização vascular. 
Esteatose hepática: denomina-se doença gordurosa do fígado o conjunto de lesões representadas pelo 
acúmulo de triglicerídeos nos hepatócitos e por graus variados de inflamação, necrose hepatocelular e 
distúrbios arquiteturais que podem levar a cirrose. 
O alcoolismo, hoje reconhecido como um dos mais graves e comuns problemas mundiais de saúde pública, é 
sua principal causa, destacando-se ainda como outros agentes etiológicos obesidade, diabete melitus e outras 
drogas. 
A esteatose hepatocelular resulta de vários mecanismos: desvio de substratos para longe do catabolismo e 
na direção da biossíntese de lipídios, devido à geração de um excesso de nicotinamida-adenina dinucleotídeo 
reduzido resultante do metabolismo do etanol pelo álcool desidrogenase e acetaldeído desidrogenase; 
montagem e secreção prejudicadas de lipoproteínas; catabolismo periférico aumentado de gordura. As causas 
da hepatite alcoólica são incertas, mas ela pode se originar de um ou mais dos seguintes subprodutos do 
etanol e seus metabólitos: 
• Acetaldeído (o principal metabólito do etanol) induz a peroxidação lipídica e a formação de 
conjugados acetaldeídoproteína, destruindo ainda mais a função citoesquelética e de membrana. 
• O álcool afeta diretamente a organização do citoesqueleto (como ilustrado pelos corpos de mallory-
denk), a função mitocondrial e a fluidez de membrana. 
• Espécies reativas de oxigênio geradas durante a oxidação do etanol pelo sistema microssomal 
oxidativo do etanol reagem com as membranas e proteínas e as danifica. As espécies reativas de 
oxigênio também são produzidas por neutrófilos, que infiltram áreas de necrose de hepatócitos. 
• Inflamação mediada por citocinas e dano celular são a principal característica da hepatite alcoólica 
e da doença hepática alcoólica de forma geral. O tnf é considerado o principal efetor da lesão; il-1, 
il-6 e il-8 também podem contribuir. O principal estímulo para a produção de citocinas na doença 
hepática alcoólica é a produção de espécies reativas de oxigênio, mencionadas anteriormente, e os 
produtos microbianos (p. Ex., endotoxina) derivados das bactérias entéricas. 
Esteatose hepática, caracterizada pelo acúmulo de gordura nos hepatócitos, na grande maioria dos casos não 
se associa a doença progressiva. Entretanto, quer em decorrência da toxicidade do álcool ou de outras drogas, 
quer por associação com distúrbios do metabolismo glicídico ou lipídico, tal acúmulo pode se acompanhar de 
alterações em microssomos, peroxissomos e mitocôndrias com disfunção do sistema de oxirredução hepática. 
Tudo isso leva à superposição de lesões inflamatórias com potencial de surgimento de fibrose progressiva, 
constituindo a esteato-hepatite, que culmina cm alguns casos cm cirrose hepática. 
Hepatócitos repletos de gordura são altamente sensíveis a produtos de peroxidação de lipídios gerados por 
estresse oxidativo, que podem danificar membranas mitocondriais e plasmáticas, causando apoptose. Como 
consequência do estresse oxidativo ou por liberar, a partir do tecido adiposo visceral, quantidades de tnf, il-
6 e de valores elevados da quimiocina mcp-1, contribuem para o dano hepático e a inflamação. Algumas 
moléculas têm surgido como importantes em regular tais processos, como a adiponectina e a leptina. 
A esteatose hepática, exceto em casos extremos, como na esteatose aguda da gravidez, intoxicação por cci4 
e raros outros agentes, não evolui para formas avançadas de lesão hepática, especialmente para cirrose. As 
esteato-hepatites, contudo, tanto a de natureza alcoólica como as não-alcoólicas, acompanham-se de 
alterações hepatocelulares, infiltrado inflamatório, colestase e neoformação colágena expressivas que podem 
resultar em cirrose hepática. 
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Graus de esteatose hepática: geralmente é possível quantificar a quantidade de gordura acumulada no fígado 
através da ultrassonografia. Os laudos costumam indicar esteatose hepática grau 1 (esteatose hepática leve) 
quando há pequeno acúmulo de gordura, esteatose hepática grau 2 quando há acúmulo moderado e esteatose 
hepática grau 3 quando há grande acúmulo de gordura no fígado. Essa graduação não tem muito peso, uma 
vez que o mais importante é a presença ou não de inflamação no fígado. O paciente pode ter esteatose grau 
3 e não apresentar inflamação hepática, mesmo após 20 anos de acúmulo de gordura, o que o coloca sob 
baixo risco de evolução para cirrose 
Hepatites: refere-se à inflamação do fígado. As infecções por uma série de vírus tróficos para o fígado 
constituem causas cada vez mais importantes de doença hepática crônica. Embora alguns pacientes 
infectados pelo vírus da hepatite desenvolvam doença aguda, que, em alguns casos, é grave o suficiente para 
provocar insuficiência hepática aguda, a maioria é assintomática nos estágios iniciais da infecção e só 
desenvolve hepatite e as sequelas de fibrose e cirrose posteriormente, em consequência da ativação das 
células imunológicas. Dos cinco vírus da hepatite conhecidos que infectam seres humanos, os vírus das 
hepatites B, C e D parecem ter maior propensão a evoluir para a hepatite crônica, enquanto os vírus das 
hepatites A e E causam hepatite viral aguda. Em geral, os vírus da hepatite podem exercer efeitos citopáticos 
diretos sobre os hepatócitos infectados; todavia, a resposta imune provocada pela infecção constitui, mais 
provavelmente, o fator mais importante na produção de lesão hepática. 
Hepatite alcóolica: a agressão hepática efetuada pelo álcool, através da sua metabolização em acetaldeído, 
formação de radicais livres de oxigénio, peroxidação lipídica e formação de adultos com proteínas e ácido 
desoxiribonucleico, associada a alteração da permeabilidade intestinal com passagem de endotoxinas para a 
circulação portal. Estes processos condicionam uma ativação das células de kupffer e libertação de citocinas 
(tnfα, il-1, prostaglandinas, leucotrienos), aumento de expressão de moléculas de adesão e quimiocinas, 
levando ao recrutamento de leucócitos polimorfonucleares, com o desencadear de uma resposta imune local, 
cuja intensidade e autoperpetuação caracteriza a haa. 
Hepatite alcoólica (esteato-hepatite alcoólica). A hepatite alcoólica e caracterizada por: 
1. Tumefação e necrose de hepatócitos: focos únicos ou dispersos de células sofrem tumefação 
(inchaço) e necrose. A tumefação resulta do acúmulo de gordura e água, assim como de proteínas 
que normalmente são exportadas. Em alguns casos, há colestase nos hepatócitos sobreviventes e 
um leve deposito de hemossiderina (ferro) nos hepatócitos e nas células de kupffer. 
2. Corpos de mallory: hepatócitos dispersos acumulam feixes entrelaçados de filamentos intermediários 
de citoqueratina formando complexos com outras proteínas como ubiquitina. Os corpos de mallory 
são visíveis como grumos citoplasmáticos eosinofílico nos hepatócitos. 
3. Reação neutrofílica: neutrófilos permeiam o lóbulo hepático e sofrem acumulo ao redor

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