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SENAI CIMATEC® ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO I Salvador, 2011 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO I Copyright 2004 por SENAI DR BA. Todos os direitos reservados NPLQ – Núcleo de Produção, logística e Qualidade Elaboração: Thiago Pimenta de Albuquerque Revisão Técnica: Denílson Monteiro Revisão Pedagógica: Carla Roberta Cruz Prado Normalização: Rita de Cássia Machado da Silva Catalogação na fonte (NIT – Núcleo de Informação Tecnológica) ______________________________________________________ SENAI - DR BA. Administração da produção I. Salvador, 2011. 56 p.; il. (Rev.01) 1 Princípios da Administração l. título CDD 658.51 _______________________________________________________ SENAI CIMATEC Av. Orlando Gomes, 1845 - Piatã Salvador – Bahia – Brasil CEP 41650-010 Tel. (71) 3462-9500 Fax (71) 3462-9599 http://www.cimatec.fieb.org.br SENAI CIMATEC® ______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ APRESENTAÇÃO Com o objetivo de apoiar e proporcionar a melhoria contínua do padrão de qualidade e produtividade da indústria, o SENAI BA desenvolve programas de educação profissional e superior, além de prestar serviços técnico e tecnológicos. Essas atividades, com conteúdos tecnológicos, são direcionadas para indústrias nos diversos segmentos, através de programas de educação profissional, consultorias e informação tecnológica, para profissionais da área industrial ou para pessoas que desejam profissionalizar-se visando inserir-se no mercado de trabalho. Este material didático foi preparado para funcionar como instrumento de consulta. Possui informações que são aplicáveis de forma prática no dia-a-dia do profissional, e apresenta uma linguagem simples e de fácil assimilação. É um meio que possibilita, de forma eficiente, o aperfeiçoamento do aluno através do estudo do conteúdo apresentado no módulo. Este material didático foi preparado para funcionar como instrumento de orientação aos alunos que estão iniciando o estudo da administração no Curso de Aprendizagem Industrial a nível básico. Ele consta de princípios básicos da Teoria Geral da Administração e os principais elementos que formam as organizações, tratando os assuntos de maneira simples e com vocabulário claro e acessível. A intenção dessa matéria é incentivar o aluno a ter uma visão sistêmica do funcionamento das organizações, desenvolvendo senso crítico suficiente que os permita observar e funcionalizar processos produtivos, assim como ser capaz de reconhecer necessidades de redução de custos e auxiliar no planejamento e implementação das ações corretivas. SENAI CIMATEC® ______________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________ SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................... 5 2 TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO ...................... 8 2.1 TAYLOR E A ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA .......................................................... 8 2.2 FORD E A LINHA DE MONTAGEM .......... 10 2.3 FAYOL E O PROCESSO ADMINISTRATIVO ............................................ 11 2.4 MAX WEBER E A BUROCRACIA ............. 14 3 VISÃO COMPORTAMENTAL ......................... 16 VISÃO COMPORTAMENTAL ............................ 16 4 VISÃO SISTÊMICA ............................................ 17 4.1 GESTALT ..................................................... 18 4.2 TEORIA DOS SISTEMAS .......................... 18 4.3 CIBERNÉTICA............................................. 18 5 ENFOQUE DA QUALIDADE ............................ 20 5.1 ERA DA INSPEÇÃO ................................... 20 5.2 CONTROLE ESTATÍSTICO ...................... 21 5.3 QUALIDADE TOTAL ................................... 21 5.3.1 conceitos de qualidade total de deming . 23 5.3.2 Qualidade total de Feigenbaum ............ 24 5.3.3 Qualidade total de Ishikawa .................. 24 6 MODELO JAPONÊS DE ADMINISTRAÇÃO 27 MODELO JAPONÊS DE ADMINISTRAÇÃO ... 27 7 ELEMENTOS QUE COMPÕEM AS ORGANIZAÇÕES .................................................... 2 7.1 OBJETIVOS ................................................. 30 7.2 RECURSOS ................................................. 30 7.2.1 Divisão do Trabalho .............................. 30 7.2.2 Processos de Transformação ................. 31 8 GRUPOS SOCIAIS E ORGANIZAÇÕES ....... 33 GRUPOS SOCIAIS E ORGANIZAÇÕES ........... 33 9 TIPO IDEAL DE BUROCRACIA ...................... 35 9.1 FORMALIDADE ........................................... 35 9.2 IMPESSOALIDADE .................................... 35 9.3 PROFISSIONALISMO ................................ 35 9.4 DISFUNÇÕES DA BUROCRACIA ........... 35 TIPO IDEAL DE BUROCRACIA ........................ 35 9.4.1 Individualismo ....................................... 36 9.4.2 Mecanicismo .......................................... 36 9.4.3 Defesa de interesses pessoais ................. 36 9.4.4 Defesa de interesses de grupos externos36 9.4.5 Valorização excessiva da hierarquia..... 36 9.4.6 Valorização excessiva de regulamentos 36 10 TECNOLOGIA .................................................. 39 10.1 AVANÇO TECNOLÓGICO ...................... 39 TECNOLOGIA ....................................................... 39 11 RECURSOS HUMANOS................................. 41 11.1 RECRUTAMENTO DE PESSOAS ......... 41 11.2 SELEÇÃO DE PESSOAS ........................ 41 11.3 TREINAMENTO ........................................ 42 11.3.1 Necessidades de Treinamento ............. 42 11.3.2 Etapas do Processo de Treinamento ... 42 12 NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE 45 12.1 O BALANÇO PATRIMONIAL .................. 45 12.1.1 Ativo ..................................................... 45 NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE ...... 45 12.1.2 Passivo ................................................. 46 12.1.3 Patrimônio Líquido ............................. 47 12.2 A DRE ......................................................... 49 13 NOÇÕES BÁSICAS DE CUSTO ................... 51 NOÇÕES BÁSICAS DE CUSTO .......................... 51 13.1 ESQUEMA BÁSICO DE CONTABILIDADE DE CUSTOS ...................... 52 REFERÊNCIAS ...................................................... 58 Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ 5 1 INTRODUÇÃO Figura 1: campus-pirapora-tera-bacharelado-em- administracao Fonte:http://www.ifnmg.edu.br/pirapora/946-campus- pirapora-tera-bacharelado-em-administracao O que é Administração? De acordo com o Novo Dicionário Aurélio é: 1. Ação ou efeito de administrar; 2. Gestão de negócios públicos ou particulares; 3. Governo, gerência; 4. Conjunto de princípios, normas e funções que têm por fim ordenar a estrutura e funcionamento de uma organização (empresa, órgão público, etc). Podemos dizer que é o processo de tomar decisões e realizar ações estratégicas que utilizam recursos para alcançar determinado objetivo. E para quê administrar? Simples! Para chegar a um objetivo previamente estabelecido. Mesmo sem perceber, nós estamos sempre administrando alguma coisa; na escola quando organizamos nossos estudos para uma prova, em casa quando escolhemos o canal da TV, quando jogamos futebol com nossos amigos e decidimos quem vai para o ataque e quem vai para a defesa ou quando estamos com muita coisa para fazer e com pouco tempo para elas. Estes são alguns poucos exemplos de administração no nosso dia-a-dia. Nós administramosou gerenciamos nossas atividades para chegar a um determinado objetivo. Repare nos exemplos acima: organizamos nossos estudos para aprender de maneira mais fácil tudo o que precisamos para responder todas as questões da prova; escolhemos o canal da TV para assistir aquele programa que nos interessa; decidimos quem vai para o ataque e quem vai para a defesa porque queremos ganhar o jogo e sabemos quem sabe fazer gols e quem sabe defender; quando estamos com muita coisa para fazer e estamos sem tempo, tentamos escolher as mais importantes ou uma ordem que permita-nos fazer todas elas. A administração nas diversas organizações acontece da mesma forma: os profissionais que atuam nas áreas de gestão são encarregados de tomar decisões, direcionar recursos, contratar e treinar pessoas e várias outras atividades, sempre com o intuito de alcançar os objetivos bem conhecidos por eles, da melhor maneira possível. O que são as Organizações? A família, a escola, o exército, um grupo de amigos, fábricas, o governo, são exemplos de organizações. O que fazem elas diferentes entre si é o nível de complexidade e os objetivos finais de cada uma. Um grupo de amigos tem a finalidade social de estarem juntos para se divertir ou trocar idéias e o mesmo ocorre na família. Já o Exército Brasileiro tem o objetivo de defender a soberania nacional. Eles estão organizados sob regras, o que não ocorre com o grupo de amigos. Uma empresa se caracteriza como um tipo de organização que visa ter lucros. Ela está organizada sob regras definidas, assim como o exército. Dessa forma, podemos dizer que as organizações são sistemas de recursos que procuram realizar objetivos. Estudaremos as 1 INTRODUÇÃO Administração da produção I _______________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 6 organizações de maneira detalhada mais adiante. A Administração compreende quatro processos interligados: • Planejamento: é o processo onde se definem os objetivos da organização, os recursos que serão utilizados e como esses recursos serão aplicados para alcançar estes objetivos; • Organização: é a definição de como serão realizados os trabalhos e quem ficará responsável por cada realização e também como e quais critérios serão utilizados para distribuir os recursos disponíveis; • Direção: é o acionamento dos recursos e trabalhos que serão utilizados e feitos para alcançar os objetivos. A direção faz parte da execução, que é o processo de realização das atividades e utilização dos recursos disponíveis; • Controle: é a maneira de garantir a realização dos objetivos e reconhecer a necessidade de mudá-los. Mas nem sempre houve estas definições do que é a administração e dos seus objetivos. Até mais ou menos dois séculos atrás, ela era tratada como uma prática antiga ou até mesmo uma arte. Ninguém, até então, tinha visto a administração como um objeto de estudo, como um corpo de conhecimentos organizado. Acontece que, no passado, não existiam grandes fábricas como existem hoje. O que existia eram pequenas oficinas, conglomerados de artesãos, processos produtivos simples que não tinham muita dificuldade para funcionar. Após a revolução industrial, quando as fábricas começaram a crescer, algumas pessoas perceberam a necessidade de encontrar maneiras mais eficazes e eficientes de fazer as coisas. Os produtos já não podiam ser feitos artesanalmente, pois demorava demais, era mais caro e a quantidade era pouca. O mercado consumidor estava crescendo muito e era preciso aumentar a produção para poder supri-lo. A partir daí, alguns homens começaram a se dedicar ao estudo dos processos produtivos e da administração das organizações, dando origem às Teorias da Administração. Administração da produção I _______________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 8 2 TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO As primeiras teorias surgiram a partir da preocupação com as atividades executadas pelos trabalhadores em uma fábrica, dando origem à Administração Científica de Frederick Taylor e a Linha de Montagem de Henry Ford, no início do século XX. A seguir, a preocupação se voltou para a estrutura, com o formato e a distribuição organizacionais, que Henri Fayol abordou na Teoria Clássica e Max Weber na Teoria da Burocracia. A preocupação com o homem e seu papel nas organizações foi tratada pela Teoria Comportamental. Outros aspectos como a Visão Sistêmica e a Qualidade foram abordados por outras pessoas que contribuíram imensamente para o enriquecimento do conhecimento na área da administração. 2.1 TAYLOR E A ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA Figura 2: Frederick Taylor 1856-1915 Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Taylorismo O começo do século XX nos estados Unidos foi marcado por um espantoso crescimento da indústria. Foi quando apareceram grandes empresas como a Ford, General Eletric e a Goodyear. Com esse crescimento aumentou a necessidade de se encontrar meios de produção mais eficientes. Nesse período surgiu A Escola da Administração Científica, que enfatizava as tarefas, iniciada pelo engenheiro americano Frederic W. Taylor. A principal preocupação de Taylor foi eliminar o desperdício e elevar os níveis de produtividade através da aplicação de métodos e técnicas científicas. Taylor começou seu estudo por baixo, junto aos operários, analisando em detalhes todas as tarefas que eram feitas por cada um, todos os processos e mecanismos utilizados na elaboração dessas tarefas. No seu livro Shop Management (Administração de Oficinas), Taylor diz que: • O objetivo da administração é pagar salários melhores e reduzir custos unitários de produção; • Para isso, a administração deve aplicar métodos científicos e estabelecer processos padronizados que permitam o controle das operações. • Os trabalhadores devem ser selecionados e colocados em seus postos com condições de trabalho adequadas para que as normas possam ser cumpridas. • Os trabalhadores devem ser treinados para aperfeiçoarem suas técnicas e aprenderem a melhor maneira de executar suas tarefas; • O ambiente de trabalho deve ser harmônico e de cooperação entre a TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO 2 Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 9 administração e os trabalhadores para garantir um ambiente psicológico adequado. Em 1911, Taylor publicou um outro livro, chamado Princípios de Administração Científica, quando concluiu que a racionalização do trabalho do operário deve ser acompanhada de uma estruturação geral da empresa, ou seja, não basta estudar e aplicar as melhores maneiras para a realização de um trabalho, sem esforços ou movimentos desnecessários, se a empresa não oferece uma estruturação ideal para a aplicação desse trabalho racionalizado. Nesse período, ele desenvolveu estudos sobre Administração Geral, que ele denominou de Administração Científica, mas nunca deixou de se preocupar com as tarefas dos operários. Na sua opinião, as indústrias do início do século XX sofriam de três males: • A falta de uniformidade das técnicas e métodos de trabalho; • A gerência não conhecia as rotinas e o tempo gasto pelos trabalhadores para realizar um determinado trabalho. Havia uma “vadiagem sistêmica” dos operários. Eles reduziam a produção para manter seus salários. Taylor achava que a vadiagem era causada por três coisas: • A idéia de que um rendimento melhor do homem e da máquina irá causar o desemprego de grande número de operários; • Os operários são forçados a ficarem parados para proteger seus interesses, por causado sistema defeituoso de administração; • Os métodos empíricos (de estudos) ineficientes que fazem o operário desperdiçar grande parte do seu tempo e esforço. Para resolver esses três males, Taylor criou este sistema que chamou de Administração Científica. Segundo ele, a Administração Científica é uma evolução e não uma teoria, constituída de 75% de análise e 25% de bom senso. A implantação dessa evolução deve ser gradual para evitar alterações bruscas que causem descontentamento por parte dos empregados e prejuízo aos patrões. Já que para Taylor o trabalho deve ser estudado e tratado cientificamente, a improvisação deve ceder lugar ao planejamento e o empirismo deve ceder lugar à ciência (empirismo é uma linha de pensamento de diz que o conhecimento vem unicamente da experiência e observação dos fatos). As bases da aplicação da Administração Científica de Taylor eram: • Estudo de tempo e definição dos padrões de produção – estudava-se a melhor maneira de se realizar determinada tarefa e padronizava-se o resultado; • Supervisão funcional – o supervisor era encarregado de manter o bom funcionamento do trabalho. Cada área tinha um supervisor especializado e com autoridade relativa somente à sua especialidade; • Padronização de ferramentas e instrumentos – a padronização permite uma otimização do tempo e do trabalho; • Planejamento das tarefas e dos cargos – as tarefas e cargos eram planejadas de forma que ninguém fosse incumbido de fazer algo que não fosse capaz; • Prêmios de produção pela execução eficiente das tarefas – eram premiados aqueles que produzissem bem, para estimular este e os outros operários a sempre aumentar a produção; Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 10 • Definição de rotinas de trabalho – a definição de rotinas impede que um mesmo trabalho seja executado de maneiras diversas e ineficientes. A Administração tem como principal objetivo, assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao empregado. Taylor lembra que a maioria dos estudiosos acredita que os interesses dos empregados sempre vão de encontro aos interesses dos empregadores, mas a Administração Científica tem a certeza de que os interesses dos dois são um só, já que a prosperidade do empregador não pode existir por muito tempo sem que seja acompanhada pela prosperidade do empregado, e o mesmo acontece ao contrário. Taylor se preocupou mais com a essência das idéias, o que exige uma mudança mental dos operários e da direção, mas seus seguidores se preocuparam mais com os mecanismos e com as técnicas de produção, como Henry Ford. 2.2 FORD E A LINHA DE MONTAGEM Figura 3: Henry Ford, 1863-1947 Fonte: http://asnovidades.com.br/henry-ford-inventor- da-linha-de-montagem Ford deu uma importante contribuição para a Administração. Seguidor da Escola da Administração Cientifica fundada por Taylor, Henry Ford, fundador da Ford Motor Company, estabeleceu o padrão de organização de processos produtivos que se tornaria universal com a Linha de Montagem Móvel. Antes de Ford, um automóvel era fabricado como hoje se constrói uma casa, ou seja, passo a passo até se chegar ao final, e só então se iniciava outro. Esse processo era custoso e demorado e não atendia à demanda crescente do mercado. Esses itens impulsionaram a produção em massa, que nada mais é que a fabricação de produtos não diferenciados em grande quantidade. Ford foi o primeiro a aplicar o princípio da Produção em Massa à fabricação de automóveis. O primeiro princípio é a divisão do trabalho. O processo de fabricar um produto é dividido em partes e cada pessoa ou grupo de pessoas tem uma tarefa fixa que é fabricar ou montar uma das partes. A divisão do trabalho tem como resultado a especialização do trabalhador; ele saberá realizar apenas aquela tarefa que lhe foi dada. O segundo princípio é a fabricação de peças e componentes padronizados e intercambiáveis; cada peça ou componente pode ser montado em cada peça ou produto final, ou seja, nenhum produto, peça ou componente é fabricado para um produto final específico. Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 11 Figura 4: Foto de uma linha de montagem. Fonte:http://asnovidades.com.br/henry-ford- inventor-da-linha-de-montagem/ Após a fabricação em massa, Ford adotou a Linha de Montagem Móvel e mecanizada para a montagem de chassis. Nessa linha de montagem, o trabalhador fica numa posição fixa para executar uma única tarefa, enquanto a produção passa literalmente por ele. Com essa linha de montagem, ele passou a montar um chassi em 1 hora e 33 minutos, sendo que antes esse processo era feito em 12 horas e 28 minutos. Outra medida de Ford, seguindo a linha de raciocínio da Administração Científica, foi a adoção do dia de trabalho de 8 horas e a duplicação do valor do salário dos operários para 5 dólares por dia. A Linha de Montagem de Ford, juntamente com a Administração Cientifica espalharam-se rapidamente para outras empresas, de diferentes ramos e países. As fábricas européias copiaram a idéia da linha de montagem móvel, o que impulsionou o crescimento e conseqüente internacionalização de várias empresas. Em muitos países, como aconteceu no Brasil na década de 20, a Ford e outros fabricantes estabeleceram linhas de montagem, para onde eles mandavam as peças produzidas em seus países de origem para serem montadas. A organização industrial criada por Ford tornou-se universal. Em qualquer empresa industrial, em algum ponto de seu processo produtivo, é aplicado o conceito de linha de produção móvel. Muitos conceitos novos surgiram e outros antigos foram aperfeiçoados, mas os princípios que Ford utilizou se tornaram imortais. 2.3 FAYOL E O PROCESSO ADMINISTRATIVO Ao mesmo tempo em que a Administração Científica era desenvolvida nos EUA por Taylor e outros engenheiros, surgiu na França a Teoria Clássica da Administração. Enquanto Taylor e seus seguidores davam ênfase às tarefas executadas pelos operários atribuindo a eficiência produtiva à racionalização do trabalho dos operários e na somatória das eficiências individuais, a Teoria Clássica se caracterizava por se preocupar com a estruturação das organizações como um todo. Nela, a estrutura era o que garantia a eficiência a todas as partes envolvidas, fossem elas órgãos ou pessoas. Henri Fayol foi o fundador da Teoria Clássica da Administração. Segundo ele, dentro da empresa existem seis funções básicas: • Funções Técnicas: relacionadas com a produção de bens e serviços da empresa; • Funções Comerciais: relacionadas com a compra, venda e permutação de matérias primas, bens de capital e produtos acabados; • Funções de Segurança: relacionadas com a proteção e preservação dos bens e das pessoas; Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 12 • Funções Financeiras: Relacionadas com a procura e gerência de capitais; • Funções Contábeis: relacionadas com controles, inventários, registros, balanços, custos e estatísticas; • Funções Administrativas: relacionadas com a integração das outras funções. As Funções Administrativas coordenam e sincronizam as demais ações da empresa, estando sempre acima delas. Dessa forma, a administração consiste de três idéias principais: 1. A administração é uma função distinta das demais funções; 2. O sistema de administração pode ser ensinado e aprendido; 3. A administraçãoé um processo de: A. Planejamento: consiste no processo de prever o futuro e traçar o programa de ação; B. Organização: consiste em atribuir funções aos diversos recursos existentes na organização; C. Comando: consiste em dirigir e orientar o pessoal; D. Coordenação: consiste em sincronizar as ações de modo que elas obedeçam a um padrão lógico que vise o objetivo final; E. Controle: consiste em verificar se tudo está correndo de acordo com as regras estabelecidas. Fayol considerou como o papel do dirigente a tomada de decisões, o estabelecimento de metas, a definição de diretrizes e a atribuição de responsabilidades aos integrantes da organização, de modo que as atividades de planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar estejam numa seqüência lógica. Depois de organizada, a empresa precisa que os seus operários sigam ordens para saber o que fazer, e suas ações precisam ser coordenadas e controladas. Fayol considerava a empresa como uma entidade abstrata (não é concreta) conduzida por regras, que justifica a sua existência à medida que alcança o objetivo primário que é o de fornecer valor, na forma de bens e serviços, aos seus consumidores. Figura 5: Foto de Henri Fayol (1841-1925). Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Jules_Henri_Fayol Fayol completou a sua teoria propondo 14 princípios que devem ser seguidos para que a administração seja eficaz: a) Divisão do trabalho: é a designação de tarefas específicas para cada indivíduo, resultando na especialização das funções e separação dos poderes. b) Autoridade e responsabilidade: sendo que autoridade é o direito de mandar e o poder de se fazer obedecer, e responsabilidade, a sanção – recompensa ou penalidade que acompanha o exercício do poder. Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 13 c) Entre a empresa e seus agentes. d) Unidade de comando: cada indivíduo tem apenas um superior. e) Unidade de direção: um só chefe e um só programa para um conjunto de operações que visam Disciplina: é o respeito aos acordos estabelecidos para um mesmo objetivo. f) Subordinação do interesse individual ao interesse geral. g) Remuneração do pessoal: de forma eqüitativa e com base tanto em fatores externos quanto internos. h) Centralização: é o equilíbrio entre a concentração de poderes de decisão no chefe, sua capacidade de enfrentar suas responsabilidades e a iniciativa dos subordinados. i) Cadeia de comando (linha de autoridade), ou hierarquia: consiste na série dos chefes desde o primeiro ao último escalão, dando-se aos subordinados de chefes diferentes a autonomia para estabelecer relações diretas (a ponte de Fayol). j) Ordem: estabelece um lugar para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar. k) Eqüidade: é o tratamento das pessoas com benevolência e justiça, não excluindo a energia e o rigor quando necessários. l) Iniciativa: é o que faz aumentar o zelo e a atividade dos agentes; m) Espírito de equipe; n) Estabilidade do Pessoal: manutenção das equipes como forma de promover o seu desenvolvimento. Enquanto a Escola Científica cuidou da empresa a partir do “chão de fábrica”, ou seja, de baixo para cima, Fayol e a Escola Clássica cuidaram da empresa a partir do nível executivo, como mostra a figura 6: Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 14 Figura 6: bases da administração moderna. 2.4 MAX WEBER E A BUROCRACIA Max Weber, ao contrário dos outros nomes que foram estudados até agora, não se preocupou em estabelecer padrões de administração ou definir as organizações segundo algum critério. Ele foi um importante cientista social que se ocupou de diversos aspectos da sociedade. Ele se torna importante na área da administração por causa dos seus estudos sobre o que ele chamou de “Tipo Ideal de Burocracia”. Ele descreveu as organizações burocráticas como “máquinas totalmente impessoais”, que funcionam de acordo com regras que ele chamou de racionais (regras que dependem da lógica e não de interesses pessoais). Burocracia significa hierarquia, regras e rotinas a serem seguidas. Seu objetivo é a organização dos processos. Weber procurou descrever como as organizações realmente estão firmadas. Sua atenção estava dirigida para o processo de autoridade-obediência, também conhecida como processo de dominação, que era a forma como se mantinha uma organização sob controle. Ele dizia que existiam três tipos de autoridade ou dominação: dominação tradicional, dominação carismática e dominação racional. A dominação de caráter tradicional se baseia na tradição da autoridade. Neste caso, a obediência é devida ao senhor indicado pela tradição, dentro de certos costumes. A tradição legitima o poder daqueles que a exercem. Na Inglaterra, por exemplo, existe a Rainha que é obedecida por causa de uma tradição que vem de muito tempo. A dominação e obediência na família, nos feudos, nas tribos e em certos grupos de relações sociais, são do tipo tradicional. No caso da Dominação Carismática, o que fortifica a autoridade é a crença na santidade, heroísmo ou exemplaridade de uma pessoa. A descrição de weber à Dominação carismática ajusta-se perfeitamente ao grande líder religioso, social ou político, do grande condutor de multidões e seguidores. A idéia de carisma está associada a qualquer tipo de influência que dependa de qualidades pessoais. Já a Dominação Racional ou Legal se baseia na legalidade da autoridade fornecida pela razão. A autoridade racional baseia-se em leis que estabelecem direitos e deveres para integrantes de uma sociedade ou uma organização. Dessa forma, para Weber, a autoridade racional é o mesmo que autoridade formal e esta é, sem dúvida, a maneira ideal de se exercer autoridade dentro de qualquer tipo de organização racional. Após estudar os tipos de dominação, Weber dedicou-se a estudar a fundo as Fayol Organização da empresa e papel do dirigente Ford Organização do processo produtivo Taylor Eficiência do trabalho operacional Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 15 características da burocracia como mecanismo ideal de dominação. Essas características estão presentes em todas as organizações da sociedade moderna e são a semente do estado moderno. A autoridade legal-racional ou autoridade burocrática substitui as formas tradicionais e carismáticas nas quais se baseiam a sociedade antiga. Weber agrupou as categorias da burocracia de três formas: formalidade, impessoalidade e profissionalismo, mas isso será visto mais na frente. Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 16 Comportamento e Diferenças Individuais Comportamento Coletivo e Processos Interpessoais • Percepção • Personalidade • Estilos (liderança e motivação) • Competências o Conhecimentos o Aptidões e habilidades o Atitudes, interesses e valores. • Cultura Organizacional • Clima Organizacional • Grupos Informais • Processo de Comunicação • Processo de Liderança • Processo de Motivação 3 VISÃO COMPORTAMENTAL Até agora, vimos que Taylor, Fayol, Weber e Ford se preocuparam basicamente com o desempenho dos recursos e processos, de uma tarefa ou de toda a empresa. Eles não deixavam de se preocupar comas pessoas, mas elas eram apenas recursos de produção, como uma máquina ou uma ferramenta. Essa forma de ver a produção foi herdada das idéias da Revolução Industrial, onde a prioridade era a eficiência de produção e a expansão industrial. Mesmo assim, sempre foi evidente que a administração não iria muito longe se não passasse a considerar as pessoas na sua totalidade e não só como ferramentas. Ao se considerar pessoas como pessoas e não como ferramentas do processo produtivo, se está tendo uma Visão Comportamental. Essa visão se divide em dois grandes grupos de estudo: comportamento e diferenças individuais, que estuda o comportamento das pessoas como indivíduos e suas características pessoais; e comportamento coletivo e processos interpessoais, envolvendo temas como clima e cultura organizacional, de acordo com a figura 7: Figura 7: áreas de interesse do enfoque comportamental. VISÃO COMPORTAMENTAL 3 Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 17 Gestalt Cibernética • A realidade é feita de conjuntos de partes inseparáveis. • A natureza de cada parte é definida pela realidade de cada conjunto • Os sistemas podem controlar seu próprio desempenho • A ferramenta para o autocontrole é a Informação. Teoria dos sistemas • A realidade é feita de sistemas • Para entender a realidade, é preciso analisar relações entre as partes do sistema. Enfoque Sistêmico • A organização é um sistema feito de um sistema técnico e um sistema social. • Um sistema está sempre influenciando o outro. • A organização é um sistema cercado por um ambiente. • O papel da administração é cuidar do desempenho global do sistema. 4. Visão Sistêmica 4 VISÃO SISTÊMICA Vimos anteriormente que na Escola Clássica da Administração predominavam os fatores técnicos. Já na Escola Comportamental o que era importante eram os fatores humanos. Agora veremos o Enfoque Sistêmico, que tem como um dos seus interesses a junção desses dois fatores. O mais importante na visão sistêmica é a idéia de que vários elementos se juntam e interagem entre si para alcançar determinado objetivo. Essa visão se formou com base em três linhas de pensamento: teoria da forma, a cibernética e a teoria dos sistemas, de acordo com a figura 8: Figura 8: Visão Sistêmica e suas bases. VISÃO SISTÊMICA 4 Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 18 4.1 GESTALT O conceito de Gestalt ou Teoria da Forma foi desenvolvia por psicólogos alemães na década de 20. A base deste conceito é a idéia de que os elementos da realidade não devem ser separados uns dos outros para serem explicados e devem ser considerados como conjuntos indivisíveis. A idéia é que a natureza de cada elemento é definida pela estrutura e pela finalidade do conjunto que ele faz parte. Um exemplo típico é o da cadeira: uma cadeira é enxergada como uma cadeira, ou seja, um objeto que serve para sentar. Ela é um conjunto único que tem uma finalidade definida. Quando se olha para uma cadeira, não se pensa que é um conjunto de quatro pernas, assento, encosto, tendo cada um uma função, mas sim um objeto inteiro. Essa teoria direciona a um raciocínio interativo, que considera qualquer coisa como um todo. 4.2 TEORIA DOS SISTEMAS Após a Teoria da Forma, logo no final dos anos 30, um homem chamado Ludwig Von Bertalanffy observou que a ciência se acostumou a tratar de forma pontuada muitos problemas que exigiam uma abordagem mais ampla. A Teoria Geral dos Sistemas é o que possibilita essa abordagem. Ela tem duas idéias básicas: • A realidade é construída por sistemas, que por sua vez são compostos de elementos independentes, ou seja, a realidade não é feita de elementos isolados que não se relacionam entre si, mas de vários elementos que se interferem mutuamente. • Para se entender bem a realidade, é preciso estudar não apenas os elementos isolados, mas suas inter-relações, por meio de enfoques interdisciplinares. Para Bertalanffy, a sociedade e a tecnologia se tornaram tão complexas que as soluções tradicionais não são mais suficientes, tornando-se necessário utilizar abordagens mais abrangentes que o usual. Portanto, a Teoria dos Sistemas é a reorientação do pensamento e da visão do mundo com base na introdução dos sistemas como uma nova forma científica de analise. 4.3 CIBERNÉTICA O outro grande ponto da Visão Sistêmica é o conceito de Cibernética. Esse conceito tem como idéia principal o autocontrole visando o alcance de um objetivo. Norbert Wiener foi quem concebeu essa disciplina para definir o campo da ciência que busca encontrar os elementos comuns ente o funcionamento da máquina e do sistema nervoso humano. De acordo com ele, o comportamento autocontrolado em busca de um objetivo é um comportamento cibernético. Da análise do conceito de Cibernética, obtém-se o terceiro conjunto de idéias importantes para o raciocínio sistêmico: 1. O sistema busca alcançar um objetivo. 2. O sistema deve informar-se sempre sobre a situação do alvo e sobre sua própria situação, para que possa se comportar de maneira a atingi-lo. 3. O sistema deve ser administrado e montado de maneira que seus elementos providenciem a informação necessária sobre a situação e o objetivo. Ele deve processar essa informação e ajustar seu comportamento às exigências impostas pelo objetivo. 4. A maneira de se obter informação sobre o desempenho do sistema e do objetivo é o feedback (informação que volta ao sistema). Utilizando esses princípios (Gestalt, Teoria dos Sistemas e Cibernética), o Enfoque Sistêmico enxerga as organizações como produto de interação de Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 19 dois sistemas diferentes: o técnico e o social. Além disso, a organização mantém um processo de troca de energia e informações com o meio ambiente. Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 20 5 ENFOQUE DA QUALIDADE Pelo que vimos até agora, percebemos que inicialmente a preocupação de quem se dedicou a estudar os processos administrativos se voltou para os processos técnicos com a Administração Científica. Depois o homem passou a ser o objeto de estudo com a Visão Comportamental e, logo depois, passou-se a enxergar o todo, e não apenas as partes, com a Visão Sistêmica. Dentro desses processos, a verificação da qualidade do produto era feita no final, ou seja, depois de acabado era que seria feita a inspeção para ver se estava tudo de acordo com as especificações. Os períodos iniciais de preocupação com o controle de qualidade podem ser definidos como mostra a figura 9: Figura 9: As três fases da evolução da qualidade. 5.1 ERA DA INSPEÇÃO No início, a inspeção dos produtos era feita pelos próprios consumidores na hora de comprar. Esta é uma maneira de controle de qualidade que vai existir enquanto existirem os mercados artesanais, onde os clientes se relacionam diretamente com os produtores. O controle da qualidade pela inspeção existe desde antes da Revolução Industrial, onde essa inspeção era feita pelos artesãosao terminar de fazer seu produto. Desenvolvendo esse hábito, a inspeção passou a ser feita no início da era industrial pelos trabalhadores. Logo depois, ela passou a ser feita pelos supervisores e depois por inspetores de qualidade. A grande desvantagem do controle de qualidade feito pelo método da inspeção é que ele por si não produz qualidade, apenas encontra os defeitos nos produtos. Era da Inspeção • Produtos são verificados um a um. • Cliente participa da inspeção. • Inspeção encontra defeitos, mas não produz qualidade. Qualidade Total • Processo produtivo é controlado. • Toda empresa é responsável. • Ênfase na prevenção de defeitos. • Qualidade assegurada – Sistema de Administração da Qualidade. Controle Estatístico • Produtos verificados por amostragem. • Departamento especializado faz controle de qualidade. • Ênfase na localização de defeitos. ENFOQUE DA QUALIDADE 5 Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 21 5.2 CONTROLE ESTATÍSTICO O controle de qualidade pelo método da inspeção foi aprimorado através de técnicas de amostragem e outros procedimentos com base na estatística. Por causa da produção em massa, surgiu a necessidade de peças padronizadas e em grande quantidade, o que dificultava a inspeção de todos esses itens e favoreceu a utilização da amostragem. O controle estatístico consiste, de maneira resumida, em pegar “exemplos” dos produtos que foram terminados e ver quantos estão de acordo com os padrões determinados e quantos não estão. Por exemplo: uma fábrica de canetas fabrica por dia 10.000 unidades de canetas azuis, 5.000 de canetas pretas e 5.000 de canetas vermelhas. As canetas são produzidas por lote de 100 unidades. O controle de qualidade da fábrica, toda vez que um lote é produzido, ele escolhe aleatoriamente cinco canetas e as testa. Descobriu-se então que de cada caneta azul, em média duas não funcionavam, de cada caneta preta, três não funcionavam e de cada caneta vermelha, apenas uma não funcionava. Isso não quer dizer que em todos os lotes vai se achar a mesma quantidade de canetas que não funcionam. Com esses dados, o administrador vai perceber que quem mais falha são as canetas azuis, seguidas pelas pretas e depois as vermelhas, e, com esses dados, vai tentar descobrir o motivo dos defeitos. O grande impulso do controle estatístico da qualidade foi durante a segunda guerra, quando se precisavam de grandes quantidades de itens e com elevado padrão de qualidade. Nesse período, as forças armadas americanas adotaram métodos científicos de controle de qualidade por amostragem. Muitas empresas passaram a empregar o controle estatístico logo após a guerra, atribuindo ao departamento de qualidade funções de assessoria, como incentivar o treinamento para o controle de qualidade e de pesquisa e realizar as atividades propriamente ditas de controle da qualidade. 5.3 QUALIDADE TOTAL Na era da Qualidade Total, o foco deixa de ser a qualidade no produto ou serviço, como na inspeção e no controle estatístico, e passa a ser todo o processo produtivo. A qualidade passa a ser uma responsabilidade de todos os operários desde o início do processo até o final – e passa a ser uma questão sistêmica. Garantindo-se a qualidade do sistema, garante-se a qualidade do produto ou serviço que é oferecido. Esse novo pensamento marca a evolução para a era da Qualidade Total. As pessoas que mais se destacaram no desenvolvimento dos princípios e das técnicas da qualidade total foram: Feigenbaum, Deming e Ishikawa. Veja suas idéias principais na figura 10: Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 23 Deming • Corrente de clientes. • Fazer certo da primeira vez. • Os 14 princípios. • Inspeção não produz qualidade. • O ciclo PDCA. Ishikawa • Qualidade como responsabilidade de todos. • Métodos de resolução de problemas. • Círculos da qualidade. • Diagrama de Ishikawa. Feigenbaum • Controle da Qualidade Total (TQC). • Foco no cliente. • Envolvimento geral no processo da qualidade. Figura 10: Autores da Qualidade Total e suas idéias mais importantes. 5.3.1 conceitos de qualidade total de deming Deming foi um dos responsáveis pela implementação da qualidade da indústria japonesa, que depois iria se transformar em modelo para todo o mundo. Em 1950, ele foi convidado para ministrar um curso de estatística voltado para técnicos e engenheiros japoneses. Ele tentou dirigir seu curso para a qualidade, dizendo que a melhoria da qualidade, que para ele era a redução da variabilidade, era o caminho para a competitividade, produtividade e redução de custos, o que ajudaria a indústria japonesa na expansão de seus mercados e na produção de empregos. Deming introduziu a idéia de corrente de clientes, onde, em cada estágio do processo, o estágio anterior é fornecedor do estágio seguinte e esse estágio seguinte é cliente do estágio anterior. Assim, a corrente de clientes começa no fornecedor de insumos e termina no cliente final, que na verdade é quem paga todas as contas e sustenta a empresa. Dessa forma, a qualidade é exigida pelos clientes a todos os fornecedores, diminuindo a margem de erros durante o processo. Outra coisa que era bastante combatida por Deming era o retrabalho, por isso ele defendia que os processos deveriam ser monitorados de forma a não haver falhas, ou seja, fazer certo na primeira vez. Não havendo falhas, não havia retrabalho e, conseqüentemente, perda de tempo e dinheiro. Algum tempo mais tarde, depois de ser reconhecido nos EUA por causa do grande sucesso competitivo dos produtos japoneses em todo o mundo, Deming lançou seu livro Qualidade: a revolução da administração, onde ele apontava 14 princípios básicos: • Ter sempre em vista o propósito de melhorar o produto e o serviço para tornar a empresa cada vez mais competitiva; • Compromisso das empresas em adotar a filosofia de mudança; • Combater a necessidade da inspeção em massa através da Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 24 implantação da qualidade no processo produtivo desde o começo dele; • Estabelecimento de fornecedores confiáveis com o propósito de diminuir o custo total; • Esforço contínuo na melhora dos processos de produção tendo em vista a redução de custos; • Treinamento no serviço; • Formar líderes; • Afastar a insegurança dos operários para que eles produzam mais e melhor; • Acabar com as barreiras entre os diversos departamentos, para que toda a organização trabalhe como uma equipe; • Foco no processo como um todo. Eliminar as exortações, slogans e metas para os funcionários, evitando relações hostis e conseqüentemente a queda de produtividade; • Acabar com a administração por objetivos; • Mudar a responsabilidade dos supervisores dos números para a qualidade; • Implantar programas robustos de educação e autotreinamento; • Trabalhar sempre no sentido de concretizar a transformação, pois ela é o trabalho de toda a organização. Outra divulgação importante de Deming foi o Ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Action) Figura 11: O Ciclo PDCA. O Ciclo PDCA nada mais é do que uma forma de ação feita por etapas, para colocar em prática todos os seus 14 princípios, como vemos na figura 11. As etapas são: Plan: significa planejar, estudar um processo ou um problemaconhecido e planejar o seu aprimoramento ou resolução. Do: essa é a etapa de implementação das mudanças que foram planejadas; Check: nessa etapa, se observam os efeitos causados pelas implementações feitas na etapa anterior; Action: é a hora de observar e estudar os resultados. Após a etapa. Repete-se a etapa 1, depois a 2, etc, já que é um ciclo que procura a melhoria contínua. 3-Check 2-Do 4- Action 1-Plan Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 24 5.3.2 Qualidade total de Feigenbaum Outra etapa importante na evolução dos conceitos de qualidade deu-se com a publicação do livro Controle da Qualidade Total (Total Qualit Control – TQC), de Armand Feigenbaum. A idéia fundamental do TQC era que o interesse do cliente era o ponto de partida para todas as ações de uma organização. Assim como Deming, Feigenbaum defendia a qualidade como uma responsabilidade de toda a organização. Ele defendia também que a qualidade não é um atributo do produto ou serviço. Dessa forma, conformidade com as especificações não são suficientes para atribuir qualidade ao produto ou serviço. A qualidade teria de ser embutida desde o início, com base nos desejos e interesses dos clientes. A qualidade também exige um enfoque sistêmico para integrar as ações das pessoas, as máquinas, informações e todos os outros recursos envolvidos da administração da qualidade. Para que isso ocorra, é preciso que exista um sistema de qualidade, que para Feigenbaum é: “... a estrutura operacional de trabalho, em relação à qual toda a empresa está de acordo, documentada em procedimentos técnicos e administrativos, efetivos e integrados, que orienta as ações das pessoas, máquinas e informações, da melhor maneira e mais prática para assegurar a satisfação do cliente com qualidade e o custo econômico da qualidade”. Para ele, a qualidade começa na administração superior, de onde viriam a inspiração e a orientação do sistema da qualidade. Valorizou também o papel do departamento da qualidade, que deveria ter autonomia para garantir a qualidade de produtos e serviços e para desempenhar atividades de consultoria que garantissem um nível adequado de custos para a produção. Assim, o papel da qualidade se resumiria a garantir a satisfação do cliente, sem deixar de lado os interesses econômicos da empresa. 5.3.3 Qualidade total de Ishikawa A abordagem de Kaoru Ishikawa não se afasta muito das abordagens de Deming e principalmente Feigenbaum. A diferença está principalmente no que se refere às atribuições de responsabilidade pelo controle efetivo do processo de qualidade total. Vamos ler o que Ishikawa disse: “... Seu profissionalismo ocidental o levou a defender que o TQC fosse conduzido essencialmente por especialistas em controle da qualidade. A abordagem japonesa foi diferente da do Dr. Feigenbaum. Desde 1949, temos insistido em que todas as divisões e todos os empregados se envolvam no estudo e na promoção do controle da qualidade. Nosso movimento nunca foi um domínio exclusivo dos especialistas em controle da qualidade. Isso se manifesta em todas as qualidades... Nós promovemos estes cursos e seminários sob diferentes nomes, tais como Controle Integrado da Qualidade, Controle Total da Qualidade, Controle de Qualidade Participativo, e coisas assim. O termo “controle da Qualidade Total” tem sido o mais freqüentemente usado. No entanto, quando esse termo é usado no exterior, as pessoas podem pensar que estejamos imitando a abordagem do Dr. Feigenbaum, o que não é verdade. Assim, dei à nossa abordagem o nome de Controle da Qualidade Estilo Japonês, mas achei que era meio desajeitado. No simpósio de Controle da Qualidade em 1968, nós concordamos em designar a abordagem japonesa de Company Wide Quality Control.” Ishikawa não queria restringir o controle da qualidade para departamentos específicos. Ele criou os círculo da qualidade e o diagrama de Ishikawa ou “Espinha de Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 25 peixe”, comumente usado hoje em dia nos métodos de TQC. Figura 12: Diagrama de Ishikawa ou Diagrama de Causa e Efeito Fonte:http://blog.campe.com.br/diagrama-de-ishikawa-ou-diagrama-de-causa-e-efeito Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 27 6 MODELO JAPONÊS DE ADMINISTRAÇÃO O modelo japonês de administração veio revolucionar as formas de produção das empresas ocidentais. Esse modelo cresceu em prestígio e reconhecimento pela sua capacidade de se adaptar as mudanças, de forma que conseguiu enfrentar sua concorrência através de seus conhecimentos enraizados e, principalmente, pela abertura a novos conhecimentos, buscando fundamentalmente o baixo desperdício. O desenvolvimento desse modelo começa nos anos 50, quando a Toyota, uma empresa de pequeno porte que fabricava 1000 carros por mês, encontrava- se dentro de uma economia devastada pela guerra. Nos anos 80, a Toyota fabricava 1000 carros em poucos minutos e era a terceira maior fabricante mundial, perdendo apenas para a GM e a Ford. A evolução do modelo de produção japonês foi um dos grandes responsáveis pelo chamado “milagre japonês”. Mas, é importante saber como se deu essa evolução. Nos anos 50, Eiji Toyoda que pertencia à família proprietária da Toyota e Taiichi Ohno que era o chefe da engenharia da empresa, perceberam que o sistema Ford nunca poderia funcionar na Toyota, já que ela era bem menor e precisava de soluções mais eficientes e mais baratas. As bases do sistema criado por eles fora chamado de Sistema Toyota de Produção, que tinha como características a eliminação de desperdícios e a fabricação focada na qualidade, sempre tendo as pessoas como base fundamental. Foi implantado o sistema de produção “Just-in-Time” (“estoque zero”), garantindo menores custos de estoque, bem como menor necessidade de uso de capital de giro. Em seus processos fez-se valer de Kanban, Kaizen (melhoria contínua), campanha de defeitos zero, a automação de baixo custo e o trabalho em equipe. Os dois grandes aspectos apresentados como diferencial desse modelo foram a flexibilidade e o capital humano. A educação básica com boa formação era essencial, bem como a motivação dos funcionários. Daí a identificação dos “TonôKô”, profissionais com várias habilidades para desenvolver diversas tarefas. Para os japoneses, funcionário qualificado significa maior eficiência e maiores condições de eficácia. Esse conjunto de técnicas e soluções também ficou conhecido como “Produção Enxuta”. MODELO JAPONÊS DE ADMINISTRAÇÃO 6 Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 2 7 ELEMENTOS QUE COMPÕEM AS ORGANIZAÇÕES Nós vimos anteriormente alguns exemplos de organizações como a família, a escola, o exército, um grupo de amigos e uma fábrica. Vimos também que o que as difere entre si é o nível de complexidade e os objetivos finais de cada uma. É principalmente nas organizações que vemos o desenrolar do processo administrativo. Mesmo sabendo que a administração é necessária em qualquer situação onde se tem utilização de recursos, a importância que as organizações tomaram como forma de atender às necessidades de produtos e serviços da sociedade é o maior motivo para o estudo da administração. A Administração é uma tecnologia que permite queas organizações consigam chegar eficientemente a seus objetivos e cumprir as suas finalidades. Mas, para estudar e aplicar a administração nas organizações, precisamos entender como elas estão estruturadas; quais seus elementos e como se dividem. Um grupo de amigos tem a finalidade social de estar junto para se divertir ou trocar idéias e o mesmo ocorre na família. Já o Exército Brasileiro tem o objetivo de defender a soberania nacional. Eles estão organizados sob regras, o que não ocorre com o grupo de amigos. Uma empresa se caracteriza como um tipo de organização que visa ter lucros. Ela está organizada sob regras definidas, assim como o exército. Dessa forma, podemos dizer que as organizações são sistemas de recursos que procuram realizar objetivos. Estudaremos as organizações de maneira detalhada mais adiante. A organização é um conjunto de recursos que tentam alcançar um objetivo. Os recursos e objetivos fazem parte desse sistema integrado. Outros dois itens que compõem esse sistema são: os processos de transformação e a divisão do trabalho. Veja a figura 13. Figura 13: Transformação de recursos em objet Recursos • Humanos • Materiais • Financeiros • Informação Organização • Processos de transformação • Divisão do trabalho • Coordenação Objetivos • Produtos • Serviços ELEMENTOS QUE COMPÕEM AS ORGANIZAÇÕES 7 Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 30 7.1 OBJETIVOS A razão de ser das organizações é a realização dos objetivos ou finalidades conhecidas por elas, sendo que podemos classificar esses objetivos ou finalidades em duas categorias principais: produtos e serviços. Uma determinada organização pode produzir diferentes produtos e prestar diferentes serviços simultaneamente. Uma fábrica de eletrodomésticos, por exemplo, desenvolve, produz e comercializa liquidificadores, batedeiras, micro-ondas e presta serviços de assistência técnica para seus clientes. O Governo Federal tem vários objetivos em várias áreas, como na área da saúde, educação e segurança pública. Quando as organizações conseguem atingir seus objetos, dizemos que ela é eficaz. Quando ela atinge esses objetivos da melhor maneira possível, dizemos que ela é eficiente. As organizações possuem objetivos de curto, médio e longo prazo. Produzir uma certa quantidade e vender essa quantidade em um certo espaço de tempo é um objetivo de curto prazo. Já a relação que a empresa quer ter com seus clientes ao longo do tempo e o que ela quer ser em determinado tempo são objetivos de longo prazo. Dizemos que a missão da organização é a maneira que ela pretende se portar no mercado e como ela pretende interagir com seus clientes, fornecedores, colaboradores e outras organizações. A visão da organização é como ela se vê dentro de algum tempo. Esses são objetivos de longo prazo. Veja o exemplo da missão e visão da Gerdau: Visão – Ser uma empresa siderúrgica internacional, de classe mundial. Missão – O Grupo Gerdau é uma organização empresarial focada em siderurgia, com a missão de satisfazer as necessidades dos clientes e de criar valor para os acionistas, comprometida com a realização das pessoas e com o desenvolvimento sustentado da sociedade. O Grupo Gerdau ocupa a posição de maior produtor de aços longos no continente americano, com usinas siderúrgicas distribuídas no Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Estados Unidos e Uruguai. Seu objetivo principal de curto prazo é a produção de aços longos. 7.2 RECURSOS Recursos são meios necessários às organizações para que elas possam chegar aos seus objetivos. Eles podem ser: financeiros – como o dinheiro para pagar os salários ou o financiamento para comprar máquinas; humanos – como os trabalhadores e os gerentes; materiais – como as instalações, as máquinas e os móveis usados. Os recursos humanos (as pessoas) são os principais recursos das organizações. A organização precisa utilizar esses recursos de maneira a conseguir a maior produtividade possível. Quanto mais alto é o grau de produtividade, melhor a organização está utilizando os seus recursos e mais eficiente ela é. 7.2.1 Divisão do Trabalho A Divisão do Trabalho é o que dá atribuições específicas para as pessoas, o que possibilita a realização do objetivo. Como vimos anteriormente com a Linha de Montagem de Ford, a divisão do trabalho permite a superação das limitações individuais através da especialização. Daí, ao se juntar todas as partes feitas individualmente, tem-se o trabalho completo que jamais poderia ter sido executado por um só indivíduo. Para que isso ocorra de maneira harmônica, as tarefas devem se combinar e se integrar de modo que sejam Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 31 complementares; para realizar uma tarefa, é preciso realizar outra e assim por diante. A coordenação é o processo que tenta atender às necessidades de interdependência das tarefas, possibilitando que o conjunto realize seus objetivos. 7.2.2 Processos de Transformação Os Processos são as diversas maneiras que os recursos são utilizados e transformados em produtos finais ou serviços. O processo é um conjunto de atividades interligadas, que possuem uma ordenação específica do início ao fim, claramente identificadas. Alguns dos processos mais comuns que são encontrados na maioria das organizações são: • Administração de Recursos Humanos, que transformam necessidade de mão-de-obra em disponibilidade de pessoas, desde o seu ingresso até o seu desligamento na organização. • Produção, onde se transforma a matéria prima, através da aplicação de máquinas e atividades humanas, em produtos e serviços Compras, quando se adquire todos os recursos, desde materiais a humanos, que serão necessários para atingir os objetivos da organização. Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 33 8 GRUPOS SOCIAIS E ORGANIZAÇÕES Nem todos os grupos sociais constituem organizações. Eles podem ser divididos em dois grupos: • Grupos Sociais Primários – a característica principal desse grupo é a informalidade. Nele, as pessoas saem e entram voluntariamente e as regras são ditadas pelas relações sociais. Exemplos de grupos sociais primários são os grupos de amigos, as associações de bairro, grupo de artistas amadores, ect. • Grupos Sociais secundários – neste grupo, a característica principal são as regras que regem as relações entre os seus integrantes. Essas regras criam normas explícitas com direitos e obrigações para todos. Eles são chamados de grupos formais. Toda organização formal é burocrática de alguma forma, ou seja, segue regulamentos e possui algum tipo de hierarquia. GRUPOS SOCIAIS E ORGANIZAÇÕES 8 Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 35 9 TIPO IDEAL DE BUROCRACIA Existem três características principais que as organizações formais ou burocráticas apresentam e as distingue de grupos informais ou primários. Essas três características formam o que Max Weber chamou de Tipo Ideal de Burocracia. Vale lembrar que esse é um modelo abstrato que tenta retratar os elementos que constituem qualquer organização formal do mundo real. São eles: 9.1 FORMALIDADE As burocracias são todas sistemas formais, onde afigura da autoridade é definida pala lei. A lei tem como objetivo normatizar racionalmente as relações profissionais. Dessa forma, o comportamento não depende do capricho pessoal dos administradores. O que cada um pode e deve fazer está escrito em forma de leis. É importante ressaltar que as pessoas que detêm a autoridade também estão sujeitas ao cumprimento das leis. Essa é uma grande vantagem da burocracia: todos são iguais perante as leis. 9.2 IMPESSOALIDADE A obediência não se dá por outro motivo que não seja a lei e as pessoas que tem a autoridade são obedecidas por representarem esta lei. Nenhuma pessoa é empregada de outra. As relações entre as pessoas que integram as organizações são geridas pelos seus respectivos cargos e pelos direitos e obrigações que cada um deles tem. No tipo ideal de burocracia idealizado por Weber, o que conta é o cargo e não a pessoa, ou seja, as organizações formais são impessoais. 9.3 PROFISSIONALISMO Os funcionários formam as burocracias e, através delas, esses funcionários obtêm seus meios de subsistência. Na verdade é uma troca onde esses dois atores dependem um do outro. Em outras palavras, os cargos de uma burocracia oferecem a seus ocupantes uma carreira profissional e meios de vida. Outra característica importante do profissionalismo é que os cargos são ocupados de acordo com as qualificações daqueles que os ocupa. 9.4 DISFUNÇÕES DA BUROCRACIA Max Weber tentou evidenciar as características das organizações burocráticas em sua forma pura, mas é impossível que todas elas se encaixem totalmente. Todas as organizações contêm os três elementos, em maior ou menor, mas sempre são diferentes do tipo ideal de burocracia, pois elas apresentam disfunções que as torna ineficientes e ineficazes. Essas disfunções ocorrem porque as organizações são sistemas formados por pessoas e não por máquinas que obedecem estritamente aos comandos dados – no caso, as leis. Veremos agora TIPO IDEAL DE BUROCRACIA 9 Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 36 algumas das disfunções tidas como principais. 9.4.1 Individualismo Essa disfunção ocorre quando os recursos são escassos ou existe uma luta pelo poder. As pessoas que conseguem ocupar cargos de chefia acabam tendo muitos privilégios dentro de uma organização burocrática. Privilégios como símbolos diferenciadores e vantagens materiais. Por isso, a burocracia acaba incentivando conflitos entre pessoas que querem ocupar determinadas posições visando essas vantagens, o que prejudica muito a qualidade da administração. 9.4.2 Mecanicismo As pessoas são obrigadas a desempenhar papeis limitados, com pouca responsabilidade e autonomia por causa do profissionalismo. Dessa forma, cada pessoa ocupa um cargo com atribuições bem definidas, que normalmente tem a ver com suas facilidades e interesses. O que acontece é que muitas delas acabam não sendo bem aproveitadas, diminuindo o potencial produtivo de toda a organização. 9.4.3 Defesa de interesses pessoais A defesa de interesses pessoais é feita muitas vezes. As pessoas utilizam as organizações para tirar proveito próprio de alguma coisa, o que provoca males terríveis como a corrupção. Temos exemplos práticos disso no nosso dia-a-dia, quando vemos denúncias na mídia de políticos e juizes nomeando parentes para serem seus assessores, governadores que contratam empresas que pertencem a seu cunhado, ou fiscais recebendo propina para não lavrar um alto de infração. 9.4.4 Defesa de interesses de grupos externos A defesa de interesses de grupos externos muitas vezes se confunde com a defesa de interesses pessoais. Essa defesa se dá quando existe protecionismo ou benevolência para com uma pessoa, por ela fazer parte da mesma igreja, ou porque se formou na mesma universidade. Em outras palavras, quando alguém tem algum vínculo com uma organização qualquer, pode vir a defender os interesses desta organização dentro da outra organização da qual ela faz parte. 9.4.5 Valorização excessiva da hierarquia Um dos grandes problemas da hierarquia talvez seja a atração de pessoas não por capacidade e competência, mas sim pela habilidade de cumprir regras e agir de acordo com as orientações dos seus superiores. Ela faz com que as pessoas tenham baixa autonomia e dependam muito de seus superiores, condicionando, assim, a evolução profissional às habilidades de relacionamento. 9.4.6 Valorização excessiva de regulamentos É verdade que a organização burocrática está fundamentada na regulamentação, mas elas acabam exagerando na instituição dessas regras. As organizações tendem a regulamentar todo o que for possível a respeito do comportamento humano. Coisas simples como o recebimento de materiais que precisam ser carimbados por muitas pessoas desnecessariamente. Para controlar todos os processos, as organizações tendem a criar muitas regras e contratar muitos fiscais para fiscalizar o cumprimento dessas regras, o que torna os processos mais lentos e demorados e o Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 37 quadro de funcionários muito inchado. Outra disfunção perigosa de quando se valoriza excessivamente as regras, é a criação da dificuldade para vender a facilidade, ou seja, funcionários corruptos criam dificuldades terríveis para um determinado processo e cobram das pessoas interessadas uma resolução rápida. Todas essas disfunções interferem no bom funcionamento do sistema burocrático das organizações. De certa forma, elas perecem ser tão próprias das organizações quanto as características do modelo ideal idealizado por Weber, mas elas acarretam na ineficiência e ineficácia dos processos, atravancando o bom desempenho. Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 39 10 TECNOLOGIA Podemos dizer que a tecnologia é utilização dos conhecimentos técnicos e científicos que as organizações usam para transformar recursos em produtos e serviços. Ela está presente em todos os tipos de organizações; das empresas que engarrafam água mineral à fábrica de computadores de última geração. A tecnologia está ligada na maioria das vezes a máquinas e equipamentos, mas também inclui procedimentos e métodos de organização da atividade humana e maneiras de manipular e estruturar o seu comportamento. Existem dois tipos principais de tecnologia: tecnologia de produto e tecnologia de processo. A tecnologia de produto absorve os conhecimentos relacionados ao projeto do produto, ou seja, a forma que tem determinado produto ou a função que esse produto vai desempenhar. Já a tecnologia de processo diz respeito à definição das máquinas e equipamentos dentro de um processo produtivo e ao seu arranjo nesse processo. Essas definições são válidas em todas as áreas de produção de bens e serviços. 10.1 AVANÇO TECNOLÓGICO O avanço tecnológico se dá quando aparecem novos produtos ou novas formas de se chegar aos produtos. A inovação é uma mudança na tecnologia; é uma forma nova de se fazer alguma coisa. Pode-se atribuir o seguinte padrão ao processo de inovação tecnológica: • O primeiro passo é a identificação da necessidade da tecnologia. Essa necessidade é a razão de ser do avanço tecnológico. • Essa necessidade deve ser algo palpável, ou seja, possível de ser atendida. Para que exista essa possibilidade, deve existir o conhecimento teórico disponível.• Tendo o conhecimento teórico disponível, deve existir a possibilidade colocá-lo em prática, tendo viabilidade física e financeira. • Os recursos necessários para a inovação devem estar disponíveis. Exemplos desses recursos são: mão-de- obra especializada, disponibilidade financeira, tempo para pesquisa e implantação, etc. • O último passo é a identificação e organização pela iniciativa empresarial de todos os elementos necessários e disponíveis para o processo de inovação. TECNOLOGIA 10 Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 41 11 RECURSOS HUMANOS As pessoas passam a maior parte de suas vidas dentro de organizações. Elas dependem das organizações para poderem trabalhar e da mesma forma, as organizações dependem direta e irremediavelmente das pessoas para produzir seus bens e serviços, atender seus clientes e competir nos mercados. O trabalho consome muito tempo de vida e dos esforços das pessoas, pois elas dependem deste trabalho para poder se sustentar junto com suas casas e famílias e conseguir um lugar respeitável na sociedade. Não dá para separar o trabalho de uma existência saudável para qualquer pessoa. Por isso, as pessoas dependem das organizações para trabalhar e chegar aos seus objetivos. Por outro lado, certamente as organizações jamais existiriam sem as pessoas que nelas trabalham. Na verdade, o que existe uma interdependência das duas partes. As organizações funcionam através das pessoas que delas fazem parte. Como vimos anteriormente, os recursos humanos são os principais recursos produtivos das organizações, e por isso, eles precisam ser bem administrados, o que envolve planejamento, organização, direção e controle de suas ações. 11.1 RECRUTAMENTO DE PESSOAS O recrutamento é o processo onde a organização atrai candidatos que estão no mercado de trabalho para compor o seu processo seletivo. O recrutamento comunica e divulga oportunidades de emprego, ao mesmo tempo em que atrai os candidatos para o processo seletivo. O objetivo principal do recrutamento é atrair candidatos para o seu processo seletivo. Existem dois tipos de recrutamento: recrutamento interno e externo. O recrutamento interno visa aproveitar os candidatos que estão trabalhando dentro da organização. Visa a promoção ou transferência de funcionários para outras atividades mais difíceis ou mais desafiadoras. Já o recrutamento externo visa encontrar candidatos que estão fora da organização, para encaminhá-los ao seu processo de seleção de pessoal. Um privilegia os atuais funcionários para oferecer-lhes oportunidades melhores dentro da organização, enquanto o outro busca candidatos externos para trazerem experiências e habilidades não existentes atualmente na organização. O recrutamento interno funciona com a oferta de promoções (cargos hierarquicamente superiores ou com nível de dificuldade e responsabilidade maiores) e de transferências (cargos do mesmo nível, mas que envolvam outras habilidades e conhecimentos da pessoa e estejam situados em outra área de atividade na organização). Já o recrutamento externo precisa abordar o mercado de trabalho de maneira precisa e eficaz para funcionar bem, no sentido de alcançar e atrair os candidatos que deseja buscar. 11.2 SELEÇÃO DE PESSOAS O processo de seleção de pessoas funciona como um filtro, permitindo que apenas aquelas pessoas que possuam o perfil e tenham os conhecimentos e habilidades exigidas pelo cargo a ser ocupado, possam ingressar na organização. A seleção busca aqueles que mais se RECURSOS HUMANOS 11 Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 42 encaixam aos cargos existentes na organização, visando manter ou aumentar a eficiência e o desempenho do pessoal, bem como a eficácia da organização. 11.3 TREINAMENTO As pessoas são o recurso mais valioso e o principal patrimônio das organizações, e por isso passou a ser uma questão vital para seu sucesso. As empresas bem sucedidas têm no capital humano o seu principal diferencial, e em um mundo globalizado e muito competitivo, a constante manutenção desse diferencial acaba sendo o meio de sobrevivência das organizações. São as pessoas que movimentam e conduzem os negócios das organizações, produzindo produtos e prestando os mais diversos serviços. Para que isso seja possível, é inevitável se investir no treinamento e desenvolvimento das pessoas. O treinamento pode ter conceitos diferentes. Antigamente, o treinamento era encarado como uma forma de adequar as pessoas aos seus respectivos cargos, desenvolvendo assim a força de trabalho a partir dos cargos que ocupavam. Hoje em dia, o treinamento é mais encarado como uma forma de desenvolver as competências e as habilidades das pessoas para que elas se tornem mais criativas, proativas e inovadoras, contribuindo assim para o constante crescimento e aprimoramento das organizações. 11.3.1 Necessidades de Treinamento Antes de começar um treinamento, o que primeiro se faz é o levantamento das necessidades de treinamento que existem na organização. Nem sempre essas necessidades estão claras. Dessa forma, elas precisam ser identificadas a partir de certos levantamentos e pesquisas internas capazes de localizá-las e descobri-las. As necessidades de treinamento são todas de capacitação profissional das pessoas, ou seja, o que falta no conhecimento das pessoas para que elas saibam tudo o que realmente precisam para desempenhar aquela função. Uma necessidade de treinamento é uma quantidade ou qualidade de conhecimentos, de informações ou de habilidades que um indivíduo ou grupo precisa desenvolver para melhorar ou aumentar o seu desempenho no trabalho. Na medida em que o treinamento focaliza essas necessidades e carências e as elimina, ele se toma benéfico para os funcionários e principalmente para a organização. 11.3.2 Etapas do Processo de Treinamento O treinamento é um processo cíclico e contínuo composto de quatro etapas: 1. Diagnóstico: é o levantamento das necessidades de treinamento a serem satisfeitas. Essas necessidades podem ser passadas, presentes ou futuras Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 43 2. Desenho: é a elaboração do programa de treinamento para atender às necessidades diagnosticadas. 3. Implementação: é a aplicação e condução do programa de treinamento. 4. Avaliação: é a verificação dos resultados do treinamento. As etapas de treinamento envolvem identificação da situação, a decisão quanto à estratégia para a solução, a implementação da ação e da avaliação e o controle dos resultados das ações de treinamento. O treinamento significa atingir o nível de desempenho esperado pela organização através do desenvolvimento contínuo das pessoas que trabalham nela. Para isso acontecer, é desejável uma cultura interna favorável ao aprendizado e comprometida com as mudanças. Administração da produção I ______________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 45 12 NOÇÕES BÁSICAS DE CONTABILIDADE As pessoas estão sempre tomando decisões: o que tomar no café da manhã, que roupa usar, a que programa assistir, que trabalho será desenvolvido durante o dia, etc. Algumas vezes, são decisões importantíssimas: o casamento, a carreira ou a aquisição de casa própria,
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