Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 1 SUPORTE AVANÇADO DE VIDA EM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA A vídeo aula de hoje se trata do suporte avançado de vida em insuficiência cardíaca. O objetivo dessa vídeo aula não é ensinar para vocês insuficiência cardíaca crônica, isso vocês já tiveram na cadeira de Cardiologia. Vocês já passaram pela cadeira e já tiveram esse assunto de forma de uma abordagem muito extensa e detalhada, o objetivo nosso hoje, como é o da cadeira de urgência e emergência, é ensinar vocês a abordar e receber o paciente com insufuciência cardíaca descompensado, dessa forma atendendo esse tipo de paciente que vai chegar na emergência ou que vai tá internado em leito de enfermaria. ENTÃO COMO ABORDAR UM PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DESCOMPENSADA? Esses pacientes descompensam, então como eu abordo esse paciente? A aula de hoje é dedicado a isso, e nós vamos fazer como a gente tem feito na nossa disciplina sempre com uma abordagem prática né, orientado para a prática do dia a dia de vocês, e de forma sistematizada, para tentar sedimentar bem a conduta e o conhecimento que vocês vão adquirindo. Essa aula vai ser baseada no protocolo que é fornecido pela sociedade brasileira de Cardiologia, que é denominado SAVIC, que é o suporte avançado de vida em insuficiência cardíaca. Esse protocolo ele é feito de forma sistematizada, a fim de simplificar o atendimento da insuficiência cardíaca descompensada, e a fim de que possa ser feito um atendimento sem nenhuma falha, não deixar que alguma parte do atendimento passe batido, ou que a gente fique confuso frente ao atendimento desse tipo de paciente. É um perfil de paciente que não só o cardiologista vai pegar, esse paciente qualquer médico, formado clínico geral, recém- formado que vai ter um atendimento de paciente intra- hospitalar ou no pronto-socorro vai se deparar com esse tipo de paciente, então a importância desse tema. Como que a nossa aula vai se desenrolar? nós vamos avaliar o paciente com insuficiência cardíaca descompensada e a aula vai se dividir nos seguintes temas: nós vamos primeiro fazer: � Uma introdução, com conceito e epidemiologia, bem breve; � Abordagem sistematizada do SAVIC de forma mais detalhado; � O manejo de cada perfil hemodinâmico, vocês vão aprender o que é um perfil hemodinâmico; � As medicações, os detalhes de cada medicações que nós vamos precisar lançar a mão, os inotrópicos, os vasodilatadores e até por vezes os vasoconstritores; � E por último os casos clínicos que eu vou deixar com vocês ao final para que leiam e tentem desenrolar os casos clínicos, para o nosso próximo encontro VÍDEO Aqui é uma ilustração visual para vocês terem uma noção do que é uma insuficiência cardíaca. Então isso é uma imagem ecocardiográfica num corte longitudinal aonde isso aqui é o átrio esquerdo, as imagens são iguais, só que de paciente diferente, então vou pegar aqui que tá maior a imagem átrio esquerdo; o ventrículo esquerdo; portanto aqui a válvula mitral; aqui a aorta, via de saída do VE com a válvula aórtica, em cima o VD escondidinho. Então essa parede são o miocárdio, são as paredes do ventrículo esquerdo. (5:30)Notem como se dá o espessamento e a variação de diâmetro aqui no corte de duas menções do ventrículo normal. Então olha esse ventrículo como bombeia adequadamente o volume sistólico, o sangue; e olha essa cavidade ventricular aqui como praticamente não altera de diâmetro e a parede miocárdica praticamente não espessa. Então esse é um ventrículo normal, paciente com a função miocárdica normal, e esse é um paciente com insuficiência cardíaca, então claramente aqui no visual a gente percebe que esse miocárdio e esse ventrículo esquerdo ele não consegue bombear um volume sistólico adequado para periferia para o resto do corpo, ao contrário do ventrículo normal. Então isso que é a imagem visual de um paciente com insuficiência cardíaca, e uma insuficiência cardíaca descompensada AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 2 que a gente vai abordar na aula de hoje. essa imagem seria mais para vocês terem uma ilustração visual. QUAL SERIA A DEFINIÇÃO ENTÃO DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA? É definida como um estado de inadequação da capacidade cardíaca em fornecer perfusão adequada para as demandas periféricas, ou seja, o meu coração ele não exerce uma função de bomba adequada para perfundir as minhas demandas periféricas de tecido seja em qualquer tecido do corpo. Num paciente com insuficiência cardíaca crônica e compensada ele muitas vezes ele vai ter essa perfusão readequada pelo tratamento, mas no paciente que vai chegar com insuficiência cardíaca descompensada ele vai estar com essa situação do controle desbalanceado, então ele vai ter uma capacidade cardíaca inadequada para fornecer a perfusão periférica necessária. A função cardíaca alterada ela pode estar relacionada a disfunção sistólica ou diastólica, ou pode ter uma função cardíaca alterada por anormalidade do ritmo cardíaco ou alterações da pré e pós carga. Então, por exemplo, que uma TAC ou bradiarritmia que possa interferir no volume injetado e no débito cardíaco, e da mesma forma uma hiper ou hipovolemia que possa atrapalhar performance cardíaca também. A insuficiência cardíaca descompensada para vocês terem noção da importância desse assunto para vocês que vão sair da faculdade e trabalhar em serviço de emergência, enfim, até vocês definirem a especialidade de vocês ou muitos vão trabalhar como generalista durante toda a carreira, enfim, realmente é um tema de extrema relevância porque vocês vejam que insuficiência cardíaca descompensada é a principal causa de internação nos países desenvolvidos, sendo que no Brasil, mesmo que não seja um país desenvolvido, mas é a terceira causa geral de internação, e a primeira entre causas cardiovasculares; ou seja, a terceira causa mais importante de internação no Brasil equivale aos pacientes com insuficiência cardíaca descompensada, então realmente é uma causa muito comum e vocês invariavelmente vão ter contato frequente com esse tipo de paciente. A insuficiência cardíaca descompensada na emergência ela corresponde da seguinte forma: � 79% dos casos são reinternações, ou seja, são pacientes que já tem o diagnóstico de insuficiência cardíaca, muitas vezes já tiveram internados, ou foram na emergência por quadros descompensados e estão reinternando e comparecendo novamente por uma nova de compensação. � E a minoria dos casos, 21% dos pacientes, vai ser o primeiro caso de descompensação, ou seja, um paciente que já tinham diagnóstico mas nunca tinha descompensado ou até mesmo paciente que vocês vão fazer o diagnóstico da insuficiência cardíaca naquele momento do atendimento de emergência, mas a maioria dos casos são pacientes que já trazem informação, que são pacientes cardiopatas, e isso já facilita no diagnóstico e no início do manejo/tratamento insuficiência cardíaca descompensada. Trata-se de uma doença com alta mortalidade e cujo tratamento nem sempre é fácil, vocês vão ver aqui que muitos tem aquela ideia de que insuficiência cardíaca é sempre igual a diurético, faz diurético, vamos tirar volume, vamos resolver esse edema do paciente, tudo vai ficar bem; e vocês vão ver que a abordagem muito mais ampla que isso e muito mais detalhado. Nem sempre é dessa forma, então vocês vão ver que não tem uma receita de bolo mas tem um algoritmo muito bem sistematizado que vai facilitar muito atendimento de vocês. Na grande maioria das vezes é associada com risco de morte e necessita de tratamento urgente ou seja um tratamento rápido, a gente não pode perder tempo. Dessa formaisso tem que estar bem fresco na cabeça de vocês para que a gente não perca tempo no tratamento do paciente. REGISTRO BREATHE Aqui em relação ao registro BREATHE, quais seriam as principais causas de descompensação da insuficiência cardíaca? � A primeira causa de descompensação da insuficiência cardíaca no nosso meio seria a má AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 3 aderência terapêutica, que justamente cai naquela situação que a gente falou que o paciente que já é cardiopata e que interna por descompensação e a maioria das vezes é o paciente está fazendo mau uso da medicação ou parou de usar medicação, então quase 30% dos pacientes é por conta disso. E aí vem as outras causas depois; � Infecção: então o paciente que era compensado que adquiriu um quadro infeccioso isso foi o motivo para descompensar a doença crônica e agudizar; � Desenvolvimento de alguma arritmia cardíaca; � Aumento da ingesta de sódio e água, que praticamente entra como uma má adesão terapêutica, porque esse controle que faz parte do tratamento do paciente cardiopata; � Desenvolvimento de alguma doença valvar aguda; � Embolia pulmonar ou � outras situações, como por exemplo, doença isquêmica, paciente que fez uma síndrome coronariana aguda ele pode se desenvolver como um paciente com insuficiência cardíaca descompensada. ABORDAGEM SAVIC Passando essa parte introdutória, o que a gente vai focar nessa aula: a abordagem dessa insuficiência cardíaca descompensada conforme o SAVIC, que é sistematização e diretrizes fornecidas pela sociedade brasileira de Cardiologia, que é o suporte avançado de vida em insuficiência cardíaca para o tratamento de pacientes com insuficiência cardíaca descompensada. Ele é feito para a gente ir seguindo essas letrinhas aqui, um método mnemônico, onde a gente tem a sequência de letras aqui para gente não esquecer e não deixar de sistematizar essa abordagem. Então quais seriam os componentes dessa abordagem: � A letra A corresponde a avaliação clínica e hemodinâmica, que seria a primeira coisa a gente fazer, e que é o que vai determinar a partir do meu perfil hemodinâmico do paciente como que eu vou manejar cada caso; � A letra B seria de boa ventilação e respiração, com adequada oxigenação e ventilação, isso aqui utilizando muito dos conhecimentos que você já adquiriram nas aulas de via aérea, seja básica ou avançada; � A letra C de circulação com reposição volêmica, então vocês aqui já começam a perceber que nem só de diurético vive o tratamento da insuficiência cardíaca; � A letra D de diurético, que seria o carro-chefe na maioria dos casos, mas nem só de diurético vive o nosso tratamento; � A letra E do eletrocardiograma, para avaliação de possíveis causas da descompensação; � A letra f de frequência cardíaca que é aonde a gente vai fazer o controle das bradi- taquiarritmias; � A letra g de garantir a não suspensão rotineira das drogas, ou seja, lembrando que 79% dos pacientes são de reinternações, são os pacientes que já tenham diagnóstico insuficiência cardíaca, e já faz o tratamento crônico, então o grande erro que nós vamos ver e simplesmente suspender o tratamento crônico no paciente que descompensou, a gente vai ver que não é bem assim que deve funcionar. � E a letra H de heparina, para profilaxia de evento de tromboembolismo venoso seja TVP ou TEP (trombose venosa profunda ou tromboembolismo pulmonar) que é muito importante uma vez que esse paciente tem o risco trombótico bastante elevado. A = AVALIAÇÃO CLÍNICO/HEMODINÂMICA AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 4 Dessa forma conseguindo pela letra A que é a avaliação clínico/hemodinâmica, a gente vai basicamente tentar determinar se aquele paciente com insuficiência cardíaca descompensada, se ele tem sinais de hipoperfusão, se ele tem sinais de congestão, se ele não tem nenhum deles ou se ele tem ambos. então dessa forma eu vou classificar o meu paciente em quatro perfis diferentes, que nós vamos ver no próximo slide, e dessa forma isso vai guiar a minha estratégia de tratamento, entao é extremamente importante porque isso é simples rápido de fazer e é o que vai orientar a minha terapêutica. Então quais seriam os sinais de hipoperfusão: � Pressão de pulso reduzida; � Sonolência ou obnubilação (alteração do nível de consciência); � Extremidades frias; � E oliguria. O que seria uma pressão de pulso reduzida? Que é uma pressão de pulso? Lembrando a vocês pressão de pulso é diferença da pressão sistólica para pressão diastólica. Então a história que o leigo fala que a pressão não pode juntar que é muito perigoso, ou seja, a pressão sistólica aproximada da distólica, isso é uma verdade, que uma pressão de pulso reduzido ou seja menor do que 30 mm de mercúrio de diferença entre a sistólica e a diastólica, isso significa um sinal de má perfusão. Alteração do nível de consciência, segundo fator, é o sinal de uma má perfusão do sistema nervoso central. Extremidades frias é um sinal de má perfusão periférica e oligúria um sinal de uma má perfusão renal, então qualquer um desses fatores isolados ou em associação são sinais de que o paciente possa ter má perfusão. O segundo quadrante aqui corresponde aos sinais de congestão, então quais seriam eles? � Ortopnéia; � Dispneia paroxística noturna; � Distensão venosa jugular ou turgência venosa jugular; � Hepatomegalia; � Edema de membros inferiores ou periférico; � Estertores pulmonares. Todos esses sinais são sinais de congestão: ortopnéia, dispneia paroxística noturna e estertores pulmonares são sinais de congestão de leito pulmonar; edema de membros inferiores ou periférico, hepatomegalia ou distensão/turgência venosa jugular, são sinais de congestão venosa sistêmica, e da mesma forma, um deles ou todos alternadamente ou em associação quer dizer que meu paciente tem sinais de congestão. Seguindo avaliação clínico/hemodinâmica, de acordo com a presença ou ausência daqueles sinais de hipoperfusão e congestão, eu vou classificar o meu paciente em quatro perfis hemodinâmicos possíveis, quais são eles? PERFIL HEMODINÂMICO A Que é o paciente quente e seco, ou seja, essa primeira palavra aqui corresponde a perfusão, em relação a perfusão ele pode ser quente ou frio; se a quente é perfusão normal, frio é perfusão diminuída; a segunda palavra corresponde ao sinal de congestão, seco é paciente que não tem sinal de congestão, úmido é o paciente que tem sinal de congestão. Então seu paciente que tem ausente tanto hipoperfusão ou congestão ele é um paciente quente e seco a gente de nome no perfil hemodinâmico A, vocês notem que ele não tem problema nem de hipoperfusão e nem de congestão então ele é um paciente na verdade compensado, a maioria das vezes o paciente nem vai está descompensado nem vai comparecer emergência ou se tiver descompensado é uma descompensação leve, paciente oligossintomático. PERFIL HEMODINÂMICO B A segunda opção aqui é o paciente do perfil B, que ele é quente e úmido, ou seja, ele é quente, ele não tem hipoperfusão; mas ele é úmido, tem sinais de congestão, esse é o perfil B. PERFIL HEMODINÂMICO L Logo aqui abaixo a gente tem o perfil L, aonde é o paciente frio e seco, ou seja, tem hipoperfusão mas não tem congestão PERFIL HEMODINÂMICO C E por último o perfil C, que é um paciente frio, que ele tem hipoperfusão e úmido ele tem congestão, então esse paciente perfil C ele tem um problema nas duas AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 5 situações, ele tem tanto um baixo débito cardíaco, baixo perfusão,quanto ele tem hipervolemia, congestão, úmido. obs.: em vermelho são os dados percentuais de apresentação de cada perfil, ou seja paciente chega na emergência quantos por cento tem cada perfil deste? A gente vê aqui que a maioria dos pacientes que vão aparecer na emergência para gente é do perfil B, que o perfil quente e úmido, 67% dos casos; logo em seguida o perfil C e por último perfil L, desconsiderando que o perfil A, uma vez que a gente viu que esse paciente a maioria das vezes é um paciente que não está descompensado. Seguindo aqui só para marcar bem que o perfil B é o campeão de emergência, é o mais comum, e marcar que o perfil C com a caveirinha para vocês ter em mente a memória visual de que o perfil C é o perfil que apresenta a maior mortalidade, paciente em perfil C é o o mais grave, que vai ter maior índice de mortalidade, uma vez haja visto que a gente já viu a situação de que ele tem alteração nos dois parâmetros, tanto está hipoperfundido quanto ele tá congesto. Então perfil C maior mortalidade e perfil B mais comum maior prevalência. Vamos começar falando de cada perfil, a particularidade de cada perfil, ao final da abordagem SAVIC nós vamos fazer uma breve avaliação, e tem um algoritmo de cada perfil para vocês ficarem com a memória visual bem sistematizada do atendimento. PERFIL B O perfil B quente e úmido, como a gente já viu é a apresentação clínica mais comum. É caracterizado por elevadas pressões de enchimento ventricular, clinicamente o paciente que tem congestão, então tem todos aqueles sinais de congestão que a gente comentou, seja congestão pulmonar, no caso que é dispneia e os estertores; e os outros que corresponde a congestão periférica. Lembrando que nesse grupo de paciente a perfusão tecidual está adequada, ele não vai ter aquelas alterações de perfusão tecidual; a partir do momento que ele tem alteração de perfusão ele já não vai ser perfil B e vai ser o perfil C que a gente viu. A gente vai sempre guiar o nosso tratamento e a estratégia terapêutica de acordo com o perfil, então que que a gente tem que tratar, a baixa perfusão ou hipervolemia? No caso do perfil B o que a gente tem que tratar? A gente tem que tratar hipervolemia, um paciente úmido, ele é quente ele não tem problema de perfusão. Então o objetivo terapêutico nesse paciente do perfil B é diminuir a pressão venosa central, no caso a estase jugular é um parâmetro que a gente vai utilizar; diminuir a dispneia, ortopnéia, edema periférico; tentando não pegar tão pesado na diminuição da hipervolemia a ponto de causar uma queda de pressão sistólica ou causar a queda da perfusão sistêmica dele, então lembrando se a gente pegar, pesado no tratamento, a gente pode diminuir muito a volemia, mais do que precisava e esse paciente pode passar ter problema de perfusão, então a gente tem que instituir o tratamento e reavaliar; sempre paciente descompensado a gente faz dessa forma. Dessa forma fica claro que como é um paciente que tem problema de congestão, úmido, o perfil B, a principal medicação que a gente vai lançar mão são os diuréticos, é a primeira linha de tratamento, lembrando que um parceiro importante dos diuréticos, principalmente em pacientes que não tem uma melhora esperada após o tratamento Inicial com diurético, a gente não pode esquecer de que os vasosdilatadores são fundamentais na redução da congestão juntamente com os diuréticos, e além de diminuir a congestão eles também diminui a demanda miocárdica de oxigênio, porque os vasos dilatadores vão promover uma redução na pré e pós carga, então ele vai diminuir a congestão pulmonar e vai diminuir a sobrecarga miocárdica; dessa forma diuréticos e vasodilatadores são a dupla de classe de medicamentos que são usados no paciente do perfil Clínico B, lembrando que nem só de diurético vive o tratamento da insuficiência cardíaca descompensada como a gente já tinha falado. PERFIL C Segundo perfil clínico C, lembrando aquilo que a gente falou da caveirinha, ele ser o grupo de maior mortalidade porque ele tem problema nas duas situações, da hipoperfusão e hipervolemia (frio e úmido). Ele é o segundo mais incidente, bem longe da incidência do perfil B, mas ele tem uma incidência razoável 17% dos pacientes descompensados. Ele corresponde a um paciente que tem baixo debito cardíaco (hipoperfusão) e hipervolemia (congesto). Dessa forma como que é a característica do perfil Clínico C? Paciente com elevada pressão de enchimento ventricular e baixo índice cardíaco. Dessa forma um paciente que tá no grupo de alta mortalidade.Seguindo AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 6 o raciocínio clinicamente como perfil C vai se manifestar: sintomas de congestão seja pulmonar ou sistêmica e sintomas de baixo débito cardíaco. Lembrando nível de consciência alterado; extremidades frias; pulso fino ou alternante; diminuição de diurese; hipotensão; e a questão da diminuição da pressão de pulso, que muitas vezes pode vir antes mesmo da hipotensão. De forma a utilizar o bom senso raciocínio lógico antes mesmo da gente viu algoritmo oficial, como que vocês imaginam que o perfil C deveria ser tratado? Simples, a gente tem que atuar na hipoperfusão e na congestão, por que é um paciente frio e úmido. como agente atua na congestão → diuré8co; a gente vai reduzir a pré- carga e melhorar performance miocárdica com diurético; vai diminuir a congestão sistêmica, pulmonar e vai melhorar performance miocárdica. Lembrando que além do diurético, que eu tô agindo apenas na hipervolemia, obvio que a gente tem a vasodilatação dele também, mas basicamente na hipervolemia eu tem que atuar na minha hipoperfusão, no meu baixo índice cardíaco. Então como que eu vou melhorar o meu perfil de contratilidade de funcionamento do miocárdio? Prescrição de medicações para melhora do baixo debito, que são as drogas inotropicas, que são medicações que vão melhorar a contratilidade cardíaca. Vocês vão ver durante toda a aula que a escolha das drogas inotrópicos é feita de acordo com a cabeça de pressão que o paciente tem, então se o paciente está hipotenso ou não, e se o paciente já faz o tratamento crônico com beta bloqueadores ou não (vamos ver mais para frente como se faz essa escolha). Então se o paciente tiver com a pressão sistólica satisfatória, acima de 90, lembrando que sempre o paciente que já tem insuficiência cardíaca ele costuma ter uma pressão um pouco mais baixa mesmo; então pressão sistólica maior que 90 → drogas inotrópicos, posso até associar drogas vasodilatadoras, porque lembra do outro perfil quando a gente faz vasodilatação a gente diminui pré e pós carga e melhora performance miocárdica. Quando o paciente está hipotenso, pressão sistólica menor que 90, a gente deve utilizar drogas inotrópicas e aí não vai dar para usar os vasos dilatadores, e às vezes a gente teria que associar as vasoconstrutoras, porque (mas é a construtora não vai aumentar a pós-carga?) pode aumentar mas infelizmente quando a cabeça de pressão sistólica cai muito isso pode gerar, simplesmente por uma baixa pressão arterial, pode gerar uma hipoperfusão por si só, então a gente tem um limite nisso aqui, dessa forma em alguns casos para manter uma cabeça de pressão mínima a gente às vezes tem que fazer a droga vasoconstritora. Quais seriam as opções de inotrópicos? As principais dobutamina, levosimendana e milrinona. A dobutamina, também a dopamina, mas a gente mais usa na prática a dobutamina, é um inotrópico adrenérgico que eles teriam ação vasopressora também, então ele é utilizado naqueles pacientes que não tem uma cabeça de pressão adequada, PAS menor que 90. Em pacientes que tem uma cabeça de pressão adequada eu poderia usar qualquerum deles. em pacientes hipotensos tem que usar dobutamina que é um inotrópico adrenérgico. Nos pacientes que tem a cabeça de pressão adequada que além do diurético, das drogas inotrópicas eu decidi fazer vasodilatador, então quais opções eu teria? Eu teria inibidor da ECA, bloqueador de receptor de angiotensina (BRA), hidralazina e Nitrato, esses primeiros teria a opção oral, e a nitroglicerina, nitroprussiato vasodilatadores de opção venosa; a nitroglicerina até ter opção oral, mas na maioria das vezes no nosso meio ela vai ser utilizada venosa. E quais seriam as opções do vasoconstritores? Nos raros casos que nós vamos precisar usar, noradrenalina e dopamina; noradrenalina principalmente é de uso mais comum. PERFIL L Passando para o próximo perfil, seria o perfil L, é o menos comum 5% apenas das descompensações. E como que esse paciente? Ele é frio e seco, ou seja, ele tem problema de perfusão (frio) mas não tem problema de congestão (seco). Então esse paciente, por exemplo, naquela situação que eu venho alarmando vocês, ele seria um candidato a terapia diurética? Não, ele é um paciente que tá seco, não está congesto, e ele ainda está com o hipoperfusão, se fizer diurético vou piorar, então aquela história está mostrado aqui para vocês claramente que nem só de diurético vive tratamento de insuficiência cardíaca descompensada, lembrem disso. Como que seria o perfil L? Baixo débito cardíaco, hipoperfusão, sem evidência clínica de pressão de enchimento elevado, ele não está hipovolêmico, ele é seco. Muitas vezes qual que é a peculiaridade desse perfil? Muitas vezes ele é decorrente da própria terapia da insuficiência cardíaca, como por exemplo, a hipovolemia causado por diurético. Então paciente ele pode está usando diurético, a gente sabe que a dose das medicações é variável conforme a necessidade o tempo, ou seja, hoje o paciente pode precisar de uma dose e AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 7 amanhã já seria uma situação diferente, ai vem tomando em casa direto naquela mesma dose alguns meses e por algum motivo fez um quadro diarreico, fez uma gastroenterite, deixou de beber líquido, que ele novamente vinha bebendo nos últimos tempos, e a dose de diurético vem mantido em casa, ele de repente ele desenvolve uma hipovolemia por conta do diurético, e aí esse paciente, como a gente sabe aquela lei de frank-starling, da fisiologia que vocês já tiveram, a gente sabe que a medida que abaixa o volume ofertado ao miocárdio, abaixa pré-carga, e a partir de um certo momento a contratilidade diminuir também, da mesma forma contrária ,eu vou aumentando a pré-carga e volume a minha contratilidade vai aumentando para dar conta daquilo, mas tem um ponto de compensação, se ofertar muito mais que aquilo a minha contratilidade também piora e não é o suficiente; nesse caso aqui, se eu dou muito pouco volume a contratilidade cai e acontece baixa perfusão, e aí nesse caso o principal do tratamento inicial seria os C da circulação. Então detectei que o paciente está frio e seco, e eu acho que essa frialdade dele, a baixa perfusão, é por hipovolemia, O que que eu devo fazer? Muita das vezes uma provazinha de volume, através de infusão salina, soro fisiológico intravenoso de 250 em 250ml, sempre reavaliando com o objetivo de melhorar a volemia, e dessa a forma melhorando, tratando a hipovolemia dele tentar fazer com que a hipoperfusão também se resolva. Claro que nesses pacientes tenho que ter cuidado porque se eu fizer volume a torto e a direita sem uma reavaliação adequada e sem a parcimônia adequada, óbvio que eu posso desenvolver um quadro de hipervolemia iatrogênica, e esse paciente pode ficar congesto depois, então é uma coisa realmente em doses homeopáticas com reavaliação de forma eu não fazer mal a esse paciente. Lembrando, isso é muito importante, a avaliação clínico/hemodinâmica depende da avaliação, pesquisa clínica no paciente sinais de hipoperfusão e de sinais de congestão, de acordo com os sinais e sintomas que o paciente apresentar na anamnese e exame clínico eu vou graduar e classificar os paciente de acordo com algum daqueles perfis hemodinâmicos que a gente aprendeu, então revisem e tenho em mente, fresco, esse sinais e sintomas que isso aqui é importantíssimo, é a base do tratamento. De acordo com a presença ou não daqueles sinais e sintomas, eu vou classificar o meu paciente nos perfis hemodinâmicos que a gente aprendeu: perfil A quente e seco, é paciente que não está descompensado, esse paciente não vai requerer um tratamento específico da descompensação; perfil B quente e úmido, ele tem problema só na hipervolemia mas ele está bem perfundido, e é o mais comum; perfil L frio e seco, tem problema só na hipoperfusão, é o menos comum, mas ele a gente tem que estar atento porque ele pode ser um paciente descompensou por efeito do próprio tratamento, então tem que estar atento que esse paciente eu posso ter que fazer uma prova de volume; e o perfil C que é o segundo mais comum, abaixo apenas do B, e é o perfil que tem maior mortalidade por ele ter problemas nos dois sistemas, tanto ele tem hipoperfusão como ele tem congestão, ele é frio e úmido, não esqueçam disso, muito importante. B = BOA VENTILAÇÃO-RESPIRAÇÃO COM ADEQUADA OXIGENAÇÃO E VENTILAÇÃO Seguindo a nossa avaliação do SAVIC, a gente fez avaliação da letra A, fiquem tranquilos que a avaliação dos outros parâmetros ela não é tão detalhada, não tem tanta riqueza de detalhes como a letra A, pois a letra A é a parte mais importante, que a gente vai definir o perfil do meu paciente. Agora após a letra A, nós vamos avaliar a letra B, que é boa ventilação e respiração com adequada oxigenação. Nada mais, nada menos vocês vão aplicar o conhecimento que vocês já tem das aulas de via aérea. Qual que seria o racional? Nós podemos utilizar inicialmente, sempre a gente vai usar VA básica, dispositivos não invasivos, que a gente pode escolher entre dispositivos de baixo fluxo ou alto fluxo, não vou entrar em detalhes aqui vocês já sabem. Caso as medidas não invasivas não sejam o suficiente para trazer uma ventilação e oxigenação adequada ao meu paciente, eu vou optar por uma ventilação mecânica, então a ventilação mecânica é feita uma ventilação com pressão positiva, que eu posso fazer de duas formas: Ou posso fazer uma ventilação mecânica não invasiva, que é a VNI ou VMNI, que a gente costuma falar; ou AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 8 ventilação mecânica invasiva, que é que a gente faz por exemplo, pela intubação orotraqueal. Então paciente, manejei VA básica, portei oxigênio com os cateteres ou máscaras que eu julguei aplicáveis a aquele perfil de paciente, e não consegui dar uma boa ventilação e oxigenação ao paciente, eu vou passar para ventilação mecânica não invasiva, que é o CPAP, que a pressão positiva continua nas vias aéreas, com aquela máscara de CPAP não invasiva. Em que ponto que ela é de grande valia, de grande ajuda para gente nesse paciente? Ela é extremamente importante nos pacientes, por exemplo, com edema pulmonar, porque quando eu faço uma pressão positiva no tórax, nas vias aéreas, eu diminuo o retorno venoso, a pré-carga, e vou aumentar a pressão dentro dos alvéolos diminuindo também o exsudado de secreção, e o edema alveolar que se forma; dessa maneira a VNI de pressão positiva de VA é extremamente importante nesses pacientes, com uma limitação dos pacientes hipotensos, porque elas geralmente faz a pressão cair; então essa é uma grande ferramenta nossa que se aplica principalmente nos pacientes com edema pulmonar e naqueles pacientes que não estejam hipotensos. Comprovadamente diminui a necessidadede ventilação mecânica invasiva e reduz a mortalidade nesse grupo paciente, então extremamente aplicável. Da mesma forma que a VA básica não funcionou, partir para ventilação mecânica, primeiro não invasiva, se não funcionar, continuar não oferecendo uma boa ventilação e oxigenação, partir para ventilação mecânica invasiva, por exemplo intubação orotraqueal, reservada para os casos refratários a terapêutica previa que a gente comentou. Inclui muitos quadros durante a aula, para que vocês tenha também um material de consulta, esse quadro foram retirados da diretriz brasileira de emergências cardiovasculares, que eu vou mandar em anexo para vocês como material de referência bibliográfica. E aqui (quadro acima) é dado as indicações de cada um daqueles que foram as que eu já comentei e a classe de recomendação em nível de evidência. Então primeiro não invasivo, visando manter saturação de oxigênio maior que 95%. Não foi o suficiente, lembrar da CPAP, VNI, com pressão positiva, para tratar o edema pulmonar, isso é extremamente importante, e casos refratários não tem jeito, suporte mecânico invasivo através da intubação orotraqueal. C = CIRCULAÇÃO COM REPOSIÇÃO VOLÊMICA Seguindo a nossa avaliação, já passou pela letra A e B, agora é a letra C de circulação com reposição volêmica, lembrar que a letra C vai se aplicar principalmente ao perfil L, que é aquele perfil frio e seco, que pode ser decorrente do meu próprio tratamento, da hipovolemia induzida pelo meu próprio tratamento. COMO QUE SERIA ESSA PARTE DE CIRCULAÇÃO E REPOSIÇÃO VOLÊMICA? A gente vai considerar a reposição volêmica no perfil C, frio e seco, o volume que a gente vai fazer ele vai aumentar a pré-carga e melhora a força contrátil e o volume sistólico, regido pela aquela questão da lei de frank-starling, lembrando do limite que essa lei tem, então nem 8 nem 80, se passar que ele nível compensatório o volume pode passar a ser prejudicial. A gente vai fazer a prova de volume com solução fisiológica, soro fisiológico 0,9% em alíquotas de 250ml, e sempre guiado pela reavaliação clínica imediata, tanto de sinais de congestão quanto de hipoperfusão. Pelo mesmo raciocínio do quadro de slides anteriores, esse quadroda diretriz, onde tem a recomendação dos parâmetros de manejo da volemia na insuficiência cardíaca descompensada, para esse paciente que a gente vai fazer a prova de volêmica, agente pode se guiar tanto por parâmetros clínicos, ou se eu tiver a mão parâmetros de PVC (pressão venosa central); pressão de oclusão da artéria pulmonar, no caso de paciente que tiver com cateter de Swan ganz, mas aí entra alguns detalhes que eu acho que não seria o objetivo dessa aula que seria abordagem a nível de emergência, mas tem o material de consulta para vocês. AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 9 D = DIURÉTICOS Seguindo, após a letra A B e C, a letra D é de diurético, que é um grande parceiro, apesar de não ser a única ferramenta, como já expliquei você, mas é um grande parceiro para a gente no manejo da insuficiência cardíaca descompensada. ENTÃO QUAL QUE SERIA A PRINCIPAL MENSAGEM AQUI DOS DIURÉTICOS? É a classe de diurético que preferencialmente a gente vai usar como primeira escolha no tratamento da insuficiência cardíaca descompensada; e qual é a sua classe? e o diurético de alça, principal representante dessa Classe é a furosemida, então é primeira linha na escolha dos pacientes congestos, lembrando que importante isso aqui que vocês tenham esse conceito, que o efeito do diurético de alça, da furosemida, ela não tem o efeito apenas na hipervolemia, ela também tem um efeito venodilatador; então a furosemida diminui, através do efeito venodilatador, ela diminui a pré-carga, fato que já tem início do efeito nos primeiros minutos da administração venosa, e vai ter também o efeito na hipervolemia, que é a eliminação de água livre, aumento da diurese, o que vai reduzir a congestão sendo o efeito mais tardio. Então que vai tirar do sufoco inicialmente da congestão é o efeito venodilatador, posteriormente vai se dar o efeito de diurese, com eliminação de água livre e vai efetivamente reduzir a volemia. Esses dois efeitos associados dão um grande valor ao uso da furosemida nos pacientes congestos. A dose recomendada 1mg/kg de peso como dose de ataque, posso fazer em alíquotas também, então no caso de um paciente de 60 kg, uma mulher de 60 kg, cada ampola da furosemida venosa tem 20mg, então seriam 3 ampolas, posso fazer como dose de ataque, posso fazer em alíquotas em curto espaço de tempo, ou seja paciente descompensado é aquilo que eu falei, é avaliar dose-resposta, rever o efeito do meu tratamento e assim que a gente vai tratar da melhor forma os nossos pacientes. Cuidado!! Com o distúrbio hidroeletrolítico, principalmente, potássio magnésio que podem se desenvolver com uso de altas doses de diurético, então deve ser monitorizado. Lembrando só para reforçar que em um paciente descompensado claramente nós vamos optar pelo diurético venoso, administração venosa, e não diurético via oral, porque o diurético venoso ele vai me trazer o efeito mais rápido, um paciente com insuficiência cardíaca descompensada eu não posso ficar esperando muito tempo, muitas vezes eu não vou ter tempo de espera, então vai me trazer um efeito mais rápido; e um outro problema que a gente vê é no paciente que tá muito congesto, ele pode ter congestão de alça, de leito trato gastrintestinal, de alça intestinal, de mucosa gástrica, edema e congestão desse leito, isso pode atrapalhar e retardar a absorção da medicação via oral; nesses pacientes, dessa forma, se aplica o uso do diurético venoso. Outras classes de diuréticos que podem ser usados em alguns casos no paciente com insuficiência cardíaca descompensada, são os diuréticos tiazídicos e os poupadores de potássio, como a espironolactona. Tiazídico em que situação que a gente usar ele? Para controle de paciente com hipertensão arterial, que é um anti-hipertensivo, ou como potencializador do diurético de alça, ou seja, posso ter situações em que uso a furosemida, aumento a dose, aquela coisa toda, furosemida venosa, e eu não tenho uma resolução satisfatória da minha hipervolemia, e aí em alguns casos selecionados eu posso associar o diurético tiazídico, aí nesse caso teria que ser via oral, a gente não tem disponível na forma venosa; eu poderia associar diurético tiazídico para fazer a estratégia que eu chamo de duplo bloqueio do néfron, vou utilizar dois diuréticos com classes diferentes, onde eu faço duplo bloqueio do néfron e otimizo o meu efeito diurético, e otimizo o meu tratamento da hipervolemia, isso em casos selecionados; a conduta padrão é a furosemida venosa. Terceira classe diurético eu posso lançar mão da espironolactona, que são os poupadores de potássio, ela também teria que ser oral, e o seu início de ação não é rápido, dessa forma em que situações que ela seria aplicável? Prescrição de fase crônica, é uma medicação que na fase crônica da insuficiência cardíacas, e vocês já tiveram essa matéria, já viram isso, ela é uma medicação capaz de reduzir mortalidade; prescrição no pós infarto também da mesma forma, pós-infarto com disfunção também diminui mortalidade e taxa de internação; e pode ser utilizada para minimizar o efeito caliurético, ou seja, diminui a chance de hipocalemia causada pelos outros diuréticos; e também pode ter um efeito sinérgico como a gente falou do duplo bloqueio, aí nesse caso seria triplo bloqueio do néfron, utilizar três diuréticos de mecanismo de ação diferente, dessa forma otimizando e potencializando muito o efeito diurético e o controle da hipervolemia. AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA- DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 10 Dessa forma, a mensagem que fica, é primeiro diurético de escolha é o diurético de alça, furosemida, via de administração venosa; segunda opção que eu posso associar um dos outros dois diuréticos, tiazídicos ou espironolactona, dependendo da situação de cada paciente e do meu objetivo, dessa forma podemos fazer o duplo ou triplo bloqueio do néfron. E aí (acima) outro quadro extraído de diretriz que eu comentei para consulta de vocês, as doses de cada um cada diurético especificamente. E = ELETROCARDIOGRAMA COM AVALIAÇÃO DE ISQUEMIAS, ARRITMIAS E BLOQUEIOS Seguindo aqui a nossa sequência, a gente já viu letra A B C e D, agora vamos para a letra E de eletrocardiograma para avaliação de isquemia, arritmia, e bloqueios. A gente sabe que o eletrocardiograma é importante na avaliação do paciente na emergência, e ele deve ser feito num contexto tanto de insuficiência cardíaca ou suspeita, por exemplo, de doença isquêmica, e deve ser feito o quanto antes, o mais rápido possível, não retardando mais do que 10 minutos para realização dessa avaliação complementar; Então é necessária a obtenção do eletro de 12 derivações já nos primeiros minutos, como a gente comentou idealmente menos de 10 minutos da chegada do paciente, de forma com que eu possa ter um diagnóstico de alguma situação, que de certa forma pode ser a causa da descompensação daquele meu paciente. Então com Eletro posso fazer o diagnóstico de infarto, um quadro de isquemia aguda e também o diagnóstico de arritmias, seja taquiarritmias, bradiarritmias, bloqueios cardíacos avançados. Isso é extremamente importante porque se alguma dessas situações foi a causa da descompensação do meu paciente com insuficiência cardíaca descompensada, além do manejo do problema instalado, tem que atuar também sobre a causa, se não eu não vou tirar o meu paciente daquela situação. F = FREQUÊNCIA CARDÍACA COM CONTROLE DE BRADI E TAQUICARDIA Seguindo baseado na letra E, no Eletro, eu vou para letra F que seria o atuação na frequência cardíaca, controle de bradi e taquiarritmias. Elas podem reduzir o débito cardíaco e devem ser corrigidas, e elas possivelmente podem ser a causa da minha descompensação da insuficiência cardíaca. O flutter e fibrilação atrial aguda são importantes causas de descompensação dos pacientes com insuficiência cardíaca; e lembrar que a incidência de arritmia ventricular no paciente que já é cardiopata é muito alta, e esses pacientes são grupos de alto risco para morte súbita, então tem que estar atento a todos esses dados. No caso de eu precisar de um fármaco para controle de uma taquiarritmia sustentada estável, o fármaco de escolha é amiodarona nos pacientes que têm insuficiência cardíaca. Lembrando que nos pacientes instáveis muito das vezes não vai ser o tratamento com fármacos, então eu posso precisar da cardioversão elétrica, no caso das taquiarritmias, ou o marcapasso provisório no caso das bradiarritmias. G = GARANTIR A NÃO SUSPENSÃO ROTINEIRA DAS DROGAS Agora o G de garantir a não suspensão rotineira das drogas. Esse item que é fundamental a gente lembrar, isso aqui é um item de grande confusão, erro nos atendimentos de emergência que a gente vê por aí, e é uma coisa que é uma armadilha que vocês não devem cair, vocês devem estar atentos a prescrição crônica dos pacientes, lembrando aquele dado que já foi fornecido de que 79% dos pacientes com insuficiência cardíaca descompensada que vão chegar para vocês para serem AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 11 atendidos ele já são cardiopatas, então são pacientes que vão chegar com uma prescrição e uma receita ambulatorial crônica, então é importante que vocês revisem essa prescrição do paciente, e essa prescrição ela não deve ser negligenciada durante o período que ele tiver sobre atendimento de vocês na emergência ou até mesmo internado na enfermaria, porque? A gente suspender as drogas de uso crônico pode piorar a situação do paciente, dessa forma a gente vai abordar para tentar identificar qual que seria a melhor forma de manejo dessa prescrição dos pacientes, que remédio que eu suspendo, qual não suspendo, qual diminuo ou não a dose, você vai ver isso agora, mas a regra de ouro é o não simplesmente ignorar prescrição e suspender tudo e fazer o que eu tenho que fazer só da emergência não, eu vou manter o que ele usa ambulatorialmente, vou acrescentar o meu tratamento para descompensação, claro que algumas particularidades eu vou ter que suspender alguma coisa e outra que nós vamos ver, mas atenção a isso, atenção aos remédios que o paciente usa. QUAL É A PRIMEIRA LIÇÃO? Não suspensão de rotina dos beta bloqueadores nos pacientes que já fazem uso dele, porque? Isso comprovadamente por estudos científicos isso aumenta a mortalidade do paciente. Então o paciente chega usando Carvedilol, ele chega na emergência para vocês com perfil B quente e úmido, “ah não, isso aqui eu aprendi na aula que é diurético de alça venoso, furosemida, esquece o Beta bloqueador, que agora o que vai salvar é a furosemida” e aí ele fica dois dias lá na emergência, lá na UPA, sem tomar betabloqueador, e aí faz uma arritmia súbita, tem um desfecho adverso; então isso aí não pode acontecer! Quando suspeitar de que os beta bloqueadores são responsáveis pela instabilidade hemodinâmica do paciente, aí sim só a dose deve ser revista, eles podem ser suspensos. Um exemplo claro disso é aquela história que eu falei que a dose, a necessidade de cada paciente muda de acordo com o tempo, o Beta bloqueador que ele tomava uma dose x hoje, daqui uma semana pode não ser mais adequado para esse paciente, por exemplo, o efeito colateral do betabloqueador, é a bradiarritmia, pode ter um bloqueio por causa do betabloqueador. Esse paciente chegou em bloqueio, bradiarritmias sintomática, se aquilo ali é a causa da descompensação não vou manter o Beta bloqueador, nós vamos reavaliar a dose e o uso temporário dele. Lembrando do bom senso de avaliação de cada caso, a gente tá falando aqui de conduta padrão. Os inibidores da ECA são medicações também utilizadas em rotina de insuficiência cardíaca, eles também deverão ser mantidos na maior parte das vezes e as doses deverão ser ajustadas de acordo com o estado de perfusão do paciente, dos sinais de insuficiência renal ou da presença de hipercalemia (hiperpotassemia). Então a conduta padrão é manter o IECA, devendo se ajustar a sua dose de acordo com os níveis de potássio e estado de perfusão do paciente. o IECA é uma classe que é considerado um vasodilatador, lembrando que os vasodilatadores são indispensáveis no tratamento da insuficiência cardíaca descompensada, portanto, a suspensão sistemática somente prolongará o tempo de internação para que eles possam ser prescritos novamente. Então a regra de ouro de manter de rotina e avaliar a suspensão em casos específicos. Isso aqui é um quadro da mesma forma extraído da diretriz, mas resumindo como a gente faz com uso de betabloqueador. Um paciente que ele não tem sinal de hipoperfusão, eu vou manter a dose do betabloqueador, porque se ele não tem hipoperfusão meu Beta bloqueador não está atrapalhando ele o problema é hipervolemia, eu tirar o betabloqueador não vou ajudar em nada. Se eu tenho paciente no outro extremo, que ele tá em choque cardiogênico, ou seja, um paciente chocado, hipotensão refratária, com hipoperfusão grave, nesse paciente não tem jeito, nesse paciente em choque cardiogênico eu vou ter que suspender o Betabloqueador, porque eu não posso fazer o Beta bloqueador no paciente com choque cardiogênico, porque o beta bloqueadores não deixa de ser uma medicaçãohipotensora. E no meio do caminho fica os pacientes que não estão nem chocados mas também não estão com a perfusão normal, 100% normal, tem alguns sinais daqueles de hipoperfusão, neste paciente que apresenta hipoperfusão e já usa Beta bloqueador AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 12 de uso crônico eu vou fazer o quê? Redução de 50% da dose do betabloqueador, reduzir a dose pela metade, não vou suspender. Então três possibilidades do manejo do betabloqueador: � Em paciente que já fazem uso crônico, chegou paciente está descompensado já usava betabloqueador ambulatorialmente, se ele não tem nenhum sinal de hipoperfusão eu mantenho a mesma dose que ele usava do betabloqueador; � Se ele tá em choque cardiogênico, paciente hipotenso refratário, em choque, eu tiro totalmente o Beta bloqueador por aquele momento; � Se ele não tá nem normal de perfusão e nem está em choque, se ele tem sinais de baixa perfusão mas não chega a ter Critério de choque, não tá com hipotensão grave, eu vou fazer o que? diminuo a dose do betabloqueador em 50%, metade da dose do betabloqueador por aquele período. H = HEPARINA (PROFILAXIA DE TVP E TEP) Seguindo, a letra H é de heparina, que é a profilaxia de tromboembolismo venoso, TVP e TEP. Porque é extremamente importante? Porque a TVP e TEP contribui significativamente para aumentar a morbimortalidade de pacientes com insuficiência cardíaca descompensada, de qualquer um dos perfis que a gente comentou. A insuficiência cardíaca descompensada isoladamente ela já é considerada um fator de risco para tromboembolismo venoso, até 15% dos pacientes internados com insuficiência cardíaca descompensada vão ter episódios de tromboembolismo, ou seja, aproximadamente uma em cada seis pacientes. Então dessa forma vocês percebem que é extremamente importante eu me preocupar com a profilaxia dessa situação, nesse perfil de paciente, uma vez que tendo em vista que se eu não fizesse a profilaxia a chance de ter um tromboembolismo venoso é altíssima, e ele tendo um tromboembolismo venoso eu estou impactando no índice de morbimortalidade dele. COMO EU POSSO FAZER A PROFILAXIA DO TROMBOEMBOLISMO VENOSO? � Heparina não fracionada nessa dose de 5.000 unidades subcutânea, 3 vezes ao dia; � Ou heparina de baixo peso molecular, subcutânea, uma vez ao dia, aqui ficou escondido atrás do vídeo, enoxaparina a dose padrão seria 40 MG subcutânea uma vez ao dia, pode variar de acordo com o peso do paciente, com a presença ou não de disfunção renal, mas dose padrão seria essa. Ainda dentro da profilaxia de tromboembolismo venoso, eu devo estar atento a contra indicação da profilaxia farmacológica com heparina; aqui estão as contra- indicações que devem ser consideradas: � sangramento ativo; � disfunção renal grave; � cirurgia intracraniana recente; � enfim, todos esses que estão descritos aqui; Nesses casos que eu tiver alguma contra indicação profilaxia farmacológica com heparina, pelo risco de sangramento, eu tenho opção do uso da compressão pneumática intermitente, aquelas meias que vocês já viram no paciente de UTI, quem dá estágio deve ter visto, fica aquelas meias que insuflam com as bombinha de ar na beirada do leite, ele fica enchendo e esvaziando aquela meia de compressão pneumática intermitente, simulando o efeito da bomba muscular para o retorno venoso. Lembrar por último, que o AAS ou qualquer outro antiagregante plaquetário ele não deve ser utilizado como um único método para profilaxia de tromboembolismo venoso, profilaxia de tromboembolismo venoso é com anticoagulante, não é com antiagregante. Então aqueles paciente por exemplo, “eu já sou cardiopata, já infartei”, vai e vem com aquela prescrição toda de insuficiência cardíaca, aí dentre elas, como ele é um coronariopata, ele tem o AAS, ele já usa ou já está protegido contra tromboembolismo venoso; de forma alguma, esse conceito está errado, mesmo os pacientes que fazem uso do antiagregante plaquetário eles necessitam da profilaxia com anticoagulante, nas doses profiláticas para tromboembolismo venoso, e da mesma forma o paciente que eu vou usar a profilaxia eu não devo suspender o antiagregante; então uso de um antiagregante não exclui a necessidade do uso do outro, o anticoagulante. RESUMINDO A ABORDAGEM A B C D E F G H AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 13 Aqui nesse slide de forma resumida, é o slide que traduz e ilustra tudo que a gente conversou na aula até agora, então é importantíssimo que vocês tenham atenção nesse slides porque ele nada mais é do que um resumo de tudo que foi falado até agora. Então temos insuficiência cardíaca aguda ou crônica agudizada, ou seja, uma insuficiência cardíaca descompensada, como eu vou proceder? PRIMEIRO PASSO: Avaliação clínico hemodinâmica. Vou definir qual o perfil clínico do meu paciente. � O A a gente já viu o que é paciente compensado, então não tem nem aqui. Perfil B, C ou L, nós vamos ver nos slides seguintes o algoritmo específico de cada perfil hemodinâmico que nada mais é do que o que a gente já vinha falando até agora na aula. � Letra B, boa oxigenação, via aérea básica inicialmente, não resolveu, pressão positiva não invasiva, CPAP e BiPAP, não resolveu, ventilação mecânica invasiva. � Letra C, circulação e volemia, se eu tenho suspeita de que a descompensação do paciente pode ser por hipervolemia (“acho que aqui é hipo”), por exemplo, devido ao tratamento com diurético, naquele momento em dose acima do que o paciente precisa, lembrar de fazer minha prova volêmica com soro fisiológico em alíquotas de 250ml, reavaliando os sinais de melhora da perfusão ou sinais de aparecimento de congestão, aonde eu não posso prosseguir com essa estratégia. � Letra D de diuréticos, lembrando que o diurético de escolha é o de alça, furosemida, no doente descompensado, diurético venoso, nessa dose inicial, 1mg/kg em bólus; não resolveu posso ter ajuda do duplo ou triplo bloqueio do néfron, com diurético tiazídico ou o poupador de potássio, no caso a espironolactona; e além dessa questão do duplo ou triplo bloqueio do néfron, tem que ver os benefícios secundários da associação da espironolactona, que seria diminuir o efeito de hipocalemia, de perda de potássio, da furosemida, e impactar na mortalidade nos pacientes que tenham insuficiência cardíaca sistólica ou passado de infarto. � Letra E de eletrocardiograma dentro dos primeiros 10 minutos da chegada do paciente para eu ter a possibilidade de identificar o diagnóstico de alguma possível causa de descompensação da insuficiência cardíaca, diagnóstico de síndrome coronariana aguda, arritmia ou bloqueios � Letra F, que de acordo com os dados do eletrocardiograma manejar minha frequência cardíaca, controlar bradi ou taquiarritmias e os bloqueios. Somente dessa forma eu vou conseguir reverter o paciente descompensado, porque se eu não atuar na causa nem só das medicações de manejo da descompensação vai resolver, vou ter que atuar na causa, resolver a causa � Letra G, aquele ponto muito importante do G de garantir a não suspensão rotineira de drogas, então de rotina não vou suspender IECA, betabloqueador, BRA e o antagonista da aldosterona � E a letra H de heparina, que é a profilaxia de tromboembolismo venoso, lembrando que o tromboembolismo venoso ele tem uma incidência muito aumentada nesse perfil de paciente e quando ocorre, ele tem um grande impacto na morbimortalidade; lembrar que antiagregante não faz esse papel de profilaxia, e o uso da heparina não demanda eu suspender algum antiagregante que o paciente já usa, pode ser feito o uso concomitante;e nos paciente que tem risco de sangramento aumentado, lembrar da profilaxia não AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 14 farmacológica com a meia de compressão pneumática intermitente. RESUMINDO ABORDAGEM DE CADA PERFIL (PERFIL B) Aqui para vocês gente resumido, mastigadinho, só o filé aqui do algoritmo da abordagem de cada perfil hemodinâmico, para que vocês tenham isso bem fresco na mente vocês. Esse primeiro algoritmo do perfil B. Como que é o paciente do perfil B? Paciente quente e úmido, ou seja, ele não tem sinal de baixa perfusão, porque ele é quente, mas ele é úmido, tem sinal de congestão. Então eu tenho que atuar na congestão, assim meu principal tratamento? É o diurético, minha principal escolha é o de alça, furosemida, via de administração venosa. Além do diurético eu tenho que lembrar também, da possibilidade de utilizar o vasodilatador, porque ele vai diminuir pré e pós carga. Utilizei diurético sozinho ou com vasodilatador, posso ter melhor eu vou manter a conduta até a melhora ou compensação do paciente, eu posso não ter tido uma resposta inicial, que eu vou fazer no paciente que eu não tive resposta? Aumenta a dose da furosemida, posso utilizar mais, se eu dividi a alíquota eu faço o resto da alíquota, ou faço mais um pouco depois de algum tempo, posso associar o tiazídico para fazer o duplo bloqueio do néfron, otimizando a diurese e o controle da hipervolemia, esse mesmo com o aumento do diurético não tive melhora, eu posso adicionar efetivamente o vasodilatador; então poderia aumentar a dose ou adicionar em quem não está usando o inibidor da ECA, do BRA, da hidroclorotiazida ou do nitrato. E por último se refratário eu posso considerar a utilização do vasodilatador venoso, se o oral não me resolver ou se eu não tiver tempo hábil de fazer o oral esperar o resultado, posso usar nitroglicerina ou nitroprussiato de sódio. Lembrar no caso do perfil B não suspender as medicações, por exemplo, betabloqueador, perfil B ele tem problema de perfusão? Não, está em choque cardiogênico? Não. Então vou manter a mesma dose de betabloqueador que ele usa nesse perfil; e de profilaxia para tromboembolismo venoso com a heparina que é o farmacológico ou não farmacológico em quem tem a contra indicação. RESUMINDO ABORDAGEM DE CADA PERFIL (PERFIL C) Prosseguindo aqui, a gente tem um algoritmo também mastigadinho aqui do perfil C. Lembrando como que é o perfil C? Frio e úmido, ele tem problema tanto na baixa perfusão e é congesto. Dessa forma vou ter que atuar tanto na perfusão, na melhora da perfusão, quanto na diminuição da congestão. Inicialmente vamos começar com diurético, porque eu tenho que tratar a congestão, da mesma forma mesmo raciocínio de diurético do perfil anterior, eu vou usar aqui. E aí como eu tenho que tratar a hipoperfusão, eu vou ter que lançar mão das medicações inotrópicas, lembra que a gente comentou isso, os inotrópicos eles vão melhorar contratilidade e vão melhorar a nossa questão da hipoperfusão. E aí para eu decidir qual inotrópico que eu vou usar eu vou ter que avaliar alguns parâmetros. Quais seriam as opções de inotrópicos que a gente conversou? Dobutamina e dopamina, que seria os inotrópicos adrenérgicos, que teriam efeito vasopressor; e o levosimenda no e a milrinona, que seriam exemplos de inotrópicos não adrenérgicos. Dessa forma qual é o racional do uso de inotrópico? se eu tenho paciente hipotenso, pressão arterial sistólica menos que 90, eu devo obrigatoriamente escolher um AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 15 inotropico adrenérgico, o principal que a gente usa na prática clínica é dobutamina. Se eu tenho um paciente que não está hipotenso, pressão sistólica maior que 90, eu vou pensar naqueles que não tiveram melhora do baixo débito com uso do diurético inicialmente, eu vou pensar em qual inotrópico que eu vou utilizar, se o paciente não usa beta-bloqueador previamente, paciente não faz uso crônico de betabloqueador, eu posso usar qualquer inotrópico, dobutamina, levosimedana ou milrinona, porém se o paciente que está com a pressão sistólica maior que 90 precisar do inotrópico e ele já faz uso crônico previamente de Beta bloqueador, como que eu vou fazer? Eu vou optar por um inotrópico não adrenérgico, que é opção seria levosimendano ou milrinona, ou seja, eu vou evitar o uso da dobutamina, porque a dobutamina ela não é um beta agonista? Eu não vou fazer um beta agonista em quem está tomando uma medicação Beta bloqueador, que eu vou tirar com a mão e colocar com a outra, então nesse paciente com uso de betabloqueador vou optar pelo levosimendano ou milrinona, exceto se mesmo que ele tivesse usando beta-bloqueador, ele encontra-se hipotenso, aí nesse caso eu não tenho escolha, eu tenho que fazer um inotrópico adrenérgico mesmo, porque levosimendano ou milrinona podem piorar esse quadro de hipotensão. Por último, se eu fiz o diurético não melhorou o baixo débito e nem a congestão, se eu fiz o inotrópico, continua sem melhora adequada que eu queria, eu posso, se o paciente tiver uma pressão ainda acima de 90 mmHg, a pressão sistólica arterial, eu posso avaliar o uso também de vasodilatador endovenoso, que dessa forma eu vou diminuir pré e pós carga e melhoro a minha performance miocárdica. Nesse perfil de pacientes C, como eu tenho um paciente com hipoperfusão, eu vou ter que avaliar a suspensão de medicações, eu não vou simplesmente, cegamente manter todos, como eu mantive no perfil B. ENTÃO QUAIS AS MEDICAÇÕES QUE EU DEVERIA CONSIDERAR A SUSPENSÃO OU NÃO? Primeiro: beta-bloqueador, que a gente falou nos slides anteriores, beta-bloqueador paciente que tem hipoperfusão mas não está em choque cardiogênico, reduzir 50% da dose, não vou suspender tudo. Os vasodilatadores que ele já utilizava, por exemplo, IECA e BRA, eu vou suspender se o paciente ficou hipotenso; se não ficar hipotenso, vocês vejam que o vasodilatador ele entra até como opção terapêutica, um paciente que já usa IECA e BRA, eu não vou suspender, porque ele vai fazer parte do braço de tratamento do paciente que não está hipotenso. Então beta-bloqueador diminuir metade da dose, porque ele tem baixa perfusão e os outros vasodilatadores só vou suspender se ele tiver uma pressão sistólica arterial menor que 90 mmHg. E lembrar que aqui também como todos os outros vai se aplicar a profilaxia do evento tromboembólico, do tromboembolismo venoso (TEV). RESUMINDO ABORDAGEM DE CADA PERFIL (PERFIL L) O algoritmo do perfil L, que é frio e seco, ele tem problema de baixa perfusão mas não está hipovolêmico, lembrar que esse perfil é mais raro de ocorrer e quando ocorre a gente tem que lembrar da possibilidade dele estar com baixa perfusão por ele está hipovolêmico, às vezes pelo próprio efeito da terapia crônica. NESSE CASO O QUE NÓS VAMOS FAZER COMO A PRIMEIRA OPÇÃO? É a prova de volume: soro fisiológico 0,9 % em alíquotas de 250 ml venoso. Melhora do baixo débito, seja após a primeira segunda terceira alíquotas, manter o controle do volume e monitorar os sinais de baixo debito, manter o tratamento; se não houve melhora do baixo débito, paciente continua frio, perfusão baixa, me pergunto, volemia já está adequada depois da prova de volume que eu fiz? Se não está eu vou continuar fazendo a prova de volume; agora se a volemia está adequada, não adianta eu ficar dando mais volume que a perfusão dele não vai melhorar, daqui a pouco eu vou piorar a situação dele, que além de hipoperfundido, vou deixar ele congesto também, então se a volemia aumentou está adequada, eu vou pensar da seguinte forma: o que uso para tratar a baixa perfusão? Inotrópico, que é oAULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 16 que a gente usou no perfil anterior, vou raciocinar da mesma forma: se está hipotenso, inotrópico adrenérgico, grande exemplo dobutamina; se não está hipotenso, vou avaliar se ele usa ou não beta- bloqueador: se não usa betabloqueador já previamente, qualquer no inotrópico; se usa betabloqueador e não está hipotenso, eu vou dar preferência ao levosimendano e a milrinona. Lembrar do perfil L, em tratar as causas reversíveis, que uma delas é a hipovolemia, outros por exemplo, doente com isquemia ou arritmia, alguma coisa do tipo. E como todos os outros profilaxia de tromboembolismo venoso. VASODILATADORES Nessa última parte agora, sobre especificamente as medicações que a gente falou que vai usar: são os vasodilatadores, inotrópicos, e os vasoconstritores. Aqui no casos dos vasodilatadores, quais são os exemplos que a gente comentou? � O nitrato de uso oral; � A nitroglicerina que no nosso meio a gente vai usar na maioria das vezes na forma venosa, que é o tridil; � E o nitroprussiato de sódio, que é venoso também, que é o Nipride. Resumindo a ópera aqui, então o Nitrato, que é o dinitrato de isossorbida, que é isordil, a gente vai usar ele muitas vezes sublingual, e a gente vai ter uma redução de pré-carga e vai fazer uma vasodilatação coronariana, de artéria pulmonar, isso vai melhorar o perfil, a performance miocárdica. Nitroglicerina venosa ela vai diminuir pré e pós carga, reduzir pressão de enchimento e melhorar a perfusão também coronariana, assim como Nitrato oral. O nitroprussiato, qual que é a particularidade? Ele é um potente vasodilatador arterial. E o que esse fato se aplica na minha prática clínica? Que por exemplo se eu tenho um paciente que está descompensado claramente, por exemplo por uma urgência e emergência hipertensiva, então paciente está descompensado porque ele fez um pico hipertensivo por exemplo, aumentou muito a pós- carga, esse paciente ele vai se beneficiar muito do uso do nitroprussiato, porque o principal problema dele é pós-carga, e eu vou abaixar a pressão dele, vou melhorar o perfil hemodinâmico dele, isso se aplica muito em paciente com edema agudo de pulmão hipertensivo, paciente com insuficiência cardíaca descompensada, com edema pulmonar hipertensivo o que que eu posso fazer nesse quadro? Nitroprussiato, vasodilatador arterial, vou abaixar a pressão, pós-carga, vou melhorar a congestão pulmonar como consequência disso. Como eu falei para vocês deixo aqui a titulo de consulta para vocês olharem as indicações e o grau de recomendação de cada conduta, de acordo com a diretriz brasileira; e também as doses que são praticadas dos vasosdilatadores venosos. VASOCONSTRITORES Em relação aos vasoconstritores, aquilo que a gente falou: “ah professor isso é um questionamento comum, você vem falando que na insuficiência cardíaca descompensada a gente sempre tem que diminuir a pré e pós carga, então tem que vasodilatar esse paciente para melhorar a performance miocárdica, como é que você vem me falar que tem que usar vasoconstritor, isso eu vou aumentar pós-carga”, esse raciocínio está correto, porém em alguns casos de exceção eu posso ter um paciente muito hipotenso e aí como eu não tenho uma cabeça de pressão mínima adequada, eu acabo caindo a minha pressão de perfusão tecidual para qualquer tecido do corpo, e aí se eu não mandei uma cabeça de pressão mínima, mesmo que eu melhore um AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 17 pouco a performance miocárdica isso não vai melhorar a perfusão do paciente, então muitas vezes o paciente chocado não tem jeito, mesmo que de forma transitória, vou ter que acabar utilizando vasoconstritor por algum período e depois eu posso desmamar, mas seria uma conduta não padrão, mas que às vezes eu tenho que lançar mão se o paciente ficar em choque por exemplo. Ai o vasoconstritor de preferência para nosso uso na prática do dia a dia, e a noradrenalina. Lembrando que no paciente que eu vou usar o vasoconstritor, eu tenho que ter uma linha arterial para medida da pressão arterial invasiva de forma a controlar estritamente a pressão arterial, assim como também idealmente eu tenho que ter uma linha arterial invasiva nos pacientes que usam, por exemplo, aquele vasodilatado arterial, o nitroprussiato de sódio, porque a variação de pressão pode ser muito rápido e muito lábil, então tem que ter o paciente mais na mão, a monitorização; E nesse caso aqui do vasoconstritor preciso do acesso venoso central também, porque o acesso periférico eu posso ter necrose tecidual e oferta errática da droga, da noradrenalina, em acesso periférico. Então tem que fazer ela necessariamente por um acesso venoso central. INOTRÓPICOS Agora os inotrópicos, uma classe de drogas que melhoram o desempenho ventricular, então o que eles vão fazer? Melhorar a contratilidade. Em quem vou usar? Paciente que estiver com baixa perfusão, eu vou utilizar inotrópico. Não adianta eu querer melhorar congestão com inotrópico, ele é para melhorar a perfusão. Claro que paciente pode ter uma congestão secundária (ou hipoperfusao ?), mas enfim paciente ele tem que ter hipoperfusão para ter indicação do uso do inotrópico. E aí como que são classificados os inotrópicos? A gente pode dividir de acordo com o mecanismo de ação: � Os agonistas beta adrenérgicos: que aqui entra a dobutamina, aquele inotrópico adrenérgico. que ele é utilizado nos pacientes que têm hipotensão, pressão arterial sistólica menor que 90 mmHg. � Inibidores de fosfodiesterase que entra a milrinona. Qual o mecanismo de ação deles? Eles promovem a maior disponibilidade do AMPc, exercendo com isso é feito cardiotônico, melhora contração miocárdica. � E por último o sensibilizadores da troponina C aos ions de Ca++, que é a Levosimendana. A ação, essa sensibilização da troponina C aos ions de Ca++, ela promove efeito cardiotônicos, sem aumentar a demanda de oxigênio pelo miocárdio, ela melhora a contratilidade sem aumentar o consumo de oxigênio, perfeito isso né?! para o efeito que a gente precisa. Ao lado do seu efeito inotrópico, altera também os canais de potássio periféricos, o que vai promover um efeito vasodilatador arterial, ou seja, Levosimendana ela diminui após carga e aumenta contratilidade, é um ótimo inotrópico. “ aí a gente pensa assim: poxa essa aí é a medicação ideal para insuficiência cardíaca, não precisaria nem de pensar em outros inotrópicos esse Levosimendana é o mundo ideal”! Perfeito na teoria sim mas estudo in vivo, ou seja, ensaios clínicos eles não mostraram na prática clínica uma vantagem bem comprovada em relação aos outros inotrópicos, apesar de ter uma vantagem teórica, na prática essa vantagem depois de vários estudos ela não foi comprovada, não quer dizer que ele é uma medicação ruim, ela é uma excelente medicação, mas ela tem um efeito assim como os outros inotrópicos teriam na prática clínica. � Outra opção de inotrópico que a gente teria, que era o carro-chefe de antigamente que hoje em dia a gente usa muito pouco, são os digitálicos. Então os digitálico eles tem um efeito inotrópico também, através da inibição da bomba de sódio-potássio ATPase, promovendo maior concentração de cálcio intracelular. Quando que a gente teria indicação de uso de digitálicos seja venenoso ou oral no contexto de tratamento atual de insuficiência cardíaca descompensada? Basicamente a gente vai usar ele, e não só como efeito inotrópico, mas naqueles pacientes que eu tenho indicação também de fazer um efeito de controle da frequência cardíaca, então paciente tem um ataque arritmia, está com alta resposta,a gente sabe que eu preciso do tempo da diástole para poder fazer um ciclo cardíaco adequado e um débito sistólico adequado, então em alguns casos, que eu tenho a indicação de controlar a frequência cardíaca, eu posso usar esse tipo de inotrópico digitálico; de outra forma ele não é utilizado AULA 3 (C2) – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - DR. JOSÉ LUIS MOLINA LUIZA PEREIRA DA MATA 18/05/2020 18 mais, de rotina vou ficar com aqueles outros inotrópicos que a gente comentou no slide anterior. Raciocínio dos inotrópicos é aquilo que a gente vem comentando, então no momento da escolha dos inotrópicos eu tenho que considerar quando que eu uso inotrópico: primeiro, paciente com baixa perfusão. No momento da escolha do inotrópico eu devo considerar a PA do paciente e se está em uso ou não de betabloqueador. Se o paciente tiver hipotenso, PAS menor que 90, eu não preciso nem pensar na questão do uso ou não de betabloqueador, eu vou optar pelo inotrópico vasopressor, e o modelo o representante clássico é dobutamina; se o paciente tem a pressão sistólica maior que 90, aí eu vou levar em consideração se ele usa ou não o Beta bloqueador, se ele usa Beta bloqueador de forma crônica, eu não vou usar dobutamina, aí eu vou preferir os inotrópicos não adrenérgicos, não beta-estimulantes, como Milrinona e Levosimendana; se ele está com a pressão sistólica maior que 90, mas não usa betabloqueador, posso escolher qualquer um. ENTÃO PARA RESUMIR: � Vou usar inotrópico em paciente hipotenso: dobutamina; � Vou usar em paciente não está hipotenso e usa betabloqueador: levosimendana ou milrinona; � Ss ele não está hipotenso e não usa betabloqueador: qualquer um inotrópico. Seguindo as doses dos três inotrópicos principais que a gente vem comentando para vocês consultarem. Dessa forma, após a discussão detalhada de todo o manejo desses pacientes com insuficiência cardíaca descompensada, baseado na abordagem do SAVIC, acredito que vocês tenham condições de manejar o paciente com insuficiência cardíaca descompensada. Estão capacitados a ter um raciocínio clínico em relação ao atendimento, e devem dessa forma praticar isso no dia a dia de vocês. Estudem e sedimentem o conhecimento! Com isso a gente finaliza o conteúdo da aula! Material de casos clínicos em pdf.
Compartilhar