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Resenha Critica - ADMINISTRANDO A SI MESMO

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE 
SEGURANÇA DO TRABALHO 
 
 
Resenha Crítica Do Artigo – ADMINISTRANDO A SI 
MESMO: CONQUISTANDO A DISTRAÇÃO DIGITAL 
Gabriela Aparecida Nogueira 
 
 
Trabalho da disciplina Ergonomia 
 Tutor: Prof. Ronaldo Augusto Granha 
 
 
 
Curitiba/ PR 
2021 
http://portal.estacio.br/
 
 
 
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 RESENHA CRITICA - ADMINISTRANDO A SI MESMO: CONQUISTANDO A 
DISTRAÇÃO DIGITAL 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O artigo aborda as soluções para impactos em que a midia digital tem sobre a 
produtividade do profissional. Foi publicado em junho de 2015 na revista Harvard Business 
Review. Ele é composto em duas partes, nas quais cada um dos autores apresenta sua 
proposta de combate ao problema em questão. 
Mídia digital, segundo a definição da empresa de marketing Rock Content, pode 
englobar desde dispositivos, como computadores e celulares, até canais de comunicação 
online, como as redes sociais. Quando os estímulos digitais são excessivos, ocorre o que 
Rosen e Samuel chamam de sobrecarga digital. Essa sobrecarga afeta um grande número de 
indivíduos na vida pessoal e na profissional, além de afetar a economia. Segundo o Grupo de 
Pesquisa de Sobrecarga de Informações, os trabalhadores do conhecimento dos Estados 
Unidos “desperdiçam 25% de seu tempo lidando com seus fluxos de dados enormes e 
crescentes, custando $997 bilhões anualmente para a economia” (ROSEN; SAMUEL, 2015, 
p. 1). 
O psicólogo Larry Rosen apresenta o caso de Marco, gerente de uma empresa. Com o 
uso excessivo de celular e laptop apresentado pode se notar que isso afetava de forma 
significativa no trabalho, gerando até mesmo queixas de colegas em relação ao seu baixo 
desempenho em reuniões. Foi quando Marco então pediu a ajuda de Larry Rosen para analisar 
seus hábitos e assim encontrar uma solução para o problema. 
Rosen então apresenta dados de uma pesquisa que realizou com colegas em 2008 e 
replicou em 2014, na qual usou um questionário com pares de atividades para investigar os 
hábitos de realização simultânea de tarefas de participantes divididos em grupos etários (por 
exemplo, enviar e-mails e comer ao mesmo tempo). A partir das duas versões da pesquisa foi 
possível notar que o aumento de atividades simultâneas envolvendo mídias digitais ocorre não 
somente de geração para geração, mas também aumenta em uma mesma geração com o 
passar dos anos (e é muito alto nas gerações mais recentes). Isso não significa que as pessoas 
 
 
 
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estão ficando melhores em realizar tarefas simultâneas, e sim que essas atividades não são 
realizadas como deveriam. Como Rosen defende, só é possível fazer bem duas tarefas ao 
mesmo tempo se forem tarefas automáticas – como andar e mascar chiclete. Portanto, a 
multitarefa não pode ser bem-sucedida se envolver atividades de maior complexidade. Isso 
significa que, por exemplo, participar de uma reunião de trabalho não é compatível com o uso 
de redes sociais. 
O autor explica que não caracterizaria esse uso excessivo de mídias digitais como um 
vício, embora o conceito de vício seja passível de discussão e por isso não deva ser 
descartado, a associação desses hábitos de checar constantemente mensagens, atualizações de 
sites e redes sociais e afins com ansiedade é pertinente, já que pessoas que apresentam alta 
frequência desses hábitos costumam ter medo de perder uma novidade ou de demorar para 
responder alguém, e tendem a ficar ansiosas se por algum motivo forem impedidas de usar 
determinadas mídias digitais. 
São apresentadas por Larry Rosen três estratégias para desviar desse uso excessivo da 
tecnologia. A primeira consiste no aumento progressivo do tempo longe dela, com um 
despertador com um tempo inicial de 15 minutos para a próxima checagem. O objetivo é 
conseguir ficar longe dessas distrações por cada vez mais tempo sem que isso gere ansiedade. 
Para a segunda estratégia, o psicólogo sugere que pessoas que precisam lidar muito com 
mídias digitais façam uma pausa a cada 90 minutos (tempo de um ciclo de atividade cerebral 
segundo Nathaniel Kleitman) e busquem uma atividade relaxante breve que permita um 
distanciamento da tecnologia. Por último, ele sugere que se tenha cuidado para que a 
tecnologia não interfira no sono, e sugere a suspensão do uso de aparelhos digitais antes de 
dormir, o escurecimento de telas à noite e o uso destas a 14 polegadas do rosto. 
Rosen então retoma o caso de Marco, e afirma que o gerente passou a seguir suas 
dicas para se desconectar periodicamente. Com isso, Marco passou a se sentir mais feliz e a 
ter mais energia, e se tornou mais atento e mais produtivo. 
 Alexandra Samuel, defende de que as ferramentas digitais deveriam e podem, se 
usadas corretamente, tornar a vida mais fácil, no qual ela acredita que se desligar não é viável 
na era digital, pois “com tanto trabalho, comunicação e socialização ocorrendo nas telas, 
poucos de nós podemos nos permitir ficar desconectados” (ROSEN; SAMUEL, 2015, p. 4). 
 
 
 
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Samuel então traz o caso de Tiffany, fundadora presidente de uma agência, que se via 
sobrecarregada diante do volume de e-mails que recebia, onde a paciente chega a dizer que 
parecia que ela trabalhava para sua caixa de entrada, e não para si mesma. Mas, segundo a 
tecnóloga, seu problema não era a tecnologia, e sim sua forma de usá-la. 
A autora então dá continuidade ao texto apresentando suas sugestões para combater a 
sobrecarga digital. Primeiramente, aconselha o leitor a abandonar a crença de que pode ser 
capaz de se manter atualizado em absolutamente tudo. Ela sugere que esse objetivo seja 
trocado pelo objetivo de limitar as informações recebidas e dar atenção imediata somente ao 
que mais importa. 
Samuel então coloca a automatização como um possível facilitador para esse novo 
objetivo e dá algumas sugestões. A primeira é configurar o e-mail para que mensagens menos 
urgentes sejam direcionadas para outras pastas que não sejam a caixa de entrada principal e 
destinar uma pequena fração do tempo de frequência fixa (por exemplo, semanal) para 
verificar essas outras pastas. Também é apresentada a possibilidade de automatizar as notícias 
que chegam através de aplicativos de notícias que permitam filtrar o que é de maior interesse 
do usuário, bem como a opção de automatização da criação e/ou manutenção de uma presença 
online através de ferramentas que permitam alcançar múltiplas redes sociais de uma vez e 
agendar postagens com antecedência. 
É natural que alguém como Alexandra Samuel, que trabalha diretamente no ramo da 
tecnologia, não enxergue o afastamento da tecnologia como algo viável. Logo, pode-se 
afirmar que o posicionamento da autora é tendencioso. No entanto, suas sugestões, além de 
muito objetivas e práticas, parecem muito eficazes para quem lida com frequência com mídias 
digitais ao trabalhar – como Tiffany, cujo caso a autora retoma da mesma forma que Rosen 
retoma o caso de Marco. À medida que o texto caminha para uma conclusão, é revelado que 
Tiffany aplicou as estratégias mencionadas por Alexandra Samuel e, assim, conseguiu 
otimizar seu tempo e aumentar sua produtividade. 
 
Conclusão 
É notável que Larry Rosen e Alexandra Samuel, embora concordem em relação à 
existência de uma sobrecarga digital, possuem pontos de vista divergentes em relação a como 
solucionar esse problema. Enquanto o psicólogo defende uma recusa sistemática desse fluxo 
 
 
 
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de informações, a tecnóloga é a favor de se apossar da tecnologia de modo a utilizá-la para 
combater os problemas que ela mesma traz. No entanto, nas estratégias que ambos os autores 
propõem, os objetivos finais são os mesmos: otimizar o tempo, aumentar a produtividade e 
recuperar o controle perdido diante do excesso de estímulos digitais. 
Tanto o caminho que Rosen propõe como o que Samuel propõe podem ser de grandeajuda – tudo depende do estilo de vida de quem está em busca de soluções e de suas 
necessidades profissionais. Considerando a atual relevância da tecnologia digital nas 
empresas independentemente da área de atuação, é praticamente impossível para um chefe ou 
funcionário fugir do uso frequente das mídias digitais. Elas são necessárias, por exemplo, para 
a comunicação (seja entre funcionários ou no atendimento ao público) e para marcar presença 
online (por exemplo, fazendo postagens em redes sociais para atrair clientela). 
Uma opção interessante é buscar formas de conciliar os conselhos de Rosen com os de 
Samuel. Por exemplo: reduzir o uso pessoal de mídias digitais, mas buscar ferramentas de 
automatização – especialmente para coisas relacionadas ao trabalho. É importante também ter 
autocrítica e manter-se vigilante em relação aos próprios hábitos, para modificá-los de modo 
que seja possível extrair o máximo das próprias capacidades, tanto na vida pessoal como na 
vida profissional. É possível – e necessário – recuperar o controle que muitas vezes é tomado 
de nós por tecnologias que deveriam nos auxiliar. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ROSEN, Larry; SAMUEL, Alexandra. Administrando a Si Mesmo: Conquistando a Distração 
Digital. Harvard Business Review, 2015.

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