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Lucas Fraga – Medicina UFR turma 4 Câncer de Mama • Quando se fala em câncer de mama, é importante saber um pouco sobre derrame papilar. O derrame papilar é a saída de secreção da mama fora do período gravídico-puerperal e de lactação. Na maioria das vezes é benigno (95% dos casos). Logo é muito importante saber diferenciar um derrame fisiológico de um patológico, sendo que descarga espotânea, unilateral, sanguinolenta indicam possível causa cancerígena. Já bilateral, provocada, claro-esverdeado indica benignidade • ECM: Vale lembrar que o exame clínico das mamas tinha caráter tanto diagnóstico como de rastreamento, ou seja, como caráter diagnóstico era feito quando a mulher vinha com queixa nas mamas ou durante uma consulta ginecológica por exemplo. Já como rastreamento era feito em mulheres hígidas sem queixa alguma relacionada com as mamas, sendo um exame feito em rotina em todas a mulheres que iam na atenção básica. Atualmente o M.S não recomenda o ECM como método de rastreamento, pois diz que malefícios superam os benefícios, sendo então utilizado somente como método de diagnóstico quando a mulher já traz alguma queixa relacionada que possa envolver as mamas. • Ca de mama é o segundo mais frequente em mulher, perde só pro câncer de pele não melanoma. Ele corresponde a 25% dos casos de câncer que surge a cada ano. Fisiopatologia • A fisiopatologia básica envolve profileração maligna de células epiteliais que circundam os lóbulos ou ductos mamários devido a erros na divisão celular em que se formou célula com alto grau de proliferação e não foi ativado os genes responsáveis por suprimir e destruir essa célula (P53). Assim essa célula vai proliferando em grande rapidez e os esteroides sexuais (estrogênio) estimula ainda mais o crescimento desse tumor. No começo ele fica restrito à membrana basal (in situ) e com a progressão vai infiltrando nos tecidos até atingir circulação linfática e sanguínea e provocar a metástase. Lucas Fraga – Medicina UFR turma 4 • 90% dos casos de Ca de Mama é ESPORÁDICO, ou seja, não possui nenhum gene alterado, sendo o câncer surgindo devido a associação multifatorial. • 10% dos casos ocorrem devido mutação genética HERDADA. Os genes envolvidos aqui são BRCA1 (fica cromossomo 17) e BRCA2 (cromossomo 13). Aqui a herança é autossômica dominante. • Apartir do surgimento da 1º célula cancerosa, leva em média 8 anos para que essa célula se multiplique e produza um nódulo de 1cm (10^9 células são necessárias para formar esse nódulo). Antes do nódulo alcançar 1 cm chamamos de fase pré-clínica na qual o nódulo não é palpável e somente é detectado via MMG, US ou RM. Após o nódulo atingir 1cm chamamos de fase clínica e pode ser palpável, sendo que agora ele duplica de tamanho a cada 100-120 dias. • Tipos Histológicos: Ca ductal invasivo (principal, 50-70% dos casos). Ca lobular invasivo (8-15%). Depois vem outros tipos mais raros: tubular, cribriforme, secretor, medular, sarcomas, tumores phyllodes... Fatores de Risco • Sexo feminino (99% dos casos ocorrem em mulheres), idade > 40 anos, histórico familiar (aumenta 2 a 2,5 vezes a chance se em parentes 1º grau), Ca mama prévio, menarca precoce/menopausa tardia (mulher fica exposta a mais tempo ao estrogênio), ACO (é controverso e parece aumentar as chances somente nas que tem pré-disposição genética), tabagismo, etilismo, TRP, mamas densas (difculdade ver nódulo na MMG), obesidade, biópsia prévia com atipia, primeira gestação tardia (>30 anos), ausência de amamentação, mutações no gene BRCA1 e BRCA2. Quadro Clínico • Clássico é: nódulo endurecido, indolor, pouco móvel e irregular. Presença de adenomegalia axilar e supra-clavicular. • Dor é RARA somente em 0,02% dos casos. Em casos mais avançados temos retrações ou abaulamentos, lesões ulcerativas prurigionosas que não cicatrizam, tumores exofíticos. Lucas Fraga – Medicina UFR turma 4 • Derrame papilar: é raro ter, mas caso tenha é espontâneo, sanguinolento ou em água de rocha. Diagnóstico Ultrassonografia • Ele é um exame muito últil para auxiliar no diagnóstico, entretanto não é indicado como um método de rastreamento. A USG é últil nos rastreamentos de mulheres com alto risco, já que essas tem que começar a fazer o rastreamento mais precocemente e então possuem mamas mais densas que torna a sensibilidade da MMG menor. Assim a USG é um bom método para avaliar mamas densas (mamas de jovens). Além disso é um bom método para diferenciar lesões císticas de nódulos sólidos. Já em casos de mamas menos densas e com maior qtidade de tecido adiposo ela acaba se tornando um método ruim. Assim, para aquelas mulheres mais jovens geralmente pede-se uma USG junto com a MMG. Geralmente menor que 35 anos pede só USG e maior que 35 pede MMG a qual pode ser complementada pelo USG. • Em gestantes e lactantes é indicada a USG em vez da MMG para evitar exposição à radiação. • Aqui no USG, como na MMG e na RM, temos a classificação BI-RADS que serve para indicar a chance que uma lesão tem de ser maligna e assim auxiliar na conduta. O BI- RADS tem as categorias que variam de 0 a 6, sendo que a 4 temos a 4a, 4b e 4c. A cateroria 0 é quando o estudo é inconclusivo (aí tem que pedir outros exames pra complementar, uma MMG que provavelmente já foi pedida junto ou uma RM). A categoria 1 representa achados normais. Na categoria 2 são achados benignos (fibroadenomas principalmente os quais são as principais lesões benignas em jovens). Na categoria 3 temos os achados provavelmente benignos (chance malignidade é <2%). Na categoria 4 temos uma variação de chance de malignidade de 3 a 94%, por isso é dividido em 4a (baixa suspeita, sendo ~5%). Na 4b é moderada suspeita (~25%). Na 4c é suspeita moderada-alta (~70%). Já na categoria 5 é alta suspeita (~95%). Na categoria 6 é malignidade confirmada (pois já tem estudo histopatológico prévio positivo pra câncer). • De acordo com M.S, cada categoria temos uma conduta. Na 1 e 2 segue com controle habitual na ESF. Na 3 é referenciada pro mastologista e repete os exames de 6 em 6 meses no 1º ano e depois anualmente por 2 anos, se manter benigna pode voltar pra acompanha habitualmente na ESF. Na 4a pode fazer a análise citológica (com PAAF) ou Lucas Fraga – Medicina UFR turma 4 histopatológica (biópsia). Na 4b, 4c e 5 tem que fazer análise histopatológica (biópsia). Na 6 como já temos um caso confirmado, aí tem que ver a conduta terapêutica de acordo com o caso. BI-RADS 0 tem lesão mas não consegui classificar aí tem que refazer exames de imagens para tentar classificar. Mamografia • Ele é o exame mais importante para diagnóstico do Ca de mama, sendo seguro e eficaz. Entretanto ele tem um problema que depende da densidade mamaria ser baixa, ou seja, em mamas densas ele tem baixa sensibilidade, visto que para o exame necessita-se “apertar” a mama no mamógrafo. • Ele é o exame de escolha para o rastreamento do câncer de mama, permitindo o diagnósticos das lesões em estados subclínicos. Além do rastreamento ele é indicado quando temos lesões palpáveis, pra acompanhamento pré e pós terapêutica de ca de mama, como guia para punções... • A MMG usa a mesma classificação BI-RADS citada acima na USG. Ressonância Magnética Lucas Fraga – Medicina UFR turma 4 • Ele não é um exame indicado rotineiramente para Ca de mama, sendo que é um exame caro e não é muito bom para diagnóstico na fase subclínica. Geralmente é indicada em casos de estudo inconclusivo com a MMG ou USG, em casos de avaliação da resposta à terapia neoadjuvante... Métodos Invasivos • A confirmação do ca de mama é somente pela biópsia (estudo histopatológico), sendo que podemos fazê-la por diversas técnicas e a biópsia cirúrgica (excisional) é padrão- ouro. • Apesar da excisional ser padrão-ouro, o métodoque iremos escolher para fazer estudo da lesão depende dos achados clínicos (lesão palpável ou não) e achados radiológicos. Por isso o BI-RADS é importante, pois apartir dele iremos nos guiar sobre qual método escolher. • PAAF: Ela é a chamada punção por agulha fina e não se trata de uma biópsia em si, pois ela somente faz o estudo citopatológico e não histopatológico. Ela é uma técnina indicada para lesões palpáveis e não palpáveis. De acordo com MEDCURSO logo depois de identificarmos uma lesão palpável o primeiro exame a se fazer é o PAAF, antes mesmos dos exames de imagem, pois apartir dele iremos diferenciar se é uma lesão sólida ou cística. Se for lesão cística já é possível fazer a terapêutica drenando o conteúdo (se o conteúdo drenado for sanguinolento tem que enviar pra análise citológica). Caso não conseguirmos drenar a lesão indica que ela é sólida e mesmo assim temos que mandar o que conseguirmos aspirar para o citopatológico. A desvantagem aqui é que em lesões sólidas o estudo citopatológico não diferencia um carcinoma in situ de um invasivo. Além disso, um resultado negativo citológico não indica exclusão de maliginidade, sendo que o estudo deve ser continuado caso tenha-se nódulo sólido ou conteúdo cistíco sanguinolento, devendo então pedir exames imagens + biópsia. Se lesão for somente cística e sem conteúdo sanguinolento pedimos somente exames de imagem e se vierem normal faz seguimento dessa pcte com retorno em 4-6 semanas. Em relação a indicação da PAAF quando já temos um exame de imagem em mãos, ela é para aquelas lesões que tem menores chances de malignidade como BI-RADS 4A ou 3. A PAAF é feita ambulatorialmente e pode ser guiada por USG ou MMG. Lucas Fraga – Medicina UFR turma 4 • PAG: É a punção percutânea por agulha grossa, chamada também de core biópsia. É ambulatorial também e retira-se material para histopatológico por meio de pistola que usa agulha 12 ou 14. Requer anestesia local e mini-incisão com bisturi, aí insere a agulha acoplada na pistola e são feitos vários disparos retirando tecido para análise. É vantajoso em relação a biópsia cirúrgica porque é menos invasivo e pode ser feito em ambulatório. A PAG pode ser guiada também por USG ou MMG. • Biópsia percutânea a vácuo (mamotomia): Aqui usamos também uma agulha para retirar os fragmentos só que em um sistema de aspiração a vácuo, se tratando de um procedimento mais caro e difícil de se fazer, sendo indicado somente para lesões não palpáveis. • Biópsia cirúrgica: É o método mais tradiciona e mais disponível. Pode ser incisional (retira somente uma parte da lesão) e excisional (retira tudo a lesão). Para lesões não palpáveis é necessário marcar previamente a lesão para evitar tirar tecidos sadíos e assim preserva-se mais o conteúdo mamário. Ela é indicada em toda suspeita de falso-negativo quando se faz uma core ou mamotomia, sendo o padrão-ouro para diagnóstico de ca de mama. A incisional é feita em lesões maiores e a excisional em lesões menores que é possível retirar toda ela. Estadiamento Lucas Fraga – Medicina UFR turma 4 • O local mais comum para metástase a distância em Ca de mama é ossos. Também ocorre em pulmões e fígado. Pro estadiamento os exames que pedem geralmente é cintilografia óssea, RX tórax, USG abdômen e pelve. Em casos mais avançados substitui RX e USG por TC. O estadiamento baseia-se no sistema TNM (preciso decorar só os em amarelo). Tratamento Lucas Fraga – Medicina UFR turma 4 • O tratamento depende de cada tumor e também dos desejos da paciente, podendo ser tto círúrgico, quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia e imunoterapia. Muitas vezes associamos 2 modalidades Tratamento Cirúrgico • É indicado para tumores sem metástase. Aqui temos a cirurgia conservadora e mastectomia e cada uma possui várias técnicas diferentes. • Cirurgia Conservadora: Elas são para preservar boa parte da mama, fazendo ressecção somente da área que tem o tumor + uma margem de segurança. Aqui são para tumores que ocupem no máximo 20% do volume mamário. É importante lembrar que em cirurgia conservadora sempre temos que fazer radioterapia adjuvante (após cirurgia). Temos 3 técnicas aqui que é: a) Tumorectomia: Só tira o tumor sem margem de segurança b) Segmentectomia: Retira-se o segmento mamário (quadrante) no qual o tumor está com pelo menos 1 cm de segurança. c) Quadrantectomia: Retira-se o quadrante mamário na onde o tumor está com ampla margem segurança + pele suprajacente (é tipo a segmentectomia só que tira pele aqui). • Mastectomias: Aqui são as cirurgias radicais, na onde retira-se toda a mama, indicado para tumores que ocupem >20% da mama. Pode ser: a) Mastectomia Simples: Faz exérese apenas da mama, podendo pegar um pouco da pele também e não faz esvaziamento axiliar. b) Mastectomia radical clássica (Halsted): Retira mama, peitoral maior e menor e faz esvaziamento axilar (Está em desuso). c) Mastectomia Radical de Patey: é a mais usada atualmente pra tumores que ocupem >20% das mamas. Nela retira-se mama + peitoral menor + esvaziamento axilar, preservando peitoral maior. Lucas Fraga – Medicina UFR turma 4 d) Mastectomia Radical de Madden: Retira-se mama + esvaziamento axilar e preserva peitoral menor e maior. • Esvaziamento Axilar: É indicado toda vez que o tumor primário for infiltrante (houver rompimento da membrana basal invadindo o estroma), independente do volume dele e da técnica utilizada. Esse esvaziamento pode ser feito da forma clássica (retirando os linfonodos dos 3 níveis da axila, níveis I II e III de berg) e pode-se usar técnica linfonodo sentinela em que se retira somente ele preservando os demais. Radioterapia • É mais usada comumente em pós-operatório (adjuvante). É obrigatória no pós de cirurgia conservadora, no pós de tumor >5 cm e na presença 4 ou mais linfonodos axilares acometidos. (segundo renato 1-3 já indica). Quimioterapia • Tem indicação individualizada na prática clínica, podendo ser utilizada antes da cirurgia (neoadjuvante) para reduzir o tamanho do tumor para que possa operá-lo ou após a cirurgia (adjuvante) para diminuir risco de metástases. Qdo faz a neoadjuvante não se faz a adjuvante, é uma ou outra. Geralmente é indicada para aqueles tumores mais agressivos, em que se tem acometimento de linfonodos axilares, em pctes <35 anos, tumores inoperáveis... Hormonioterapia • É utilizada com a idéia de impedir que o estrogênio e progesterona atuem sobre o tumor promovendo seu crescimento. São usados nos casos de tumores positivos para receptores hormonais (estrogênio + ou progesterona +: RE+ e RP+). Pode ser utilizado como terapia neoadjuvante ou adjuvante, mas nunca utilizado junto com quimioterapia, geralmente são utilizados após a quimioterapia adjuvante, usando por 5 anos. Os medicamentos disponíveis aqui são: SERMS (tamoxifeno, raloxifeno), inibidores da aromatase (Anastrozol, exemestano, letrozol) e análogos GnRH. • Podemos também fazer a ooforectomia (retirar ovários) para que a produção hormonal de estrogênio e progesterona pare. Lucas Fraga – Medicina UFR turma 4 Imunoterapia • Aqui temos o Trastuzumabe (Herceptin) que é um anticorpo monoclonal que deve ser utilizado como terapia adjuvante junto com a quimio e depois isoladamente para mulheres em que o tumor superexpressarem o HER-2. Prevenção do Câncer de Mama • Prevenção Primária: Nós temos a chamada prevenção primária do câncer de mama que envolve prevenir os fatores de risco envolvidos no Ca de Mama e também incentivar a realização dos fatores de proteção. Os fatores de risco são: obesidade, sedentarismo, alcoolismo, terapia hormonal. Os fatores de proteção são: aleitamento materno, exercícios físicos, alimentação saudável. Temos também na prevenção primária a opção de fazer quimioprofilaxiacom tamoxifeno e raloxifeno (são antagonistas dos receptores de estrogênio nas mamas). Entretanto, essa quimioprofilaxia não é indicada para mulheres assintomáticas, mesmo as de alto risco, pois tem-se risco elevado de trombose, AVE e ca de endométrio com uso prolongado dessas medicações. • Prevenção Secundária: Ela envolve o diagnóstico precoce do câncer de mama, e para isso devemos saber as manifestações clínicas iniciais e também adotarmos o rastreamento de acordo com o preconizado pelo M.S: Lucas Fraga – Medicina UFR turma 4 a) Manifestações Clínicas: Nódulo palpável, eritema, descarga papilar, pele em “casca de laranja”, retrações e abaulamentos, inversão/descamação ou ulceração do mamilo, linfonodos palpáveis. .
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