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Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 1 SITUAÇÃO PROBLEMA 01 – E A VIDA CONTINUA 1. DESCREVER A ANATOMIA DA MAMA. As mamas além de fazerem parte do sistema reprodutor feminino é um importante órgão para alimentação do recém-nascido. Elas se apresentam também nos homens, mas de forma rudimentar. Em mulheres adultas as mamas se apresentam como uma eminência arredondada disposta no interior da fáscia superficial e anterior a fáscia peitoral profunda (acima do músculo serrátil posterior e peitoral). Seu formado e tamanho varia de acordo com os fatores genéticos, raciais, dietéticos, idade e número de partos. Como foi dito a mama fica entre a fáscia profunda e a superficial, sendo que além do tecido glandular há presença de um espaço (submamário) que permite a movimentação da glândula. Um carcinoma pode provocar uma aderência na mama, fixando-a à musculatura subjacente. Didaticamente, a mama é dividida em quatro quadrantes. Esta divisão permite a descrição da localização das lesões mamárias: • Quadrante Superior Externo ou Lateral (QSE ou QSL); • Quadrante Inferior Externo ou Lateral (QIE ou QIL); • Quadrante Superior Interno ou Medial (QSI ou QSM); • Quadrante Inferior Interno ou Medial (QII ou QIM) mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 2 A papila mamária se projeta a partir do centro da mama anteriormente. Seu nível varia de mulher para mulher, sendo que na maioria das vezes ela se encontra ao nível da 4° costela, na linha hemiclavicular. Com o número de partos e a idade progressiva a papila cai até ao nível da prega inframamária (formato ptótico). A papila a aréola é coberta por um tecido subcutâneo com superfície enrugada que contem várias glândulas sudoríferas e sebáceas (tubérculos de Morgani) que atuam como lubrificante protetor e facilitando a sucção realizada pelo neonato. Durante a gestação seus números aumentam consideravelmente e há uma hipertrofia (tubérculos de Montgomery). A papila e a aréola apresentam uma concentração de melanócitos o que ratifica o seu escurecimento, sendo que a gestação intensifica ainda mais essa característica. TECIDO GLANDULAR O tecido glandular das mamas é aquele responsável pela produção do “leite”. O mesmo é subdividido em lobos, consistindo em uma rede de ramificações em lobos secretores, terminais envoltos por uma camada de tecido conjuntivo chamada de estroma. A unidade secretora de leite é o alvéolo mamário o qual é a estrutura normalmente afetada por patologias malignas. O estroma é um tecido conjuntivo que envolve os alvéolos e lobos contendo fibras colágenas e permitindo a expansão dessas estruturas. Além disso, o estroma é responsável por dar o formato da mama, lembrando que o mesmo é composto também por tecido adiposo. mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 3 SUPRIMENTO SANGUÍENO E LINFÁTICO A irrigação das mamas é realizada através das artérias torácicas internas e intercostais. A artéria axilar fornece sangue através da torácica superior e lateral. A torácica interna irriga a parte anterormedial da mama. A drenagem venosa é realizada pelo plexo venoso cirucular ao redor da aréola e do tecido glandular para as veias axilares, torácicas internas e intercostais. A drenagem linfática (importante para conhecer a disseminação de metástases) segue para grupos de linfonodos regionais retroareola, seguindo para os grupos axilares e subclaviculares. Uma questão interessante é o vasos linfáticos regionais não apresentam valvulas, logo uma compreesão realizada por tumor pode alterar o fluxo da linfa. Os linfonodos axilares recebem 75% da linfa drenada da mama. 2. CARACTERIZAR A EPIDEMIOLOGIA DO CA DE MAMA E FATORES DE RISCO. A neoplasia de mama é um tipo de malignidade bastante comum em profissionais que lidam com o público feminino. Como qualquer outro tipo de câncer, a neoplasia de mama traz consigo o estigma de sofrimento e morte, além de acarretar problemas na feminilidade e na sexualidade. No Brasil e no mundo o CA de mama é o segundo tipo de neoplasia maligna mais comum, perdendo apenas para o CA de pele melanoma. O seu aparecimento pode ser em qualquer faixa etária, tendo como pico de incidência após os 35 e sobretudo a partir dos 50 mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 4 anos. O CA de mama constitui a principal causa de morte por neoplasia no público feminino. Desse modo, torna-se um grande problema de saúde pública, necessitando de investimentos em pesquisa, prevenção e diagnóstico precoce. Não podemos esquecer ainda que o CA de mama afeta também os homens, mas em uma proporção menor (1% dos casos). FATORES DE RISCO • O sexo é um importante fator de risco, haja vista que a incidência nas mulheres corresponde 99% dos casos, e nos homens 1% dos casos. • O pico de incidência na literatura é controverso, sendo que a média acima dos 40 anos já corresponde um fator de risco. • Quanto a raça mulheres brancas apresenta um fator de risco. • Antecedente pessoal de CA de mama ou alteração nas mamas (alterações benignas: hiperplasia ductal ou lobular; neoplasias benignas: carcinoma ductal in situ e o carcinoma lobular in situ são lesões precursoras) se configuram como fator de risco. • História familiar de parentes, sobretudo de primeiro grau, com CA aumenta o risco de 2- 2,5 vezes. Em caso de história positiva a precocidade do evento chama atenção para o envolvimento de fatores genéticos. CA de mama hereditário correspondem de 5-10% dos casos. • Antecedente pessoal de radioterapia de tórax, CA de ovário ou endométrio aumentam as chances de acometimento nas mamas. • A cicatriz radial ou lesão esclerosante complexa pode mimetizar ao exame histopatológico uma neoplasia maligna, bem como ao exame clínico a depender de seu tamanho. • A menarca precoce, antes dos 12 anos, e a menopausa tardia, após 55 anos, são fatores de risco considerados pelo MS. A primariedade idosa também é considerada um fator de risco, a partir dos 30 anos. Pacientes submetidas à retirada de ovário também apresenta fator de risco. • O uso de ACO é controverso, sendo que algumas literaturas consideram que quando considerado fator de risco a mulher possui também predisposição genética. • Terapia hormonal por mais de 10 anos se configura como fator de risco. • Dietas ricas em gordura e obesidade são consideradas fatores de risco. • Uso de álcool regular, 30g/dia, e cigarro são considerados fatores de risco. • Quanto a genética temos os dois tipos de mutações famosas quando se trata em CA de mama, o BRCA1 (mutação no braço longo do cromossomo 17 na proteína que age como supressora tumoral, sendo responsável por 40% dos casos genéticos) e BRCA2 (mutação no braço longo do cromossomo 13 ativando proteína inativa no processo de oncogênese, aumentando o risco, sobretudo em mulheres pós-menopausa. No Brasil o MS não recomenda de rotina a testagem para identificar tais mutações, mas se faz necessário o conhecimento que existe indicações para o teste. Tais indicações levam em questão a história familiar positiva, sobretudo quando é de 1° grau, e a idade do acometimento, não só de CA de mama, mas de ovário. PACIENTES COM MUTAÇÃO NOS DOIS GENES BRCA APRESENTA O RISCO DE DESENVOLVER ANEOPLASIA MALIGNA ENTRE 60-85% AO LONGO DA VIDA. A MUTAÇÃO É IDENTIFICADA ATRAVÉS DE TESTE GENÉTICO, PODENDO SER ACOMPANHADA POR RNM (IDENTIFICAÇÃO PRECOCE DE TUMORES). 3. CONHECER OS TIPOS DE CA DE MAMA, SUAS FISIOPATOLOGIAS E SINAIS CLÍNICOS RELACIONADOS. mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 5 O conhecimento da história natural da doença do CA de mama ainda é alvo de incertezas na tentativa de explicar desde o surgimento da primeira célula maligna até a manifestação clínica do paciente na presença de um nódulo. Hoje mesmo com o avanço das técnicas de propedêuticas e avanços tecnológicos a identificação do CA de mama normalmente acontece na fase de massa palpável. Ao estudo histopatológico classificamos uma lesão in sito aquela que não houve acometimento da membrana basal do epitélio do alvéolo mamário, diferentemente de uma lesão infiltrava ou invasiva. Há então uma incerteza justamente nessa sequência de eventos, sendo que nem sempre as doenças malignas apresentam a lesão em in situ como precursoras. Outro fenômeno importante a ser considerado na história natural da doença é a disseminação hematogênica e linfática das neoplasias de mama. É sabido que os vasos linfáticos são altamente permeáveis à penetração de células malignas, favorecendo sua disseminação. Desse modo, o trânsito dessas células metastáticas pela circulação linfática acomete principalmente as cadeias regionais dos linfonodos axilares e a cadeia mamária interna. Os sítios mais comuns de metástase de CA de mama são o esqueleto, os pulmões, fígado e cérebro. Uma característica interessante no desenvolvimento e formação da neoplasia de mama é a característica heterogênea de seu crescimento, sendo lento ou rápido. É sabido que alguns fatores influenciam nessa velocidade, sendo o grau de diferenciação celular, exposição a fatores hormonais e estado imune e nutricional do paciente. CARCINOMA IN SITU O carcinoma in situ corresponde a uma lesão restrita ao epitélio não acometendo o estroma. Tal lesão pode ser considerada como precurssora de uma neoplasia maligna, mas devemos sempre considerar que nem sempre isso acontece. Esse tipo de carcinoma pode ser divido em lobular e ductal, não pela sua localização, mas pelo seu fenótipo, haja vista que ambos acometem principalmente a unidade terminal-lobular. - Carcinoma ductal in situ (CDIS): é considerado como lesão precursora do câncer de mama (aumentando a chance de neoplasia maligna em 10x), tendo na maioria das vezes um prognóstico favorável. Na microscopia podemos observar dilatação dos ductos sem acometimento da membrana basal (não apresentando disseminação hematogênica ou linfática). Sabe-se que as alterações mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 6 genéticas para seu aparecimento são as mesmas para o carcinoma ductal invasivo. A gravidade desse tipo depende o acometimento do ducto, obstruindo seu lúmen totalmente. O manejo nesse caso é uma ressecção curativa com uma margem cirúrgica favorável, sendo que na maioria das vezes não há a necessidade de mastectomia, exceto em casos extensos. - Carcinoma lobular in situ (CLIS): não se apresenta como lesão palpável, sem expressão à mamografia, constituindo um achado microscópico acidental. O padrão histológico é de hiperplasia lobular atípica com células pequenas, não coesas no interior dos ácinos. Alguns autores não consideram esse tipo de lesão como precursora para o CA de mama. Entretanto, é de comum acordo que tal achado aumenta o risco de a mulher (uma vez identificado a mulher passa a ser classificada como alto risco) desenvolver a neoplasia maligna. O CLIS pode ser tratado com biópsia excisional ou mastectomia profilática. CARCINOMAS INVASIVOS - Carcinoma ductal infiltrante: é o tipo de câncer de mama mais comum, presente em 70-80% dos casos. Tal lesão tem a capacidade de acometer o estroma, podendo manifestar abaulamento ou crescimento tuberoso com fibrose. O estroma pode se apresenta firme e denso, apresentando uma consistência pétrea. O prognóstico costuma ser bom quando encontrado de forma isolada, mas em metástases é péssimo. Os carcinomas ductais de tipos especiais (medular, tubular, etc.) compreendem 10 a 20% dos carcinomas invasivos, e apresentam, em geral, melhor prognóstico quando comparados ao CDI-SOE. Para ser classificado como tipo especial é necessário que o carcinoma seja composto quase completamente (90% de um tumor) pelas características histológicas do tipo em questão. mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 7 - Carcinoma lobular infiltrante: é pouco frequente, sendo responsável por 5-10% dos casos de câncer de mama. A área da lesão é pouco definida, espessada, dificilmente visualizada na mamografia. Normalmente não há visualização na macroscopia. Tem a característica de ser multifocal e bilateral. - Carcinoma medular: compreende menos de 5 a 7% dos carcinomas mamários invasivos, e as pacientes costumam ser mais jovens (< 35 anos) no momento do diagnóstico. Muitos estudos encontraram associação entre a ocorrência de mutações genéticas em BRCA1 e o carcinoma medular. Esses tumores costumam ser bem-delimitados, circunscritos, com consistência firme, em geral, com 2 a 3 cm de diâmetro, sendo, muitas vezes, confundidos com fibroadenomas ao exame físico. Tumores maiores podem sofrer degeneração cística.1 Na mamografia, também podem apresentar-se como tumor bem- circunscrito, sendo possível confundi-lo com tumor benigno. - A doença de Paget (DP): é uma apresentação incomum das neoplasias malignas da mama, corresponde a 1 a 3% dos casos de câncer de mama e possui diferentes apresentações histopatológicas, podendo ser encontrada em associação com um carcinoma invasor ou intraductal, assim como sem nenhuma neoplasia subjacente.21 O pico de incidência ocorre entre os 60 e os 70 anos. É caracterizada pela presença de epitélio glandular maligno no interior da epiderme da aréola e/ou mamilo, podendo ser assintomática ou associada à hiperemia e ao eczema. A histopatogênese correta das células de Paget permanece controversa. Na fase subclínica da doença, as pacientes costumam relatar dor, ardência e prurido mamilar. Ao longo da evolução da doença, os achados clínicos mais característicos são eritema, pele espessada, lesão em crosta, formação de pequenas vesículas com exsudação serosa ou sanguinolenta, que pode evoluir para ulceração à medida que ocorre a infiltração epidérmica por células neoplásicas, ocorrendo, em geral, do mamilo em direção à borda da aréola, podendo ocorrer a destruição completa do mamilo. 4. ENTENDER O RASTREIO DO CA DE MAMA mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 8 1. AUTOEXAME O autoexame deixou de ser recomendado pelo Ministério da Saúde como método de rastreamento. Além de já existiremevidências robustas de que o autoexame não diminui mortalidade por câncer de mama, também há aumento do número de consultas e exames desnecessários. Muitas pacientes podem palpar áreas de parênquima mamário mais denso ou mesmo o rebordo costal e entender que se trata de um nódulo. Isso acaba gerando angústia, demanda de exames e talvez até biópsias que acabam sendo desnecessárias. Por essas razões, o autoexame não é mais recomendado. 2. EXAME CLÍNICO Em consulta preventiva de paciente, o exame clínico das mamas por profissional de saúde tem resultados conflitantes quanto ao seu real benefício. Por isso, o Ministério da Saúde não se posiciona nem a favor nem contra tal exame. Isso significa que, se o profissional está habilitado para a sua realização, pode fazê-lo. Todavia, se não apresenta habilitação e treinamento, também não é errado que não o faça. O exame clínico é pautado na inspeção estática, dinâmica e palpação. A inspeção deve ser realizada com a paciente desnuda em um local bem iluminado para identificação de alterações que modifiquem a simetria. Podemos solicitar para paciente apoiar suas mãos sobre a cintura e realizar uma leve contração para identificar nódulos e abaulamentos. Em seguida, é realizada a inspeção dinâmica na qual solicita a paciente para erguer os braços lentamente unilateral. Após a inspeção é feita a palpação de ambas as mamas e das cadeias linfonodais supraclaviculares, subclaviculares, axilares e infamamar com as poupas digitais. Inicialmente pode ser feita com a paciente sentada e seguida com a paciente deitada com as mãos na nuca. Há controvérsias a respeito da indicação do rastreio clínico nas pacientes, pois alguns estudos não mostraram redução de mortalidade. Por isso, alguns guidelines não consideram essa avaliação benéfica. Por outro lado, algumas sociedades defendem o seu uso, pois embora não reduza a mortalidade, o rastreio clínico é uma ferramenta na qual o profissional de saúde pode orientar e educar a população feminina para o conhecimento de seu corpo, promovendo o autocuidado e alertando par os possíveis sinais de alerta frente à neoplasia maligna. Um ponto negativo do exame é que pacientes que apresentam a mama densa, ou obesa pode falsar, não permitindo a identificação dos nódulos. 3. MAMOGRAFIA Dos exames utilizados para o rastreio do câncer de mama a mamografia se mostrou o mais eficaz para identificação precoce (antecipa a identificar em 4 anos quando comparada com exame clínico) e com redução de mortalidade. As pacientes de alto risco para desenvolvimento de câncer de mama (pacientes com história familiar de primeiro grau mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 9 de CA de mama antes dos 50 anos, história de acometimento bilateral, homens com câncer de mama, mulheres com câncer de ovário e mulheres com padrão histopatológico proliferativo com atipia ou neoplasia lobular in situ) devem iniciar o rastreamento mais cedo, a partir dos 35 anos. Nesses casos de alto risco, o intervalo entre as mamografias deve ser anual. Pacientes a partir dos 40 anos realizam o ECM anual e se houver alterações podemos lançar mão da mamografia. Entre 50-69 anos o ECM é anual e a mamografia é bienal. Dentre as técnicas utilizadas a mamografia digital é superior a analógica, pois ela possibilita maior contraste, sobretudo em mamas densas, a manipulação das imagens permite alterações sutis, envio eletrônico da imagem e diminuição da dose média de radiação. A mamografia dispõe de várias técnicas que possibilitam a identificação de calcificações ou nódulos mamários de forma eficiente. Tais técnicas permitem facilitar a distinção entre o tecido normal e anormal levando em consideração as características anatômicas de cada mulher. Vale lembrar que a idade, a constituição corporal, uso de hormônios na pós-menopausa, cirurgias mamárias, história reprodutiva e lactacional influenciam no exame. A mamografia de rastreio é indicada para pacientes assintomáticas para identificação de possíveis alterações, sobretudo naquelas que possuem alto risco para o desenvolvimento da neoplasia maligna. As posições utilizadas são a crânio-caudal e a incidência médio- lateral-oblíqua. Como a neoplasia de mama é um importante problema de saúde pública sua identificação precoce permite um tratamento eficaz. Não podemos desconsiderar o tempo entre a mamografia de rastreio e a mamografia diagnóstica em situações na qual o exame veio duvidoso ou positivo resulta em estresse, aflição e angústia para as mulheres, pela a possibilidade iminente de um diagnóstico de câncer. Para otimizar esse dado, é preconizado reduzir a chance de resultados falsos- positivos, bem como melhorar as técnicas e o treinamento dos radiologistas. Embora a mamografia seja o único teste validado com capacidade de reduzir mortalidade, o mesmo não deve ser confundido como ferramenta de prevenção primária ou para cura do câncer. A mamografia realizada anualmente geralmente consegue identificar alterações com um crescimento lento. Desse modo, muitas alterações identificadas apresentam bom prognóstico, sendo então sobretratada de forma desnecessária. A Sociedade Brasileira de Mastologia trouxe na última diretriz que o número necessário para salvar uma vida através dos exames de rastreamento em mulheres de 40-49 anos é de 1904. Desse modo, embora haja redução de mortalidade através do rastreamento a magnitude desse efeito ainda é incerta. Podemos observar o subrediagnóstico e sobretratamento com mais mastectomias. Isso significa que para cada 2000 mulheres rastreadas por 10 anos, 01 terá sua vida prolongada e 10 serão tratadas desnecessariamente, além de 200 terão risco de exames falso-positivos. RASTREAMENTO EM USUÁRIAS DE IMPLANTES DE SILICONE mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 10 Os implantes de silicone podem ser posicionados por cima do músculo ou por baixo, porem em abas as técnicas a glândula mamariam fica por cima dos implantes. Dessa forma, eles não interferem no exame clínico. Porém, se os implantes de silicone forem muito grandes, pode haver alguma dificuldade durante a sua realização. Assim, o técnico deverá ser avisado para que o aparelho exerça menor pressão sobre as mamas e para que ele posicione a prótese mais para cima e para trás, a fim de que somente o tecido mamário seja visualizado. Dessa forma, nesses pacientes pode ser solicitado uma ultrassonografia mamaria ou preferencialmente uma ressonância magnética. 4. DISCUTIR O DIAGNÓSTICO (BIRADS) E O ESTADIAMENTO DO CA DE MAMA. 1. ANAMNESE E EXAME FÍSICO A queixa principal mais comum é a presença de um nódulo endurecido, geralmente indolor. Se a lesão é um nódulo, ela deve ser bem caracterizada e outras Perguntas Devem ser respondidas: 1- Há quanto tempo existe o nódulo? 2- A lesão aumentou de tamanho com o tempo? 3- Há história de biópsias ou aspirações prévias de cistos? 4- A presença da lesão é acompanhada de dor? 2. Se for, esta dor associa-se ao ciclo menstrual? 5- Qual é a idade da paciente? Outra forma frequente é o achado mamográfico suspeito - nódulo espiculado, microcalcificações mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde daMulher) 11 suspeitas. Os fatores de risco devem ser pesquisados, assim como a história familiar. Na inspeção estática, deve-se avaliar cuidadosamente a pele, para verificar alterações de pigmentação, eczemas, espessamento de pele ou evidencias de obstrução linfática. A palpação das regiões supra e infraclaviculares e axilares deve ser realizada em busca de linfonodos. Com a paciente deitada, inicia-se a palpação das mamas. A expressão dos mamilos deve ser realizada bilateralmente e na presença de secreção, deve-se caracterizar a cor, quantidade, se é uniductal ou se provem de vários ductos, assim como se é unilateral ou se apresenta em ambas as mamas. A secreção em “água de rocha”: cristalina e uniductal é mais sugestiva de carcinoma. Já a secreção uniductal sanguinolenta, é mais sugestiva de papiloma. EXAMES COMPLEMENTARES • PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA FINA (PAAF) A PAAF é o primeiro passo na investigação dos nódulos mamários, pois diferencia IMEDIATAMENTE as lesões císticas das lesões sólidas; É um procedimento ambulatorial, de simples realização e baixo custo. Pode ser empregada em tumores clinicamente identificáveis ou guiada por ultrassonografia ou exame radiológico. Na mama em caso de lesões palpáveis a PAAF está indicada sem a necessidade de métodos de imagem, podendo utilizar a USG como forma de guiar a punção. A punção deve ser feita sob pressão negativa com retração do êmbolo da seringa quando estiver na lesão ou nódulo. O profissional deve mover a agulha para frente e para trás, mantendo a pressão negativa. Ao retirar a agulha, deve-se desfazer da pressão negativa a fim de possibilitar que o material fique contido na agulha. Após isso, deposita o material em uma lâmina para análise citopatológica. Os tumores sólidos são diagnosticados após a falha em aspirar líquido com a PAAF, sugestivo de malignidade. De qualquer forma, o material que for aspirado deverá ser encaminhado para avaliação citológica. A citologia isoladamente não faz o diagnóstico de câncer e não encerra a investigação de um nódulo suspeito. Isso porque é difícil a diferenciação entre o câncer in situ do invasor, pois depende da experiência do examinador. Assim, diante de um nódulo suspeito, a citologia só possui valor se for positiva. Se for negativa, é obrigatória a realização de biópsia. Pacientes com suspeita de lesão BI-RADS 4c ou 5 em mamografia têm indicação para USG da axila ipsilateral, seguida de PAAF de nódulos suspeitos. • ULTRASSONOGRAFIA É um método que assegura boa diferenciação entre nódulos sólidos e císticos. mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 12 Para fins de prova de residência, você precisa memorizar que “reforço acústico” é sinal ultrassonográfico de benignidade e que “sombra acústica posterior” é sinal ultrassonográfico de malignidade. Geralmente cistos benignos apresenta o interior anecoico (escuro). A USG serve como um método de imagem adicional (sobretudo em graus menores 1 e 2, na qual pela disposição do parênquima podemos encontrar zonas cegas na mamografia) indicado em jovens, lactantes e gestantes para reduzir a exposição à radiação. Sua indicação é feita na presença de achados na mamografia (diagnóstico diferencial), alteração no exame físico com mamografia negativa ou inconclusiva, jovem com lesão palpável. • MAMOGRAFIA É o método principal e seguro de auxílio ao exame clínico no câncer de mama. Definitivamente, é o método propedêutico mais importante no diagnóstico das lesões subclínicas. A mamografia de alta resolução possibilita a identificação de lesões muito pequenas, com o mínimo de radiação, sem apresentar risco para as pacientes. Além disso, auxilia na caracterização dos achados clínicos e evidencia outros focos de tumor. É um exame radiológico realizado no mamógrafo que compreende pelo menos duas incidências principais: mediolateral oblíqua e craniocaudal. É importante lembrar que a avaliação é comparativa entre os dois lados e com exames prévios. a MMG é particularmente útil na avaliação de nodularidades, adensamentos, calcificações e cistos em mamas adiposas. mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 13 CLASSIFICAÇÃO BI-RADS A classificação BI-RADS foi proposta em 1992 pelo Colégio Americano de Radiologia com uma tentativa de padronizar os achados radiográficos, cirando uma linguagem universal que facilitasse a interpretação e orientasse uma conduta. • BI-RADS® 0: exame inconclusivo, que necessita de avaliação adicional com outro exame radiológico, usualmente a ultrassonografia mamária; • BI-RADS® 1: sem achados mamográficos, sem sinais de malignidade – exame normal, com recomendação de rastreamento a cada dois anos ou anual a partir dos 40 anos e anual a partir dos 50 anos; • BI-RADS® 2: achados benignos – achados radiológicos benignos, como cistos simples, próteses mamárias, calcificações tipicamente benignas. Não merece investigação, sendo que a repetição acontece de acordo a faixa prevista para o rastreamento; • BI-RADS® 3: achados provavelmente benignos – achados muito provavelmente benignos, cuja chance de malignidade é menor do que 2%. Exemplos: microcalcificações agrupadas e puntiformes, assimetria focal, nódulos sólidos não palpáveis com características de benignidade (regulares, sem sombra acústica, horizontais) e microcistos agrupados. A recomendação é a repetição do exame em seis meses apenas no primeiro ano segundo o MS; • BI-RADS® 4: achados suspeitos de malignidade – o risco de malignidade variável de 2 a 95%, em média de 40%. São microcalcificações e nódulos irregulares. Recomendação de estudo anatomopatológico. O BI-RADS® 4 subdivide-se em 4ª (suspeição leve), 4B (suspeição intermediária) e 4C (suspeição alta); • BI-RADS® 5: achados sugestivos de malignidade – achados altamente suspeitos, com risco maior do que 95% de malignidade: nódulos espiculados, microcalcificações pleomórficas ou em trajeto ductal. Apresenta valor preditivo positivo de 95-97%. Recomendação de estudo anatomopatológico; • BI-RADS® 6: achados que já têm diagnóstico de câncer, na qual o estudo anatomopatológico foi realizado. Recomendação de terapêutica específica com unidade de tratamento de câncer. mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 14 • RESSONÂNCIA MAGNÉTICA É um exame não invasivo, de custo elevado, de alta sensibilidade e valor preditivo positivo de 100% para os tumores invasores maiores de 2 mm. A RM não identifica microcalcificações, ou tumores intraductais ou invasores menores que 2 mm. Os principais fatores limitantes do método correspondem à impossibilidade de localização das lesões subclínicas e sua baixa especificidade. É útil no estudo da mama contralateral, na avaliação de focos secundários do tumor na mama ipsilateral, no rastreio de recidiva local do tumor e na avaliação de pacientes em uso de implantes mamários. Também pode ser empregada na identificação de focos de metástases, avaliação de resposta à quimioterapia neoadjuvante e possui especificidade significativa no caso de implantes ósseos. mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 15 CONDUTA APÓS METÓDOS DE IMAGEM: O diagnóstico final do câncer é feito por meio do achado histopatológico. Assim, nos achados sugestivos de malignidade está indicado o estudo histopatológico. A biópsia cirúrgica (excisional)é considerada “padrão-ouro”, porém, no contexto da apresentação de câncer de mama em estádios avançados, biópsias minimamente invasivas podem desempenhar um importante papel por fornecer o diagnóstico antes da terapêutica. A escolha do método de biópsia vai depender da classificação radiológica, tipo e localização da lesão, composição e tamanho da mama da paciente, material e equipamentos disponíveis, recursos humanos e características de cada serviço. mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 16 1. CORE BIÓPSIA (PUNÇÃO COM AGULHA GROSSA OU BIÓPSIA DE FRAGMENTO OU BIÓPSIA PERCUTÂNEA COM AGULHA GROSSA) A Punção por Agulha Grossa (PAG), ou core biopsy, é um procedimento ambulatorial, realizado sob anestesia local, que retira fragmento de tecido mamário para o exame histopatológico por meio de dispositivo automático para biópsia (pistola). A introdução da PAG oferece uma opção minimamente invasiva para o diagnóstico das lesões da mama. Com desempenho semelhante à biópsia cirúrgica, possui elevada precisão diagnóstica e tem as seguintes vantagens: custo 25 a 50% menor; não nec0essita internação e raramente apresenta complicações; causa menor trauma local. 2. MAMOTOMIA (biópsia percutânea a vácuo) A biópsia percutânea a vácuo utiliza um sistema de aspiração a vácuo em conjunto com um sistema de corte que obtém maior amostra tumoral. Ele pode ser guiado por raios X (estereotaxia), ultrassonografia ou ressonância magnética. A biópsia a vácuo tem as vantagens de obter maior número de fragmentos, maiores e mais consistentes, com melhor desempenho nas microcalcificações, com uma única inserção da agulha. As desvantagens são o custo elevado e a pequena disponibilidade. 3. BIOPSIA CIRÚRGICA A biópsia cirúrgica é o método mais tradicional e com maior disponibilidade. Pode ser incisional (indicada em lesões maiores), quando há retirada de parte da lesão, e excisional (lesões menores), quando ocorre retirada total da lesão É considerado o padrão-ouro para obtenção de amostra dos tumores para exame histopatológico. É obrigatória na suspeita de falso-negativo da core biópsia ou da mamotomia. Em caso de dúvida também deve ser sempre realizada. mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 17 5. COMPREENDER O TRATAMENTO – CIRÚRGICO E NÃO-CIRÚRGICO - DE CA DE MAMA, SUAS COMPLICAÇÕES E OS IMPACTOS NA QUALIDADE DE VIDA. PROGNÓSTICO A avaliação dos fatores prognósticos é imprescindível para a definição da conduta terapêutica a ser instituída e para avaliar as chances de recidiva local ou sistêmica. 1. STATUS AXILAR: Trata-se do principal fator prognóstico para doença sistêmica. As pacientes com nenhum linfonodo positivo para metástases têm prognostico melhor do que aquelas com comprometimento axilar. 2. TAMANHO DO TUMOR: quanto maior o tamanho do tumor maiores são as taxas de recidiva e mortalidade. Tumores menores que 1cm associam-se a prognósticos favoráveis. 3. TIPO HISTOLÓGICO/MOLECULAR: os tumores de pior prognóstico são o lobular invasivo e o ductal invasivo. Os subtipos medular, mucinoso, tubular e papilar puros tem pior prognostico. 4. IDADE: pacientes jovens abaixo dos 35 anos têm maior risco de recidiva local. 5. MARGENS DA LESÃO: a presença de margens livres é o principal fator de baixo risco de recidiva local. 6. HEREDITARIEDADE: é considerado fator de risco para recidiva local a presença de mutação no gen BRCA1 e BRCA2. 7. RECEPTORES HORMONAIS: tem melhor prognostico mulheres com tumores receptores positivos para estrogênio e progesterona. TRATAMENTO Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 18 O tratamento se baseia nos fatores prognósticos citados. Visa o controle locorregional e sistêmico do câncer de mama, de forma a proporcionar uma boa qualidade de vida às pacientes e diminuir as taxas de mortalidade. TRATAMENTO CIRURGICO Consiste na abordagem do tumor primário e da axila, com ou sem associação da radioterapia. É indicada para pacientes sem doença metastática à distância (ou seja, portadores de CA de mama até o estagio III). 1. CIRURGIAS CONSERVADORAS Essas abordagens preservam boa parte da mama. Limitam-se a ressecção da área que contém o tumor, com boa margem de segurança. O ideal é que o volume do tumor corresponda até 20% do volume total mamário. Dessa forma, está indicada para tumores pequenos ou mesmo maiores que respeitem essa relação. Oferecem como vantagem a estética e a possibilidade de salvaguardar o complexo areolopapilar. • Tumorectomia: corresponde à ressecção total do tumor, sem a preocupação de se estabelecer margem de segurança; • Setorectomia ou segmentectomia: consiste na ressecção do setor que engloba o tumor, com margem de segurança de, pelo menos, 1 cm; • Quadrantectomia: é a ressecção de qualquer setor mamário que engloba o tumor, com ampla margem de segurança, da pele suprajacente e da aponeurose do músculo grande peitoral subjacente. Vale aqui lembrar que a realização da cirurgia conservadora impõe sempre a realização da radioterapia adjuvante, ou seja, após a cirurgia, logo serviços que não dispõem da rádio é indicado realizar a cirurgia radical. No tumor maligno infiltrante que compromete apenas até 20% do volume da mama, deve-se promover a cirurgia conservadora associada à radioterapia. Se as margens cirúrgicas estiverem comprometidas, deve-se ampliá-las. É importante salientar que todo tumor infiltrante impõe a abordagem axilar. 2. CIRURGIAS RADICAIS A mastectomia está indicada nos casos de tumores malignos infiltrantes que ocupam mais de 20% do volume da mama ou em casos de tumores localmente avançados. • Mastectomias simples: corresponde a exérese apenas da amam, com extensão variável da pele que a recobre, incluindo sempre o complexo areolopapilar. A principal indicação são os tumores intraductais extensos. • Mastectomias radicais: estão indicadas para os tumores infiltrantes, nos quais o volume ou a multicentricidade não permite a cirurgia conservadora. mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 19 3. ESVAZIAMENTO AXILAR A cadeia linfática axilar é a mais acometida. A abordagem axilar está indicada sempre que o tumor primário for infiltrante, independentemente de seu volume ou da cirurgia realizada para extirpá-lo. Assim, tanto os tumores pequenos ou mesmo as lesões subclínicas que permitam cirurgias conservadoras na mama requerem abordagem axilar, desde que seja identificada a invasão estromal (tumores infiltrantes). Esta abordagem pode ser realizada pela técnica do linfonodo sentinela ou pelo esvaziamento axilar clássico. NÃO SE FAZ A TÉCNICA DO LINFONODO SENELA QUANDO VIER CLINICAMENTE POSITIVO! TRATAMENTO ADJUVANTE E NEOADJUVANTE 1. RADIOTERAPIA Tem como principal indicação o controle locorregional da doença. E em alguns casos é empregada no pré-operatório para reduzir o volume tumoral. Seu uso mais comum é no pós- operatório, ou seja, radioterapia adjuvante, para diminuir as taxas de recidiva. Está obrigatoriamente indicada: • Após cirurgias conservadoras da mama; • No caso de tumores maiores que 4 cm (5 cm segundo algumas referências); • Na presença de quatro ou mais linfonodos axilares acometidos. Todas as candidatas à radioterapia devem realizá-la até no máximo 16 semanas após a cirurgia. 2. QUIMIOTERAPIA Visa auxiliar no tratamento locorregional, controlar e trataro surgimento de metástases à distância. É recomendada para pacientes com tumores infiltrantes, linfonodos positivos ou quando o tumor é grande, tem como objetivo o controle sistêmico. • QT NEOADJUVANTE: é também conhecida como PQ pré-cirúrgica, sendo realizada antes do procedimento definitivo (cirúrgico ou radioterápico). Assim, ela se propõe a diminuir o tamanho tumoral, de forma a possibilitar cirurgias conservadoras em tumores grandes. • QT ADJUVANTE: propõe-se a complementar o tratamento cirúrgico, diminuindo as taxas de recidiva e os índices de mortalidade. Deverá ser iniciada 4 a 6 semanas após a cirurgia. A indicação dessa terapia decorre da presença de fatores de mau prognóstico. Desse modo, tumores > 1cm, presença de linfonodo positivo, receptor hormonal negativo e expressão HER2. • QT PARA METÁSTASES À DISTÂNCIA: a tendência atual é que apenas as pacientes com metástases sintomáticas recebam QT. As pacientes com metástases assintomáticas geralmente recebem apenas hormonioterapia. Obs.: No caso de a paciente ter recebido QT neoadjuvante, não há necessidade de QT adjuvante (é “uma ou outra”); mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 20 Obs.: Caso a paciente tenha indicação tanto de radioterapia quanto de quimioterapia adjuvantes, a QT deve preceder a RT. HORMONIOTERAPIA Consiste na utilização de substâncias que inibam ou diminuam a atividade dos hormônios endógenos (estrogênio e progesterona) sobre a mama. Por esta razão, está indicada para os tumores receptores hormonais positivos (RE+ e RP+). Assim como a QT, a hormonioterapia pode ser empregada como terapia neoadjuvante, adjuvante ou no controle de metástases à distância. Mas é importante lembrar que não deve ser administrada ao mesmo tempo em que a QT. Os medicamentos mais utilizados são o Tamoxifeno (antagonista dos receptores de estrogênio) e Inibidores da aromatase (inibe a conversão periférica de andrógenos em estrógenos, devendo ser utilizado só na pós-menopausa). Na prática, toda paciente com exame imuno-histoquímico evidenciando positividade de receptores hormonais é candidata à hormonioterapia durante cinco anos. Esta deve ser iniciada após a QT adjuvante (caso haja indicação), nunca de forma concomitante. A hormonioterapia é a forma de tratamento ideal para pacientes com metástases pouco sintomáticas. COMPLICAÇÕES DO TRATAMENTO Entre todas as possíveis complicações, a infecção mamária após mastectomia é uma intercorrência preocupante considerando a possível gravidade associada e evolução para facilite necrosante. Estudos demonstram que a reconstrução mamária imediata no mesmo ato cirúrgico (após ressecção) e a ressecção linfonodal são fatores de risco independentes para infecção no pós-operatório; A despeito dos dados, a recomendação atual é pela reconstrução mamária imediata após mastectomia, por causa do benefício psicológico e dos estigmas para a mulher associados a tal procedimento Pacientes submetidas à mastectomia podem desenvolver a síndrome de Stewart-Treves ou angiossarcoma pós-mastectomia. Origina-se das células endoteliais e se manifesta como linfedema do membro superior. A maioria apresenta tumor em região superior do membro e alguns na parede torácica e ombro. Pode se apresentar como tumor ulcerado ou massa fixa. O tratamento é baseado na excisão do tumor e quimioterapia, apresentando mau prognóstico. A lesão do nervo torácico longo pode ocorrer. ele se situa ao longo do gradil costal. É responsável pela inervação do músculo serrátil anterior, que é importante para a fixação da escápula à parede torácica, durante a adução do ombro e a extensão do braço. Sua lesão implica em quadro conhecido por escápula alada. mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 21 6. ENTENDER AS POLÍTICAS PÚBLICAS RELACIONADAS AO CA DE MAMA. PREVENÇÃO PRIMÁRIA 1. CONTROLE DOS FATORES DE RISCO A prevenção primária do câncer de mama está relacionada ao controle dos fatores de risco reconhecidos. Embora os fatores hereditários e muitos daqueles relacionados ao ciclo reprodutivo da mulher não sejam passíveis de mudança, os fatores relacionados ao estilo de vida como obesidade pós-menopausa, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e terapia hormonal, podem ser controlados e contribuir para diminuir a incidência do câncer de mama. 2. QUIMIOPREVENÇÃO Com relação à quimioprofilaxia para o câncer de mama, duas classes de medicações têm sido mais estudadas: os moduladores seletivos do receptor de estrogênio (SERM – tamoxifeno e raloxifeno) e os inibidores de aromatase (anastrozol e exemestano). Os SERM não interferem na produção de esteroides, mas competem com o estradiol pela ligação com os receptores de estrogênio e, assim, exercem sua ação anti-hormonal. Os mais estudados são compostos trifeniletilenos, o tamoxifeno e o raloxifeno, que funcionam como estrogênio-agonista ou antagonista nos vários tecidos orgânicos. Vale lembrar que esses medicamentos estão relacionados ao aumento do risco de eventos tromboembólicos, câncer de endométrio ou acidente vascular encefálico. Os Inibidores de Aromatase (IA) reduzem a produção de estrogênios, agindo em fontes não gonadais. Por esta razão, funcionam melhor após a menopausa, com os ovários silentes. Os IA atuam bloqueando a enzima aromatase, que converte androstenediona em estrona que, por sua vez, se interconverte em estradiol, principalmente a nível de tecido celular subcutâneo. A quimioprevenção pode ser considerada para pacientes com hiperplasia ductal atípica, hiperplasia lobular atípica e carcinoma lobular in situ, principalmente em lesões mais extensas ou múltiplas, casos de repetição do quadro ou quando há predisposição hereditária. A decisão de se prescrever SERM ou IA para todas as mulheres com risco elevado não é unânime. A conduta requer individualização, conforme nível de risco, repercussão emocional do risco, faixa etária, comorbidades e tolerabilidade aos fármacos. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA A prevenção secundária inclui estratégias que visam sua detecção precoce. O câncer de mama quando identificado em estágios iniciais (lesões < 2 centímetros de diâmetro) apresenta prognóstico favorável. Para isso é necessário implantar estratégias para a detecção precoce da doença. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Saúde da Mulher) 22 1. DIAGNÓSTICO PRECOCE: A estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer de mama. Nessa estratégia é fundamental a educação da mulher e dos profissionais de saúde para o reconhecimento dos sinais e sintomas do câncer de mama, assim como o acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde. 2. RASTREAMENTO: O rastreamento com o exame de Mamografia (MMG) é a estratégia de saúde pública que tem sido adotada em contextos onde a incidência e a mortalidade por câncer de mama são elevadas. A MMG é o único exame utilizado para rastreamento, com capacidade de detectar lesões não palpáveis e causar impacto na mortalidade por câncer de mama, sendo por isso o exame de imagem recomendado para o rastreamento do câncer de mama no Brasil.
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