Buscar

Economia Política Texto 5 - Feudalismo, o do Comércio e meios de transporte

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 20 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EVOLUÇÃO
HISTORICA DO
PENSAMENTO
ECONOMICO
4)4
4.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PENSAMENTO
ECONÖMICO
O pensamento econômico evoluiu pari passu com os períodos da histó-
ria da humanidade. Desde a fase da agricultura primitiva, que permitiu o
surgimento de núcleos humanos sedentários, em substituição ao
nomadismo dos povos caçadores, os atos, fatos e fenômenos econômi-
cos foram sendo gradativamente objeto de análises de causas e efeitos,
até a definitiva constituição da economia como ciência, com seus pre-
cursores no século XVIII e seu fundador, Adam Smith, na era do classi-
cismo liberal.
Afase da economia natural, com os agrupamentos humanos vivendo em estado
LI selvagem,emconstantenomadismo em busca da caça,representa mais longo
periodo da história da humanidade. Com a pesca e os primeiros rudimentos da agricultu-
a, gue substituíram a cata dos produtos da natureza, os agrupamentos humanos passaram
a evoluir do seu estado selvagem, atingindo a fase pastoril, despontando os embriôes da
sociedade e do patriarcalismo e aqueles das artes e conhecimentos. Esse fato representou
a eclosão de novas técnicas no aproveitamento dos recursos naturais, prenunciando o
nascimento das ciências, a estruturação da propriedade, de início coletiva, com as trocas
a partir de doações recíprocas, até a utlização de produtos de maior procura, servindo
como unidade aferidora dos escambos que se multiplicavam.
Criado com Scanner Pro
, deEconnaPoltr,Elcmento
Aagricultura - conformerecentespesquisasde um grup0 dcarqueologosno
americanos liderados por F. Wendorf, que há quase vinte anos escaVia a regiao deWa
Kubbanya, às margens do Nilo, próxima do limite do Egito com o ucdiO- teriasurgid,
há 17 ou 18 mil anos nessa área da África, e não há oito mil anos no sudeste daÁsia,n
chamado Crescente Fértil, que abrange os atuais territórios do Libano, Siria, Ira e aque
Wendorf fundamenta a sua teoria no achado, na regiào egipcia, de artetatos depedh
tosca- pedras de moer, pilöes e outros-a seu ver utilizados para atransformaçãod
cereais em farinha, levando-o à crença de que, nessa regiào, já se cultivasse algumtipode
planta. Ele, prosseguindo nas buscas, localiz0u sementes de trigo, cevada, lentilha,gra
de-bico e tâmaras. Conforme anota J. Reis, o arqueólogo Wendorf afirma que taisprod
tos se originaram de plantas cultivadas e não de vegetais nativos, em estado selvagem,hi
17 ou 18 mil anos, quando grande parte da Europa era ainda coberta pelo gelo ea
plantações eram feitas nas margens alagadiças do Nilo.
Premicdos pela necessidade decorrente das tensões do meio ambiente epressåodo
excesso populacional, Os povos nômades, dedicados à caça, à pesca e à colheita de
produtos nativos, passaram à atividade agrícola, tornando-se sedentários, surgindoassim
as aglomeraçòes humanas estáveis, berço das cidades e da civilização.
Após essa longa fase, costuma-se assinalar cinco grandes períodos na históriada
humanidade, caracterizando a lenta e gradativa evolução do pensamentoeconômnico
Tais períodos evolutivos são os seguintes:
D Antigüidade clássica (primeira fase), do ano 4000 ao ano 1000 antes da ea crisi
Nessa fase situam-se China, Babilônia, Egito, Assíria, Mesopotâmia e outrascivilizações
Também nessa fase é que situamos o período dos tempos bíblicos, com osensinamentos
e procedimentos consignados no Antigo Testamento, do ano 2500 ao ano 100 aC, em
Novo Testamento, no primeiro século da era cristà.
ID Antigüidade (segunda fase), abrangendo a civilização greco-romana e indodo
ano 1000 a.C. até a queda do Império Romano do Ocidente (ano 476 de nossaera).
II) Idade Média (500 a 1500), período conhecido por era medieval oufeudalismo
) Mercantilismo (do século XVI ao XVIID, fasedaRenascençaenaqualcomea
a configurar-se o capitalismo, nas suas formas comercial e financeira.
V Revoluçāão Filosóficae Industrial (1750 a 1850), quando se estrutura opens
mento econômico, com base no racionalismo filosófico e nas invenções mecânicas,dando
origem ao capitalismo industrial. Nessa fase do pensamento econômico é quesurgeno
precursores da ciência econômica, com a denominada Fisiocracia ou Escola Fisiocril
seguida pelos economistas Clássicos ou Liberais, quando nasce a ciência econõmicaca"
a obra do seu fundador, Adam Smith (1723-1790).
Merecem menção, ainda, as correntes teóricas modernas, como asEscolasHedonis
Escola Psicológica (marginalismo) e Escola Matemática ou deLausanne - eacoen
do pensamento econômico moderno, o keynesianismo, liderada por JohnMaynardKeyte
(1883-1946), notável economista inglės.
Criado com Scanner Pro
Evolução histórica do pensamento económico
4.20 PENSAMENTOECONÔMICONAANTIGÜIDADE
CLASSICA
Nessa fase da evoluçāo da humanidade, abrangendo os povos da China,
Îndia, Assíria, Babilônia, Mesopotâmia, Egito e outros da Antigüidacde orien-
tal e ocidental (do ano 4000 ao ano 1000 a.C.), a atividade econômica era
ainda embrionária, numa economia de subsistência e autoconsumo.
NTo longo período da primeira fase da Antigüidade, os fatos econômicos surgiam natu-
I N ralmernte e a atividade econômica era ainda embrionária. Nāo se podia cogitar de
economia social naquelas sociedades ainda não estruturadas e sem um intercâmbio
constante ou regular de bens e serviços. Os agrupamentos humanos ainda não se
haviam impregnado das características de sociabilidade. As sociedades familiares ain-
da se encontravam em fase incipiente. Quando o nomadismo tribal passou a ser subs-
tituído pela fixação dos primeiros grupos nas sociedades patriarcais, surgiu o direito
de propriedade na economia agrária. O trabalho, nessas sociedades da Antigüidade
oriental e ocidental, era geralmente escravo, sendo raro ou reduzido o comércio entre
Os diferentes agrupamentos, prevalecendo uma economia de subsistência ou de
autoconsumo, sem a preocupação da formação de "sobras" destinadas às trocas ou ao
escambo. As trocas nasceram de doações recíprocas, como ainda hoje se observa entre
as tribos mais primitivas do Brasil, no ritual das permutas de oferendas ou de presentes.
A compra-e-venda somente foi possível com a moeda, nmedida do valor e elemento
facilitador da troca, quando o ato único da doação passou a ser decomposto em duas
operações distintas: "compra e venda".
Os regimes, nessas civilizações da Antigüidade, eram no geral teocráticos e obedien-
tes à férrea disciplina e controle total do comércio pelos seus dirigentes.
Embora existindo um intercâmbio econômico rudimentar e a moeda como facilitador
das trocas tivesse já evoluído para as suas características mais sensíveis, deixando de ser
representada pelos bens mais raros nos diferentes estágios evolutivos (peixes, conchas do
mar, penas, aves, gado, sal) para assumir modalidades intrínsecas com a utilização dos
metais, os fatos econômicos ainda não mereciam estudos especiais, o mesmo ocorrendo
com a atividade econômica.
Os fenömenos econômicos exerciamo seu efeito, sem que houvesse uma preocupa-
ção de analisá-los em suas inter-relações de causa e efeito. Eles existiame produziam os
seus efeitos sem que ainda houvessem despertadoo interesse por uma análise de conjun-
to ou sistematização. Não havia ainda um clima propício para o surgimento de uma
ciencia econômica. Os fatos e fenômenos econômicos estavam ainda ligados às ciências
filosóficas, religiosas e jurídicas, à moral e à política, também ainda não totalmente
estruturadas.
Criado com Scanner Pro
Elementos de tconoma Polbca
Mesmo assim, conforme observação de John Fred Bell, em sua História dopensa.
mento economico, nos tempos do Antigo Testamento as pessoas se entregavam amuitas
práicas que têm correspondentes no capitalismo moderno. Realizaram negócios ecomer
ciaram, criaram pequenos excedentes, tiveram propriedades privadas, praticaram adivi.
são do trabalho, formaram mercados, usaram um sistema de dinheiro e preços eassimpor
diante. De modo geral, os seus problemas foram iguais aos de uma economia maiscom-
plexa e diferiram principalmente em grau. As necessidades humanas tinham de seraten
didas e os materiais para tanto eramtambém escassos.
4.3 A ATIVIDADE ECONÖMICA NOSDENOMINADOs
TEMPOSBIBLICOS(2500 a.C.a 100 da eracristā)
Nos tempos biblicos, que abrangem os principios emanados do Antigo
Testamento (2500 a 125 a.C.) e do Novo 7estamento, no primeiro século
da era cristă, embora ainda bastante reduzida a atividade econômica, sur-
giam os embriðes dos conceitos de propriedade, herança, salário, tributos,
moeda e práticas comerciais.
AS normas emanadas do Antigo Testamento foram-se consolidando ecorporificando
Anum largo período, desde o ano 2500 até o ano 125 a.C. O Novo Testamentoabrange
cerca de um século, a partir do nascimento de Cristo. Esses tempos bíblicos representam
um dos maiores espaços de tempo registrados pela história escrita da humanidade.
Nessas eras mais recuadas na História, já é possível deparar-se com conceitos varia-
dos de propriedade, a partir da propriedade imobiliária ou das terras, quando as tribos
nomades, vivendo da caça e da pesca, em atividade predatória, fixaram-se em cenas
áreas, domesticando animais, semeando o solo e promovendoa criação. Surgia o direio
de propriedade, traduzida em pequenas áreas. O Antigo Testamento considerava as pe-
quenas propriedades como a fonte principal do vigor dos agrupamentos humanos, embo
ra alguns escritores desse Antigo Testamento houvessem condenado a posse permanente
da terra, conforme se lê nos Salmos "Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e
aqueles que nele habitam" (24:1).
Gradativamente, foi-se fortalecendoa propriedade hereditária, não se pemitindo a
sua venda sem o consentimento de todos os membros da familia, dando-se preferência ao
parente mais próximo. Um dos exenmplos mais antigos de venda é citado porJeremias
(32:6-15), em que a compra de um campo é registrada na "terra de Benjamin, por 17siclos
de prata", com documento de compra devidamente testemunhado e selado de acordo
com a lei e o costume.
Não apenas a propriedade mas também as leis de herança foram delineadas por
Moisés, quando o filho mais velho, ou o primogênito, tinha a primazia na reivindicação da
Criado com Scanner Pro
fvoxo hstóricadopersamentoeconómico
propriedade herdada. Não existindo filhos varões, o direito passava à filha. Não tendo o
casal nenhum filho, a propriedade se transmitia aos irmãos, tios e demais herdeiros, pelo
grau de parentesco. As terras geralmente não eramconsicderacdasde propriedade individual,
mas pertencentes ao clà ou à família, sendo que tais normas mantiveram constante a
unidade social, o que muito contribuiu para a unificação das tribos de Israel.
Também as posses, nesses tempos biblicos, eram consideradas como sinal de influên-
cia, sendo que a riqueza era medida em terras, animais, escravos, peças de prata, talentos
(moeda) e metais preciosos. A agricultura era a ativicdade preferida, substituindo a pastoril,
sendo no Egito que, pela vez primeira, a ativicacde agrária apareceu em forma permanente.
A indústriaeo comércio não representavam ainda atividade ou prática de relevo. Apenas
raros excedentes eram negociados. Os canaanitas e filisteus, seguidos pelos fenícios, foram
Os primeiros mercadores. No início transportavam tecidos de linho e là, produzidos pelas
esposas hebraicas. Essas fiandeiras foram as mais antigas artifices registradas na História.
Também merece menção históica a regra bíblica conhecida por Sétimo Ano ou Ano
Sabático, prática emanada da origem numérica na história da Criação "Havendo Deus
acabado no dia sétimo a obra que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a obra que
tinha feito" (Gênesis, 2:2). A prática emanada dessa regra bíblica teve profundas implica-
çoes sociais e econômicas. Tal diretiva, contida no Exodo (23:10-11), determinava seis
anos de cultivo das terras. E mais, que "no sétimo a soltaráse deixarás descansar". Essa lei
foi consignada no Levitico (25:4-17), não se permitindo qualquer atividade agrícola nesse
Sétimo Ano. Não era permitido mesmo semear, colher e armazenar; nem mesmo "o que
nascer de si mesmo da tua sega não segarás".
O professor John Fred Bell, em sua obra História do pensamento econômico, da qual
extraímos esses dados sobre os ensinamentos bíblicos, diz que o princípio sabático, ou do
sétimo dia, também foi aplicado às dívidas, beneficiadas com moratória no ano sétimo,
sendo que nesse mesmo ano os escravos eram postos em liberdade, embora tal lei somen-
te se aplicasse aos hebreus. Se o escravo solicitasse ficar novamente com o seu antigo
senhor, seria contratado como servidor, cessando a servidão no Ano do Jubileu, contado
com base no número de sete sábados do ano. No qüinquagésimo ano ou no mês sétimo,
tinha início o Ano do Jubileu, que os historiadores dizem ter sido um plano puramente
ideal, sem aplicação prática, pois não é mencionado no Deuteronômio, consolidação das
leis de Moisés, e não mereceu menção de profetas posteriores, como Isaías e Miquéias.
4.4 INSTITUTOS JURÍDICOS E ECONÕMICOS COM
ORIGENS NA ANTIGŪIDADE CLÁSSICA
Nos tempos mais remotos da humanidade, encontramos os rudimentos
dos principais institutos jurídicos e econômicos, como o dinheiro cunha-
do, contratos comerciais, especialização no trabalho, direitos de proprie-
dade e de herança e até sanções contra manobras especulativas e de
açambarcamento e fraudes em pesos e medidas.
Criado com Scanner Pro
Elemerto5 de tconormaPoRca
Tnportantes institutos jurídicos e econômicos tiveram suas origens nessa faseaperdetse
Tna nebulosa do tempo. O ano sétimo, aplicado à agricultura, continha umasábiaprá.
ca, a da alternância nas culturas, com o descanso da terra, e com isso garantindo-sea
onservaào do solo. direito do primogènito à herança assegurava aintegridadetemitoral
da propriedade, evitando o seu parcelamento ou pulverização em áreas menores.Tam
bem já se evidenciavam inúmeras ocupaçòes, dentro de uma embrionáriaespecialização
do trabalho, sendo que o Novo Testamento menciona muitas indústriaseocupações.
No reinado de Salomào, a braços com a construção de obras públicas, comoestradas
e pontes, foi criada uma espécie de tributo, na forma de obrigação de trabalho(corvéia)
Mais tarde surgia o dizimo, cobrado em espécie, para ajudar os pobres, e acapitação,
pagamento feito pelos homens, para sustento do Templo. Quando os hebreusforam
subjugados, tinham de pagar impostose tributos aos faraós egípcios e aospersas.0
dízimo se fundamentava na capacidade de pagar, e a capitação era aplicada sobreos
homens, independentemente de seus bens pessoais.
Começavam a surgir desigualdades de bens e riquezas, condenadas por Isaías,que
também denunciou seu uso supérfluo, na forma de adornos e jóias.
O vocibulo tributo tinha muitos significados na Biblia, ora representandodonativos
em dias festivos, ora oferenda a um senhor ou dirigente, ora representando multa,puni-
ção ou confisco, revestindo-se também da modalidade de servidão perpétua ouserviço
cativo. Existiam ainda as obrigações coercitivas dos judeus, em dinheiro ou emespécie,
para com os seus sacerdotes.
Embora prevalecesse o trabalho escravo, surgem notícias de salários. O maisantigo
registro está na Escritura Sagrada, quando Labão pagou a Jacó, não em dinheiro, masem
espécie (Gênesis, 29:15-20 e 30:32); ou quando a filha do faraó prometeu pagarsalárioà
irmà de Moisés para que esta o criasse (Exodo, 2:9). No Levitico (19:23), vamosencontrar
principio do pronto pagamento ao jornaleiro, e Jeremias (22:13) afirmava: "oassalariado
pobre nào deve ser oprimido por meio do seu salário".
Ainda conforme Bell, a predominância da escravatura, naqueles tempos,embora
tivesse caráter patriarcal, fez com que os salários e as ocupações fossem tão poucocita
dos. Também em matéria tributária, por não existir um Estado na acepção ampla,mas
monarquias e governos teocráticos, inexistiram tributos. A única menção encontramosno
reinado de Salomão. Mesmo assim, no Antigoe no Novo Testamento, eraenfatizadaa
responsabilidade pública pelos órfäos, viúvas e dependentes. Ainda nessa asehistórica
conhecida como dos tempos bíblicos, mas abrangida pela Antigüicade, que remontaao
ano4000 a.C., existiam normas regulamentadoras do comércio, com graves puniçoesa
fraude ou à desonestidade. Os pesos e medidas eram padronizados, com severavigiläncia
contra possiveis adulteraçoes. Até mesmo regulamentações contrárias aespeculação,
açambarcamentos, monopólio e elevações artificiais de preços merecem registrohistóieco
José, que chegou a dirigente do Egito (1739 a.C.), contrariando tais disposiçoes,amaze
nou alimentos durante os sete anos de abastança, garantindo os sete anos seguintesde
fome, controlando o mercado de cereais durante 14 anos, abalando seriamente aproprie
dade privada do Egito.
A usura era rigorosamente proibida pelas leis mosaicas, embora na sua concepçãoorig
nal se referisse a empréstimos em espécie e não às taxas de juros na concepgãomodema.
Criado com Scanner Pro
Evolucãohistôrica do pensamento económico
A condenação da usura, implicando que não se deveria emprestar "nem à usura de dinheiro,
nemà usura de comida, nemà usura de qualquer coisa que se empreste à usura" (Deuteronomio,
23:19), foi abrandada no Novo Testamento. Em uma de suas parábolas, o servo que temia
perder um talento, e por issoo enterrou, foi severamente repreendido por não ter "colocado
odinheiro nas màos dos banqueiros, o que faria o capital aumentar com os juros" (Mateus,
25:27). Mesmo a reação de Jesus contra os cambistas no Templo, "transformando a casa de
oração em covil de ladrões" (Mateus, 21:13), deve ser interpretada contra a profanação do
Templo e não pela transação em si. O dinheiro cunhado, cuja criação alguns historiadores
atribuem aos líibios, e outros, aos persas, surgiu no século VIll a.C. Originariamente o dinheiro
era representado por barras de ouro Ou de Prata. As mais antigas moed
pela Biblia, foram o adarcão e o darquemão, ou dracma. Tudo indica terem sido provavel-
mente os dáricos persas de ouro, surgidos no reinado de Dario, pesando cerca de 130 gramas,
a moeda-ouro padrào até o tempo de Alexandre, o Grande.
cunhadas, citadas
Somente em período muito posterior é que os judeus passaram a utilizar dinheiro
cunhado e próprio. Desde sua volta do cativeiro (536 a.C.), até o ano 141 a.C., no tempo
de Simão Macabeu, não existia uma moeda nacional. A licença para cunhagem foi conce-
dida por Antíoco VII. As moedas eram siclos e meios-siclos de prata ou ouro. A partir dos
útimos anos do Antigo Testamento, já estavam em uso moedas romanas e gregas.
Esse é o resumo do mundo econômico, que remonta do ano 4000 a.C. até o ano
1000 a.C., no início das civilizaçôes de Roma e Grécia. Os tempos bíblicos, como vimos,
medeiam entre 2500 e 125 a.C. (Antigo Testamento) e, no primeiro século da nossa era,
com o Novo Testamento. Sobre os registros humanos dessa longa era, a emergir da econo-
mia dos povos mais primitivos, vivendo da caça e da pesca, em constante nomadismo, até
a fase dos povos pastores (economia pastoril) e ingressando na fase da economia agrícola,
os fatos e os fenômenos econômicos (dos quais os mais característicos são o trabalho e as
trocas) naturalmente existiam e produziam seus efeitos. Mas não houve percepção para
um aprofundamento no estudo dessa dinâmica nem para sistematização em seqüência de
causa e efeito, da qual pudessem emergir leis econômicas, o que somente ocorreu com o
surgimento da ciência econômica, a partir dos precursores da Escola Fisiocrata e com
Adam Smith no ano 1776 da nossa era.
4.5 AS CONTRIBUIÇÕES DA CIVILIZAÇÃO
GRECO-ROMANA (1000 a.C. a 476 d.C.)
PARA O PENSAMENTO ECONÖMICO
No segundo ciclo da história da humanidade, do ano 1000 a.C. até o ano
476 da era cristā, assinalando a queda do Império Romano do Ocidente,
prevaleceu a civilização greco-romana, com importantes contribuições no
estudo de idéias sobre riqueza, valor econômico e moeda. Nessa fase,
pela vez primeira, surgiram as expressòes economia e econômico, va-
lor e utilidade.
Criado com Scanner Pro
Elementos de EconomiaPoitca
onforme ficou demonstrado, na Antigüidade clássica, abrangendo ascivilizaçõesmais
antigas, como as de Babilônia, China, Assíria, Mesopotāmia, Fgito e outras,desdeo
ano 4000 até o ano 1000 a.C., os fatos e os fenômenos económicos nãomereceram
especial atenção, dadas as condições próprias dessas sociedades ainda primitivas,subjugadas
por governos teocráticos e com seus povos em regime de escravidão. A atividadeeconó.
mica ainda não dispunha de necessários instrumentos e instituiçòes, desenvolvendose
embrionariamente, em compartimentos sociais geralmente estanques, predominandouma
economia de auto-subsistëncia em agrupamentos isolados, com mercados restritosedes
providos de meios de transporte terrestres e com navegação costeira, ainda nãoseaven
turando ao mar aberto.
A partir da civilização greco-romana, no ano 1000 a.C., nota-se umapreocupação
pelos fatos econômicos, surgindo estudos embrionários sobre riqueza, valoreconômicoe
moeda. Assim é que Xenofonte, pensador grego (440-355 a.C.), em sua obra Oseconómi.
COs, discorreu sobre a utilidade e as riquezas econômicas, sobre a agricultura e sua impor
tancia econômica, e afirmava que a riqueza estava intimamente relacionada com asneces
sidades humanas. Foi o primeiro a utilizar a expressão economia e económico. Aindana
Grécia, Platào (i27-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.), em seus estudos eandlses,
revestiram-se, respectivamente, de características socialistas e conservadoras. Platàodeli
neou um Estado a ser governado por filósofos, aprovava a escravidão e preconizavaa
diminuição das populações por uma depuração da raça, quer restringindo-se oscasamen
tos entre os menos dotados de bens ou fortuna, quer pela eliminação dos velhos oudas
crianças deficientes, por ele considerados economicamente inúteis. Foi um autênticopre
cursor de Malthus e acentuava a importância da divisão do trabalho ou daespecializaçio
de funçoes e ressaltava o papel de destaque a ser emprestado às elites culturais.
Interessante a prevalência de certos mandamentos e normas, surgidas na Antigüide
de, integrando os padròes sociais, culturais, éticos e econômicos atuais. Assimé que,nas
civilizações egipcias, mesopotâmicas, hebraicas e outras, vamos nos deparar comseveras
admoestações contra a avareza, o orgulho e a arrogância. São freqüentes ascondenações
dos profetas contra o acúmulo das riquezas, o apelo à justiça social, a exigência dahones
tidade nas transaçöes comerciais, os estimulos à beneficência e forte simpatia pelasclasses
pobres. Foram normas de conduta, a par dos seus conceitas sobre a propriedade e a
função dos dirigentes, que se projetaram no temp0, impregnando as culturas gregae
romana, atingindo o pensamento da Idade Média e da Igreja e chegando àatualidade
Foram idéias embrionárias do capitalismo e das diferentes escolas socialistasmodemas
A civilização grega também trouxe, como vimos, importantes contribuiçöes AGrécia
aniga, ocupando as ilhas e penínsulas do Mar Egeu, entre a Ásia Menor e a Europasuk
oriental, ocupou uma das regiðes das quais se originou a maior parte da nossacivilizaçao
e cultura. Os gregos foram precedidos pelos egeus, originários da Ásia Menor eÁfica
cuja civilização despontou no ano 3000 a.C. Ao cessar o nomadismo das tribosprimitivas,
os gregos lixaram-se na terra, cultivando-a, fundando vilas e estruturando a propriedade
privada do solo. Gradativamente as vilas se desenvolveram, surgindo unidadesmaiores
ou cidades (põlis). As cidades organizadas foram o equivalente grego do Estadomodemo.
A cidade-estado passou a representar um poder soberano, com suas próprias leis,seus
próprios exércitos e seus próprios deuses. Surgiram centenas de cidades-estados nasilhas
do Mar Egeu e na costa da Asia Menor, cada uma com sua administração própria, flores
Criado com Scanner Pro
Evolucdohstórica do pensamernto eonómico
cendo a civilização grega a partir do ano 1000 a.C. com um elevado conceito de unidade
politica ideal, concebida por seus filósofos, sendo Atenas a maior das cidades-estados,
ocupando a Península Ática.
Com a expansão territorial grega, para o leste e oeste da área mediterrânea, intensi-ficou-se o comércio nào apenas com as ilhas vizinhas mas também com a Åfrica, Asia
Menor e Itália ocidental. O Mediterrâneo transformou-se num mundo grego, e colônias
gregas foram instaladas nas regiòes do Mar Báltico, França, Espanha, no Delta do Nilo e
norte da Africa.
Aexpansåão colonial grega determinou um sensível desenvolvimento do seu comér-
cio e indústria. A cunhagem de dinheiro foi adotada no século VII a.C. O aumento nos
custos do governo determinou a criação de impostos e de taxas alfandegárias. Prevaleceu
a escravatura. O declínio da civilização começou com os conflitos entre suas cidades-
estados. Atenas sucumbiu no ano 404 a.C., Esparta em 371 a.C. e Tebas em 362 a.C.
guerra entre Esparta e Corinto foi uma luta sangrenta entre a democracia e a oligarquia.
Restam, dessa civilização, muitos ensinamentos. De seus filósofos ficou-nos o comu-
nismo utópico de Platão, em sua Repiblica, e seus escritos sobre a produçãoea riqueza
e os seus limites; e de Aristóteles, suas análises sobre a sociedade privada, declarando que
a propriedade comunal preconizada por seu mestre Platão retiraria o incentivo à produ-
ção. Procedeu profundas análises sobre a teoria do dinheiro, as trocas e o valor, e sobre as
funções da moeda. Foi o maior filósofo da Antigüidade e tutor de Alexandre, o Grande.
4.6 O IMPÉRIO ROMANO E SUA CONTRIBUIÇÃO AO
PENSAMENTO ECONÖMICO
As contribuições culturais, políticas, jurídicas e econômicas de Roma,
embora nào tão valiosas quanto aquelas da Grécia, não deixaram de intluen-
ciar o mundo de então, notadamente no referente à economia agrária.
N históriadacivilizaçãodeRomavamosencontrarmuitosdoselementosquecarac
L terizam o moderno capitalismo. Embora a história romana tenha se evidenciado mais
por lutas de conquistas, construindo em primeiro estágio uma República e depois um
Império mundial, dominando toda a área do Mediterrâneo, incluindo Asia Menor, norte da
Africa, França (Gália), Espanha, abrangendo partes da Europa Cenural até o rio Danúbio e
chegando à Inglaterra e à Escócia, suas contribuições culturais, políticas e econômicas não
podem ser subestimadas.
Na verdade a contribuição de Roma para o pensamento ocidental não pode ser
comparada à da Grécia, que enriqueceu a civilização com sua literatura, filosofia, escultu-
ra, com suas instituições políticas e administrativas. Os romanos foram principalmente
Criado com Scanner Pro
Elementos de tconomaP
estadistas, juristas e construtores de impérios. Os 200 anos sem gueras de suahisiós
(Pax Romana), perdurando do ano 31 a.C. a 180 de nossa era, favoreceu suaeconona
notadamente sua agricultura. A sua expansão agricola foi uma das determinantesdae
pansão do poderio politico do império. O declínio da sua agricultura toi a principalcals
da sua queda.
A poltica de expansão comercial de Roma, proporcionando-lhe vultos0s lCm
despertou a rivalidade com o poder comercial de outros povos, notadamente deCana
Os acordos comerciais foram substituídos pelos conflitos armados, retletidos nasGueT
Pünicas. Consolidava-se a sua expansă
cidas, aumentavam as despesas do governo, criavam-se impostos sempre maiselevadog
nascia a agiotagem, a riqueza se concentrava em mãos de minorias, surgiam bancosem
que as classes mercantes prósperas procediam a transações financeiras, aparecendoorg
nizações especializadas para a coleta dos tributos e para contratar obras públicas.Hisora
dores, comoJ. B. Breasted (Ancient times, 1944), dão-nos conta de vendas deaçõesie
companhias no Fórum romano, em negócios semelhantes ao das modernas bolsasdevalb
res (cf. John Fred Bell, História).
comercial, as funções do dinheiro jáeramconte
Interessantes semelhanças sociais com a era atual, notadamente naseconomiasdo
Terceiro Mundo, são detectadas na história de Roma. A grande acumulação deriquezs
pessoais determinava um hiato entre grupos sempre mais ricos e outros,representantesd
maioria absoluta, dos mais pobres. Surgiam as magníficas obras suntuárias, querefletam
o consumo ostensivo dos grupos mais ricos ou do Estado sempre mais poderoso,traduzidis
na grandiosidade dos templos, foros, arcas e adornos, aquedutos e estradas
4.7 CAUSAS SOCIAIS E ECONÖMICAS DODECLÍNIO
E QUEDA DO IMPERIO ROMANO
Concentração das riquezas, abandono do campo, tributos excessivose
opressiva intervenção do Estado foram causas determinantes daderoca-
da da civilização de Roma.
grande sustentáculo econômico do Império Romano, amainadas asgueras,aindi
se encontrava nos campos e na pequena agricultura. Mas os pequenos emédis
proprietários de terras, empobrecidos pelos tributos crescentes, muitos delesperdendoa
vida nas guerras em terras distantes, foram cedendo lugar aos grandes proprietários,su
gindo os latifúndios improdutivos, apesar de os nobres, ao se apossarem das teas,en
pregarem mais intensamente o trabalho escravo. Mėsmo assim, expulsos ospequens
proprietários para as cickades, Os campos despovoaram-se e a produçio de cereaisdea
Não havia estimulos com a mão-de-obra escrava e também ocortin a importação dePe
dutos agricolas de regiöes da Africa e Sicília.
Criado com Scanner Pro
Evolucão histórica do pensamento econômico
Surgiam as crises de escassez de alimento para o povo. Os antigos pequenos proprie
tários passavam à condição de colonos dos grandes senhores latifundiários, transforman-
do-se em servos da terra.
A queda de Roma teve como uma de suas principais causas o declínio da sua agricul-
tura. Também a intervenção estatal com um excesso de regulamentações e um sistema
opressivo de tributos foram causas a influenciarem o declínio do império, gerando insatis-
fações e convulsões sociais.
A civilização romana conheceu duas fases distintas- a agrária e a urbana. As ativi-
dades comerciais foram intensas e a agricultura despertou estudos de Plínio, Catão, Var-
rão, Columela e outros, interessados não apenas em aperfeiçoar métodos e processos
agricolas como em reformar o sistema de propriedade da terra. Reformas agrárias foram
tentadas por Caio Graco e Tibério Graco, nos anos 133 a 123 a.C. Plínio, o Antigo (79-23 a.C.),
dizia que o latifúndio destruiu a Itália. Foi quando os proprietários ricos passaram a
absorver as propriedades próximas, de pequenose médios proprietários, à força ou por
toda a sorte de pressões e subterfúgios. Catão (234-149 a.C.) combateu a grande proprie-
dade e chegou a enumerar as características ideais da média e pequena propriedade rural.
Todos esses escritores previram o empobrecimento social e do Estado, defendendo uma
"volta à terra". Apesar disso, prosseguia o êxodo rural e aumentavanm as necessidades
urbanas de alimentos.
De Roma recebemos como principal legado suas normas jurídicas. O Direito Roma-
no atravessou os séculos, impregnando as legislações modernas, passando a ter especial
significado para o pensamento econômico moderno e o capitalismo, uma vez que as
atividades econômicas repousam na sanção legal, o mesmo ocorrendo com as instituições
capitalistas e quando o próprio Estado é um conceito politico legal. A sistemática jurídica
romana evoluiu desde a fundação de Roma (753 a.C.) durante 13 séculos seguidos, até a
morte de Justiniano (565 d.C.), após a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.). As
Leis das Doze Tábuas, codificadas no ano 450 a.C., marcam o início do Direito Romano. O
jus civile foi sendo estratificado de 450 a 330 a.C., representando a lei para os cidadãos
romanos, de suas normas ficando excluídos ós estrangeiros. Pelo crescente afluxo de estran-
geiros, mais tarde surgia o jus gentium, leis comuns a todas as nações (336 a 31 a.C.).
Finalmente, com Justiniano, surgia o Código que levou seu nome, conhecido por
Corpus Juris Civilis, que chegou a tabelar juros, sendo que o imperador Diocleciano, com
seus famosos editos, também tabelou preços, estabelecendo o conceito do justo preço,
com base numa taxa de lucro excedente ao custo de produção.
A grande concentração das riquezas por grupos minoritários, as grandes proprieda-
des rurais improdutivas, a servidão dos pequenos e médios agricultores, a separaçãosempre maior entre ricos e pobres e a crescente escassez de alimentos foram causas
econômicas do declínio do Império Romano que, conjugadas com causas políticas, deter-
minaram a sua queda e subjugação pelas hordas bárbaras vindas de todas as direções, por
mar e por terra. Encontraram terreno fácil com a anarquia interna, tumultos e insurreições
nas cidades e nos campos e devido, ainda, à ruptura da unidade moral da sociedade, mais
acentuada pela perseguição aos cristãos. Ruíam as indústrias, despovoava-se o campo, as
cidades eram saqueadas, rompia-se a estrutura legal e econômica do império. A ausência
de liberdade e o domínio da injustiça, a subjugação do cidadão e da economia pelo
Criado com Scanner Pro
Elementos de EconomiaPolitica
governo aceleraram ainda mais a queda de Roma, e de muitas de suas instinuições. Impos
tos opressivos, abandono do cannpo, tabelamento de preços, fixaçâo de salárioscausaram
danos irreversíveis às estruturas e à moral dos próprios cidadãos.
A queda de Roma coincidiu com o nascimento do Cristianismo, que surgiu das
ruínas do Império Romano, transformando a orgulhosa cidade dos césares em centro do
maior movimento revolucionário no mundo, legalmente reconhecido pelo imperador
Constantino, no ano 311, então residindo na nova sede do império, em Constantinopla
4.8 AECONOMIAMEDIEVAL
A partir da queda do Império Romano do Ocidente, no ano 476, tinha
início um dos períodos mais longos na história da humanidade, conheci
do por Idade Média, ou sistema feudal. A economia monetária e de preços
substitufa aquela das trocas diretas, consolidando-se o sistema salarial e
germinando as características capitalistas da economia moderna.
om a queda do Império Romano, no ano 476, teve início uma importante faseda
história da humanidade, conhecida por Idade Média. Esse longo periodo, queperdu
rou por dez séculos, ou mil anos, foi um dos mais importantes, pois do ano 500 aoano
1500 ocorreu a junção das culturas de muitos povos, bárbaros ou não civilizados, que
afluíram para o Império Romano já em ostensivo declínio. Enquanto visigodos,ostrogodos,
teutoes ou germanos e os francos localizavam-se na parte ocidental da Europa, a panesul
era conquistada pelos muçulmanos, que fecharam o Mediteraneo às populaçõesocidentais
Os cinco séculos seguintes à queda de Roma, do ano 500 ao ano 1000, foramde
grande ebulição, assinalados por migrações, guerras, absorção de povosconquistados,
OcorTendo uma grande fusao de povos e de culturas. Aumentavam as necessidadeseco
nomicas e politicas e desenhavam-se os contornos dos futuros Estados da EuropaOciden
tal. Abria-se uma nova era para a humanidade, com uma nova concepção de vida, o
Cristianismo, nascido coma queda de Roma. Seus ensinamentos, a partir da sualegaliza
cao por um decreto do ano 311, passarama ser disseminados por toda a Europa,crescen-
do em vigor e em influência.
Conforme Bell, "Igrejas e mosteiros foram estabelecidos e tornaram-se poderosos.A
greja provou ser o maior agente de perpetuação da culura, disseminação do sabere
desenvolvimento da administração pública. Com o tempo os bispos da Igrejaassumiram
poderes tanto temporais como seculares".
A orgulhoOsa civilização romana havia desaparecido, mercê de seus errossociais,
polticos e económicos. O declinio da agricultura, substituida pela economia urbana,foi
uma das principais causas económicas dessa débácle. Outras de natureza social e politict
Criado com Scanner Pro
Evouco historica do pensamento econdmico
são assinaladas pelos historiadores. "A população romana diminuía; as negociatas e a
comupção degradaram a cidadania; os negócios declinaram; a moeda ficou sem lastro; o
abastecimento de metais preciosos tornou-se inadequado, os preços mostraram-se incer-
tos e prevaleceu o caos econômico" (Bell, História). Não admira que a anarquia política
nascesse desse caos econômico e social, transformando o antes todo-poderoso Estado em
presa fácil dos bárbaros do norte e permitindo aos muçulmanos penetrarem posterior-
mente pelo sul.
O Cristianismo trouxe um novo conceito da dignidade humana ao condenar a escra-
vatura e ao defender a fraternidade entre os homens. Do mesmo modo condenava a
acumulação de riquezas e a exploração dos menos afortunados. Tais ensinamentos eram
verdadeiramente revolucionários, contrapondo-se ao pensamento grego e romano, favo-
rável à escravidão e contrário aos princípios da dignidade do trabalho e das ocupações.
A lgreja passou a exercer grande influência civilizadora, disseminando as artes, o
saber e exaltando as virtudes. Muitos entendem de modo contrário, julgando que esses
dez séculos caracterizam uma fase obscurantista na história.
Na verdade ocorreu um retorno à atividade rural. A Igreja, por intermédio dos seus
conventos e mosteiros, tornou-se proprietária de grandes áreas. Além de centros de estu-
dos e de meditação, esses mosteiros representaram os núcleos em torno dos quais sur-
giam novas cidades, multiplicando-se as ocupações, progredindo o artesanato traduzido
em templos magníficos e em repositórios de arte, admirados até hoje.
A terra transformou-se na riqueza por excelència. Retornava-se à economia agrária,
acentuada a partir do século VIIL. Nascia o regime feudal, caracterizado por propriedades
onde os senhores e os trabalhadores viviam indiretamente do produto da terra ou do solo.
Erammédias ou grandes propriedades rurais, auto-suficientes econômica e politicamente,
obedientes à autoridade do senhor ou proprietário e nas quais os servos exerciam suas
atividades agricolas ou artesanais. Eram os nobres os senhores, daí denominarem-se os
feudos baronias ou ducados. O soberano, embora dirigisse o Estado, não possuía influên-
cia ou poder de decisão nos feudos, onde a autoridade máxima era a do senhor da gleba
e onde trabalhavam, fraternalmente, os seus servos.
4.9 IMPORTÂNCIA SOCIAL E ECONÖMICA DAS
CRUZADAS
As Cruzadas representaram a reação dos países católicos, que, a partir do
ano 1096, objetivaram a reconquista da Terra Santa e a abertura do sul do
Mediterräneo aos povos ocidentais, fechado pelos islamitas, ou muçulma-
nos. Tiveram significativa importância, ampliando as possibilidades de
comércio com a Ásia Menor e o norte da Áftica possibilitando o retorno
do medievalismo à economia urbana.
Criado com Scanner Pro
Elementos de tconoma Poltca
Dara romper o domínio islamita, ou muçulmano, sobre a área do Mediterrâneo, formá.
ram-se as legiðes das Cruzadas. As Cruzadas tiveram início n ano 1096,objetivando
a reconquista da Terra Santa e a restauração do Cristianismo. Suas conseqüencias econó.
micas também foram significativas. Novos mercados se abriam e o comércio voltava ao
seu antigo esplendor.
Ressurgiam as cidades e a economia feudal, caracterizando a fase agrária do primeiro
período da Idade Média (500 a 1000), cedia lugar à economia urbana. As populações se
adensavame os excedentes passavam a servir de intercâmbio entre as sociedades até
então isoladas. Com as Cruzadas tinha início o declínio dos senhores feudais. Aeconomia
das cidades atingia altos níveis. Surgiam os grandes centros comerciais, traduzidos inicial.
mente nas famosas feiras medievais, realizadas ao lado dos castelos feudais ou dos
mosteiros, atraindo mercadores de todas as regiòes, as mais distantes, apesar da precarie-
dade dos transportes e do perigo dos salteadores. Nasciam as regras e leis reguladoras das
trocas, dos empréstimos, do crédito e do câmbio.
Foi nessa fase que passaram a emergir as características do Estado moderno e é nela
que os pesquisadores vào encontrar os primórdios do capitalismo. Isso porque a econo-
mia monetária e de preços passava a substituir a economia de escambo ou de trocas
diretas, de produto por produto. Consolidava-se a propriedade dos meios de produção e
O sistema salarial tornava-se regra.
A Igreja fez-se presente, com os seus rígidlos principios de justiça comutativa, pres-
crevendo regras garantidoras tanto para o comprador como para o vendedor. Asmercado-
rias deviam ser vendidas pelo preço mais aproximado aoseu custo de produção (justum
pretium). Os salários, por representarem elemento preponderante nesse custo, deviam,
também, ser o quanto possível justos, garantindo ao trabalhador uma remuneração con-
digna, de modo a mantê-lo em sua própria classe social. Também o lucro devia ser justo,
reprimindo-se os excessos de concorência, a especulação e as práticas monopolistas
Com o desenvolvimento do comércio incentivava-se a indúsıria, e com a conjugação
dessa atividade impulsionou-se a expansão econômica. No fim da ldade Média, comas
descobertas, nasciam o comércio mundial e o capitalismo moderno.
Portanto, foi na Idade Média, conhecida por era medieval, com prevalência do siste
ma feudal (feudalismo), que nascia o capitalismo. Em sua primeira fase,caracteristicamen
te de natureza agrária, não se observaram grandes surtos econðmicos. A produção era
manufatureira, estando a cargo dos artífices ou artesaos. Pelas dificuldades de transporte,
Os agrupamentos sociais exercitavam uma economia de auto-suficiência, não havendo
preocupaçoes por riquezas, pois a moral religiosa continha os excessos de bens e a
Ostentação.
O rompimento do domínio muçulmano sobre o Mediterrâneo, a partir dlasCruzadas,
ampliou as possibilidades de comércio daquelas unidades políticas e econômicas repre-
sentadas pelos feudos. Os servos da gleba passavam à condição de arrendatários, apro
dução apresentava excedentes, as vias de comunicação ampliavam-se, facilitando o inter
câmbio entre os feudos, surgiam novas cidades, e a economia urbana, a assinalar asegun-
da fase medieval, a partir do ano 1000, multiplicava a produção e a especializaçāo de
funções pelo incremento da divisão do trabalho. A economia monetária substituía a
economia natural, das trocas dliretas. O trabalho também assumia suas caracteristicas
Criado com Scanner Pro
Evotucãohistonica do pensamento econðmico
atuais, passando a ser remunerado por uma contraprestação em dinheiro. Nasciam as
corporações de artes e oficios, embriðes do moderno sindicalismo, enquanto os pa-
troes ou mestres associavam-se para a defesa dos seus direitos.
4.10 AS cORPORAÇÕES DE ARTES E OFÍCIOS E OS
PRINCÍPIOS DA DOUTRINA CANÖNICA
Na fase da economia urbana medieval ocorreu um incremento do artesa-
nato, pela crescente especialização dos trabalhadores. Patrões e emprega
dos, então denominados mestres e artifices, conviviam fraternalmente.
As relações entre o capital e o trabalho eram praticamente familiares e a
economia da época obedecia a rígidos princípios morais, emanados da
doutrina canônica e dos doutores da Igreja.
om as Cruzadas, como vimos, a área do Mediterrâneo ficou livre do cerco e do
Udomínio dos muçulmanos, ampliando-se as oportunidades de comércio com a Asia Me-
nor e o norte da África. Ressurgia a economia urbana e dinamizava-se a ativicade econômica.
Apesar desse progresso, ainda nãao havia ocorido uma dissociação entre o capital e
o trabalho. As relações entre os patrões, ou mestres, e os trabalhadores, ou artífices, eram
fraternas. Era comum o artífice, em sua fase de aprendizado, ser acolhido na casa do
mestre, com ele coabitando como seu familiar, e até mesmo solicitando sua autorização
para casar. Após a fase do aprendizado e realizando uma manufatura considerada perfeita
por um conselho de mestres, o artífice poderia galgar à posição de mestre ou patrão,
tornando-se produtor autônomo.
Vale ressaltar o papel desempenhado pelas coporações de artifices e de produtores
e mercadores. Elas tiveram grande importância para o surto do modermo capitalismo. O
comércio então já era realizado por meio de dinheiro, instrumentos de crédito e sistemas
ainda imperfeitos de contabilidade. Realizavam-se empréstimos, utilizavam-se cartas de
câmbio para transações entre praças diferentes, de modo a evitar-se a remessa de nume-
rărio, pelo perigo oferecido nas estradas por parte dos salteadores. O lucro já era perse-
guido e o empréstimo a juros passava a ser usual, apesar das proibições da lgreja contra
a usura. O sistema salarial tornava-se regra e a produção começou a centralizar-se em
grandes grupos de estrutura complexa. Em muitos casos os salários eram fixados pela
autoridade política da cidade ou pela autoridade eclesiástica, sendo severas as penas
contra a especulação ou as manobras fraudulentas no comércio, notadamente as práticas
monopolistas. Nascia o motivo-lucro.
As atividades econômicas, notadamente a partir dos séculos XI e XII, foram signilica-
tivamente afetadas pela doutrina canônica da Igreja, fruto do escolasticismo. Os escolásticos,
Criado com Scanner Pro
Elementos de tconoma Poltbca
cujos integrantes de maior destaque foram Santo Tomás de Aquino (1225-1274) eNicolau
Oresmo (1320-1382), defenderam a aceitação da filosofia e da ciência gregas e muçulma
nas, especialmente as de Aristóteles. Adotaram um método dialético e um raciocinio
silogístico para apresentar suas doutrinas, procurando reconciliar a fé com a razão, orga.
nizando todos os conhecimentos dentro da teologia, autoridade suprema.
Na doutrina e filosofia dos escolásticos é que vamos encontrar, dentro daeconomia
a codificação das leis e regras temporais que iriam balizar, por muitos séculos, astransa
çoes comerciais e a atividade econômica dos homens. Principalmente Santo Tomás de
Aquino, em sua Suma teológica, procurava reconciliar o dogma teológico com as condi-
çoes reais da vida econômica. A partir da obra desses escolásticos, com a aplicação na
ldade Média após o século XII da doutrina canônica, passavam a estratificar-se os princi
pais norteadores do moderno Capitalismo.
Assim é, conforme John Fred Bell- que tanto utilizamos neste retrospecto históri
co que Santo Tomás de Aquino, concordando com Aristóteles, declarava que aposse
da propriedade privada não contrariava a lei natural. E mais, enfatizava ser desejável a
produção sob o sistema da propriedade. A riqueza deveria ser utilizada para conduzir o
homem a uma vida vituosa e o comércio seria atividade licita, mesmo perseguindo um
lucro, desde que exercitado para manter a vida da família ou em beneficio do país. 0
valor era considerado como inerente à mercadoria e visando o preço justo a refletir o
custo de produção, dando origem a uma teoria do valor de troca com base nessemesmo
custo. O corolário dessa concepção era a justificativa moral do comércio, visando o bem
comum e garantindo igual vantagem para ambas as partes intervenientes na operação
de compra e venda. A usura e as fraudes eram repelidas.
Quanto aos salários, a doutrina canônica estabelecia o princípio de que "digno éo
obreiro do seu salário" (Lucas, 10:7). Preconizava também o pagamento pontual, com
base na regra do Antigo Testamento de que os jornaleiros deveriam ser pagos antes do
pôrdo-sol (Deuteronômio, 24:14-15) e em quantia justa, isto é, a necessária para que o
trabalhador mantivesse o seu padrão de vida. Santo Tomás de Aquino reconhecia que tal
salário justo era parte componente do custo de produção e determinante do preço.
Outro destacado doutor da Igreja, o clérigo francês Nicolau de Oresmo, tambémteve
idéias avançadas sobre economia, caracterizando o dinheiro como medida de troca e
ressaltando a utilização do ouro e da prata para a cunhagem da moeda, por suas qualida-
des intrinsecas, estabelecendo regras sobre o custo dessa cunhagem e preconizando san-
oes contra a sua falsificação.
No final da Idade Média, nascia a era dos descobrimentos e expansão dosmercados.
Nascia a sociedade capitalista e a economia nacional a substituir a doméstica, comespe
cial énfase à indústria e ao comércio. A mão-de-obra emergia da escravidão e da servidào
para sua atual condição de liberdade dependente do sistema salarial.
A partir da Renascença, "muitos dos seculares ensinamentos e práicas religiosas
cederam lugar ante o crescimento inevitável de uma economia capitalista. As práticasda
cobrança de juros eram mais fortes do que as teorias a elas contrárias, e o conceito do
preço justo, baseado no custo de produçăão, em sentido restrito, incluía, a essa altura, um
lucro. Cessoua énfase dada à interpretação asceta das necessidades, sendo encontrada
mais felicidade em satisfazê-las do que em as reprimir. Com a Reforma veio a liberalização
Criado com Scanner Pro
Evotucãohistónica do pensamento económico
ma-
inig do dogma religioso, não mais podendo a Igreja se interpor no caminho do crescimento do
comércioe dos negócios. A lgreja fez concessðes, mas não podia abandonar seus princí-
pios básicos. Ela e a religião tornaram-se finalmente coisas separadas de outra fase do
pensamento construída essencialmente sobre atividades formadoras de riqueza. As práti-
cas econômicas passavam a abrir o seu próprio caminho em um emaranhado de teologia,
ensinamentos éticos e conceitos legais de justiça, de modo a assentar as bases da análise
e do pensamento econômico independentes" (John Fred Bell). A partir de então, no início
do século XVI, nasciam os Estados novos e fortes e a fase conhecida por sistema mercantil
ou mercantilismo. Floresciam as artes, a poesia e as ciências.
Ainda na fase medieval, merece ser lembrado que o então superior dos dominicanos,
Raymond Pennafort, persistia na condenação do juro, enquanto Santo Tomás de Aquino
tendia a adaptar o pensamento teológico às novas condições econômicas de um mercado
a ampliar-se, preconizando a utilização social da propriedade. Gradativanmente a cobrança
dos juros passou a ser tolerada, com base nos riscos inerentes aos empréstimos. Oficial
mente, porém, somente em meados do século XVIII a Igreja passou a concordar com a
cobrança dos juros.
4.11 MERCANTILISMO
O mercantilismo foi um regime de nacionalismo econômico.Fazia da
riqueza o principal fim do Estado. Assinalou, na história econômica
da humanidade, o início da evolução dos Estados modernos e das novas
concepções sobre os fatos econômicos, notadamente sobre a riqueza.
om o crescimento e o desenvolvimento das cidades, com o incremento do intercâm-
bio nāo apenas entre comunas próximas, mas cada vez mais distantes, e com a des-
coberta das terras do Novo Mundo, a fisionomia social, econômica e política da época, tão
profundamente moldada pelo medievalismo que preponderara por dez séculos, passou a
sofrer profunda transformação. Novos conceitos surgiam em matéria comercial e de pro-
dução. E, à medida que enfraquecia o sentimento religioso, operava-se uma centralização
políitica, observando-se a criaçāo das nações modernas e das monarquias absolutas, ger-
mes do capitalismo moderno. A fase do mnercantilismo foi uma decorrência do cresci-
mento do capitalismo comercial, representando, com o capitalismo industrial do início do
século XVII, a economia politica pré-clássica.
A economia particularista da sociedade medieval, a partir do fortalecimento das
comunidades nacionais, e a cisão ocorrida no universalismo do poder espiritual da Igreja,
decorrente da Reforma e da expansão do mundo pelas descobertas e a revolução técnica,
determinaram o declínio do feudalismo como sistema de produção. Novos métodos na
agricultura, a acumulação do capital comercial pelo incremento do comércio internacio-
Criado com Scanner Pro
Elementos de EconomiaPoitica
Ovosnal, o surgimento da figura do empresário ou do grande mercador que determinavanovd
processos de produção, substituindo pequenas unidades isoladas e métodos primitivosde
transformação, modificaram por completo o principio até entao predominante emmatéria
de criação e circulação das riquezas. A organização comercial passou a ser o centroda
atividade ou da vida econômica, e a riqueza, o centro da vida social.
Essas, pois, as circunstâncias que determinaram a eclosão da doutrina mercanilista
afirmando que a arte de governar deve aplicar-se no sentido da acumulação dasmoedas
e dos metais preciosos. A finalidade precípua do Estado, no entender dosmercantlistas
deveria ser a de encontrar os meios necessários para que o respectivo país adquirissea
maior quantidade possível de ouro e prata. Em tal sentido foram baixadas dezenasde
regulamentos, procurando disciplinar a indústria e o comércio, impedindo ao máximoas
importagoes e favorecendo as exportações. Pretendiam os mercantilistas que a balança
comercial fosse sempre a mais favorável possível, pois nào ignoravam que aeventual
vantagem da exportação sobre a importaçăo representaria, sem dúvida, umacompensa-
ção em ouro e prata.
Conforme Theobaldo Miranda Santos, a concepção mercantilista, considerando os
metais preciosos como a base de toda a riqueza nacional, levou as nações a absorver o
comércio e a indústria, que passaram a representar ramos da administração pública. A
escola mercantilista, que foi no campo da economia um reflexo da revolução ideológica
do Renascimento e da Reforma, foi a precursora do capitalismo de Estado que viria a
florescer no século XX, na forma de um neomercantilismo.
O mercantilismo recebeu seu nome da palavra latina mercator (mercador), umavez
que considerava o comércio como a base fundamental para o aumento dasriquezas
Também é denominado colbertismo, por ter sido aplicado na França por Colbert,minis-
tro de Luís XIV, como o fora na Inglaterra por Cromwell. Renasceu, modernamente, soba
denominação de neomercantilismo. Na verdade, a grande maioria das modernas na-
ções procura fomentar o seu comércio e a indústria, mediante leis de favorecimento e
incentivOs.
Foram os mercantilistas os primeiros a estabelecer, na era moderna, os princípios de
uma politica econômica, emprestando grande relevo ao Estado, de cujo poderiodepende
a riqueza da nação. Para eles o indivíduo era simples instrumento da riqueza nacional,
enquanto no liberalismo o indivíduo se transforma no agente privilegiado da atividade
econômica.
O mercantilismo predominou até o início do século XVII, quando ocorreu uma
reação contra os excessos do absolutismo e das regulamentações. Durante suaprevalência,
revestiu-se de diferentes formas: a) o mercantilismo espanhol, também conhecidopor
bulionismo, palavra derivada do vocábulo inglês bullion, significando lingote. Seusteo*
ricos principais foram Ortize Olivares, preconizando a proibição da exportação de lingo
tes de ouro, para incremento da riqueza interna; b) o mercantilismo inglês, cujos prin
cipais adeptos foram Thomas Mun, J. Child e W. Temple, pretendendo um cotinuado
balanço mercantil favorável, pelo incentivo às exportações, por meio de contratos de
importações com cláusula obrigando o país vendedor a adquirir certos volumes demerca
dorias inglesas; c) o mercantilismo francês, cujos principais teóricos foram J. Boin eA.
Montchrétien. Diferentemente do inglės, que era comercialista, o mercantilismo francés
Criado com Scanner Pro
49Evouçaohistónicado pensamento econðmico
foi industrialista, procurando estimular a indústria interna, por meio de monopólios
estatais, como temos exemplo com a indústria de porcelana de Sevres e os tapetes Gobelin,
na França, na época de Colbert, razào pela qual esse mercantilismo foi também conhecido
por colbetismo, como vimos antes.
O Brasil-Colônia foi influenciado pelo mercantilismo, o qual obrigava o comércio
colonial exclusivamente por internmédio das metrópoles. Somente com a chegada de D.
Joào VI ao Brasil foram eliminadas as restrições mercantilistas, permitindo-se a instalação
de indústrias nativas e o comércio direto com as demais nações.
4.12 ESCOLA FISIOCRATA
Fisiocracia significa governo da natureza. Foi o primeiro sistema cientí-.
fico em economia a substituir o empirismo dos mercantilistas. Representa
o individualismo econômico, gerador do liberalismo capitalista.
onforme Weber, "não se pode considerar como ciència o conjunto de preceitos de
upolítica prática que surgiu nos séculos XVI e XVII e conhecido, comumente, pelo
nome de mercantilismo". A partir do século XVII, com a doutrina dos fisiocratas, é que a
ciência econômica foi constituída num conjunto de leis, operando-se a sua definitiva
constituição.
Guitton declara que a Escola Fisiocrata teve o grande mérito de apresentar, pela
primeira vez, na segunda metade do século XVII, uma concepção sistemática da ciência
econômica. É,pois, cronologicamente, a primeira de todas as escolas econômicas.
Afirmavam os fisiocratas a existência de uma ordem natural, reguladora dos fenô
menos econômicos. Declarando tal ordem providencial, isto é, que a vida econômica se
organiza e reorganiza automaticamente, daí deduziram a sua primeira contribuição de
vulto-o não-intervencionismo do Estado na vida econômica, que iria transformar-se
no célebre lema dos clássicos: laissezfaire, laissez-passer.
O movimento fisiocrático representou uma reação contra o empirismo e o estatismo
mercantilista, defendendo a plena liberdade da atividade economica. Conforme Souza
Gomes, "as grandes perturbações econômicas, trazidas pela aplicação do mercantilismo,
provocaram forte reação, que se orientou em três sentidos principais: de caráter cientifico,
contra a precaução exclusiva da 'arte econômica' ou economia aplicada; liberal, contra o
abuso intervencionista; individualista, contra a absorção do indivíduo pelo Estado. Nota-
va-se a necessidade de procurar a explicação científica para os fenômenos econômicos.
Mas só em meados do século XVIIl se afirma a reação científica, soba forma de uma
teoria e doutrina que tomará o nome de liberalismo e individualismo econômicos. Na
França essa doutrina surgirá com o nome de fisiocrata e, na Inglaterra, com o nome de
Escola Clássica" (0 que devemos conbecer de moedas, preços e bancos, p. 45).
Criado com Scanner Pro
Elementos de EconomaPoltca
Outrossim. para os fisiocratas, somente a terra ou a natureza representam um fator
economico produtivo. Por força desse princípio, apenas as atividades diretamente relacio
nadas com a terra, como as agricolas e extrativas, eram economicamente produtivas, visto
que, no seu entender, só da terra poderia resultar um produto liquido, isto é, umexcedente
resultante da riqueza criada sobre a riqueza consumica. O interesse individual foi levadoàs
ltimas conseqüências, tanto que as suas concepçoes teoricas partiam do pressupostode
que o interesse pessoal,. para encontrar o que Ihe é mais vantajoso, deve ser deixadoentre.
gue a si mesmo, e que o justo preço depende da livre concorrência. Entendiam, ainda,que,
sendo os fenômenos econômicos providencialmente ordenados (ordem natural), a vida
econômica se organiza naturalmente. A fisiocracia foi, assim, uma doutrina organicistae
naturalista, influenciada pelo racionalismo do século XVI, essencialmente libertário,disse
minado pelos enciclopedistas. Como conseqüência de ordem prática, emanada doprincipio
da prevalência da agricultura como fonte de riqueza, decorreu a teoria do imposto único,
que deveria incidir sobre a renda da terra, na modalidade de tributo teritorial.
François Quesnay, nascido em 1694 e falecido em 1774, foi o fundador dafisiocracia
e por muitos é considerado como o fundador da economia verdadeiramente científica.Ao
menos foi quem primeiro considerou, de modo unitário, os fatos e fenômenoseconômi-
cos. A circulação das riquezas foi tratada pela primeira vez por Quesnay, que eramédico
de profissão. Igualmente franceses foram outros destacados fisiocratas (oueconomistas,
como se denominavam)-Turgot, Dupont de Nemours, Mércier de la Rivière eMirabeau.
4.13 EScOLA CLASSICA OU LIBERAL
Contrariando a Escola Fisiocrata, a Escola Liberal ou Clássica afirmou que
a verdadeira fonte de riquezas é o trabalho. Tal corrente, denominada
individualista, prega a iniciativa individual como base do progresso e da
evolução social e econômica.
A Escola Liberal, Clássica ou Individualista surgiu com as obras de Adam Smith eDavid
LARicardo, respectivamente em 1776 e 1817. Refutando o unilateralismo fisiocrático
produtividade preponderante e exclusiva do fator natureza), embora concordandocom
as críticas dessa corrente contra o mercantilismo, os economistas clássicos, lideradospor
Smith, passam a investigar as leis naturais que dominama vida econômica. Afirmamque
O seu principio regulador se encontra na livre concorrência, que por sua vez conduz a
divisão do trabalho, sendo esse o fator verdadeiramente produtivo, o verdadeiroagente
da produçao; e a natureza seria o fator originário. Desenvolvem, a seguir, a suafamosa
teoria do câmbio e o seu sistema de relações econômicas.
Quatro grandes princípios dominam a teoria liberal econômica: liberdade deempres
propriedade privada; liberdade de contrato e liberdade de câmbio. Sobrepairando a as
princípios fundamentais da economia clássica, encontramos a lei da oferta e daprocura
Criado com Scanner Pro

Continue navegando