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1 UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS DIREITO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL Prof. MS. Marcos J. Barros Pesquisa apresentada ao Curso de Ciências Contábeis, da Universidade Cruzeiro do Sul, com o objetivo de apresentar as implicações do Direito de Propriedade Industrial. SÃO PAULO 2021 2 UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS Campus Villa Lobos – Noturno DIREITO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL Prof. MS. Marcos J. Barros Leyde Muriel Ferreira Silva RGM: 25727397 SÃO PAULO 2021 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4 1. DIREITO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL ......................................................... 6 1.1. MARCAS ......................................................................................................... 8 1.2. PATENTES ................................................................................................... 12 1.3. DESENHO INDUSTRIAL............................................................................... 14 1.4. INDICAÇÃO GEOGRÁFICA .......................................................................... 16 2. PROPRIEDADE INDUSTRIAL VERSUS PROPRIEDADE INTELECTUAL ......... 19 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 20 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 21 4 INTRODUÇÃO O desenvolvimento de um País está ligado necessariamente ao conteúdo intelectual de sua nação, a sua capacidade de inovar, desenvolver, pesquisar. Estratégias, estímulos e investimentos governamentais são fundamentais. A valorização da atividade científica, patrocínio para desenvolvimento de pesquisas, desenvolvimento de novas tecnologias, são o triunfo de qualquer nação que queria ocupar o primeiro escalão no ranking das nações desenvolvidas. No Brasil, a proteção relativa à Propriedade Industrial é disciplinada pela Lei de Propriedade Industrial. Nela estão contidos nãos apenas os direitos advindos com a concessão de registro de marcas, patentes de invenção e desenhos industriais, como todo o procedimento administrativo que deve ser obedecido. O Brasil também é signatário de acordos internacionais que disciplinam a matéria, como o TRIPS e a CUP – Convenção da União de Paris, que desenvolveu as primeiras regras e diretrizes para a uniformização internacional do tema. Em seu artigo 1°, a Convenção da União de Paris dispõe: “Os países a que se aplica a presente Convenção constituem-se em União para a proteção da propriedade industrial. 2) A proteção da propriedade industrial tem por objeto as patentes de invenção, os modelos de utilidade, os desenhos ou modelos industriais, as marcas de fábrica ou de comércio, as marcas de serviço, o nome comercial e as indicações de proveniência ou denominações de origem, bem como a repressão da concorrência desleal. 3) A propriedade industrial entende-se na mais larga acepção e aplica-se não só à indústria e ao comércio propriamente ditos, mas também às indústrias agrícolas e extrativas e a todos os produtos fabricados ou naturais, por exemplo: vinhos, grãos, tabaco em folha, frutos, animais, minérios, águas minerais, cervejas, flores, farinhas. 4) Entre as patentes de invenção compreendem-se as diversas espécies de patentes industriais admitidas nas legislações dos países da União, tais como 5 patentes de importação, patentes de aperfeiçoamento, patentes e certificados de adição etc.” A Propriedade Industrial, é responsável por assegurar uma tutela jurídica em relação aos bens materiais incorpóreos de operabilidade industrial, ou seja, busca proteger criações operacionais para a indústria feitas pelo gênio humano. O direito de Propriedade Industrial se consolida por meio do registro e concessão perante o Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI e existe uma proteção da exteriorização e da própria ideia da invenção e novidade criada pela intelectualidade humana. 6 1. DIREITO DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL O empresário, para iniciar o exercício da sua atividade econômica, necessita organizar todo um complexo de bens que o permite desempenhar este mister. A esse complexo de bens dá-se o nome de estabelecimento empresarial, e dentre os bens que o compõem incluem-se os materiais e imateriais, como exemplos temos: a marca, as invenções, os modelos de utilidades etc. Esses bens imateriais, hoje, são objeto de uma tutela jurídica específica chamada de Direito de Propriedade Industrial, que é o conjunto de direito regulamentado no Brasil pela Lei nº 9.279/1996, chamada Lei de Propriedade Industrial - LPI, que visa garantir a exclusividade da exploração da propriedade industrial. Em resumo, a Lei dispõe sobre: Art. 2º A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, considerado o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País, efetua-se mediante: I. Concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade; II. Concessão de registro de desenho industrial; III. Concessão de registro de marca; IV. Repressão às falsas indicações geográficas; e V. Repressão à concorrência desleal (BRASIL, 1996). A Constituição Federal, por sua vez, também trata do tema através do artigo 5°, inciso XXIX: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das 7 marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;” Podemos afirmar então que, o Direito de Propriedade Industrial é ramo do Direito Empresarial que visa a proteção dos interesses relativos aos inventores, designers e empresários no que tange às suas invenções, modelo de utilidade, desenho indústria, marcas e concorrência desleal. Na visão constitucional uma propriedade é um bem ou uma coisa, sobre a qual seu proprietário, seja ele pessoa física ou jurídica possua o direito de usufruir, como e quando tiver interesse. O Código Civil Brasileiro prevê no artigo 1.228 que “o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha” Sendo assim, concluirmos que a propriedade industrial serve para proteger os bens imateriais, considerando os interesses sociais e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país, especialmente por meio do sistema de trocas. Tal sistema baseia-se em concessões mútuas entre o inventor, o Estado e a sociedade. O primeiro toma a iniciativa, se esforça e investe em sua criação que, em preenchendo os requisitos, será merecedora da proteção legal temporária (monopólio) concedida pelo segundo. Ao buscar a proteção, o primeiro revela todos os detalhes técnicos, estéticos e de funcionamento da sua criação, sendo que o segundo publica tais detalhes e concede o título, após realizar as análises legais. O período de exclusividade concede ao inventor uma oportunidade de recuperar os investimentos realizados. A sociedade, por seu turno, respeita essa exclusividade e se beneficia dos avanços tecnológicos criados e revelados pelo inventor. A finalidade da lei, portanto, é a de garantira exclusividade da exploração da propriedade industrial, possibilitando ao inventor produzir a invenção sozinho, garantindo alta produtividade, ou licenciar o uso, permitindo que outras empresas o produzam. Através da licença de uso o inventor garante o recebimento de uma remuneração, chamada de royalties. 8 Os bens protegidos pela Lei de Propriedade Industrial, classificados como bens móveis, são os seguintes: invenção, modelo de utilidade, desenho industrial e marca. Com o objetivo de facilitar o registro da propriedade Industrial, o Governo Federal criou em 1970 o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) . A autarquia federal é um órgão do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, responsável por proteger os registros de: Marcas; Patentes; Desenho Industrial Indicação Geográfica; Topografia de Circuitos; Contratos de Tecnologia e Franquia. Assim, todo aquele que tiver interesse em ter reconhecido seus direitos relacionados à Propriedade Industrial, deve necessariamente obter a chancela do o Instituto Nacional da Propriedade Industrial. 1.1 Marcas A marca diz respeito à identificação de algum produto ou serviço a partir da associação de um nome e imagem. Sempre que olha para um logotipo, uma seleção de cores ou um nome e reconhecer a empresa fabricante daquele produto. Ela é a forma de identificação visual, a qual denota diferenciação de determinado produto ou serviço. O Registro de Marca é um título emitido pelo INPI que deseja uma propriedade sobre a marca e o direito de utilizá-la com exclusividade no segmento de atuação em todo o Brasil. Quando você registra a sua Marca, você está protegendo aquele nome e símbolo para que ninguém copie. É por isso, também, que o INPI existe. Para garantir 9 que outras marcas não se aproveitem do seu reconhecimento para conquistar clientes, plagiando uma marca original. O certificado de registro de marca é um documento oficial e, assim como um patrimônio, uma marca registrada pode ser vendida, doada ou mesmo herdada. Quando a marca não é registrada, qualquer pessoa ou concorrente pode utilizá- la e neste caso, não pode fazer absolutamente nada, pois não está protegido diante da lei. A Lei de Propriedade Industrial, Lei n°9.279, de 14 de maio de 1996, protege a marca em seus artigos 121 a 124 e, em especial, no artigo 122, descarta qualquer possibilidade de registro de marcas gustativas, sonoras ou olfativas, exigindo apenas a caracterização visual da marca. A exigência é posta para que a marca cumpra com seu objetivo de identificar e diferenciar produtos ou serviços dos demais concorrentes, já no que tange o critério de não colidir com outra marca de notório reconhecimento, refere-se ao impedimento de uso de marca idêntica ou semelhante, seja qual for o ramo de atuação, daquela que possui amplo reconhecimento do seu mercado consumidor. Com isto, há a proteção a concorrência desleal quanto ao próprio consumidor. Quanto ao desimpedimento, existe um rol extenso de proibições destacadas no artigo 124 da Lei no 9.279, de 14 de maio de 1996. Art. 124. Não são registráveis como marca: I - Brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumento oficiais, públicos, nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como a respectiva designação, figura ou imitação; II - Letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva; III - expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente contra 10 liberdade de consciência, crença, culto religioso ou ideia e sentimento dignos de respeito e veneração; IV - Designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido o registro pela própria entidade ou órgão público; V - Reprodução ou imitação de elemento característico ou diferenciador de título de estabelecimento ou nome de empresa de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação com estes sinais distintivos; VI - sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente descritivo, quando tiver relação com o produto ou serviço a distinguir, ou aquele empregado comumente para designar uma característica do produto ou serviço, quanto à natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e época de produção ou de prestação do serviço, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva; VII - sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda; VIII - cores e suas denominações, salvo se dispostas ou combinadas de modo peculiar e distintivo; IX - Indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal que possa falsamente induzir indicação geográfica; X - Sinal que induza a falsa indicação quanto à origem, procedência, natureza, qualidade ou utilidade do produto ou serviço a que a marca se destina; XI - reprodução ou imitação de cunho oficial, regularmente adotada para garantia de padrão de qualquer gênero ou natureza; XII - reprodução ou imitação de sinal que tenha sido registrado como marca coletiva ou de certificação por terceiro, observado o disposto no art. 154; XIII - nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo, artístico, cultural, social, político, econômico ou técnico, oficial ou oficialmente reconhecido, bem como a imitação suscetível de criar confusão, salvo quando autorizados pela autoridade competente ou entidade promotora do evento; 11 XIV - reprodução ou imitação de título, apólice, moeda e cédula da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos Municípios, ou de país; XV - Nome civil ou sua assinatura, nome de família ou patronímico e imagem de terceiros, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores; XVI - pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome artístico singular ou coletivo, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores; XVII - obra literária, artística ou científica, assim como os títulos que estejam protegidos pelo direito autoral e sejam suscetíveis de causar confusão ou associação, salvo com consentimento do autor ou titular; XVIII - termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, que tenha relação com o produto ou serviço a distinguir; XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia; XX - Dualidade de marcas de um só titular para o mesmo produto ou serviço, salvo quando, no caso de marcas de mesma natureza, se revestirem de suficiente forma distintiva; XXI - a forma necessária, comum ou vulgar do produto ou de acondicionamento, ou, ainda, aquela que não possa ser dissociada de efeito técnico; XXII - objeto que estiver protegido por registro de desenho industrial de terceiro; e XXIII - sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o requerente evidentemente não poderia desconhecer em razão de sua atividade, cujo titular seja sediado ou domiciliado em território nacional ou em país com o qual o Brasil mantenha acordo ou que assegure reciprocidade de tratamento, se a marca se destinar a distinguir produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com aquela marca alheia. 12 A marca tem como principais funções a de distinguir o produto ou serviços dos demais concorrentes e de indicação de procedência do produto ou serviço ao consumidor, neste caso não se refere a identificação concreta e completa do produto ou serviço, mas sim em relação ao fabricante ouprestador de serviço. Existem quatro diferentes tipos de marcas que podem ser produzidos: Marca Nominativa: é composta exclusivamente por letras e números combinados. Apresenta-se sem símbolo ou sinal distintivo. Marca Figurativa: combina elementos visuais como símbolos, sinais, imagens, ideogramas e / ou desenhos. Ainda pode ser composto por algarismos ou alfabetos estrangeiros (diferente do usado no ocidente - árabe, chinês etc.) Marca Mista: une elementos visuais como símbolos, imagens, entre outros elementos, com um texto. Em outras palavras, é uma união da marca nominativa com uma marca figurativa, compondo um único símbolo de representação. Marca Tridimensional: é o formato físico exclusivo de um produto ou embalagem, pelo qual o item se diferencia no mercado dos demais produtos. 1.2 Patentes A patente, refere-se a invenções ou melhoramentos tecnológicos. Registro de Patente é a garantia do título de propriedade temporária por período determinado sobre uma invenção ou novidade. O registro de uma patente existe para garantir que nenhuma outra pessoa aproprie-se de algo que você inventou. Sendo assim, patentear é resguardar uma invenção para si. Só é garantida a exclusividade da exploração de uma invenção ou de um modelo de utilidade àquele que obtiver a concessão de uma patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), esse tipo de registro é uma ação 13 fundamental para qualquer inventor que tenha criado qualquer tipo de produto, arte, obra, ou outra coisa que tenha possibilidade de aplicação industrial. Portanto, o inventor ou criador só terá direito à exclusividade de exploração garantida pela Lei nº 9.279/1996 quando patenteada a invenção. O INPI permite o registro de três tipos de patentes: Patente de Invenção (PI): Refere-se a produtos ou processos que atendam aos requisitos de atividade inventiva, novidade e aplicação industrial. Patente de Modelo de Utilidade (MU): Refere-se um objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação. Certificado de Adição de Invenção (C): Refere-se ao aperfeiçoamento ou desenvolvimento desejado no objeto da invenção, mesmo que destituído de atividade inventiva, porém ainda dentro do mesmo conceito inventivo. É preciso salientar que uma invenção ou o modelo de utilidade são patenteáveis estando sujeitas aos seguintes requisitos: Novidade: “A invenção e o modelo de utilidade são considerados novos quando não compreendidos no estado da técnica (LPI, art. 11).” Atividade Inventiva: “A invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica (LPI, art. 13).” Aplicação Industrial: “A invenção e o modelo de utilidade são considerados suscetíveis de aplicação industrial quando possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria (LPI, art. 15).” 14 A patente tem finalidade de proteção ao desenvolvimento tecnológico e funciona como incentivo à pesquisa, já que garante ao inventor e ao criador a exploração exclusiva e o usufruto dos lucros decorrentes da novidade. Contudo, a exclusividade decorrente da patente é limitada a vinte anos no caso de Invenção e a quinze anos no caso de modelo de utilidade. O prazo é contado da data do depósito do pedido de patente junto ao INPI. A patente, no entanto, é improrrogável. Após o prazo de vinte ou quinze anos, conforme o caso, a patente cai em domínio público e a invenção pode ser explorada por terceiros. Como os direitos de propriedade industrial são considerados bens móveis para os efeitos legais do art. 5º da LPI, o titular da patente exerce sobre ela um direito patrimonial disponível. Assim, o titular da patente pode, por exemplo, cedê-la ou mesmo o seu pedido de concessão. Há também a possibilidade de o inventor decidir licenciar a exploração da patente mediante contrato de licença a ser averbado junto ao INPI para que produza efeitos perante terceiros. Essa licença pode ser voluntária ou compulsória. A licença voluntária está regulamentada nos artigos 61 a 67 da LPI. Para celebrar o contrato de licença, o titular da patente vai exigir do licenciado uma contraprestação denominada royalties. Já a licença compulsória se dá nos termos dos artigos 68 a 74 da mesma lei. Ela é utilizada como sanção aplicada ao titular da patente ou para atender aos imperativos de ordem pública (art. 71). 1.3 Desenho Industrial O artigo 95 da Lei de Proteção Industrial define desenho industrial como a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial. Novo é tudo que não está compreendido no estado da técnica, ou seja, nunca antes divulgado sob qualquer forma ou pretexto, respeitada as exceções legais. Original é diferente, distintivo em relação aos objetos anteriores. 15 Ou seja, desenho industrial é o formato, o delineamento, o design composto por um conjunto de formas, linhas, cores e ornamentos que se aplicam a determinado produto, é uma configuração ornamental nova e específica ao produto de modo a torná-lo inconfundível pelo público consumidor. A doutrina diz que o desenho industrial é o elemento fútil porque não traz nenhum tipo de melhoria, de utilidade, só se preocupando com a estética, com a configuração externa. Se trouxer algum tipo de utilidade, já não é mais desenho, é modelo de utilidade. O desenho industrial não possui qualquer função técnica, mas sim decorativa, ornamental A legislação prevê a proteção do desenho industrial através do registro emitido pelo INPI, o qual tem como objetivo garantir a titularidade e exclusividade na exploração dos aspectos ornamentais do respectivo objeto. Para a realização do registro do desenho industrial há a necessidade do atendimento a três requisitos essenciais: novidade (mister que o desenho não esteja acessível ao público antes da data do depósito tanto no Brasil, quanto no exterior); originalidade (resultante de uma configuração visual distintiva dos demais objetos de conhecimento); servir de tipo de fabricação industrial (o referido objeto deve deter capacidade de reprodução industrial, em todos os detalhes); legalidade (que não esteja inserido nas proibições legais). Após a concessão do registro, este terá validade em todo território nacional, e atribui ao titular do registro a exclusão de terceiros na fabricação, comercialização, importação, uso ou venda da respectiva matéria sem autorização prévia. A vigência de proteção do desenho industrial é de 10 dez anos, a partir da data de depósito, prorrogáveis por três períodos consecutivos de cinco anos. A qualquer momento da vigência do desenho industrial, o titular poderá solicitar ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) que realize o exame de mérito para fins de análise dos requisitos da novidade e da originalidade. Sem esse exame, 16 o registro se torna um ato declaratório e a sua eficácia é relativa perante terceiros, na medida em que o produto objeto pode não ser novo e nem mesmo original. Como todo Direito de propriedade, a Propriedade Industrial também está sujeita às limitações legais, tanto na esfera constitucional, quanto na esfera infraconstitucional. A Constituição prevê que será garantida a proteção às criações industriais tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do país. Ou seja, o Estado não garantirá a proteção, caso esses requisitos não restarem preenchidos. Por sua vez, a LPI prevê situações, de maneira exaustiva,em que o uso do objeto protegido por desenho industrial não será considerado ilegal. Trata-se de exceções, limitações ao direito, quais sejam elas: Atos praticados por terceiros não autorizados, em caráter privado e sem finalidade comercial, desde que não acarretem prejuízo ao interesse econômico do titular; Atos praticados por terceiros não autorizados, com finalidade experimental, relacionados a estudos ou pesquisas científicas ou tecnológicas; E a produto fabricado de acordo com patente de processo ou de produto que tiver sido colocado no mercado interno diretamente pelo titular da patente ou com seu consentimento. Por fim, merece destaque que os contornos da proteção serão delimitados pelos desenhos, e, quando houver, relatório descritivo e reivindicações, constantes do certificado emitido pelo INPI. 1.4 Indicação Geográfica Indicação Geográfica (IG) é um instrumento de propriedade industrial que busca distinguir a origem geográfica de um determinado produto ou serviço. A indicação geográfica, de forma geral, é o reconhecimento oficial de que um certo serviço ou produto provém de uma determinada região. 17 Este tipo de propriedade possibilita garantir que as qualidades ou características de um produto sejam exclusivamente utilizadas por produtores de uma região específica. Um exemplo disso é um queijo produzido pelos produtores da Serra da Canastra, em Minas Gerais, que pode utilizar o termo “queijo canastra” como uma forma de endossar a procedência do produto alimentício. Conforme disposto no art. 176 da LPI, constitui Indicação Geográfica: a Indicação de Procedência ou a Denominação de Origem. Dessa forma, a Indicação Geográfica é dividida em duas espécies, definidas nos Arts. 177 e 178 da LPI: Art. 177. Considera-se indicação de procedência o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço. Art. 178. Considera-se denominação de origem o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos Para o registro de uma Indicação de Procedência - IP, é necessário que uma determinada área geográfica tenha se tornado comprovadamente conhecida como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço. Entende-se por: Centro de extração: a área geográfica de onde se extrai ou se retira um determinado produto em sua forma original. São atividades de extração aquelas relacionadas à coleta de produtos naturais de origem animal, vegetal ou mineral. Processos mecanizados ou industriais de extração também se enquadram nesse tipo de atividade. Exemplos: extração de látex de seringueira, pesca extrativista de crustáceos e extração de ouro. Centro de produção ou fabricação: a área geográfica onde se produz ou fabrica um determinado produto. Refere-se a qualquer tipo de atividade destinada à produção, fabricação, transformação e beneficiamento de produtos, incluindo processos manufatureiros e artesanais. Também pode 18 estar relacionada à criação de animais e ao cultivo de plantas. Exemplos: produção de mamão, fabricação de bolsas de couro e criação de suínos. Centro de prestação de serviço: a área geográfica onde se presta um determinado serviço. Nesse caso, o local se tornou conhecido pelo serviço prestado, e não pelo produto eventualmente relacionado a esse serviço. Exemplo: serviços de ecoturismo. Para o registro de uma Denominação de Origem - DO, é necessário que as qualidades ou características do produto ou serviço designado pela Indicação Geográfica se devam exclusiva ou essencialmente às peculiaridades do meio geográfico, incluídos os fatores naturais e humanos. Considerando o disposto no §5º do art. 2º da Instrução Normativa nº 95/18, entende-se por: Fatores naturais: elementos do meio geográfico relacionados ao meio ambiente, como solo, relevo, clima, flora, fauna, entre outros, que influenciam as qualidades ou características de produtos ou serviços de uma determinada área geográfica, diferenciando-os de outros oriundos de área geográfica distinta. Fatores humanos: elementos característicos da comunidade produtora ou prestadora do serviço, como o saber-fazer local, incluindo o desenvolvimento, a adaptação ou o aperfeiçoamento de técnicas próprias atreladas a cultura e tradição da localidade. É o modo de fazer único dos produtores e prestadores de serviço que se encontram no território, isto é, o conhecimento acumulado pela população local, passado de geração em geração. Qualidades: atributos tecnicamente comprováveis e mensuráveis do produto ou serviço, ou de sua cadeia de produção ou de prestação de serviços. Características: atributos físicos, particulares e típicos, vinculados aos traços ou propriedades inerentes do produto ou serviço, podendo ainda ser advindos do modo como o produto é extraído, produzido ou fabricado, ou do modo como o serviço é prestado. 19 2. PROPRIEDADE INDUSTRIAL VERSUS PROPRIEDADE INTELECTUAL É importante ter em mente que propriedade industrial não se confunde com propriedade intelectual. A propriedade intelectual é a área do Direito que, por meio de leis, garante a inventores ou responsáveis por qualquer produção do intelecto – seja nos domínios industrial, científico, literário ou artístico – o direito de obter, por um determinado período de tempo, recompensa pela própria criação. Conforme visto anteriormente, há tutela jurídica da propriedade industrial integrantes do estabelecimento empresarial, ou seja, materiais e imateriais. Todavia, os bens imateriais caracterizam-se em propriedade intelectual, sendo subdivididos em: direitos autorais e propriedade industrial. A Propriedade Industrial inclui as patentes (invenções), marcas, desenho industrial, indicação geográfica e proteção de cultivares; e os Direitos Autorais abrangem trabalhos literário e artísticos, e cultura imaterial como romances, poemas, peças, filmes, música, desenhos, símbolos, imagens, esculturas, programas de computador, internet, entre outros. Existe, portanto, diferença nos efeitos jurídicos referentes a propriedade autoral e a propriedade industrial. No que se refere ao direito industrial, após expedição de carta-patente ou certificado pelo INPI, possui exclusividade na exploração dos bens. Por seu turno, o direito autoral é decorrente do ato de criação de obra artística, científica, literária ou de programa de computador. O criador da respectiva obra deverá efetuar o registro da obra, o qual servirá como prova de anterioridade de criação, porém se difere do direito industrial por não possuir natureza constitutiva. 20 CONCLUSÃO Podemos concluir que o direito de propriedade industrial é o conjunto de regras e princípios que visa a proteção jurídica aos elementos imateriais do estabelecimento empresarial, seu objetivo é regular os direitos e obrigações referentes às concessões e utilização de patentes, marcas, desenhos industriais, indicações geográficas, entre outros. Vimos que ele é de extrema importância para todos os brasileiros que tenham um negócio, isso porque especifica as diretrizes para a concessão do registro de marca, item essencial para todo e qualquer empreendimento. É esta lei que ajuda a proteger o nome, o logo, a identidade do cada negócio. Também ajuda a proteger uma invenção ou uma inovação que uma pessoa ou empresa desenvolveu. Vale ressaltar que toda e qualquer pessoa e/ou empresa que comete infração referente a utilização de forma indevida de marca, invenção, desenho industrial, entre outros, que é propriedadede um terceiro (detentor do direito de uso com exclusividade) está sujeita a sofrer as penalidades previstas na LPI e no Legislação Brasileira. Analisamos por fim, que a propriedade Industrial tem impacto no desenvolvimento econômico e tecnológico do país, pois a capacidade de inovar, desenvolver e pesquisar são conteúdo intelectual da nação. Sendo assim, não há como negligenciar o estudo da Propriedade Industrial a fim de estabelecer-se um melhor clima negocial no país. As melhorias a serem buscadas são aos estímulos à iniciativa privada a buscar Registros e Patentes, bem como a facilitação ao processo Administrativo. 21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DAIANA MELLER. Consolide -Blog: Lei De Propriedade Industrial: Tudo O Que Você Precisa Saber, 2020. Disponível em <https://www.consolidesuamarca.com.br>. Acesso em: 26 de abril de 2021 PAULO BYRON OLIVEIRA SOARES NETO. Âmbito Jurídica. A propriedade industrial segundo a legislação brasileira, 2018. Disponível em <https://ambitojuridico.com.br>. Acesso em: 26 de abril de 2021 EDUARDO RIBEIRO AUGUSTO Migalhas: Uma breve análise dos Direitos de Propriedade Industrial sob a ótica do Direito Antitruste, 2021. Disponível em <https://www.migalhas.com.br>. Acesso em: 26 de abril de 2021 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA -CASA CIVIL. Planalto.Gov: LEI Nº 9.279, DE 14 DE MAIO DE 1996. Disponível em <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 28 de abril de 2021 DEPARTAMENTO DE REDAÇÃO E CONTEÚDO TÉCNICO DO ESCRITÓRIO. Manucci Advogados: Lei de Propriedade Industrial: Saiba sua importância e como registrar, 2020.Disponível em <https://manucciadv.com.br>. Acesso em: 28 de abril de 2021 ENDEAVOR. Se tem empreendedorismo, tem inovação. E se tem inovação, tem que ter propriedade intelectual, 2020. Disponível em <https://endeavor.org.br>. Acesso em: 26 de abril de 2021 MATHEUS MASTINI. Direito Legal: Resumo De Propriedade Industrial, 2021 Disponível em <https://direito.legal >. Acesso em: 03 de maio de 2021 CHRISTIAN SLAUGHTER. O Consultor de Patentes: O Que É Propriedade Industrial? 2020. Disponível em <https://oconsultorempatentes.com>. Acesso em: 03 de maio de 2021 22 FLÁVIA DE ARAÚJO SERPA, JUS.com.br: Notas introdutórias sobre a propriedade industrial. 2013 Disponível em <https://jus.com.br>. Acesso em: 03 de maio de 2021 INTRODUÇÃO AO DIREITO DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL NO BRASIL - Revistas Direitos Sociais e Políticas Públicas – UNIFAFIBE – Vol. 3 – 2005. Disponível em <https://www.unifafibe.com.br>. Acesso em: 03 de maio de 2021 INTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL. Manual de Indicações Geográficas. Disponível em <https://manualdeig.inpi.gov.br>. Acesso em: 03 de maio de 2021
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