Buscar

ENCONTRANDO PAIS NEGROS: UMA IGREJA, UMA CRIANÇA

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA PÓS GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Resenha Crítica de Caso 
Juliana da Silva Cândido dos Santos
Trabalho da disciplina DESAFIOS DA FAMÍLIA NA CONTEMPORANEIDAE
 		 Tutor: Prof. Mariana de Freitas Rasga
Rio de Janeiro 
2021
2
ENCONTRANDO PAIS NEGROS: UMA IGREJA, UMA CRIANÇA
Referência: WARROCK, Anna M. sob direção de Alan Altshuler, Professor de Política Urbana e Planejamento, e Marc Zegans, Diretor Executivo do Programa de Inovações no Governo Estadual e Local, para uso na Havard Kennedy School of Government. Acesso em 22 de abril de 2021
O presente artigo tem como objetivo demonstrar a dificuldade de Gregory L. Coler, quando no ano de 1978, assumiu o Departamento de Crianças e Serviços Familiares de Illinois. Ao assumir o departamento, se tornou guardião oficial de 69 crianças do Condado de Cook.
	A dificuldade de Coler não estava somente em ser guardião dessas crianças, ele ainda tinha que lhe dar com a crise de adoção que tomava conta do estado. Entretanto, a maior estatística nessa crise era a de crianças negras disponíveis para adoção – 702 crianças negras contras, apenas, 300 crianças brancas – no sistema de acolhimento adotivo. Antes de Coler assumir o departamento, os funcionários já estavam sob pressão e acabavam alocando as crianças negras até mesmo fora do estado, e os colocavam em famílias inter-raciais, o que deixou a comunidade negra bastante irritada.Ao se deparar com essa realidade, Coler chegou à conclusão que o departamento precisava da ajuda dos próprios negros para poderem achar pais negros, porém sabia que isso não seria fácil pois é improvável que uma comunidade que se sentia ignorada pelo governo começasse a ajudar um de seus órgãos. Com isso foi buscar ajuda na parte mais poderosa da comunidade negra, a Igreja. Em julho de 1980 junto com o Ver. George Clements, achou uma solução possível: buscar alianças entres os ministros religiosos da comunidade negra para que estes servissem de intermediários até os pais adotivos. Tal parceria passou a ser conhecida como “One church, one child”, e tinha por objetivo encontrar uma família negra no estado para adotar uma criança.
Para que o projeto fosse à frente, Coler deveria superar três problemas iniciais:
· Atitudes negativas dos funcionários do departamento e da comunidade negra;
· Leis estaduais que impediam o processo de adoção; e
· Procedimentos burocráticos.
A crise no sistema de adoção ocorreu durante toda a década de 70. As agências tinham dificuldades em alocar as crianças negras por duas razões:
1 – as rotulavam com “necessidades especiais”, ou seja, equiparavam todas as crianças negras com crianças que sofriam de deficiência física e mental; 
2 – os servidores das agências acreditavam que as famílias negras não estavam dispostas a adotar
	Como não havia um sistema estadual, muitas crianças eram enviadas para fora do estado de Illinois, tornando assim, impossível a reunificação de famílias.
	O projeto “One church, one child” começou no Condado de Cook, e funcionaria com os ministros levando mensagens religiosas e sociais para suas próprias congregações, lembrando aos fiéis que desde sempre os negros tomam conta de si próprio, ajudando assim, uns aos outros. Para que ninguém falasse que o projeto só acontecia porque havia dinheiro do governo entrando na igreja, os ministros participantes concordaram que serviriam a esse propósito sem pagamento e sem que houvesse nenhuma ajuda de custo por parte do departamento.
	No final da década de 70 e no início da década de 80 houveram algumas mudanças legislativas que ajudaram a solucionar a crise, também, financeira, no sistema de adoção, assim Coler voltou seus esforços a diminuir as questões burocráticas que atrasam e impediam as adoções de pais adotivos negros.
	Apesar de ter conseguido driblar o ceticismo dos ministros religiosos da comunidade negra, Coler também tinha que lhe dar com a resistência do sindicato e dos trabalhadores do departamento.

Continue navegando