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Fisioterapia respiratória em pediatria e neonatologia Muitas doenças do neonato incorrem em hipersecretividade. As técnicas de remoção de secreção são imprescindíveis tanto para doenças restritivas (aquelas que impedem a expansibilidade pulmonar) quanto para as obstrutivas (aquelas que impedem a saída do ar por broncoespasmo). Fisioterapia na saúde do neonato, 2019. Grande parte das técnicas usam a pressão manual que tem uma boa resposta devido a uma complacência torácica aumentada no RN e na criança. Quando na execução da força, ela consegue alterar a pressão pleural há aumentando da pressão no interior dos alvéolos e isso faz com que haja uma variação de saída de fluxo de ar do sistema. Desobstrução = remoção de secreção. Aceleração de fluxo expiratório. Capacidade de carrear a secreção para uma via aérea mais proximal e com uma manobra de tosse ou expectoração consegue realizar a eliminação da secreção. Deve levar em consideração a condição clínica e comportamental da criança! Manobras de desobstrução Promovem eliminação de secreção e a troca de fluxos de ar nas vias aéreas. São realizados delicadamente, mas com mãos firmes sobre o tórax do bebê. Desobstrução rinofaríngea retrógrada (DRR) Objetiva a remoção de secreções da rinofaringe. Nessa técnica, há um aumento da velocidade do fluxo aéreo inspiratório diminuindo a pressão dos orifícios sinusais e da trompa de Eustáquio, promovendo a movimentação e a retirada das secreções da rinofaringe. De forma passiva faz-se uma manobra de inspiração forçada, com a criança em decúbito dorsal a aproximadamente 30º de elevação. Uma das mãos do fisioterapeuta deve elevar a mandíbula com o apoio dos dedos indicador e médio na base da língua no momento em que a criança inspira e, ao final do tempo expiratório, o fisioterapeuta fecha a boca do bebê forçando a uma deglutição da secreção. Nessa manobra, pode-se instilar solução fisiológica nas narinas favorecendo a fluidificação as secreção e deglutição. Aplicado o soro (que ajuda a fluidificar a secreção), fecha- se a narina contralateral (que o soro não foi colocado), a criança inspira e a secreção que estiver na VA superior desce para a rinofaringe, onde a criança pode tossir ou deglutir, expectorando a secreção. Aumento do fluxo expiratório (AFE) Objetiva promover a eliminação de maior volume de ar, por redução de todos os diâmetros torácicos, proporcionando melhor carreamento e eliminação das secreções traqueobrônquicas. Mobiliza a secreção dos pequenos brônquios até as vias aéreas proximais. Pode ser passivo (realizado pelo fisioterapeuta; ativo- assistido fisioterapeuta e criança maior; ativo criança maior). Todo ser humano produz muco nas vias aéreas, só que a característica do muco no RN e na criança é diferenciada. O que é produzido pela criança é muito mais viscoso e por isso a dificuldade de retirar e remover a secreção é maior. Contudo, devido ao tórax complacente, favorece a realização das manobras para ajudar a remover a secreção. O fisioterapeuta utiliza as duas mãos: uma sobre o tórax e outra sobre o abdômen, assim, quando a criança EXPIRA, é realizada uma junção rápida das mãos do terapeuta (compressão manual, a mão torácica de cima para baixo e de fora para dentro e mão do abdômen de baixo pra cima, de fora para dentro), fazendo com que o volume pulmonar seja eliminado juntamente com a secreção. A mobilização torácica deve seguir as curvaturas costais, não ultrapassando os limites de elasticidade costal. A pressão da manobra é suave, simétrica e a mão nunca deve perder o contato com o tórax. Recomenda-se a aplicação do AFE lento (AFEL) para recém-nascidos e AFE rápido (AFER) para lactentes. As duas mãos só serão ativas nas crianças maiores > 2 anos. Gera fluxo turbulento de saída de ar. Mão abdominal só de apoio! Utiliza-se os dedos para realizar a técnica em RN. Expiração lenta e prolongada (ELPr) É PASSIVA. As duas mãos são ativas! Compressão manual, a mão torácica de cima para baixo e de fora para dentro e mão do abdômen de baixo pra cima, de fora para dentro. A expiração lenta e prolongada (ELPr) é uma técnica passiva de fisioterapia respiratória aplicada em lactentes com obstrução das vias aéreas e acúmulo de secreção. Conseguir que o volume expirado com a manobra seja maior que o volume de uma expiração normal. A desinsuflação é obtida por meio de uma pressão manual (uma mão no tórax e outra sobre o abdome) que se inicia ao final do tempo expiratório espontâneo e prossegue até o volume residual. Promover uma manobra em que o volume expirado seja maior que o volume inspirado normalmente. Quando se tem uma criança taquipneica com FR aumentada, em que o tempo expiratório é curto dificulta muito ou muitas vezes impossibilita a realização da ELPr. Expiração Lenta Total com a Glote Aberta (ELTGOL) Feito em pacientes que possam cooperar com a terapia - ativo-assistida- (8 a 12 anos). Expiração lenta com a glote aberta (bocal), iniciada na capacidade residual funcional e continuada até o Volume Residual. Região mais obstruída deve ficar no decúbito infralateral. Mobilização de secreções localizadas em brônquios de médio calibre e na periferia do pulmão. Feita com a ajuda de um fisioterapeuta, que vai se posicionar para exercer duas pressões: uma pressão abdominal inferior e outra supralateral (pressão contra-apoio no gradil costal no lado supralateral). As mãos comprimem o gradil costa durante a expiração! A região mais obstruída é posicionada infralateralmente. Faz-se uma inspiração nasal e uma expiração lenta/longa no bocal. Muito utilizada em pacientes com fibrose cística. Drenagem autógena (DA) Feita em crianças maiores (> 6 anos), com orientação do fisioterapeuta (manobra ativa), criança sentada. Utiliza inspirações e expirações lentas controladas – respirações diafragmáticas. Deve ser iniciada no VRE evoluindo progressivamente até o VRI. Paciente deve estar sentado e com as mãos apoiadas sobre o tórax para perceber a mobilização de secreções. Realizar inspiração fazendo pausa inspiratória durante 3 a 5 segundos. Fazer expiração com lábios cerrados (bico). O paciente vai realizar ventilações: 1º. Uma ventilação a baixo volume pulmonar destinada a deslocar as secreções distais; 3 a 5x. 2º. Uma ventilação a médio volume pulmonar destinada a reunir as secreções nas vias aéreas médias; 3x 3º. Uma ventilação a médio ou ((alto)) volume pulmonar destinada a reunir as secreções nas vias aéreas centrais. 3x Depois geralmente ocorre uma tosse espontânea. Drenagem autógena assistida (DAA) Feita pelo fisioterapeuta (manobra passiva), que coloca suas mãos no tórax e acompanha toda a expiração, aumentando a velocidade de fluxo expiratório até o volume residual. Promove-se a variação do volume expirado com a compressão exercida no tórax. • Baixo volume, 3x (compressão baixa); • Médio volume, 3x (intensidade e compressão maior); • Alto volume, 3x (tempo mais prolongado e compressão maior); Promove a drenagem das secreções prolongando a expiração, visando melhorar o transporte da secreção para vias aéreas de maior calibre. O bebê é posicionado em decúbito dorsal elevado ou lateral e o fisioterapeuta posiciona suas mãos sobre o tórax da criança. A cada respiração espontânea da criança, o fisioterapeuta movimenta sua mão promovendo maior área de expansibilidade e eliminação do ar, aumentando, assim, o fluxo expiratório e promovendo a retirada de secreções e melhor expansibilidade nas áreas menos ventiladas. Nos recém-nascidos pré-termo (RNPT), a técnica deve ser modificada, pois as características fisiológicas do sistema respiratório, como pouco número de alvéolos, fragilidadecapilar e tórax muito maleável e complacente, podem provocar alterações do fluxo sanguíneo cerebral com enchimento ou diminuição de fluxo sanguíneo cerebral, promovendo lesões como rompimento de capilares ou anóxia por baixo fluxo. Pode-se utilizar uma fralda para sustentação do abdômen ou uma faixa ou cinta abdominal para melhor sustentação diafragmática, além de um posicionamento da mão do fisioterapeuta entre a fúrcula esternal e a linha intermamária para melhor acoplamento torácico, evitando a hiperinsuflação e alta complacência torácica. O choro atrapalha, pois, a FR aumenta e o tempo expiratório diminui. De cima para baixo e de fora para dentro. Técnica de expiração forçada (TEF) Expiração FORÇADA. Também conhecida como HUFFING ou TOSSE SOPROSA. NÃO pode ser feita uma seguida de outra. Deve haver um intervalo entre as TEFs para não promover um espasmo da via aérea (período de relaxamento de 15 a 30 segundos com respiração diafragmática, após 1 ou 2 expirações para ajudar a relaxar as vias aéreas). Deve ser mantido por um tempo suficiente para remover as secreções e não deve produzir tosse espasmódica. TOSSE Utilizada para eliminação da secreção (processo final). • Tosse espontânea • Provocada (a traqueia tem muitos receptores mecânicos e quando se realiza o estímulo na parte final da traqueia ativa-se os receptores que promovem o reflexo da tosse); • Dirigida (solicitada); • Assistida manualmente (solicitar uma inspiração e depois uma expiração mais rápida e realizar uma compressão manual do tórax na hora da expiração para facilitar a força de expulsão das secreções). Osciladores orais de alta frequência Flutter/ Shaker (branco e azul): promovem oscilação pela bola de metal; Acapella (verde): Promove oscilação pela mola. Objetivo: Promover desobstrução através da frequência. Expiração prolongada. Importante: Posicionamento na PERPENDICULAR;Não provocar dissipação do ar na bochecha (bochecha tem que ficar contraída, não deixar escapar o ar durante a expiração). PERCUSSÕES TORÁCICAS MANUAIS Provocam deslocamentos das secreções nos brônquios de maior calibre e na traqueia. • Modalidades: • Tapotagem; • Punho-percussão; • Percussão cubital; • Digito-percussão; Eficácia depende da frequência de aplicação da manobra e da rigidez do tórax – 240 a 260 percussões/minuto. Feitas no tempo expiratório. Contraindicação: Quando se tem hiper reatividade brônquica (espasmo da musculatura da árvore brônquica) a pressão está aumentada, dificultando a expiração. Se então promover uma manobra de percussão pode-se piorar o espasmo dessa musculatura. Pode piorar o espasmo e o processo de hiper reatividade brônquica. Por isso, se o paciente estiver apresentando essa hiper reatividade, não se realiza essas manobras manuais. Tapotagem Pode causar hiperatividade brônquica. Tem que ser muito bem provocada, através da frequência correta. Em RNs com idade entre 28 e 37 semanas de idade gestacional ou imediatamente após a extubação, a percussão torácica não é recomendada, pois pode ocasionar colapso de vias aéreas de pequeno calibre, além de aumentar a pressão intratorácica e a hipoxemia. Vibrocompressão/vibração Promovem a remoção das secreções em vias aéreas com o benefício de melhorar a saturação de O2 em crianças com insuficiência respiratória aguda ou crônica, além de aumentar o volume corrente (ar que é inspirado e expirado em uma respiração de repouso). São realizadas vibrações com a mão do fisioterapeuta sobre o tórax do bebê, também denominada vibrocompressão, promovendo a movimentação das vias distais e a eliminação e descolamento de secreção. É contraindicada para recém-nascidos de extremo baixo peso devido aos seus efeitos adversos de aumento da frequência respiratória (FR) e redução de tempo expiratório; além da diminuição da pressão do recuo elástico pulmonar durante o retorno elástico do tórax em curto prazo, podendo ocasionar redução na pressão arterial de oxigênio. Melhor que seja feita combinada com outra técnica (drenagem postural, compressão torácica). Drenagem postural Utiliza o efeito da gravidade sobre as secreções de um segmento ou lobo pulmonar 1 a 3 posições por +/- 15 segundos Se no Raio X e ausculta pulmonar detectou presença de roncos, secreção faz-se DP com outra manobra. Aspiração Depois de feitas todas as manobras, se a criança não conseguiu eliminar as secreções, faz a aspiração. Técnica estéril.
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