Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Infecções Bacterianas do Trato Respiratório Referência Bibliográfica: Murray, Microbiologia médica. Cap 18: Staphylococcus e outros cocos gram- positivos relacionados. Cap 19: Streptococcus. Cap 23: Corynebacterium e outros bacilos gram-positivos. Introdução - Estima-se que a pneumonia seja responsável por mais de dois milhões e setecentos mil mortes anuais em todo o mundo e 150 milhões de novos casos são registrados todo ano. - Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, no Brasil, 22,3% das mortes de crianças até cinco anos foram causadas por pneumonia. - Em relação às IVAS, a preocupação atual se refere ao abuso de antibióticos - maioria tem etiologia viral, resultando em taxas crescentes de resistência bacteriana. IVAS: Infecções vias aéreas superiores. →Maioria etiologia viral →Via superior: Cheias de macrófagos Integridade do trato respiratório: Vias aéreas superiores - Sistema mucociliar, - Saliva, lágrima - Enzimas proteolíticas, IgAs Vias aéreas inferiores - Sistema monocíticofagocitário Sistema respiratório Mecanismos de defesa: complicações O ar é filtrado, aquecido e umidificado Complicações dos mecanismos de defesa • Tosse • Senilidade • Broncoconstrição • Doenças inflamatórias crônicas das vias aéreas • Secreção de muco • Obstrução brônquica • Transporte mucociliar • Tabagismo, doenças virais Complicações dos mecanismos do sistema imune • Imunossupressão medicamentosa • Imunodeficiências primárias ou adquiridas • Estados leucopênicos Principais agentes etiológicos relacionados com Infecções Respiratórias Bacterianas - Streptococcus pneumoniae - Haemophilus influenzae - Streptococcus pyogenes - Corynebacterium diphtheriae - Bordetella pertussis - Moraxella catarrhalis - Staphylococcus aureus - Mycoplasma pneumoniae. Streptococcus pneumoniae Família: Streptococcaceae Bactérias esféricas Gram-positivas Agrupam-se em pares eu cadeias lineares Catalase negativo Mesófilos – Maioria dos hemolíticos – 37ºC Microbiota normal – TR – nariz e garganta Alfa hemolíticos – hemólise parcial →Cocos em cadeia linear →Gram positivas: ácido teicoico Tipos de Hemólise Fatores de virulência • Cápsula: evasão da fagocitose • 90 sorotipos • Adesinas proteicas de superfície: colonização de orofaringe • Acido teicoico – indução de inflamação local • Pneumolosinas: uma enzima lítica semelhante à estreptolisina O de S. pyogenes, se liga ao colesterol da membrana das células do hospedeiro e cria poros. Essa atividade pode destruir as células epiteliais ciliadas e fagocíticas. • Protease de IgA: A IgA secretora prende as bactérias no muco, ligando-as à mucina pela sua região Fc. A protease IgA bacteriana evita essa interação, aumentando o poder de disseminação Mecanismos de invasão Colonização de orofaringe → Migração para o trato respiratório inferior → Evasão fagocitária → Destruição tecidual → Cepas encapsuladas. Pneumolisina: destrói células epiteliais ciliadas Diagnóstico laboratorial Amostra: de escarro, aspiração transtraqueal, broncoscopia, lavado broncoalveolar, biópsia de pulmão • Coloração de Gram (Gram positivo) • Cultura com presença de alfa hemólise (esverdeado), catalase negativo Haemophilus influenzae Identificação - Morfologia: bacilo, Gram negativo - Crescimento em ágar chocolate - Catalase negativo - Anaeróbio facultativo Transmissão Gotículas aéreas Fator de virulência - Cápsula (6 tipos: a-f, sendo o b o mais frequente nas doenças) - Adesinas - Pili - Protease de IgA - LPS (ativa sistema complemento pela via alternativa) Fatores de virulência • Cápsula: evasão da fagocitose • 6 sorotipos (a-f) • Adesinas proteicas de superfície: colonização de orofaringe • LPS – Lipopolissacarídeo - indução de inflamação local • Protease de IgA: podem facilitar a colonização dos micro-organismos nas superfícies das mucosas, interferindo na imunidade humoral. Diagnóstico laboratorial Amostra: de escarro, aspiração transtraqueal, broncoscopia, lavado broncoalveolar, biópsia de pulmão H. Influenzae cresce bem em ágar chocolate. As colônias apresentam, em geral, coloração cinza e branca, são opacas e lisas. Streptococcus pyogenes Identificação • Morfologia: cocos em cadeias lineares, Gram positivos, • Crescimento em ágar sangue apresentando beta hemólise • Catalase negativo Transmissão: por gotículas aéreas e contato Causa faringite estreptocócica Fatores de virulência • Cápsula e Proteína M e F - adesinas • Estreptolisinas O e S • Estreptoquinases A e B (lisam a fibrina) • Exotoxinas A e B • Desoxirribonuclease • Hialuronidase Tipos de Hemólise Diagnóstico laboratorial Amostra: de escarro, aspiração transtraqueal, broncoscopia, lavado broncoalveolar, biópsia de pulmão Streptococcus pyogenes cresce bem em ágar sangue. Coloração de Gram – Cocos em arranjos irregulares gram positivos. Resposta imune para S. pneumoniae, S. pyogenes e H. influenzae: • Ativação do sistema complemento • Ativação de fagócitos e inflamação • Resposta humoral: anticorpos contra antígenos da cápsula polissacarídica (T-independente) • Antígenos proteicos ativam a resposta T-dependente, com produção de resposta Th1 Infecções Respiratórias Bacterianas Mais frequentes: - Faringoamigdalites - Otites - Sinusites - Pneumonias. Na maioria das vezes, têm etiologia viral, mas em alguns casos, a presença de bactérias deve ser considerada, implicando antibioticoterapia. Faringoamigdalite É caracterizada por uma Inflamação local e febre. Com frequência, ocorre tonsilite, e os linfonodos do pescoço tornam-se inchados, sensíveis e com exsudato purulento. A faringite estreptocócica é mais grave. É uma infecção do trato respiratório superior causada por estreptococos do grupo A - Streptococcus pyogenes. Faringoamigdalite – Tratamento Os seguintes achados sugerem etiologia bacteriana: • Febre alta, acima de 38,5o C; • Hiperemia e exsudato purulento (“placas de pus”); • Ausência de tosse, coriza, rouquidão e diarreia. O tratamento de escolha nesses casos continua sendo a penicilina benzatina, dose única. Alternativas incluem: penicilina V. Pneumonia ⇢ Infecção do parênquima pulmonar • Contágio Inalação, aspiração, hematogênica Microrganismos com adesinas: Potencialmente infectantes • Etiologia • Bactérias, vírus, fungos, protozoários, helmintos • Classificação patológica • Pneumonia lobar: região distinta • Broncopneumonia: região difusa Principais agentes bacterianos: Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus, Haemophilus influenzae. Em casos raros, Clamídia e Bordetella pertussis, Streptococcus pyogenes. Pneumonia: Fisiopatologia →Aerossóis – colonização do trato respiratório →Patógenos em bronquíolos e espaços alveolares →Processo inflamatório local e sistêmico →Espaços alveolares preenchidos por exudato →Alteração da relação ventilação e perfusão →Obstrução e colapso de vias aéreas terminais →Redução da complacência, aumento da resistência pulmonar →Pneumonia Pneumonia adquirida na comunidade – PAC A (PAC) é uma infecção aguda do parênquima pulmonar que ocorre em pacientes fora de ambiente hospitalar. Pneumonias Hospitalares Pneumonia Nosocomial A pneumonia de origem hospitalar é aquela que: ◦Aparece após um período 48 horas da internação - (ANVISA: 72h) ◦ Não está incubada no momento da hospitalização 6 a 10 casos/1000 admissões hospitalares Etiologia – Clínica Pneumonia - Como reconhecer? Pneumonia caracteriza-se por sinais e sintomasde: Febre, Desconforto respiratório e Opacidades à radiografia de tórax. Portanto, o diagnóstico é feito com base na história clínica, exame físico e radiografia de tórax. Pneumonia - Qual o antibiótico a ser usado? Assim que estabelecido o diagnóstico de pneumonia bacteriana, seja iniciada antibioticoterapia. O tratamento de pneumonias bacterianas em nível ambulatorial, são baseadas na forma de apresentação, idade e agentes etiológicos mais frequentes. Penicilina, amoxicilina ou Macrolídeos Corynebacterium diphtheriae - Difteria: Começa com dor de garganta e febre, seguidas de indisposição e edema do pescoço. - Bacilo Gram +, pleomórfico (claviforme), tumefações irregulares. - Bem adaptada à transmissão pelo ar e muito resistente ao ressecamento. - Pseudomembrana diftérica – bloqueia a passagem de ar para os pulmões. Difteria respiratória Distribuição mundial, particularmente em áreas urbanas, pobres, superpovoadas e com níveis inadequados de imunização. Originalmente uma doença pediátrica. Transmissão pessoa-pessoa: gotículas de secreção respiratória e contato com a pele. Fatores de virulência - O gene tox (fago lisogênico) - exotoxina que interfere na síntese proteica (toxina altamente virulenta pode ser fatal); - Todos os C. diphtheriae toxigênicos são capazes de elaborar a mesma exotoxina produtora de doença. - A toxina diftérica é um polipeptídeo termolábil que pode ser letal em uma dose de 0,1 μg/kg. - O C. diphtheriae não invade ativamente os tecidos profundos e praticamente nunca penetra na corrente sanguínea. Patogênese • Os bacilos crescem nas mucosas ou em abrasões cutâneas – produção de toxina • A toxina diftérica é absorvida pelas mucosas e provoca a destruição do epitélio – inflamação. • Formação de uma “pseudo- membrana”, que surge comumente nas tonsilas, na faringe ou na laringe. • Os linfonodos regionais no pescoço aumentam de tamanho - pescoço de touro. • Os bacilos no interior da membrana continuam a produzir ativamente a toxina. Manifestações clínicas - Inflamação diftérica nas vias respiratórias - desenvolvimento de faringite e febre baixa; - Uma membrana, contendo fibrina e células humanas e bacterianas mortas, formase na garganta e pode bloquear a passagem de ar; - Prostração e dispneia, em virtude da obstrução causada pela membrana, que pode até causar asfixia; - Posteriormente, podem surgir dificuldades de fala ou deglutição. Diagnóstico - Microscopia inespecífica - Meios não selectivos (ágar-sangue) e selectivos (ágar- cisteina-telurito; ágar-plasma-telurito) - Teste de Elek PCR – toxina diftérica – TOX Tratamento - Antitoxina diftérica, penicilina ou eritromicina. - Imunização com toxóide diftérico Bordetella pertussis - Coqueluche (tosse comprida) - Doença grave da infância e contagiosa - Cocobacilo Gram-negativo pequeno - Imóvel - Aeróbio estrito, não fermentador da lactose. - Metaboliza aminoácidos, não fermentam carboidratos. - Linhagens virulentas produzem cápsula - Produz diversas toxinas – principal: toxina pertussis Fatores de virulência - A hemaglutinina filamentosa e as fímbrias atuam como mediadoras da adesão às células epiteliais ciliadas e são essencias para a colonização traqueal. - Toxina pertussis promove linfocitose - sensibilização à histamina: inflamação. - A citotoxina traqueal inibe a síntese do DNA nas células ciliadas. - LPS: importante na produção de lesão das células epiteliais das vias respiratórias superiores. Coqueluche: Transmissão - Contato direto de pessoa doente com pessoa susceptível - Gotículas de secreção orofaringe - Objetos contaminados recentemente com secreções - Período de incubação – 7 a 10 dias Patogênese 1. Bordetella pertussis - superfície epitelial da traqueia e dos brônquios, onde se multiplica rapidamente e interfere na ação ciliar. 2. As bactérias liberam as toxinas e substâncias que irritam as células superficiais, provocando tosse e linfocitose acentuada (necrose de partes do epitélio). 3. Os invasores secundários, como S. pneumoniae ou H. influenzae, podem dar origem a pneumonia bacteriana. 4. A obstrução dos bronquíolos menores por tampões de muco resulta em atelectasia (colapso total ou parcial do pulmão ou do lóbulo pulmonar, que acontece quando os alvéolos se esvaziam e diminuição da oxigenação do sangue - convulsões em lactentes com coqueluche. Manifestações Clínicas Período de incubação - 2 semanas: “estágio catarral” , com tosse leve e espirros - grande número de microrganismos é liberado em forma de aerossol em perdigotos, e o paciente mostra-se altamente infeccioso, embora não esteja muito doente. Estágio “paroxístico” – acessos de tosse convulsivante, de caráter explosivo com o característico “sibilo” à inspiração, resultando em rápida exaustão e podendo estar associado a vômitos, cianose e convulsões. Os “sibilos” e as principais complicações são observados predominantemente em lactentes, enquanto a tosse paroxística predomina em crianças maiores e adultos. Diagnóstico Laboratorial Diagnóstico principal: sinais clínicos e nos sintomas. 1.Cultura (padrão-ouro) - meio de Bordet-Gengou (ágar de batata-sangue-glicerol). - As placas são incubadas a 35 a 37°C durante 3 a 7 dias em aerobiose e, em ambiente úmido . - A hemólise do meio de cultura que contenha sangue está associada à B. pertussis virulenta que produz toxina. ◦ Sucesso do isolamento: Antes do início de antibioticoterapia (máx.3 dias) 2.PCR – Reação em cadeia da Polimerase Vacinas • Penta hepatite (previne B e difteria, infecções tétano, causadas coqueluche, pelo Vacinas Haemophilus influenzae B) 2 meses - 1ª dose 4 meses - 2ª dose 6 meses - 3ª dose • DTP (previne a difteria, tétano e coqueluche) 15 meses - 1 º reforço 4 anos - 2 º reforço • Dupla Adulto (dT) (previne difteria e tétano) – Reforço a cada 10 anos A partir dos 10 anos • dTpa - grávidas (Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto) – (previne difteria, tétano e coqueluche) Uma dose a cada gestação a partir da 20 ª semana de gestação ou no puerpério (até 45 dias após o parto)
Compartilhar